1. Spirit Fanfics >
  2. Bad Time >
  3. Capítulo 6

História Bad Time - Capítulo 6


Escrita por: msbelievcr

Capítulo 6 - Capítulo 6


Aquele mês se passou sem muitas novidades, quero dizer, sem muitas novidades na rotina daquele lugar. Café da manhã, medicação, tempo ao ar livre, almoço, medicação que só permite que você durma, psicólogo, jantar e dormir. Porém Ezra preenchia as lacunas da rotina tediosa. Tédio e ele não se misturavam.

Ele havia me contado basicamente tudo sobre ele: ele tinha pouca parte judia, a parte mais influente vinha do lado americano de sua família. Tinha duas irmãs que não via há pelo menos 7 anos e seus pais eram ambos historiadores. Ele era bipolar desde a infância mas apenas aos 14 a família decidiu colocá-lo aqui, onde ele está há 5 anos. Mas ele não odeia, ele me disse que é melhor assim. Sem a família por perto para estressar, ele disse, acionar a válvula agressiva dele.

- Então sua família o mantém aqui para proteger os preciosos artefatos de milhares de anos atrás? - eu disse, enquanto estávamos sentados embaixo de uma velha cerejeira, mais afastada do lugar, que ele achou uns tempos atrás.

- É, eu sou uma ofensa à tudo que eles representam e se há algo que eles não aturam são ofensas.

Durante alguns minutos ficamos sentados ali, num silêncio que não era nada constrangedor, como era de se esperar. Era... reconfortante. Mas logo Ezra não aguentava o silêncio.

- Ei, tive uma ideia. Vem comigo. - ele pegou minha mão e me ajudou a levantar. Então corremos até uma escadinha improvisada.

- Esse é o meu lugar secreto. Nunca mostrei para ninguém e apenas uma enfermeira sabe que isso existe. - ele apontou o dedo mindinho para mim, esperando que eu fizesse o mesmo. Uma promessa.

Estiquei meu dedo e apertamos com firmeza.

- Eu juro solenemente não contar sobre esse lugar estranho, do cara estranho, com essa escada estranha, à nenhum ser vivo ou morto.

Ele fez uma careta ao final.

- Estranho? Não, não. A palavra para isso é: raro. Espere e verá.

Nós subimos as escadas e eu logo percebi que ele estava certo. Aquilo era um oásis colorido no meio de todo o branco dali. Haviam flores, todas de tipos diferentes, espalhadas na beirada daquele terraço improvisado. E duas cadeiras de vime brancas estavam dispostas bem de frente ao pôr do sol diante de nós.

- A enfermeira legal magricela me deu as cadeiras e as flores. Disseram que não era adequado ao ambiente interior. Então trazê-las aqui pareceu certo.

- Algo proibido. - olhei para ele e sorri. - Combina com você.

Seguimos para as cadeiras e nos sentamos. O pôr do sol estava de tirar o fôlego. Eram inúmeros tons de laranja e amarelo, as árvores emoldurando tudo. Pela primeira vez na minha vida tudo ao meu redor parecia certo, não meio certo como de costume. Mas o mais perfeito e puro que algo pode ser. Mas, claro, perfeição assim não dura. Nunca dura.

- Ah achei vocês. - a enfermeira legal magricela apareceu atrás de nós, com o olhar de pânico estampado no rosto.

- Calma, não nos enforcamos nem nada. - eu disse, tentando acalma-la.

- É, não tem corda aqui. - Ezra disse, com a expressão que dizia "alô, é muito óbvio" que ele sempre usava quando estava sendo sarcástico sem notar. 

- Lily, sua consulta com o psicólogo é agora e Ezra, hora dos remédios. Venham. - ela nos guia até a entrada. Ezra me puxa antes de ir tomar seus remédios.

- Me encontre hoje no meu dormitório. Mas não tão logo, os remédios me deixam... ruim. Passe lá às 22:00.

Ele estava muito sério, o que me assustou um pouco e acho que ele percebeu, pois sua expressão logo se suavizou.

- Relaxa, Lily. Eu não mordo. - ele sorri e antes que possa ir eu digo:

- Agradeço muito por não ter finalizado a frase com "só se você quiser".

Ambos saímos de lá sorrindo.

O escritório do dr. Williams é impecável e, obviamente, branco. Há 2 poltronas de couro dispostas uma de frente à outra e uma mesa de centro com um pote de balas em cima. Já frequento aquela porcaria de sessão há algum tempo, uma vez por semana, e ainda não consigo gostar.

- Olá, srta. Stephens. Sente-se. - ele diz, apontando para a poltrona. Ele devia ter 40 e poucos e uma aparência impecável. Muito irritante.

- Oi. Sabe, o silêncio da sessão da semana passada continua igual o dessa semana, muito obrigada.

Ele ignora meu comentário.

- Você e o garoto estão cada vez mais próximos, não é? - ele pega o caderno e um lápis, pronto para as anotações.

- Ele é legal. O resto nos acha estranhos ou estão muito medicados para fazer contato.

Ele anota. Me pergunto o quê. Não disse nada revelador.

- Entendo. Você gosta dele?

- Acabei de dizer que ele é legal, não diria isso de alguém que odeio.

Ele solta uma risada falsa.

- Esperta como sempre. Quis dizer no sentido romântico.

Tenho me perguntado isso há algum tempo. Sempre que estou com ele não há preocupações, me arrepio quando ele me toca, mesmo que de raspão. Mas não sei, não sei o que se sente quando se ama.

- Não... sei. Não sei como é.

- Como é o que?

- Como é sentir amor. Então não posso dizer com certeza.

Seus olhos se escureceram de repente e ele se levanta e vem na minha direção.

- Permita-me que eu lhe mostre. - ele tocou meu rosto e logo desceu para meus seios. - Pelo menos fisicamente.

Eu tentei gritar, mas ele disse que podia fazer da minha estadia um inferno, e a de Ezra também. Mas estranhamente meu medo não foi por mim, mas pelo que ele faria com Ezra.

Então fechei meus olhos e me desliguei de tudo aquilo.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...