1. Spirit Fanfics >
  2. Bad Reputation. >
  3. Capítulo VII

História Bad Reputation. - Capítulo VII


Escrita por: Nihiil

Notas do Autor


Oi oi

Capítulo novo chegando chegando :)
Ps: A música citada se chama Rise up da cantora Andra Ray

Capítulo 7 - Capítulo VII


Tudo o que precisamos é esperança

E para isso temos um ao outro

Vamos nos levantar

Acordei sentindo um calor gostoso irradiando por meu corpo, os olhos se abrindo lentamente enquanto eu ainda tentava focar o ambiente. A primeira coisa que observei foram duas íris azuladas me observando, seguidas por longos cílios e um sorriso doce que me fez agir como um espelho, sorrindo de volta. Mexi meus dedos, tendo noção que eles ainda estavam nas costas de Niall e afagando-o com carinho, subindo e descendo contra sua coluna e ganhando um ronronar como resposta.

 

- Bom dia, acordou faz tempo? - Perguntei olhando para o loirinho que sorria e voltava a descansar a cabeça em meu peito.

 

- Não muito, mas também não pude sair porque alguém me agarrou de forma possessiva aqui - Sorri com a cara de pau do outro, vendo como seu corpo se moldava ao meu e apesar de meu porte magro era o suficiente para que ele ficasse completamente deitado ali.

 

- Tudo bem, eu posso te soltar - Provoquei me afastando de seu corpo, ouvindo um resmungo manhoso e suas mãos me puxando de forma que eu fui obrigado a voltar a abraça-lo.

 

- Não, tá quentinho assim. - Niall beijou meu queixo e eu não lembrava a quanto tempo não acordava de uma forma tão boa como hoje - Obrigado por ontem Zy…

 

- Você está falando do pesadelo ou do beijo? - Provoquei, recebendo uma pequena mordida em meu maxilar como uma reprovação do ato - Ai..

 

- Acho que por ambos, mas confesso que só uma das coisas eu gostaria de repetir - O irlandês brincou, continuando a dar mordidinhas por minha pele e me deixando completamente arrepiado com aquilo.

 

- Ae? E qual seria? - Me fiz de inocente e ouvi a risadinha vindo de Niall, recebendo em seguida um selar de lábios.

 

Nossos lábios aos poucos buscaram um contato maior, e mesmo que tivéssemos acabado de acordar aquilo não parecia um problema. O beijo era calmo e as línguas se tocavam de forma tão suave que eu me continha para não suspirar. Envolvi o corpo de Niall em meus braços e girei, deixando-o deitado contra a “cama” enquanto ficava por cima de seu corpo, praticamente o cobrindo. Desci alguns beijos para seu pescoço, não o marcando e nem mordendo sua pele, o tratava com um carinho que nunca havia sentido por ninguém antes, apenas agindo sem que realmente pensasse nos meus atos. Deixei meu instinto me guiar, conhecendo um lado doce dentro de mim que não sabia que existia. Senti Niall estremecer e suspirar quando os beijos desenharam seu maxilar, abrindo um grande sorriso que foi coberto por meus lábios. Eu acabaria me derretendo por aquele loiro.

 

- Café da manhã? - Perguntei ao quebrar aquele gesto tão doce. Sem perguntas. Sem dúvidas. Sem confusão. Eu só sorria e recebia um sorriso do outro em reflexo.

 

- Café da manhã! Quer que eu faça panquecas? - Niall perguntava animado, mesmo que ainda estivesse abraçado a mim como se fosse um coala.

 

- Quero. - Olhei para Louis e Harry que dormiam agarrados um ao outro, em um sono tão pesado que não pareciam que despertariam tão cedo - Talvez para eles a gente devesse fazer um almoço. - Brinquei, vendo um sorriso brotar no rosto do loiro.

 

Nos levantamos e marchamos para a cozinha assim que fizemos a higiene matinal. Eu me preocupava em fazer café enquanto Niall dominava minha cozinha abrindo todos os armários e procurando o que queria, equilibrando ovos e leite. Se sujando de farinha e colocando a frigideira para esquentar. O loiro era tão ágil naquilo que eu me surpreendia e só podia assistir a bela cena enquanto tomava goles do café com calma, mantendo um sorrisinho de canto.

 

- Que tal parar de me olhar e separar dois pratos gatão? - O loiro provocou e eu tive que me segurar para não rir alto e cuspir o café.

 

- Gatão? - Perguntei organizando a mesa, olhando para janela e tendo uma ideia extremamente brega, mas que se fizesse o outro sorrir já estaria tudo bem.

 

- Pareceu menos ridículo que tigrão, mas engraçado o suficiente para que eu te provocasse ursinho - O loiro sorriu de forma arteira, me fazendo rir alto.

 

- Ok, temos que colocar um limite aqui bolinho. Sem apelidinhos idiotas, ok pudinzinho? - Me aproximei de seu corpo e o abracei por trás, beijando seu pescoço enquanto via as belas panquecas douradas saírem e começarem a formar uma pilha.

 

- Sem problemas bombomzinho - Rolei meus olhos com aquela brincadeira irônica entre nós, dando um último beijo em seu pescoço - Tem mel para colocar nas panquecas? - Apenas neguei com a cabeça - Então você vira elas enquanto eu corro em casa para pegar mel e geleia e ver se tá tudo bem com a minha avó tá?

 

- De um bom dia para ela por mim - Ganhei um selar rápido junto da espátula, vendo o outro sair apressado pela cozinha.

 

Sorri e diminui o fogo, virando as panquecas e correndo para o quintal atrás do que eu desejava. Havia renegado aquela área desde que havia voltado, mas a natureza era capaz de fazer sua própria magia e algumas flores selvagens cresciam perto da cerca. Arranquei uma dúzia delas e voltei para dentro para lava-las. Mantive meus olhos nas panquecas, mas meu real interesse agora era no pequeno papel que serviria de cartão. Um fio vermelho formando um bonito laço segurava as singelas flores, assim como o cartão dobrado deixava uma mensagem inocente. Coloquei tudo na mesa, onde Niall se sentaria e voltei para as panquecas.

 

Não demorou muito para o loiro voltar sorridente com o mel e geleia. Colocando tudo no balcão e parando do meu lado com uma expressão curiosa. Devolvi o olhar e logo ambos nos encarávamos sem piscar, em uma brincadeira muda de quem conseguia ficar mais tempo sério.

 

- Vovó está fazendo muffins e já te convidou para ir lá mais tarde. Chá com bolinhos, bolinho - Niall contou, roubando um pedaço de panqueca e foi impossível que eu não sorrisse com a doçura da avó de Niall – Ganhei!! – Rolei os olhos com aquilo e tentei me fingir de sério.

 

- Deixa de bobagem e vamos comer - Peguei o prato com as panquecas e indiquei a mesa, me sentando em um lugar e deixando com que Niall se sentasse também.

 

Sua expressão se tornou confusa quando viu as flores ali, pegando o cartão dobrado e no um segundo seguinte achei que meu ato brega havia sido errado. O irlandês ficou mais pálido do que já era e seus dentes rapidamente capturaram o lábio inferior. Os olhos se encheram de lágrimas e eu suspirei preocupado.

 

“Eu faria qualquer coisa para ver seu sorriso pela manhã :)”

 

- Nia… - Fui bruscamente cortado pelo loiro que se levantou e se jogou em meus braços.

 

- Obrigado, eu nunca … ganhei flores - Abracei o outro que tentava não chorar e parecia realmente tocado com a simplicidade do ato. Peguei uma das flores e coloquei em sua mão, entrelaçando com as minhas em seguida.

 

- Então algum dia eu te darei um buquê de verdade. Eu só quero que entenda que enquanto eu estiver do seu lado, eu farei qualquer coisa para te ver feliz. - Beijei sua têmpora, ouvindo o loiro fungar e rir ao mesmo tempo - Não chore meu bem, eu só queria te fazer sorrir.

 

- Você me fez muito mais do que só sorrir Zy… Você me faz me sentir vivo - Ofeguei com aquilo, o apertando ainda mais contra mim e deixando que o loiro limpasse as poucas lágrimas que haviam escorrido.

 

- Olha isso Harry, mal acordaram e já estão se pegando. Acho que estamos ficando para trás - Ouvi a voz provocadora de Louis e apenas neguei com a cabeça. Apertei o loiro mais uma vez antes de solta-lo e deixa-lo voltar a seu lugar. Seu pequeno ramo de flores carinhosamente aconchegado em seu colo.

 

- Podemos fazer isso depois do café da manhã Lou, o sofá do Zayn parece ser confortável sabe …. - Todos riram enquanto eu revirava os olhos. A mesa cheia com meus amigos e as piadas e risos surgindo.

 

Aquela era uma ótima forma de começar o dia.

 

--------------------------

 

Era estranho.

Tudo com Niall parecia tão rápido, tão intenso, mas ao mesmo tempo tão certo. Normalmente existe um certo tempo até que um casal decida se apresentar para as famílias e que tenha intimidade na frente dos mesmos. Mas naquele momento lá estava Niall sentando em meu colo enquanto tagarelava com a avó sobre os muffins que estavam esfriando sobre a pia.

 

É estranho.

 

Eu deveria sentir medo, vergonha, embaraço. Mas não, só segurava sua cintura carinhosamente, afagando a pele da cintura com movimentos circulares dos polegares. Vez ou outra deixava um beijo casto em seu ombro e recebia um carinhoso em minha bochecha, além da troca cúmplice de sorriso. Era óbvio que Brigida notara o que estava acontecendo, mas não havia feito nenhuma pergunta, nenhuma piada. Apenas nos observava com um olhar cálido.

 

- Você sabia que o aniversário da vovó está chegando? - Niall comentou enquanto brincava com meus cabelos, me fazendo cerrar os olhos em prazer por alguns segundos.

 

- Então acho que será a nossa vez de fazer algo especial para ela. Já podemos planejar algo - Comentei animado, adorando a sensação de querer fazer algo pelos outros. Da felicidade de pensar no bem de alguém.

 

- Vocês podem é parar de gracinha que não vão aprontar é nada. No máximo eu vou fazer um jantar e comemos nós três. - A senhora se aproximou com um prato de muffins, a tortura do cheiro de chocolate bem a minha frente.  

 

- Claro, vamos te deixar cozinhando e fingindo que não é um dos dias mais especiais do mundo! Por favor né vó - Niall bufou inconformado e eu acabei rindo da birra.

 

- É vó … por favor! - Repeti a provocação, pegando um dos bolinhos e quebrando em um pequeno pedaço, soprando antes de forma involuntária levar aos lábios do loiro que aceitou de bom grado. Eu não tinha certeza, mas jurava que havia escutado um pequeno “Aww” vindo da senhora.

 

Passei a comer meu muffim, tendo que alimentar um Niall faminto que me fazia rir pela pura manha de querer o meu doce em vez de pegar um próprio para que comesse sozinho. Brigida havia ido para o outro cômodo atender uma lição quando notei o outro se aconchegar a mim, apoiando a cabeça em meu ombro enquanto brincava com os próprios dedos, parecendo pensar se compartilhava seus pensamentos comigo ou não.

 

- Quando ela voltar, ela vai querer a preparar um chá de flores silvestres com frutas vermelhas. - A forma como o loiro comentou aquilo me deixou surpreso.

 

- Como sabe? - Sorri carinhoso, afagando seu cabelo e arrumando a pequena franja até que ficasse como um topete.

 

- Está chegando o aniversário de morte da minha mãe. Esse chá era o favorito dela e uma das minhas lembranças mais fortes é ela tirando muffins de chocolate do forno enquanto a cozinha cheira a flores e chocolate. Eu também ganhava chá e podia escolher o bolinho maior para mim. Só que … Eu sempre escolhia e dava para ela - A loiro não olhava em meus lábios enquanto compartilhava a lembrança, me fazendo engolir a seco quando sua última frase falhou, como se estivesse próximo a chorar.

 

- É uma boa lembrança. Sua avó sempre faz isso?

 

- Ela sempre faz próximo do aniversário de morte, acho que ela não nota. Eu só tomo esse chá nessa época do ano. É uma das poucas coisas que sobrou da minha mãe. Não gostaria de banalizar a lembrança - Niall se esticou para selar nossos lábios com carinho - Nunca contei isso para ninguém. Nunca deixei ninguém tomar esse chá e a vovó nunca ofereceu para ninguém também. Mas fico feliz que esteja aqui para provar também. Aposto que vai adorar.

 

- Eu adoraria ter conhecido sua mãe - Disse no misto de sensações que sentia. Minha garganta queria se fechar com a forma vertiginosa em que nos abríamos e nos envolvíamos naquilo.

 

- Eu também adoraria… Mas quando algo é bom demais, só podemos ficar um tempo limitado né? Eu realmente acredito que ela teve que voltar para o céu porque era um anjo que estava fazendo falta lá. Hoje eu só tenho o chá de frutas vermelhas, o perfume de jasmin e uma foto amarelada. Gostaria de ter mais lembranças com ela - O loiro suspirou de forma tão profunda que tive medo que estivesse engasgando em sua própria dor - Mas em partes em “agradeço” que ela não está aqui, seria pior saber que eu seria uma decepção para ela.

 

- Ei, você não seria uma decepção para ela. Assim como não é para sua avó, nem para mim. Tenho certeza que seria o orgulho dela e mil vezes mais mimado do que já é - Beijei seu pescoço até que Niall sentisse cócegas e se remexesse em meu colo, rindo e me fazendo abraça-lo mais forte - Você seria o príncipe da vida dela, na verdade eu tenho certeza que você é o príncipe dela. Só que ela está longe te observando - Selei por fim nossos lábios, mantendo um contato doce entre os lábios.

 

- Acho que vou tentar acreditar mais nas suas palavras do que nas minhas - Sorri para o irlandês e nos aproximamos para nos beijar novamente, se afastando quando ouvimos a voz de Brigida entrando na cozinha.

 

- Adelia quando liga gosta de contar da vida toda, como se eu não estivesse ocupada. Não sei o que faço mais com ela - Brigida comentava “inconformada” com a amiga tagarela, me fazendo rir - Querem um chá para acompanhar os bolinhos?

 

- O de flores e frutas vovó - Niall pediu com um sorriso doce no rosto, notando o olhar atento da avó que se suavizou em um grande e amplo sorriso. Talvez não fosse tão inconsciente a escolha do doce e bebida naquela época.

 

- Como quiser meu querido, um chá especial para pessoas especiais - Era nítido a animação da senhora que voltou para o fogão para esquentar a água.

 

Talvez, e só talvez eu poderia bem me acostumar com toda aquela felicidade e rotina que parecia tão surreal para mim. Se a meses atrás eu virava noites e dias bebendo e me drogando, fazendo coisas idiotas agora lá estava eu. Sentado com uma caneca de chá entre as mãos e ouvindo uma história da juventude de Brigida, rindo com a forma que ela contava as coisas e me surpreendo em como os costumes poderiam parecer diferentes. Niall ocupava a cadeira do lado e se deliciava com seu terceiro bolinho, rindo de boca cheia e pedindo por mais detalhes do que ouvia. É .. eu definitivamente poderia me adaptar a aquele tipo de felicidade.

 

Passei boas horas ali na companhia de Niall, sua avó e das lembranças que ambos compartilhavam. Meu rosto chegava a doer de tanto que eu sorria, sem contar o olhar amoroso que ganhávamos cada vez que nossas mãos se encontravam ou Niall descansava a cabeça em meu ombro, ganhando um beijo gentil em sua têmpora ou um carinho nos fios claros. No final já estava ficando tarde e só restou eu e o loiro na cozinha, incumbidos de uma missão especial.

 

- Dorme aqui hoje? - Niall perguntou enquanto arrumávamos a cozinha após o pseudo-jantar que tivemos.

 

- Já dormimos essa noite juntos, não podemos criar esse hábito tão cedo - Tentei colocar uma regra ali, fazer as coisas irem mais calmas, mas a tristeza nos olhos do loiro fizeram meu coração apertar.

 

- E se eu tiver outro pesadelo? - Era quase que adorável ver a forma como sua mão continuava enxugando o prato já seco, fugindo seu olhar do meu por medo daquilo.

 

- Então não importa a hora, eu sairei da minha cama e atravessarei a rua correndo para fazer o pesadelo ir embora. Não importa a hora mesmo, eu virei aqui para que nada de assustei - Retirei o prato de suas mãos e coloquei no armário, depositando um beijo em seus lábios.

 

- Eu não iria querer te incomodar - O loiro continuava a resmungar, agora pegando o outro prato e me fazendo rolar os olhos com aquilo.

 

- Não iria incomodar, se algo te assustar eu prometo que larguei tudo e virei te proteger - Sorri e o loiro assentiu, me dando o prato e assim que o guardei me abraçou apertado, beijando carinhosamente as pequenas partes da clavícula que apareciam pela camiseta. - Me leva até a porta?  

 

- Levo, mas ainda preferia que fosse a porta do meu quarto – Acabei rindo da forma maliciosa como aquilo soou, abraçando a cintura do outro e mordiscando seu lábio inferior. Me perdi naquele momento delicioso, brincando com sua boca e deixando beijos longos e carinhosos acontecerem. Nossos olhos já nem mais se abriam visto que as bocas só paravam em busca de ar e logo voltavam a se tocar com desejo – Sério mesmo que quer ir embora?

- Querer eu não quero, mas o que sua avó vai pensar de eu já estar dormindo no seu quarto? Fora que você dormiu lá em casa ontem. Será que ela não vai achar estranho? – Eu estava a um fio de desistir e dormir ali com o loiro. Me agarrar a seu corpo pequeno e magro e me aconchegar ali buscando todo o carinho e equilíbrio que eu precisava.

- Ela não vai pensar nada Zee ... ela te adora. Vamos, fica comigo vai... só hoje e a gente para de dormir juntos – Niall sorriu e foi me puxando para o sofá, me empurrando ali e se sentando ao meu lado, passando a distribuir diversos beijinhos em meu pescoço enquanto continuava com seu charme para que eu ficasse ali – Podemos ver uns filmes, trocar uns beijos, eu posso te dar carinho. Aposto que você gosta de carinho...

- Eu gosto – Acabei rindo do jeito que o outro falava – Ok, eu fico aqui essa noite.

O loiro estava radiante que ficaríamos mais aquela noite juntos, cumprindo o que havia falado e colocando um filme água com açúcar para vermos no sofá de sua casa. Dessa vez eu estava deitado com a cabeça em seu colo, ganhando carinho em meus fios. Brígida desceu uma última vez para se despedir e nos desejar boa noite, deixando um sorriso bobo ao ver como estávamos, não se importando que eu dormisse ali. O filme era gostoso e os carinhos estavam me deixando sonolento, me fazendo suspirar

 

- Zy - Olhei para cima quando o outro me chamou - Você … você não sente vontade de voltar a usar as coisas? - Fiquei surpreso com a pergunta. Desde que havia confessado o que havia feito era a primeira vez que o outro levantava o assunto.

 

- Alguns dias sim, alguns dias não. Eu preciso pensar sempre em resistir a esse dia. Pensar a longo prazo assusta sabe. Mas eu me mantenho firme e tento pensar em outras coisas. A fase mais difícil é a desintoxicação. Você fica louco, fica agressivo, seu corpo parece queimar. Mas eu passei tudo isso na América e vim pra cá com a mente mais em ordem. Porque a pergunta meu bem? - Trouxe sua mão para perto e beijei seus dedos.

 

- Porque quero que saiba que pode contar comigo também quando estiver com medo e em momentos ruins. Quando estiver em um pesadelo - O loiro sussurrou baixinho, me fazendo rir e beijar novamente sua mão

 

- Contarei com isso sim. Na verdade acho que já conto com vocês desde que me mudei.

 

Bocejei quando o filme terminou, me levantando e deixando que Niall me guiasse para seu quarto. Nossas mãos sempre entrelaçadas e seu rosto exibindo um sorriso contente. Observei o loiro vestir um pijama simples, mas bonito. Eu optei por uma bermuda de elástico que o outro tinha que apesar de curta ficaria confortável.

 

- Devo dormir no chão? Posso fazer uma cama com um coberto e um travesseiro - Perguntei apontando o espaço ao lado da sua cama, ouvindo um riso doce do outro.

 

- Não, eu gosto de te usar de travesseiro - O loiro abusado me empurrou para a cama, me fazendo cair confortavelmente sob o chão e subindo pelo meu corpo.

 

Niall não demorou para se aconchegar entre meus braços, dando alguns beijinhos em meu peito desnudo e me fazendo rir com todo aquele carinho. Me aconcheguei e deixei que nossos corpos se moldassem.

 

- Deveria ter cuidado, eu tenho uma reputação não muito boa sabe … ai já me traz pro seu quarto, me enche de carinhos, me deixa manhoso assim. Não é justo - Brinquei com o loiro, ouvindo sua risada.

 

- Eu também não tenho uma muito boa - Niall pela primeira vez disse aquilo como se verdadeiramente não se importasse, se achasse graça.

 

- Acho que eu gosto de meninos maus - Beijei sua testa com carinho.

 

- Se for com você, eu posso ser qualquer coisa. Até mesmo uma pessoa forte - Arregalei os olhos com a frase do outro. Ser um menino mal não era difícil afinal, não quando todos criavam sua parte em mentira e invenção naquela história, mas ser forte.. ah, aquilo era outra história.

 

- Gosto disso, você é o meu menino forte… e juntos nós vamos ser incríveis. - Completei, selando nossos lábios e buscando suas mãos para entrelaçar os dedos.

 

Pernas entrelaçadas. Mãos dadas. O corpo pequeno protegido pelo meu. Meu nariz roçando em sua face e sentindo o cheiro de seus cabelos. Seu rosto contra meu peito ouvindo meus batimentos. Aquela era minha força, minha proteção, meu momento. Não. Nosso momento. Nós iríamos nos reerguer.

 


Notas Finais


Os outros capítulos foi fácil pensar em uma nota final, afinal eu falava de problemas. Mas me peguei pensando no que falar em um capítulo como esse, onde eles começam a descobrir que podem sair dessa, que podem se apoiar. Então me veio uma palavra.

Resiliência.

A resiliência é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas e por fim encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades.

Os meninos após todo o caos, toda a dor, todo o tempo escondido em seu próprio medo começam a encontrar a força para se levantar, para superar tudo isso. Eles passaram a ter seu momento de resiliência.

Em um capítulo como esse eu só consigo pensar e desejar que a você que esteja lendo que você tenha essa força. Que do momento mais árido, mais complexo, mais desgastante, sufocante, assustador ou sombrio haja a força para se levantar, florescer, amadurecer, sorrir e buscar a superação. As coisas não tendem a ser fáceis, ainda mais em uma geração como a nossa onde se espera que com 20 anos você tenha viajado para o exterior, já tenha achado um emprego, more sozinha, esteja trabalhando, tenha uma ideia que mude o mundo e ainda tenha tempo para ter uma vida saudável, praticar yoga e ser feliz. Qual é o efeito disso? Um surto em massa de depressão, frustração e infelicidade. (Talvez vocês ainda sejam novas para terem passado por isso, mas infelizmente passarão por essa frustração em breve)

Afinal, você não fez tudo isso, mas a garota do instagram está em sua quarta viagem para a europa, a youtuber tal está fazendo milhões com o que ama, a pessoa x do facebook tem aquela vida incrível cheia de amigos e momentos fantásticos. Porque minha/sua/nossa vida não é assim?

Porque essas não são vidas reais.

A realidade é muito mais assustadora, a realidade tende a nos fazer falhar muitas vezes e todas essas expectativas tendem a nos fazer ter vergonha das falhas. Não tenham vergonha de suas falhas, busquem força para supera-las e olhar para trás sabendo que aprenderam algo e por mais difícil que foi você foi capaz de superar.

Enfim, acho que essa nota ficou grande. Mas espero que tenha ficado boa e dê para entender.
Boa semana a todos ♥


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...