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História Bad Time - Capítulo 1


Escrita por: msbelievcr

Capítulo 1 - Capítulo 1


Eu tinha a sensação de que minha mãe me odiava. Não uma leve sensação, do tipo que não te atinge como um soco, mas a sensação que parece muito óbvia para ser discordada. Mas eu não tirava a razão dela. Eu era, nas palavras da própria, sincera demais. Era impiedosa, e isso era apenas uma pedra no sapato dela até que dessem um nome para isso: Mal de Asperger. Sim, inventaram uma doença para as verdades que são esfregadas na cara das pessoas.
Desde que ela descobriu sobre isso, não mediu esforços para me colocar em alguma clínica, não importava quão longe fosse ou quanto custasse. Dinheiro não é problema era uma frase que eu ouvia com frequência tendo um pai senador e uma mãe arqueóloga renomada. Eu sempre achei irônico que eu, filha de um político, tivesse problemas em ser
muito sincera. Enfim, meus pais não eram grandes fãs meus, mas eu não me importava. O sentimento sempre foi recíproco.
Quando acordei por volta das 10 da manhã, bem cedo para mim, ouvi sussurros vindo do corredor. Logo cheguei perto da porta para ver se conseguia ouvir do que se tratava.
- O lugar é lindo, Henry. E também
prometeram total sigilo.
- Mas... Ah Paty, parece errado. Ela é nossa filha.
- Ela tem um problema, querido. Tudo que estamos fazendo aqui é ajudá-la a resolver. Não há mal nisso.
Meu pai então soltou uma
respiração pesada que significava que concordava mas estava relutante. Então ouvi os passos cada vez mais altos e saltei na cama, fingindo estar dormindo. Em 1 segundo a porta se abre.
- Bom dia, flor do dia. - diz minha
mãe com um sorriso largo, falso e repleto de botox. Cortesia do meu pai.
Começo a soltar grunhidos e me espreguiçar, tentando olhar suas formas através de toda a luz que me cega por um momento.
- É só mais um dia, só depois vou descobrir se é bom.
Minha mãe olha para o meu pai com clara desaprovação, depois volta seu olhar para mim, sendo o mais maternal possível. E falhando miseravelmente.
- Querida, temos uma novidade.
Eu me sento na cama e mantenho meu olhar o mais impassível possível.
- Sei que não é mais um irmãozinho, senão você estaria lamentando, mãe. Vai finalmente me expulsar de casa? - digo, cruzando os braços. Um desafio para testar a paciência dela logo de manhã sempre me dá um ânimo.  Ela bufa e se vira para o meu pai. Ganhei de novo.
- Ah Henry, fale com ela - e se retira, pisando duramente no chão de mogno.
- Olha, Lily, queremos o melhor pra você, como sabe...
Eu nunca soube. Agora não faria diferença nenhuma. Mas não disse nada.
-... então achamos que te mandar para esse lugar pode te ajudar com... sua condição.
Olhei bem para ele. Eu não sentia nada. Aos 5 anos eu já possuía essa "condição" mas na época era fofo. Aos 10, virou um desconforto. Agora, aos 19, é um inferno para eles. Para mim, no entanto, era parte de mim e eu já havia aceitado aquilo.
- Ta. Onde é esse lugar mágico? Auschwitz ou Disney?
Ele olhou para baixo e logo depois para mim. Parecia que sentia... culpa? Remorso? Ah provavelmente era só azia.
- É em Nova York. Sempre sonhou com Nova York, não é?
- Ah claro, muito melhor. É um tipo de manicômio?
- Não descreveria desse jeito. Acho que é mais um centro de tratamento juvenil.
- Ah. E eu vou quando?
- Amanhã. Mas será tudo em sigilo então não conte à ninguém.
Do que ele falava? Eu não tinha amigos porque nunca tinha ido à escola, tinha aulas em casa desde sempre com a mesma professora, que eu apelidei de Sra. Ultra por ter quase 2 metros de altura e usar muitos adjetivos do tipo "super" ou o próprio "ultra" em cada frase.
- Minha boca é um túmulo. - Usei minhas mãos para indicar uma chave fechando minha boca.
Ele balançou a cabeça e saiu dali sem dizer nada. Ótima conversa.
Eu e meu pai não nos odiávamos, só coexistiámos. Eu morava lá, ele também, mas o contato direto era desnecessário. Dois estranhos bêbados num bar teriam mais ligação do que nós. Eu preferia assim, sem forçar algo que tornasse tudo desconfortável de qualquer jeito. Minha mãe era o oposto. Um total desconforto. Provavelmente até para ele. As famílias tendem a ver momentos amorosos entre os pais. Eu não. E não dava a mínima. Afinal para que o amor serviria num ambiente desses para uma pessoa como eu?



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