O pai de Suho continuava a me encarar, parecia que procurar qualquer tipo de erro em mim para poder me rebaixar, e possivelmente, a marca das roupas que eu usava não era das mais famosas e isso fazia com que seu olhar fosse cheio de maior desdém.
-Por favor, podem se sentar, o jantar já está vindo. – ele disse se sentando na ponta da mesa.
Suho sentou do lado direito do pai enquanto Taeyeon se sentou do lado esquerdo. Com isso me veio uma forte dúvida sobre o lado de quem eu sentaria, então acabei por me sentar ao lado de Suho, já que Jungwoo deveria saber que eu era amiga de Suho.
-Vejo que você não é coreana, muito menos asiática. De onde você é? – ele disse me encarando enquanto as empregadas traziam os pratos de comida e colocavam na nossa frente.
-Sou do Brasil e faço intercambio aqui desde o início do ano.
-Interessante. – ele disse começando a comer.
Me virei para minha comida e ali tinha vários tipos diferentes de talheres, me deixando completamente confusa. Dei uma pequena arregalada nos olhos e fiquei mexendo minha mão sobre cada um, tentando escolher um para usar. Desviei o olhar para Taeyeon e ela mostrava com os olhos o talher certo. O peguei calmamente e comecei a comer do peixe – que estava magnifico por sinal.
-Por estar nessa escola, creio eu que você é uma garota dedicada aos estudos e bem calma, certo? – o pai de Suho disse.
Eu quase soltei uma gargalhada – foca no quase – e me engasguei com o peixe, mas me segurei. E claro, dei uma mentirinha só para me passar de santa.
-Me esforço ao máximo para ter notas boas, pois sei que meu futuro está em jogo. Inclusive, se não tivesse sido convidada para vir jantar aqui hoje, estaria estudando. – Mentira, estaria em algum lugar menos estudando.
-Vejo que nessa escola tem também bons alunos. Às vezes eu ouvia falar de um grupo de duas garotas e dois garotos que são uns arruaceiros, mas vejo que você não é um deles.
Vish, imagina se ele descobre que eu que comando os três patetas? Eu quase ri com o pensamento e vi que Suho também, afinal, ele tava no meio – menos na parte de ser arruaceiro, nisso eu ainda tinha que muda-lo.
Quando todos terminaram de comer as empregadas vieram e tiraram os pratos que usamos, mas nem Suho nem Taeyeon ousaram se levantar, o que eu estranhei. Estavam esperando o pai se levantar primeiro?
-Senhorita _____ – ele disse me chamando – Vejo que pode ser considerada uma boa pessoa, por mais que tenha uma classe menor que a nossa vejo seu esforço em querer mudar de vida. Mas aqui vão minhas palavras finais sobre você: desejo imensamente que pare de mentir e que pare de ser interesseira com relação ao meu filho. – eu, Suho e Taeyeon arregalamos os olhos. – Eu sei de tudo o que acontece naquela escola, tenho diversas fontes naquele local e você não é das melhores pessoas que existem ali. Acho que você e seus “três patetas”, ou podem ser considerados quatro patetas, são as ovelhas negras do local. E por último, não converse mais com Suho ou Taeyeon, você só irá prejudica-los com sua alma podre.
Eu tenho um pavio curto e ele já havia explodido na metade desse discurso. Só por que ele era mais rico ele acha que pode tratar os outros de qualquer maneira? Sinto muito, mas não é assim que as coisas funcionam. Me levantei e bati as mãos fortemente na mesa o encarando, sentindo os olhares de todos sobre mim.
-Eu posso ser tudo isso que disse de mim, mas de algo tenho certeza: não sou interesseira. Tenho meus princípios e o caminho que trilho é o que eu escolhi e ninguém, principalmente você, tem o direito de falar mal. Vivo a minha vida na totalidade, pois sei que no final somos somente ossos e eu não quero morrer sabendo que minha vida foi algo chato. Posso não ser da mesma classe que a sua, mas mesmo assim vivo com dignidade e sei respeitar os outros, o que não pode se dizer de você. – meu rosto ardia de raiva e Jungwoo ainda me encarava com seus olhos frios, me deixando ainda com mais raiva. – Sou uma ovelha negra sim e não me arrependo de ser diferente em um mundo onde você tem que ser o que a mídia e os mais velhos querem de você, e sei que meus amigos pensam o mesmo. E sei que você deve ser um dos piores pais do mundo por privar seus filhos da melhor fase do mundo, a adolescência. – aparentemente eu o acertei em um ponto fraco. – Agora, vai tomar no cu. Espero realmente que a vida lhe dê uma lição permanente e que você veja os erros que cometeu. Um dia você irá precisar das pessoas que tratou mal e eu espero profundamente que elas te tratem da mesma forma, caralho!
Eu me virei e estava saindo do local quando o ouvi dizer para seus filhos.
-Viram? Por isso não devem andar com ela. Virarão alguém sem influencia e ridículo. O futuro dela? Sem esperança.
-Me sinto feliz por ser sem influencia, afinal, posso viver sem que velhos retardados e com mentes atrasadas me digam o que fazer. E também, não me importo com o futuro, eu me importo com o hoje. Afinal, eu posso nem mesmo ver o dia de amanhã. Não ligo sobre a sua opinião sobre mim, afinal, a sua opinião e merda devem ser a mesma coisa. Perdi meu tempo ficando aqui.
Depois de dizer isso vi que o homem ficou sem palavras e eu saí daquele local. Ainda queria falar umas poucas e boas para aquele homem, mas acho que estava assustando Taeyeon e Suho. Saí do jardim e já me encontrava na rua e me encosto um pouco no muro enquanto chamava um Taxi pelo Uber. Faltava bem pouco pra eu sair quebrando tudo ali – e eu queria muito.
Escutei passos vindo até mim e ao virar o rosto vejo Taeyeon ali.
-Oi... – ela disse.
-Oi... está com medo de mim?
-Não, estou com inveja de toda a sua determinação para enfrentar o meu pai. Eu queria conseguir ser como você, mas sou fraca e tenho medo.
-Eu já tive isso quando era menor, acredite, minha família era como a sua, talvez pior, mas não éramos ricos. Acabei por um dia botar um ponto final em tudo o que a sociedade e minha família queria sobre mim. Me rebelei e mudei completamente. Sabe das pessoas que andam comigo? Todos tiveram o mesmo problema que eu, só que nós decidimos não aceita-los mais, enquanto os outros da escola o aceitam de cabeça baixa. Por mais que eu seja uma Bad Girl não sinto vontade em fumar como é representado em filmes e séries, eu só desejo a libertação dos jovens.
-Entendo... Um dia você me empresta a sua força?
-Claro! Se quiser até te ajudo Tae! Mas do que tem tanto medo?
-Isso seria uma conversa para outra hora.
Escuto mais passos e vejo Suho aparecendo atrás de Taeyeon.
-Você é bem corajosa. – ele disse e eu sorri.
-Obrigada. Acho que seu pai nunca teve alguém que batesse de frente com ele da maneira que eu fiz, mas eu tinha que o colocar na linha.
-Eu a agradeço por isso. Por mais que, provavelmente ele irá me mudar de escola agora. – senti meu coração apertar e Taeyeon concordou com ele.
-É só você não aceitar.
-O problema é que tenho medo.
-Não tenha. O enfrente. Se não tentar nunca irá saber o que irá acontecer. E se ele te expulsar de casa você tem outras cinco casas para morar. E isso se aplica a você também Taeyeon.
-Obrigada, ____. – Taeyeon disse.
-Não foi nada. E Suho, eu espero te ver amanhã na escola.
-Vamos ver. – ele sorriu tímido. – Você vai ficar aqui? Está começando a querer chover.
-Eu chamei um Uber, deve estar chegando.
-Você não vai de Uber, pode cancelar! – Taeyeon começou tomando o meu celular da minha mão – Suho vai te levar de carro e eu vou de companhia.
-Deixa eu entender melhor, vocês também brigaram com seu pai e não querem voltar agora?
-Acertou. – os dois riram e fomos na direção do carro do Suho.
A chuva começou a cair enquanto estávamos no carro. Suho decidiu passar pelo caminho mais longo e por conta disso demos altas risadas dentro do carro. Brincamos uns com os outros como se fossemos crianças, sendo que praticamente estávamos passando para a fase adulta – menos Taeyeon, ela já era pra ser adulta – e devíamos ser mais responsáveis.
Para a infelicidade de todos nós chegamos a minha casa. A minha era por que eu teria que me despedir e a dele era que teriam que ir ver o pai.
-Vocês querem dormir aqui? – perguntei antes de sair e ambos me olharam envergonhados, pois não é costume coreano dormir na casa dos outros – Vocês não irão atrapalhar em nada e está chovendo muito. Suho se lembra o que aconteceu da última vez que choveu tanto.
Ele riu e foi acompanhado de Taeyeon, acho que ele contou para ela.
-Se realmente pudermos... Não estou com vontade de ir ver meu pai.
Vocês saíram correndo para dentro de sua casa com medo da chuva e rindo feito idiotas, mas ao entrarem você não esperar encontrar pessoas dentro de sua casa.
-Hyo? Sehun? Yifan? May? Lay? – você disse olhando os cinco seres que estavam deitados na sua sala, sendo encarada de volta. – O que estão fazendo aqui suas mulas?
-Eu te avisei no Kakao. – Hyoyeon disse.
-E eu te disse que possivelmente ela não responderia. – disse May.
-Ninguém respondeu à pergunta dela. – disse Lay abraçando a irmã.
-Precisamos conversar com alguém e você é a melhor pessoa para isso.
-E também como amanhã é feriado queríamos fazer algo divertido, por isso trouxemos algumas coisas.
-Então teremos mais dois convidados! – você disse passando os braços pelos ombros de Suho e Taeyeon. Não pode parar de perceber o olhar de Sehun sobre a garota. – Um vocês já conhecem, é o Suho, e essa é a irmã dele, Taeyeon. Vamos mostrar a eles como a vida de adolescente pode ser muito mais divertida!
-Deixa comigo! – Hyoyeon disse se levantando de uma vez e indo para a cozinha.
Você se virou para eles e sorriu.
-Espero que estejam preparados. Uma nova vida irá começar por aqui. Estão prontos para aceita-la?
Os dois se olharam e responderam com extrema convicção.
-Sim.
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