1. Spirit Fanfics >
  2. Bad Romeo - Book 1 >
  3. Monstro de olhos verdes

História Bad Romeo - Book 1 - Monstro de olhos verdes


Escrita por: EstrabaoJwregui

Notas do Autor


Hallo acharam que eu não ia postar hoje né

Capítulo 15 - Monstro de olhos verdes


Fanfic / Fanfiction Bad Romeo - Book 1 - Monstro de olhos verdes

Duas semanas depois

Westchester, Nova York

Grove

 

Olho para minhas mãos, nervosa demais para encará-lo. O calor nas minhas costas me alerta da sua presença.

— Você não deveria estar aqui — ele diz. — Se acredita nas histórias sobre mim, sou um matador, um animal indigno da bondade humana.

— Eu sei. Já ouvi gente falar. Eles preferem te enforcar e dançar no seu funeral a abrir a mente por um segundo para que um pouco de razão possa entrar. Não estão felizes a não ser que estejam miseráveis, e ver as falhas dos outros os ajuda a desprezar o que odeiam em si mesmos.

— E você não?

— Não. — Respiro fundo para acalmar meu pulso acelerado e olho para ele fixamente. — Posso não ser a menina mais esperta da cidade, ou a mais bonita, ou a mais rica, mas conheço as pessoas melhor do que ninguém. E embora o povo fale de sua maldade, nunca vi nada disso. Só vejo um homem que busca uma segunda chance, mas é orgulhoso demais para pedir uma.

Ele engole em seco enquanto usa as costas da mão para percorrer suavemente minha bochecha.

— Não pode dizer coisas assim para mim, garota. Desse jeito fica impossível não beijar você.

— Era o que eu esperava.

Então ele me beija, lentamente, lábios quentes e mãos macias. Por um momento, estou confusa, porque seus lábios parecem diferentes, e seu gosto é todo errado, mas sei que esses são pensamentos da Camila, não da Ellie.

Quando nos afastamos, há uma grande salva de palmas com o fim da cena.

E eu pisco e dou a mão a Louis enquanto encaramos a plateia.

Esta noite nossa turma está encenando trechos de roteiros que foram escolhidos e dirigidos por alunos do terceiro ano. Mesmo que seja estranho fazer par com Louis em vez de Lauren, me esforcei ao máximo para que funcionasse. Nossa diretora, Sophie, está batendo palmas na fileira da frente, saltitando, então imagino que ela esteja feliz com o resultado.

Louis e eu nos curvamos e saímos do palco, e ele me dá um breve abraço enquanto a próxima dupla é apresentada.

— Então, não quero me vangloriar nem nada — ele comenta meio sem fôlego de tão empolgado —, mas a gente mandou bem.

Concordo e sorrio.

— Aquela ovação foi o som do nosso sucesso.

Ele ri enquanto andamos em direção aos bastidores.

— Só preciso pegar minha camisa, daí saímos para assistir ao restante, tá?

— Claro.

— Vejo você aqui dentro de alguns minutinhos.

Ainda bem, porque há alguém que preciso realmente ver. Enquanto meus olhos se ajustam à escuridão, posso vislumbrar Jauregui perto da cabine de iluminação, andando de um lado para o outro e murmurando.

Esta noite ela vai apresentar um trecho de Sucesso a qualquer preço com Troy e Lucas, e quase não a vi a semana toda por conta dos ensaios em grupos separados.

Caminho até ela e sorrio, mas ela mal olha para mim.

— Oi — cumprimento, bancando a indiferente muito bem se pensarmos que só quero arrastá-la para a escuridão da cabine de luz e beijá-la todinha. — Como estão as coisas?

— Oi. — Ela continua andando de um lado para o outro, e respira fundo.

— Tudo bem com você?

— Sim. Ótima. Você?

Ela está sendo econômica. Está evitando contato visual. Eu meio que esperava uma recepção mais calorosa considerando o tempo que ficamos separadas. Acho que sei o que está acontecendo, mas se eu estiver certa então ela está sendo ridícula.

— Jauregui...

— Olha, Cabello, preciso me aquecer, então se não se importa...

Ela se vira e estala o pescoço. Decido não pressionar. Ela vai entrar em cena logo e precisa se concentrar.

— Você quer... — eu me inclino para que ninguém escute — ... você sabe... ficar agarradinha um pouco? Ou eu posso te fazer uma massagem se você tiver um tempinho.

Ela suspira, mas não se volta para mim.

— Não. Estou bem. Te vejo depois, tá?

Olho ao redor. Tirando Miranda, que está assistindo a Aiyah e Jack no palco, não há mais ninguém que possa nos ver, então passo meus braços em volta dela e a abraço pelas costas. Então repouso minha bochecha contra seu ombro e respiro fundo.

Ela tem um cheiro tão bom que quase gemo.

Ela fica tensa.

— Para com isso, a galera pode ver.

Abraço mais forte.

— Não me importo. Abracei todo mundo esta noite, por que não poderia abraçar a única pessoa que quero realmente? Senti saudade.

Por um segundo ela não diz nada, então seus ombros relaxam e el coloca a mão sobre a minha e entrelaça nossos dedos.

— Droga, Cabello... eu... — ela suspira — ... eu também.

Ela se afasta de mim e olha ao redor, nervosa, antes de enfiar as mãos nos bolsos e apoiar o peso do corpo numa das pernas. Posso ver que ela sentiu saudade de mim tanto quanto senti dela só pela maneira como me olha.

— Talvez até mais.

Escuto passos e Louis aparece ao meu lado. Jauregui imediatamente se endireita.

— Oi, Lauren. Pronta pra sair, Camila?

— Sim, claro — respondo, mesmo que queira ficar um pouquinho mais com Jauregui.

— Então... — começo tomando cuidado para não revelar nada íntimo demais na frente do Louis — hum... você... manda ver lá, tá?

É tão cafona que quero esconder o rosto.

Jauregui me dá um sorriso sem graça e odeio vê-la tão mal.

Espero que seja de nervoso, não por causa de mim e do Louis. Aposto que é um pouco de cada.

— Força lá, cara — Louis diz e bate no ombro de Jauregui. — Encontro você depois do espetáculo.

Conforme nos afastamos tenho certeza de escutar Jauregui murmurar: “Não se eu te encontrar antes, seu merda”.

Alguns minutos depois, seu grupo é apresentado, e, assim que ela entra no palco, fico hipnotizada. Lucas e Troy carregam a cena com o tipo de rivalidade machista de que ela precisa, mas Jauregui tem tanta energia que fica bem claro que ela é o macho alfa. Ela também está irresistivelmente gostosa de terno e gravata. A cena deles se encerra com uma grande salva de palmas. E o espetáculo termina depois de várias outras apresentações em grupo. Dinah vem ao palco e faz um discurso parabenizando todos nós pelo grande esforço colaborativo e nos desejando um bom fim de semana.

Seguimos aos bastidores para nos trocarmos e, como de costume, Louis coloca os braços ao redor de mim. Não deveria me fazer sentir estranha, porque ele sempre foi fisicamente carinhoso, mas acabo me sentindo culpada pelo jeito que as coisas estão entre mim e Jauregui. Já foi bem ruim eu ter passado toda a semana beijando Louis para nossa cena.

Não que eu sinta algo por Louis além de amizade, mas parte de mim questiona o que seria namorar um garoto que não tem medo de demonstrar afeto em público. Diabos, eu me pergunto o que seria namorar alguém. O que Jauregui e eu estamos fazendo mal pode ser chamado de “namoro”. Normalmente, ficamos na minha casa. Nas raras ocasiões em que saímos, é para festas com o resto da nossa turma onde passamos a noite toda nos evitando. Então ela me leva para casa e nós nos pegamos loucamente até que alguém tenha um orgasmo.

Ela nunca me chamou para sair. Nem me convidou para ir ao seu apartamento.

— Te vejo na festa? — Louis pergunta quando seguimos caminhos separados. Eu faço que sim e aceno. Gostaria de pensar que Jauregui vai me levar a essa festa, mas a única coisa consistente nela é sua imprevisibilidade.

Quando termino de me trocar, pego minha mochila e sigo para o camarim dela. Entro e a vejo no sofá, desamarrando o sapato. Ainda está usando a calça do terno, mas camisa, gravata e paletó estão pendurados na cadeira e tudo o que ela veste na parte de cima é uma regata branca.

Ai, Deus.

Fico parada lá num estado de excitação debilitante, observando seus braços se flexionarem conforme ela puxa os cadarços. Ela levanta o olhar e me vê. Franze o cenho enquanto tira os sapatos e as meias.

— Tudo bem aí?

— Não. — Tenho certeza de que estou boquiaberta e babando.

Ela para o que está fazendo.

— O que houve?

— O que houve? — repito, apontando para seus ombros e braços. — Isso foi o que houve, moça. Tudo isso! Não vejo a senhora há cinco dias, daí você me aparece usando isso?!

Ela descansa os cotovelos nos joelhos e olha para si mesma.

— Cabello, você já viu meus braços antes.

— Não recentemente. E não são apenas seus braços. São os ombros. E o pescoço. E aqueles pelinhos no seu peito. Tudo isso junto, embalado nessa... nessa roupa ridícula que você está usando.

— Minha regata?

— É! É como embalar sexo com uma camada de tesão. — Gemo frustrada e sussurro: — Provoca coisas estranhas em mim, Jauregui. Também me dá vontade de fazer coisas estranhas com você.

Ela me observa por um segundo antes de baixar o olhar para meu corpo e voltar a me encarar. Quando ela fala, sua voz é grave e baixa.

— Que tipo de coisa?

— Nem queira saber.

— Acho que posso dizer que quero muito, muito saber. Mostre.

— Vou morrer de vergonha. Você vai me julgar.

— Cabello, você não me toca há cinco dias. Quer mesmo continuar a discutir isso ou quer logo resolver a questão?

Belo argumento.

— Ugh. Tá.

Caminho até ela e me ajoelho entre suas pernas. Ela me observa com olhos desconfiados enquanto coloco minhas mãos nas suas coxas.

— Flexione seu bíceps — peço baixinho. Ela olha confuso. — Vai logo.

Ela balança a cabeça antes de apertar o punho e dobrar o braço. O músculo se contrai e incha de um jeito que me faz querer morder a língua para não gemer como uma devassa.

Eu me inclino e pressiono os lábios contra o músculo enrijecido. Jauregui parece receosa.

Quando passo os dentes sobre a pele macia e pressiono o volume firme que há embaixo, ela franze a testa. Fecho os olhos e chupo o músculo espesso. Ela solta um ruído entrecortado, e quando olho para ela noto que está ofegante e que suas pupilas estão enormes.

Dou a seu bíceps uma chupada final antes de a minha vergonha vencer e eu me afastar.

— É isso que me dá vontade de fazer com você. — Eu me sento nos calcanhares. — Então, você não tem vergonha de gostar de alguém que é obviamente perturbada?

Ela abaixa o braço e pisca.

— Você não faz ideia, né? Literalmente, nem imagina.

— O quê?

— Que você é sexy pra caralho.

Ela me envolve com os braços e me puxa para a frente enquanto coloca os dedos na minha bochecha e, do nada, me beija, apaixonada. Sua boca está quente e se move com uma insistência implacável. Reajo fazendo mais barulho do que deveria, considerando que posso ouvir meus colegas se movendo do lado de fora do camarim.

— Psssiu — ela cochicha, me puxando contra ela. Estou tonta e agarro seus ombros enquanto ela beija meu queixo e pescoço.

— Uau — estou sem fôlego —, se é assim que você reage quando chupo seu bíceps, imagina como vai ser quando eu chegar a outras partes da sua anatomia.

Ela gela.

E aí está. A reação que ela sempre tem quando insinuo que gostaria de chupar seu pênis também.

— Sabe — tento soltar seus braços para poder me afastar e olhar para ela —, a maioria das pessoas tem uma reação completamente diferente quando uma garota lhe oferece prazer oral. Você tem medo de que eu faça alguma coisa errada porque não tenho experiência? Te garanto que já vi pornografia suficiente para saber como lidar com um pênis. Bom, não sei se vou conseguir colocar ele todo na boca como algumas dessas garotas, mas tenho certeza de que com um pouco de prática eu poderia...

— Puta merda, Cabello... — ela me solta e se joga de volta no sofá. — Cara, você... você não pode sair por aí dizendo esse tipo de coisa.

— Por que não?

— Porque... — ela abre os olhos e me encara, está sofrendo de tão excitada — ... estou tentando não perder o controle com você, mas se você continuar dizendo essas coisas vai ser difícil pra caralho eu conseguir.

— Ótimo. Não vou falar mais.

Puxo a regata dela para cima e beijo sua barriga antes de descer para a altura do cós da calça. Um longo e sofrido grunhido escapa dela.

— Não podemos — ela diz, quase sem voz. — Alguém pode entrar a qualquer segundo.

— E? — Solto a fivela do cinto. — Tenho certeza de que não será a primeira vez que estudantes de teatro vão ser pegos dando prazer um ao outro nos bastidores. Nós somos um bando bem excitado, você não reparou?

Toco o volume da sua calça com mais firmeza e ela não me detém, mesmo que seu gemido soe como um protesto.

— Você está me matando, Cabello. Sabe disso, né? Toda vez que me toca desse jeito, você me mata mais um pouco.

Há pés correndo do lado de fora. Jauregui salta do sofá e fecha a calça pouco antes de a porta se abrir e um Jack Avery pelado avançar para dentro do camarim.

— bundalelê pré-festa! — ele grita, dando uma rápida voltinha diante de nós, e sai.

— Jesus. Eu não precisava ver isso. — Jauregui segue para a porta aberta. — Por que essas porcarias de portas não têm tranca? esconda essa vergonha, avery ! — Ela bate a porta e se joga de novo no sofá.

— Na verdade, o Jack pelado não tem nada do que se envergonhar. Quem diria que o geek estava escondendo aquele sabre de luz gigante na cuequinha de Guerra nas Estrelas?

Jauregui revira os olhos e eu solto uma risada. Eu me sento com uma das pernas dobrada ao lado dela para poder encará-la e acariciar sua nuca.

— Você foi bem boa esta noite — comento, passando meus dedos sobre sua orelha.

Ela ergue as sobrancelhas.

— Fui?

— Foi. Adoro ver você no palco. Você é tão... sexy. E talentosa. No fundo acho que você é sexy porque é talentosa. Quer dizer, você também é ridiculamente bonita, mas atores de novela também são e eles não surtem nenhum efeito em mim porque são atores terríveis. Então, sim, acho seu talento bem excitante. É esquisito? Devo parar de falar agora?

Ela sorri e se inclina à frente.

— Sim.

Ela pega meu rosto nas mãos e me beija com suavidade. Agarro seus braços para me endireitar enquanto meu coração acelera intensamente.

Ela se afasta e suspira.

— Você também é talentosa. Talentosa demais de várias maneiras.

— Então — pego a mão dela e acaricio seus dedos —, viu minha apresentação?

Ela fica tenso.

— Hum, sim. Vi dos bastidores.

Um quê de agitação toma seu rosto e quase posso ouvir seu cérebro sussurrando coisas que não são verdade.

— E o que achou?

— Você foi bem.

— Hum. E o Louis?

Ela dá de ombros e fica de pé.

— Ele foi mediano. Fez algumas escolhas óbvias, mas acho que funcionaram.

Ela tira a calça social, me dando uma bela visão de sua bunda numa cueca boxer cinza-escura, e veste o jeans.

— Então... não quer falar sobre mais nada da cena? — pergunto enquanto ela pega um suéter com gola em V e o veste pela cabeça.

— Não. — Ela arregaça as mangas e corre a mão pelo cabelo.

— Não se importa com o nosso beijo?

Ela se senta na cadeira à minha frente e puxa suas botas e meias de debaixo do banco.

— Me importo. Só não quero falar disso.

— Por que não?

— Porque... — ela responde calçando a meia — falar sobre isso... até pensar nisso me deixa irracionalmente puta pra caralho.

Uau. Ela está admitindo alguma coisa. Isso é épico.

— Jauregui, sabe que não há motivo pra você ter ciúme, né?

Ela enfia o pé na bota e amarra o cadarço de qualquer jeito.

— Não tenho? Você parecia bem dedicada àquele beijo. E é óbvio que desde o primeiro dia o Louis quer te comer.

Eu me aproximo e fico de pé diante dela enquanto ela amarra a outra bota.

— Não acho que ele queira mais. Desde aquela festa quando eu não deixei que ele me beijasse. Acho que ele sabe que... bem...

Ela termina com os cadarços e olha para mim.

— Sabe o quê?

Focalizo o olhar na leve linha franzida entre suas sobrancelhas.

— Mesmo naquela época, ele entendeu que... sabe... que eu gostava de você.

Ele se encosta de volta na cadeira e suspira.

— É, tá, mas isso não significa que ele tenha parado de gostar de você. Ele só começou a esconder melhor.

— Está escondendo muito bem. Durante toda a nossa semana de ensaios ele não tentou nada comigo.

— Tirando todo o tempo que ele passava com a boca na sua cara, claro.

Pisco com esse comentário.

— Hum... é. Tirando isso.

Ela se levanta e dá um passo em minha direção.

— Ele usou a língua?

— Um pouquinho.

— Como é esse pouquinho?

Pego sua nuca e puxo sua cabeça para baixo.

— Meio que assim.

Beijo sua boca lentamente, então me concentro no lábio superior e chupo suavemente antes de passar para o inferior. Ela solta um breve gemido e se afasta para me olhar.

— Jesus, Camila, ele te beijou assim?!

— Hum... mais ou menos.

— Mais ou menos?

— Bem, sim, mas... foi diferente porque eram nossos personagens e... não era você. E isso deixou tudo sem sentido.

Ela baixa a cabeça. Não estou me explicando bem, mas não sei o que dizer para ela.

— Eu e ele não tínhamos a química que eu e você temos.

— De onde eu estava, parecia que vocês tinham bastante química.

— Foi só interpretação. Você viu a cena de amor entre Aiyah e Jack? Foi bem quente, mas não é como se Aiyah tivesse deixado de ser lésbica e agora queira saltar no Jack. Só pareceu.

Ela dá a volta ao meu redor e pega um cabide na arara para guardar o terno na capa.

— Lauren, para com isso.

— Eu acredito em você — ela diz, devolvendo o cabide para a arara. — Obviamente eu sei que você fez o que precisava para a cena funcionar. Mas...

— Mas o quê?

Ela coloca as mãos nos bolsos e solta o ar dos pulmões.

— Isso me deixou mal. Ver vocês se beijando. — Ela olha para mim e mesmo agora ainda não parece ter se recuperado. — Me deixou louca, Cabello, e não estou dizendo isso como uma hipérbole. Eu fiquei literalmente fora de rumo. Como se eu quisesse invadir o palco e descer o cacete nele por ter te tocado.

— Como você fez com o Mike, quando descobriu sobre ele e Vanessa?

Ela ri amargamente e balança a cabeça.

— Jesus, não tem nada que a desgraçada da minha irmã não tenha te contado?

Caminho até ela e coloco minhas mãos sobre seu peito, acariciando-a através do suéter.

— Lauren, eu não trairia você com o Louis.

Ela baixa o olhar, parecendo tão vulnerável como há tempo não o vejo.

— Sei disso.

— Nunca trairia você com ninguém.

— É, bem, tecnicamente você não pode me trair porque não sou sua namorada.

As palavras dela me atingem como um soco surpresa, mas tenho de lembrar com quem  estou falando.

— O engraçado é que você fala como se fosse minha namorada. — Passo as mãos pelo seu pescoço. — Minha namorada gostosa e ciumenta.

Tiro as mãos dela dos bolsos e as repouso na minha cintura. Sua marca registrada, o olhar hesitante de medo, se acende em seu rosto antes de ela me dar um sorriso emburrado e acariciar a parte de baixo das minhas costas.

— Cabello, você tem uma porcaria de gosto para namoradas. Há caras que seriam bem melhores do que eu. Aposto que o Louis seria um bom pra caralho. Seria um desses idiotas nojentos que te dariam flores no meio da cantina ou contratariam um conjunto vocal para te fazer uma serenata no seu aniversário.

— Então você está me dizendo que eu deveria namorar o Louis em vez de você?

— Ele seria melhor para você do que eu.

— Ah, nesse caso é melhor eu ir atrás dele.

Eu me viro para sair, mas ela me alcança, me vira de volta para ela e me pressiona contra a porta para me beijar. Sua língua é macia, e sua boca inteira toma a minha.

Nem consigo me lembrar mais do que estávamos falando trinta segundos antes.

Quando o beijo chega ao fim, estamos as duas sem fôlego.

— Olha, eu não tenho certeza se você entendeu meu subtexto aqui, mas eu gostaria que você ficasse bem longe do merda do Louis, tá?

Meu coração está descompassado.

— Se ele soubesse que você é minha namorada, ficaria longe de mim. Não entendo por que não podemos assumir.

Ela apoia a cabeça contra a minha.

— Camila, já tive relacionamentos sérios. Se as coisas dão errado, fica bem difícil consertar.

— Eu entendo isso, mas você está contando que algo vai dar errado com a gente. Talvez não dê. Talvez sejamos perfeitamente felizes e nunca briguemos.

Ela ri.

— Estamos falando sobre as mesmas pessoas? A gente briga o tempo todo. — Ela aperta mais os braços ao meu redor e me puxa firme contra ela. — Só quero esperar mais um tempinho, tá?

Eu concordo.

— É só que... não quero achar que você sente vergonha de que as pessoas saibam que você gosta de mim, ou sei lá.

— Não tenho vergonha — ela retruca, pegando meu rosto entre as mãos e me olhando nos olhos. — Bem, na verdade tenho um pouco de vergonha do meu pau duro eterno, mas a questão não é essa. Só não quero as pessoas julgando e falando pelas nossas costas. Prefiro deixar só entre nós.

Suspiro e passo os dedos pelo seu queixo.

— Tá. Podemos ficar por mais um tempinho em segredo, mas o que digo se alguém me perguntar diretamente sobre nós?

Há um burburinho de vozes no corredor e ela imediatamente se afasta de mim e enfia as mãos nos bolsos.

— Minta.

— E se o Louis perguntar?

Os olhos dela tremem.

Diga àquele boiola que estamos noivas.

 

Hoje

Nova York

 

O saguão do Majestic está tomado de atores, produtores, patrocinadores e ávidos frequentadores de teatro, todos unidos por um dos maiores eventos beneficentes do calendário da Broadway. Cada membro da plateia pagou várias centenas de dólares para ver trechos de alguns dos melhores espetáculos em cartaz atualmente, com todos os lucros sendo destinados ao Fundo Beneficente de Artistas de Variedade da América.

Jauregui e eu apresentamos uma pequena prévia da nossa peça, e, a julgar pela reação da plateia, o espetáculo vai ser um autêntico sucesso. Mesmo agora, enquanto circulamos pelo saguão, as pessoas continuam nos parando para dizer o quanto elas estão ansiosas em assistir à peça. Espio Marco do outro lado, sorrindo. É gostoso saber que o burburinho sobre nosso espetáculo é positivo. Torna um pouco mais suportável a minha ansiedade crescente com a noite de estreia.

Com a mão na parte de baixo de minhas costas, Jauregui me conduz para um cantinho na lateral do saguão. Ali há uma estátua de mármore falso bem feia que retrata um homem com um pênis anormalmente pequeno, mas pelo menos estamos livres do barulho e agito do resto do salão.

— Desculpe por me esfregar em você — ela diz enquanto olhamos para o salão. — Foi inevitável nessa multidão.

— É, foi o que pensei — respondo — ... nas três primeiras vezes em que fez isso. Depois ficou só gratuito.

Ela parece chocada.

— Cabello, está insinuando que me esfreguei em você de propósito? — Ela se move à frente, então minhas costas ficam contra o pilar. — Isso é um insulto. Eu nunca me rebaixaria assim. Mesmo que fosse incrível.

Ela me faz uma cara ridiculamente sexy enquanto se esfrega em mim, e eu quero rir da gracinha, mas a verdade é que ter o corpo dela pressionado contra o meu destrói minha habilidade de fazer qualquer coisa além de respirar e evitar me esfregar de volta.

Uma risada alta por perto me puxa de volta à realidade, e um arrepio nervoso percorre minha espinha quando percebo que ainda podemos ser vistos.

— Tá, Sir Esfregalot, pode parar — peço, me empurrando contra seu peito até ela se afastar. — Há repórteres aqui. Não queremos que eles fiquem com a impressão errada.

— O quê, que curto me esfregar em você? Porque não é a impressão errada.

— É um fato. Como você não entendeu isso a essa altura?

— O que quero dizer é que eles podem pensar que estamos... bem... você sabe...

O sorriso dela se apaga um pouco.

— Não sei. Por que não me diz?

Dou um suspiro e a encaro.

— Eles podem pensar que estamos... juntas. E não estamos.

Uma leve decepção se registra no rosto dela mas ela a disfarça rapidamente. Coloca a mão livre no pilar atrás da minha cabeça e se inclina.

— Você sabe, seria uma publicidade bem boa para o espetáculo se estivéssemos juntas. Quer dizer, pensa bem: namoradas da vida real interpretam namorados no palco. A imprensa iria adorar.

— Jauregui...

— Claro, teríamos de fazer um monte de publicidade. Eu teria de te levar a restaurantes badalados e me certificar de que os paparazzi estivessem vendo quando eu a beijasse... e chupasse seu pescoço... e colocasse minha mão entre suas pernas por baixo da mesa.

Minhas coxas se ouriçam com o pensamento. Jogo o peso do corpo no pilar para me apoiar.

— Se quer que o espetáculo seja mesmo um sucesso — ela diz com o olhar indo dos meus olhos à minha boca —, então você precisa concordar em me deixar beijá-la. Agora mesmo. Na frente de toda essa gente.

Diante do seu olhar, só consigo enxergar o verde-escuro de seus olhos e a maciez de seus lábios. Enquanto isso, meu tesão duela com meu medo.

— Apenas diga “sim”, Camila. Pare de pensar.

Sua boca está próxima. Quase próxima demais para que eu negue qualquer coisa a ela.

— Lauren...

— Não, nada de “Lauren”. “Sim.” Ou, melhor ainda: “Sim, pelo amor de Deus, me beije antes que fiquemos malucas com nosso tesão reprimido”. Qualquer um funciona para mim. “Porra, sim!” acompanhado de uma punhetinha também seria aceitável.

Tenho de sorrir.

Deus, amo ela.

Perco o fôlego.

Uau.

Ainda tão despreparada para encarar a realidade.

Ela lê a expressão de pânico no meu rosto e baixa a cabeça, derrotada.

— Álcool? — ela pergunta.

— Sim, por favor.

— Ah, então você pode dizer “sim, por favor” para a bebida, mas não para mim? Ótimo. Cabello, se o espetáculo não tiver público saiba que é porque você não topou meu plano de publicidade “dê uns pegas na Lauren o máximo possível”. Espero que consiga viver com essa decisão.

Eu rio e bato no braço dela.

— Alguma coisa com vodca, por favor.

— Tá, que seja.

Ela faz uma falsa cara emburrada enquanto segue pela plateia em direção ao bar. E logo que sai de perto de mim, sinto falta dela.

Saio do nosso canto e respiro fundo.

Por mais lindo, paciente e engraçado que esteja sendo, ainda há um caco afiado dentro de mim que se contorce e queima sem razão ou aviso, e isso me aterroriza. Porque às vezes sinto que o espectro de nossas falhas passadas estará sempre pairando sobre nós, me fazendo afastar Jauregui para longe antes que ela possa imaginar que não sou tão especial quanto ela pensa que sou. Sinto uma mão deslizar por minha cintura e estremeço surpresa quando me viro para ver um rosto familiar.

— Louis!

Ai, Deus, Louis.

— Oi, Camila. — Ele se inclina para beijar minha bochecha. — Como estão as coisas?

— Muito bem. E com você?

O que ele está fazendo aqui? Saia. Por favor, saia agora.

— Tudo ótimo. Estou prestes a estrear uma nova produção de Arcádia no teatro Ethel Barry more.

— Fiquei sabendo! Que fantástico. Mal posso esperar para ver.

— Bom, me avisa quando for que te arrumo convites.

— Que ótimo.

Nunca vou ver. Ele sabe disso. Estraguei nossa amizade. Sou a porra de uma pessoa terrível.

Ficamos em silêncio e simplesmente nos olhamos por alguns segundos enquanto o desconforto se estabelece entre nós.

— Você está bonita. — Baixo o olhar porque não consigo mesmo olhar mais nos olhos dele. — Como de costume.

— Louis...

— Como está indo a peça? — ele pergunta, mudando de assunto. — Deve ser esquisito trabalhar com a Lauren de novo, hein?

Olho em volta e avisto Jauregui no bar, esperando para ser servida.

— É — respondo, colocando o cabelo atrás da orelha enquanto contenho meu pânico crescente. — Esquisito é um modo de definir. Ela sabe que você está aqui?

Louis balança a cabeça.

— Não, queria ver você primeiro. Dizer oi. Eu... eu não tinha certeza de quanto você contou a ela sobre nós. Não queria que as coisas ficassem desconfortáveis.

Dou um suspiro. Desconfortável parece ser onde eu vivo hoje em dia. Bem lá no canto da avenida Surtada.

— Não contei nada a ela — comento, desejando que Louis vá embora antes de Jauregui voltar. — E gostaria de verdade que você não mencionasse. Estreamos em uma semana e não quero criar dramas.

— Não diga que vocês voltaram? — Seu rosto está ficando sombrio.

— Não. Não voltamos. Só estamos... estamos tentando ser amigas.

Quando desvio o olhar, Jauregui está caminhando em nossa direção, e sinto que vou ter um ataque cardíaco. Meu coração está batendo rápido demais.

Louis segue meu olhar enquanto um sorriso de ironia se aloja em seu rosto.

— É, parece que algumas coisas nunca mudam — ele comenta com um tom amargo. — Não consigo acreditar que depois de tudo o que ela fez você ainda está completamente apaixonada por ela.

Olho atravessado para ele.

— Isso não é verdade.

— Ah, por favor, Camila. Você nunca foi capaz de enxergar ninguém além dela, mesmo quando dizia que a odiava. Você estava tão fixada nela que não conseguia enxergar outras opções que eram certas bem na sua frente...

— Louis...

— Eu nunca te machucaria como ela fez. Mas acho que é tudo história agora, né?

Ele dá de ombros, mas sei quanto mal eu lhe fiz, e ter noção disso faz com que eu me sinta um lixo.

— Só espero que você saiba o que diabos está fazendo, porque se ela te magoar novamente... — Ele balança a cabeça. — Você merece ser feliz, Mila. É só isso que estou dizendo.

Eu concordo. As coisas teriam sido tão diferentes se eu tivesse conseguido fazer dar certo com Louis. Mas não consegui. Tentei. Nós dois sabemos que eu tentei mesmo.

— Ei, Louis! — Jauregui cumprimenta quando me passa um drinque. A seu favor, ela parece genuinamente feliz em vê-lo. Eu, por outro lado, estou prestes a desmaiar com a colisão desses dois mundos. — Ouvi que você está fazendo Arcádia, cara. Parabéns. O elenco parece incrível.

Louis planta um sorriso no rosto.

— Oi, Lauren. Sim, é ótimo. As reservas estão indo muito bem, então estamos esperando uma bela e longa temporada.

Jauregui sorri e aponta para o bar.

— Posso pegar uma bebida para você? Eles têm uma cerveja importada que é boa. Ou, se quiser viver perigosamente, eu podia te arrumar uma dessas monstruosidades rosa que Cabello está bebendo, apesar de eu ter quase certeza de que é feito apenas de vodca e açúcar.

Louis olha para mim e sorri, mas há tristeza nos olhos dele.

— É, bem... ela sempre teve um gosto discutível.

Algo estremece no ar, e quando olho de volta para Jauregui, ela está encarando Louis, seu sorriso desaparecendo. De uma hora para outra, acho que é realmente importante que Louis vá embora.

Como se sentisse a tensão crescente, Louis diz:

— Bem, foi ótimo ver vocês, mas preciso voltar para perto do elenco. Espero que vocês possam aparecer uma noite e ver o espetáculo. — Ele olha para nós duas quando diz isso, mas sei que está falando só comigo. — Até mais, Lauren. — Sua voz agora é pouco amigável. Então se debruça para beijar minha bochecha e cochicha: — Cuide-se, Camila. Por favor.

Ele parte, e, mesmo com o salão cheio de gente conversando e rindo, só consigo focar no silêncio absoluto cercando Jauregui. Ela toma vários goles de cerveja e finge olhar algo do outro lado da sala, mas posso ver que seus olhos estão vidrados e desfocados. Ela não está olhando para nada e também está tentando não olhar para mim. Eu me remexo porque tenho certeza do que ela está prestes a dizer.

— Você dormiu com ele, não foi? — ela pergunta baixinho. Não soa bravo, nem mesmo magoada. Apenas... resignado.

Quando não respondo, ela olha para mim e posso ver que ela está lutando para controlar tudo o que está sentindo. Seus lábios estão pressionados e tensos, e meu coração está batendo tão alto que consigo ouvi-lo.

— Lauren...

— Só me diz, Camila. Não vou fazer uma cena. Só preciso saber.

— Você já sabe.

Ela bufa, frustrada.

— Preciso escutar você dizer.

Respiro fundo e afasto uma onda de náusea.

— Sim. Dormimos juntos.

Ela pisca, mas não para de me encarar.

— Quando?

— Você sabe quando.

— Depois da formatura.

— Sim.

— Logo depois que fui embora.

— Sim.

— Por quanto tempo?

— Três meses.

— Três meses?! — Ela ri, mas soa amargo. — Caralho, três... — Ela assente e toma outro gole de cerveja. Sua expressão fica mais intensa. — Então vocês dois estavam... o quê? Num relacionamento? Namorando?

— Não. Quer dizer... mais ou menos. Ele queria, mas eu... não consegui. Não tinha os mesmos sentimentos que ele. Foi apenas sexo.

Ela ri novamente, e está olhando para todo lado, menos para mim.

— Lauren... eu estava brava e magoada. Ele estava lá. Você não estava.

Ela engole mais cerveja, o que relaxa seu rosto.

— Você não pode ficar brava comigo por algo que aconteceu depois que você foi embora. Não é justo.

— Eu sei — ela responde com a voz baixa. — Sei que não devia querer quebrar a cara do Louis, mas... Jesus, Camila, três meses?

Ela respira fundo e solta o ar lentamente antes de olhar para mim.

— Sei que você esteve com outros homens depois que fui embora. Escutei você e Harry falando sobre isso na noite em que fui ao seu apartamento. E por mais que tenha me matado escutar essa porra, eu aguentei dizendo a mim mesma que eram caras sem nome, sem rosto. Rolos de uma noite que preencheram algum desejo seu. Que não significou nada...

— Não significaram nada — confirmo. — Nada significou alguma coisa até onde consigo me lembrar.

— Louis significou alguma coisa.

— Não.

— Camila, não pode me dizer que você fez sexo com ele por três meses sem significar nada. Uma coisa é trepar com quem você encontra num bar e nunca mais vê. Outra coisa é ter sexo com quem você se importa. No mínimo ele era seu amigo, então você tinha sentimentos por ele.

— Obviamente, o que quer que eu sentisse por ele não foi o bastante. Nada nunca foi suficiente para mim depois de você.

Quando ela me olha, posso ver que está irritada. Mas por baixo da raiva há uma mágoa, tão profunda e crua que não me deixa encará-la, porque sua dor ecoa dentro de mim.

— Acha que não sei que a culpa é minha? — ela pergunta e se inclina. — Eu sei, Camila, e isso me fode até a morte. Mas o que é pior é que eu poderia ter te perdido para alguém como o Louis. Alguém que nunca a trataria como eu te tratei.

Procuro o lugar onde Louis está do outro lado do salão. Ele olha para mim e Jauregui com preocupação. Ele pode ver que estamos brigando.

Jauregui alterna o peso do corpo entre uma perna e outra, lutando para manter o controle.

Não sei o que dizer para ela. O ciúme dela é inútil. Sempre foi. Como se ela tivesse algum motivo para realmente ter ciúme.

— Por que não conseguiu fazer dar certo com ele? — Jauregui pergunta, colocando sua garrafa de cerveja no banco ao lado de nós antes de olhar para os pés. — Você disse que queria mais. Por que não teve?

— Me fiz essa mesma pergunta várias vezes, perdi até a conta.

— E qual é a resposta?

Tomo fôlego.

— Não sei. Louis acha que nunca teve uma chance comigo porque eu ainda estava apaixonada por você.

Ela busca meu rosto, então lambe os lábios antes de perguntar.

— E o que você acha?

Luto para manter minha voz firme.

— Acho que ele talvez estivesse certo.

Ela olha para mim por um longo tempo, as engrenagens de seu cérebro processando minhas palavras, notando que eu disse “estava” apaixonada. Sem admitir como me sinto agora.

Rezo para que ela não me pergunte, porque não sei se posso responder. Isso seria como rasgar meu peito e entregar meu coração novamente, e não estou nada preparada para isso.

— Então, como ficamos? — ela pergunta, franzindo as sobrancelhas. — A julgar pela forma que Louis te olhava, se você dissesse uma palavra para ele, ele sairia daqui com você agorinha mesmo.

— E você deixaria?

Ela me encara por longos segundos antes de responder.

— Se fosse isso o que você quisesse. Se eu achasse que ele poderia fazê-la mais feliz do que eu.

Não consigo respirar direito. E coloco a mão no peito dela, o primeiro contato voluntário que faço há dias. Ela pisca, surpresa, e olha para mim enquanto seu corpo treme sob meu toque.

— Então, se eu dissesse que não te quero e não te amo e que preciso de Louis na minha vida e não de você, você pararia de lutar por mim? Você simplesmente... me deixaria ir?

Ela trava a mandíbula e coloca a mão sobre a minha antes de apertá-la contra o peito.

— Não.

— Por que não?

— Porque você estaria mentindo.

Solto o ar, trêmula.

— Sim, estaria.

De repente, suas mãos estão no meu rosto, e, antes que eu consiga tomar folêgo para protestar que estamos numa sala cheia de gente, ela me beija. Fico sem ar enquanto seus lábios se movem suavemente contra os meus, e estou tão devastada pela sensação que me esqueço de me importar que Louis, Marco e a imprensa da Broadway estão ao nosso redor.

Meu estômago dá voltas enquanto ela inclina minha cabeça e me beija mais intensamente. Sua respiração está alta e curta quando ela meio que geme, meio que suspira na minha boca. As mãos estão no meu rosto e meu pescoço, me puxando mais perto e me tocando de uma forma que me faz perder a noção de tempo e espaço. Simplesmente me derreto nela. Como se fôssemos dois compostos químicos inflamáveis que se acendem quando entram em contato.

Parte do motivo pelo qual nunca a esqueci é o fato de só ela conseguir me fazer reagir assim. Todos os outros foram como um fósforo, que acende uma vaga chama que logo se esvai. Lauren é como um vulcão. Alimenta uma série infinita de erupções arrebatadoras que chegam à profundidade da minha alma.

Ela me pressiona contra o pilar, com as mãos no meu rosto, e é aí que não consigo aguentar mais. Ela é importante demais. Os sentimentos que tenho são grandes demais para meu coração cheio de cicatrizes. Eu a empurro para longe, mas agarro sua camisa. Estou tonta e instável.

— Sinto muito. — Ela está sem fôlego. — Mas... é... Jesus, Camila, você não pode dizer que me quer e simplesmente esperar que eu não perca a cabeça. Sei que você não está conseguindo se entregar de verdade agora, mas só preciso de uma pequena parte de você. Um pedaço que não é do Louis ou dos outros caras com quem você esteve. Uma parte só minha. E espero que o Louis e cada pessoa deste lugar tenham visto o que fizemos, porque fomos feitas para ficarmos juntas. E se esse beijo não prova isso, então nada prova.

Recuo e me encosto no pilar, ofegante, tentando me acalmar.

Estou tão envolvida com o momento que nem noto quantas pessoas têm as câmeras dos celulares apontadas para nós.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...