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História Bad Reputation. - Capítulo VI


Escrita por: Nihiil

Notas do Autor


Sei que hoje não é quarta, mas estava precisando me distrair com algo e optei por postar mais cedo essa semana. Boa leitura

Capítulo 6 - Capítulo VI


Bem vindo de volta ao clube dos garotos tristes

Moça, eu estou aqui pra fazer você sentir o amor

Você me paga por amor, e eu sou seu garoto

Após a noite no mirante minha relação com Niall havia mudado. Talvez não só com Niall, mas comigo mesmo, com o mundo ao meu redor e principalmente com as minhas irmãs. Não era fácil aceitar que a culpa não era só minha, mas o loiro trabalhava ao meu lado para entender que assim como um quebra-cabeça, tudo aquilo foi formado a partir de uma grande fragmentação de partes. E apesar de eu ter colocado a última, nem de longe havia colocado a primeira. Eu também havia criado uma relação de suporte com o loiro, estava ao seu lado trabalhando sua auto-confiança, sua visão de si mesmo e o fazendo entender que mesmo que houvessem apenas duas pessoas o amando, se aquele sentimento fosse verdadeiro valeria mais que 10 milhões de pessoas gostando por interesse.

 

O loiro nunca contará propriamente seu lado da história, ele estava ciente que eu já sabia coisas o suficiente pela versão de sua avó. Mas ele gostava de passar horas abraçado a mim pedindo para que contasse boas lembranças de minha infância, pedindo detalhes de momentos corriqueiros da vida. Como quando cai e minha mãe me deu o apelido de sunshine para que eu parasse de chorar, ou quando tinha pesadelos e podia correr para sua cama para ser protegido dos monstros. Ele não falava nada, apenas ficava ouvindo de olhos fechados, apoiado em meu peito e aconchegado em meus braços e antes que eu notasse adormecia com um pequeno sorriso no rosto, talvez projetando as minhas lembranças em si mesmo. Recriando fatos que nunca existiram, mas que acalentava seu coração tão carente por afeto.

 

Talvez o momento mais difícil dessa nova fase de apoio mútuo foi quando o loiro sugeriu uma atividade que virá na internet. Na realidade desde o dia que contei tudo de podre que havia em mim Niall passou a ficar muito mais tempo em casa pesquisando sobre histórias de superação de pessoas que fraturaram os ossos, mas voltaram a dança. Fatos sobre pessoas que se afastaram das drogas e até mesmo exercícios para confiança. Esse último o mais difícil para ambos. Ele realmente queria mostrar que estava tudo bem comigo, que eu não teria uma recaída nas substâncias ilícitas assim como minha irmã não havia sido condenada a um final triste por minha causa.

 

Niall estava disposto a tentar algo novo e havia me pedido para estar ali ao seu lado. Ambos já sabíamos verdade um do outro, mas a ideia de se desnudar para si mesmo era assustadora. Ambos estávamos sentados no chão de seu quarto, observando o espelho que havia ali. Meus olhos fugiam de meu reflexo, assim como o loiro tentava fugir de si, mas com os dedos entrelaçados conseguimos olhar para a frente. Cada qual observando sua versão gêmea que lhe encarava com um olhar julgador, muito diferente do olhar triste e culpado que ambos tínhamos. Olhe nos meus olhos e diga a verdade, olhe dentro de si e entenda o que esconde. Era essa a ideia.

 

- Waly vai ficar bem Zayn. Você vai ficar bem - Comecei a falar em voz alta, olhando a mim mesmo, querendo que o meu eu, tanto o real como o de vidro, acreditasse naquelas palavras.

 

- Você não é desnecessário, você não é um erro. Alguém um dia vai te amar - Niall falou ao meu lado, sua voz quase em um sussurro e seus olhos já enchendo de lágrimas. Eu só pude apertar sua mão mais forte.

 

- Os erros ficaram na América, eu nunca mais vou fazer aquilo. Eu não sou um maldito terrorista, eu não sou a destruição. Eu não sou uma vergonha para os meus pais - E logo meus olhos também se enchiam de lágrimas. Era difícil assumir tudo aquilo perante a mim mesmo. Eu poderia enganar a todos, mas era difícil enganar a si.

 

- Não importa o quão os outros digam, eu não sou um lixo. Eu não sou um vadio. Eu gosto de ficar com os outros, gosto de beijos e abraços. Isso não me faz pior. Não me faz menos especial - Bingo, Niall se fazia de forte, mas aquelas palavras sempre haviam o machucado. Suspirei sentindo as lágrimas escorrerem por minha face, meu reflexo com o nariz avermelhado e as lágrimas riscando meu rosto. Era tão difícil manter os olhos contra o espelho, era tão difícil falar e ver a mim mesmo naquela situação. A vulnerabilidade me assustava tanto que se não fosse a mão do outro segurando fortemente a minha já teria corrido e me escondido daqueles olhos que por mais que me pertencessem, julgavam assim como todos que passaram por minha vida.

Continuamos naquele exercício por longos minutos. Falando. Observando. Chorando. Quando se tornou pesado demais para Niall que reforçava as ideias sobre não ser alguém barato e desnecessário o loiro se virou para longe do espelho, me fazendo virar e prontamente abraçá-lo. De costas para a superfície que refletia nossos medos eu o consolava, acariciando suas costas enquanto o loiro se escondia em meu peito, como se pudesse cavar um buraco ali em proteção. Saber que ele buscava proteção em mim mesmo sabendo de tudo que eu já havia sido capaz também me deixava feliz. Não haver rejeição e sim confiança ajudava a colar os pequenos pedacinhos de mim mesmo dentro da minha alma.

 

- Você é importante para mim e eu não trocaria nossa amizade por nada - Disse baixinho, ganhando um sorriso no meio daquelas lágrimas, o abraçando com mais carinho.

 

- Nem pelo bolo de chocolate da vovó? - Acabei sorrindo pela comparação, o doce de Brígida era realmente dos deuses. Uma decisão difícil.

 

- Nem por ele, se eu trocasse nossa amizade você ia ficar bravo e ela nunca mais ia me dar bolo - Provoquei recebendo um tapa em meu ombro. Sorri contido quando suas mãos subiram para meu rosto e limparam o rastro final das lágrimas em minha pele. Parando em uma carícia sobre minha barba por fazer.

 

Segurei sua mão entre as minhas, o contraste de minha pele bronzeada com a sua tão branca, beijando-as com carinho e repetindo seu ato, começando a limpar as lágrimas que manchavam seu rosto. Estávamos tão envoltos naquela bolha de carinho e suporte que quando a porta do quarto de Niall foi aberta praticamente pulamos de susto. A avó de Niall carregava uma pilha de roupas limpas e passadas, mas nos olhava com a expressão mais confusa e assustada do mundo. Talvez dois garotos no chão se abraçado e com os olhos e narizes vermelhos de tanto chorar não fosse tão fácil de explicar.

 

- Mas pelo amor de Jesus Cristo o que está acontecendo aqui? Vocês se machucaram? Brigaram? Porque essas caras de choro? - Ri de constrangimento. Eu não era alguém que chorava abertamente e agora a avó de Niall também estava vendo aquilo.

 

- Tá tudo bem vó, eu só tava conversando com o Zayn e comecei a chorar - Niall começou a se explicar, saindo de junto de meu corpo e se levantando para retirar as roupas da mão da senhora e abraçar apertado - Não brigamos nem nada.

 

Apenas concordei e me levantei, pretendendo apenas assistir de longe a cena, mas fui puxado para aquele abraço e recebendo um demorado beijo em minha bochecha. O olhar da senhora ainda era de confusão, mas eu via a sombra de orgulho por eu estar cuidando de seu neto como havia prometido. Niall ronronava com os carinhos que recebia em seus cabelos e eu estava quase no mesmo ritmo, me contendo com aqueles carinhos tão suaves.

 

- Lavem esses rostos e suas mãos, fiz bolo de chocolate e sorvete caseiro e preciso de duas cobaias para me dizer se está bom. Farei alguns para a festa na igreja - Brigida falava animada, dando tapinhas para que Niall fosse logo ao banheiro.

 

- Eu… preciso ir. Tenho um compromisso e mais tarde tenho que trabalhar - Eu estava envergonhado de toda aquela cena e precisava recusar, apesar de minha boca salivar em desejo.

 

- Zayn Javvad Malik-Horan. Você está dizendo que vai rejeitar meus doces e ainda por cima não vai me ajudar a saber se a receita está boa par a festa da igreja? Festa o qual sou uma das principais organizadoras e que se meus doces estiverem ruins seria uma lastima e me mataria de vergonha? É isso mesmo que está insinuando?

 

Arregalei meus olhos sem saber o que responder, primeiro por ter sido chamado pelo nome completo, segundo por ter tido a adicionado um Horan ali, o que havia sido adorável pela parte de Brigida. Terceiro porque Niall estava rindo e falando que havia “me ferrado” enquanto corria pro banheiro. Por último o olhar da senhora me de engolir a seco e eu apenas concordei no final. Eu ajudaria a comer os doces.

 

---------

 

Estávamos em minha casa já que o clima horrendo da cidade impossibilitava qualquer coisa. Chuva e frio. Quem merecia àquela combinação? Pelo menos tínhamos cobertas, filmes e pipoca. Harry e Louis estavam em um dos sofás dividindo o coberto e trocando selares. Era visível que ambos se gostavam, só nunca entenderia o drama de tantos términos e recomeços. Niall estava comigo, aninhado a meu peito e afagando-o de forma distraída enquanto víamos o filme de terror. Liam havia dado uma desculpa qualquer, ultimamente eu estava estranhando as ações do outro, mas não sabia o estava acontecendo, mas era nítido o quanto ele estava evitando as reuniões em grupo.

 

- Amor, podia pegar outra cerveja pra mim né? - Louis resmungava empurrando delicadamente Harry para fora do sofá. Eu assistia a cena rindo, achando graça do maior resmungar e tentar se manter ali, sendo vencido pela insistência do menor.

 

- Também quero - Niall resmungou ao meu lado, me olhando pidão.

 

- Harry, traz quatro! - Pedi não querendo me mover dali, ouvindo Niall rir e Harry me olhar indignado.

 

- Ei, eu trago pro meu namorado e você traz pro seu ok? Não vou ficar servindo vocês - O moreno saiu resmungando para a cozinha, me deixando com os olhos arregalados e uma sensação desconfortável. Niall não era meu namorado, na verdade nunca havíamos entrado em nenhuma discussão sobre relacionamentos amorosos. Nossos abraços, carinhos e selares tinham muito mais haver com a cumplicidade do que com um relacionamento.

 

- E...eu vou pegar pra gente - O loiro falou tão rápido que eu quase não entendi, vendo-o pular do sofá e ir para a cozinha, provavelmente escondendo o rosto corado pela insinuação de Harry. As pessoas eram acostumadas a ver Niall como destemido e sem vergonha de nada, já eu estava acostumado a ver o garoto simples, por vezes frágil e que corava com frequência.

 

Suspirei e pausei o filme, notando o olhar de Louis sobre mim. Era nítido que o dono dos olhos azuis queria rir e tirar uma com minha cara, então apenas o encarrei e fiz um sinal com a mão para que ele falasse logo o que estava em sua mente.

 

- Sério mesmo que são só amigos? Vocês estão sempre tão juntinhos que eu já tinha certeza que estavam ficando e… - Cortei bruscamente Louis, sentindo meu sangue começar a ferver.

 

- Por conta das palhaçadas que vocês sempre falaram do Niall? Porque ele tem confiança em si mesmo e não se limita aos padrões da sociedade? - Perguntei já frustrado, se ele viesse com aquele papinho que todos adoravam falar sobre Niall ser fácil eu não saberia como reagir, pelo menos não de uma maneira pacífica.

 

- O que? Não cara. Pela forma como vocês se olham, se tocam, estão sempre juntinhos assim sabe? Abraçados, com apelidinhos, a avó dele simplesmente te adora - Louis começou a se explicar, me relaxando um pouco - Quanto as outras coisas a gente pisou na bola com o Niall mesmo, nunca o defendemos ou fizemos os boatos pararem e isso foi um grande erro. A gente era uns amigos de bosta e eu assumo isso. Inclusive não sei se o Niall te contou, mas um dia desses o chamamos pra conversar. Nos desculpar pela omissão e por nunca tê-lo apoiado da forma como você o apoia. A gente quer realmente compensar e mostrar que somos amigos. - Acabei ficando surpreso com tudo o que Louis falava, não sabia que ele tinha conversado com Niall e acabei sorrindo por aquela mudança de percepção.

 

- Obrigado, sei que é importante para o Niall essa mudança de atitude. Ter pessoas com quem ele possa contar.

 

- E é justamente por essa atitude e esse sorriso todo orgulhoso que eu vou continuar a te chamar de namorado do Niall. Vocês seriam um belo casal - Fiquei sem graça com aquilo, apenas rindo e tacando uma almofada no outro.

 

- Eu terei sorte se um dia tiver uma pessoa tão incrível como o Niall ao meu lado. Ele tem tantas qualidades e … - Cortei minha frase do meio ao ver que o irlandês e Harry voltavam aos risos para a sala, Niall trazendo duas cervejas e logo se jogando no sofá onde estávamos antes. Sorrindo de forma ampla e com os dentes amostra - Que animação… a gente quer rir também.

 

- Só o Harry sendo desastrado com essas pernas de saracura. Saiu batendo em tudo e quase caindo, impossível não rir. - Niall sorria de forma tão verdadeira que eu comecei a rir também, deixando um beijo carinhoso em suas bochechas e logo deixando que o loiro voltasse a se aconchegar contra meu peito, retornando para o filme.

 

O filme já estava quase no final e eu até queria ficar tenso com o suspense, a música se baseando em poucas notas repetitivas e graves, a imagem mais escura e a penumbra da sala, porém Niall estava tão agarrado em mim com medo da cena que eu chegava a ter cócegas. Seus dedos cravados logo abaixo de minhas costelas, puxando o tecido e erguendo a peça pela movimentação, os olhos buscando proteção contra meu peito. Eu até tentava abraça-lo e afagar suas costas demonstrando que estava tudo bem, mas o loiro estava realmente imerso naquele mundo. Respirei fundo tentando conter o riso, mas a cena de susto novamente fez o outro se apertar contra mim, me fazendo soltar uma gargalhada e me contorcer no sofá. Niall pulou junto a mim, se assustando ainda com meus movimentos, fazendo minha gargalhada aumentar.

 

- Não tem graça - O loiro resmungou, se afastando e agarrando uma almofada para conter a face frustrada.

 

- Lógico que tem, era eu que tava sendo apertado e recebendo cócegas. Fora que você pulando foi ótimo - Tentava parar de rir, mas o outro emburrado me dava ainda mais vontade de continuar a gargalhar. Os músculos de minha bochecha doendo por aquilo.

 

- Besta, não gosto de filme de terror. - O loiro resmungou por último, tacando uma almofada em Louis que o provocava chamando-o de bebe manhoso.

 

- Vem cá meu manhoso, filme já tá terminando e não vai mais precisar ter medo. Prometo que vejo se não tem nenhum monstro embaixo da sua cama antes de dormir - O abracei e o trouxe novamente para mim, notando suas bochechas coradas.

 

- Promete mesmo? - O outro entrou na brincadeira, me fazendo concordar e repetir que o protegeria - Então tudo bem - Niall sorriu de forma arteira, se inclinando e selando nossos lábios em um gesto carinhoso. Já era um costume fazer isso quando estávamos sozinhos, mas era a primeira vez que alguém via aquilo.

 

- Owwwn - Louis e Harry falaram em conjunto, me fazendo rolar os olhos com aquilo - Vocês poderiam dormir juntinhos essa noite. Assim o Niall não teria medo - Louis continuou a provocar, fazendo Harry rir e apoiar.

 

- Não sou eu que decido quando e onde o Niall vai ou pode dormir, é ele - Dei os ombros - Mas ele sabe que pode fazer o que quiser aqui em casa.

 

- Isso é um convite para eu dormir com você Zayn Malik? - O loiro me olhou de forma acusadora e dei os ombros. Se ele quisesse ficar em casa e dormir não havia problema.

 

- Ficamos todos então! - Harry disse animado, recebendo uma almofada na cara vinda do companheiro - Ei, festa do pijama aqui ok? É assim os pombinhos não ficam envergonhados.

 

Apenas ri de toda aquela situação até tentando voltar a entender o filme, mas não fazia ideia do que estava acontecendo mais, eles haviam me distraído totalmente. Já o loiro parecia extremamente feliz naquele momento, quase que todo jogado sobre mim e ganhando afagos em seus cabelos descoloridos, rindo baixinho sempre que seu nariz roçava por minha barba e me fazendo sorrir quando deixava algum beijo suave em meu maxilar. Eu não queria pensar naquilo, afinal éramos apenas amigos, mas não havia mentido quando falará que teria sorte de namorar alguém como o loiro. Não só pela beleza e carisma, o desejo ia muito além da superficialidade da atração física, mas sim pela forma como o outro me apoiava, se importava comigo e era verdadeiro o suficiente para buscar apoio em mim, desnudando seus segredos e mesmo assim sendo uma das pessoas mais puras que eu conhecia.

 

- Um beijo pelos seus pensamentos - Ouvi a voz suave contra meu ouvido, provocando um arrepio em minha coluna.

 

- Que eu saiba o ditado é uma moeda, mas mesmo que não ganhasse nada eu te contaria eles - Respondi sincero, ganhando um riso bobo e um negar de cabeça.

 

- Seus pensamentos valem muito mais que uma moeda. É tão inteligente e profundo que poderia gastar meu dinheiro todo e ainda não seria o suficiente - E antes mesmo que eu pudesse ter vergonha o loiro colou nossos lábios de forma longa, correndo os dedos pela lateral de meu rosto, mas não ousando aprofundar aquele contato. - Agora seus pensamentos.

 

- Estava pensando que você é adorável, só isso - E se em um segundo o loiro estava ali me encarando, no outro estava escondido com seu rosto completamente corado, resmungando coisas que eu não entendia.

 

O filme terminou sem que ninguém realmente prestasse atenção, mas com planos para o resto da noite que envolviam muita pizza e mais algumas latinhas de cerveja, além de conversas e brincadeiras até que já fosse tarde o suficiente para estivéssemos praticamente dormindo uns nos outros. A ideia era cada um utilizar os quartos vazios da casa, mas aquilo não agradava a Louis que resmungou que tínhamos que dormir juntos, afinal estávamos fazendo tudo juntos aquela noite.

 

- Não acredito que vão dormir desconfortáveis aqui enquanto eu tenho camas - Resmunguei enquanto jogava mais um colchão no chão, Niall carregava lençóis e cobertores que forrariam o restante do chão e formariam uma cama gigante.

 

-- Deixa de ser resmungão Zayn, eu não ia dormir no quarto de uma das suas irmãs e o Harry no outro. Aqui todo mundo dorme juntinho e agarradinho - Louis provocou, me fazendo revirar os olhos.

 

- Talvez eu até acorde agarrando você Zayn - Harry provocou, aproveitando minha posição para tentar me encoxar de brincadeira.

 

- Já to vendo que vou ter que dormir protegido de vocês, seus tarados - Provoquei arrancando risos de todos.

 

Foram necessários mais uns bons minutos até que todos estivessem arrumados e prontos para dormir, coisa que só aconteceu quase-meia hora depois quando Harry finalmente fez Louis ficar quieto e adormecer. Apesar de estar morrendo de sono o maldito falava mais que um locutor de rádio. Observei a casa em silêncio e sorri de forma contida, era bom tê-los por perto me apoiando e me dando um novo significado para o conceito de família. Harry e Louis estavam abraçados e aconchegado um ao outro, deixando-o se levar por expressões calmas e confortáveis, Niall estava mais próximo a mim, não exatamente abraçado, mas o suficiente para que eu ficasse ciente de seu corpo nos arredores. Inspirei profundamente, fechando meus olhos e me deixando levar pelos braços de morfeu.


 

- Na...Não, por favor…

 

- Eu não…

 

- Sozinho não…

 

- Zayn....

 

Abri os olhos confuso ouvindo resmungos e choramingos, minha visão embaçada e minha racionalidade ainda adormecida, tentando entender o que acontecia. O relógio próximo a televisão dizia que já haviam se passado das 04:30 da manhã, mas aquilo não parecia relevante ao ver o corpo de Niall se remexer e os murmúrios voltarem. A luz era extremamente fraca, mas podia ver sua expressão se contorcendo em puro pânico, gotas de suor brotando ali e seus dedos praticamente brancos de tanto que apertava as cobertas. Me assustei quando pequenas lágrimas começaram a escorrer de seus olhos e frases cortadas saiam de sua boca como sussurros.

 

- Por favor, eu não quero … sozinho … não de novo … vovô…

 

- Niall, acorda… É só um pesadelo. Niall - Chamei o loiro algumas vezes enquanto sacudia seu corpo, meu coração apertado em desespero quando finalmente pude tira-lo daquele transe, vendo os olhos azulados completamente vagos e cobertos por lágrimas - Foi só um pesadelo Niall, tá tudo bem.

 

- Por favor, não vai embora. Eu não sei o que eu fiz, mas eu prometo que vou me comportar, eu vou melhorar, por favor Zayn - Senti seu corpo pequeno e frio, provavelmente pelo pânico vindo do sonho, me agarrar com força. Seus dedos quase que me machucavam tamanho o desespero para que eu não fosse - Por favor, por favor.

 

- Shiiiu, tá tudo bem. Foi só um pesadelo meu anjo - O abracei apertado, usando a destra para afagar seu rosto e limpar um pouco das lágrimas que ainda escorriam. O fiz olhar em meu rosto e beijei sua testa de forma demorada - Eu to aqui e eu não vou embora. Nem hoje, nem nunca. - Tentei acalma-lo a todo custo, o trazendo ao meu colo e o deixando chorar naquele misto de sentimentos que só ele entendia.

 

- Me promete? - A voz sussurrada e entrecortada por pequenos soluços partiu meu coração, eu só queria poder tirar toda a dor do outro naquele momento, nem que tivesse que adiciona-la a minha própria.

 

- Prometo. Acho que devo ter esquecido algum monstro embaixo da sua cama e ele te trouxe esse pesadelo horrível. Quer conversar sobre ele? - Niall negou a cabeça de forma manhosa, o puxando para se deitar sobre meu corpo e afagando suas costas, por fim nos cobrindo para que ele pudesse se esquentar - Tem certeza?

 

- Sonhei que você tava indo embora, não só você. A vovô também, vocês falavam que … que não gostavam mais de mim, que eu merecia ficar sozinho - E foi inevitável sentir a dor do loiro, dor que vazava por seus olhos em forma de lágrimas - Me dizia coisas horríveis e eu ficava com tanto medo. A casa era escura e tinha espinhos nas portas para que eu não pudesse sair. Nem meu reflexo havia nos espelhos, porque eu não merecia ver nem a mim mesmo…

 

- Ei ei, isso nunca vai acontecer. A gente nunca te abandonaria. Nem seus outros amigos. Você nunca ficaria em um lugar tão horrível - Afaguei seu rosto novamente, o deixando me abraçar apertado e buscar ali todo o carinho e confiança que precisava - Se um dia ficasse preso em um lugar desse eu daria um jeito de entrar, eu destruiria as portas e passaria pelos espinhos, mesmo que eles cortassem minha pele e me fizessem sangrar. Mas eu te tiraria de lá. Não vamos guardar essa lembrança ruim.

 

- Não é a primeira vez que eu sonho com essas coisas, mas é a primeira vez que eu tenho alguém para me proteger depois do sonho. - A voz era um sussurro tão baixo que mesmo próximo a mim eu quase não ouvia. - É a primeira vez que eu não estou chorando sozinho e com medo, obrigado por estar aqui. Obrigado - A voz era tão grata que eu não entendia como alguém poderia ter danificado Niall daquela forma. Eu era uma pessoa ruim, eu havia buscado tudo aquilo, mas Niall não. Ele era uma criatura tão doce marcada por medos tão severos.

 

- Não precisava mais chorar sozinho, sabe que agora eu estou do seu lado. E esses sonhos vão parar, nós vamos dar um jeito. Eu só sei que você não tem motivos para chorar - Selei nossos lábios de forma demorada, roçando meus lábios contra os seus, mantendo o contato até que nossas respirações se sincronizassem - Consegue ouvir meu coração?  Meus dedos em suas costas? Minha respiração raspando contra seu ouvido? E meus braços te prendendo a mim? Então você definitivamente não está sozinho - A cada pergunta que fazia o loiro assentia, me permitindo continuar com os toques e os atos até que finalmente ele estivesse mais calmo, mantendo sua respiração junto a minha.

 

E assim aconteceu. Niall deitado sobre mim, minhas mãos sobre sua pele tentando esquenta-lo, nossos olhos fechados e nossos lábios colados. Não nos costumeiros selares, não. Dessa vez nossos lábios estavam entreabertos, se movendo em sincronia, se conhecendo com simplicidade e calma. As línguas se conectando lentamente em um ósculo que trazia muito mais que um ato físico. A gama de sentimentos era tanto que eu sentia algo líquido e quente escorrer por dentro de mim, invadindo minhas veias e sendo bombeado do coração para o restante de meu corpo. O contato era orgânico. Natural. Não havia pressa e parecia combinado visto que nossos atos se encaixavam de forma complementar. Nos beijamos até que o contato adormecesse os lábios e trouxesse paz para o loiro que finalizou o ato com diversos selares. Niall se aconchegou ao meu peito e continuou a segurar minha camisa.

 

- Obrigado - Sua voz era fraquinha, como se estivesse novamente pronto para adormecer - Por estar aqui.

 

- Sempre estarei meu bem - Beijei o topo de sua cabeça - Boa noite..

 

E logo Niall ressonava baixinho, dessa vez protegido por meus braços de forma que eu velasse seu sono, só me acalmando quando seus lábios se transformaram em um leve sorriso, dessa vez mostrando que estava imerso em bons sonhos.

 


Notas Finais


O trecho que está no começo é de uma música chamada "Sad Boys Club" de um cantor alternativo chamado Thalles. Indico porque eu acho ela muito boa.

Infelizmente hoje não terá nenhuma reflexão aqui nas notas finais. Não estou muito no clima e me sinto triste de quebrar a tradição, mas também só estou postando hoje porque quero me distrair um pouco. Não vou ficar me expondo ou fazendo drama, porém perdi um serzinho muito especial para mim ontem e agora ainda estou na fase de entender e aceitar toda a situação.

Até semana que vem.


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