História Badboys Não Me Afetam - 'Tou encharcado, não sei se é chuva ou lágrimas

Eu posso ser um garoto normal aos olhos de toda a gente, mas não é como se eu não me deixasse de ver no espelho como um super herói por ter de aturar todo o santo dia os meus arquiinimigos de todos os tempos: os tais de badboys. Só porque têm toda a gente aos seus pés acham que eu, Yoon Sanha, irei ter medo deles! Especialmente um tal de Rocky que faz questão de me empurrar no corredor da escola com a sua super força de besta e rir se de mim. Qual é o problema dele?

O meu irmão mais velho, Jinwoo-hyung, diz que isso pode ser amor encubado e para eu não desistir de lutar pelo crush.

Crush? Qual crush?

Okay… Talvez eu goste de ficar até tarde na escola só para espiar pela porta da sala de dança Minhyuk dançar. Porque sim, o garoto que dançava nos finais de tarde todas as quartas e sextas não poderia ser o mesmo que roubava o meu dinheiro para o almoço e sempre me chamava dos piores nomes imagináveis!

Mas quando ele chega, e fica só de regata exibindo os seus braços fortes bonitos e seriam ainda mais bonitos se não fossem utilizados para me bater, e a sua expressão facial sorridente ou serena…

O primeiro a dizer que eu gosto dele, vai para o inferno!

Estava eu deitado na minha cama queixando-me do porquê da minha vida ser tão má e dura, ainda por cima o tal de Rocky dizia-a se heterossexual, e essa é a pior raça que existe quando se trata de relacionamentos amorosos a meu ver.

Mas quem é que está juntando Rocky e relacionamentos amorosos na mesma frase?! Eu não!

Continuando, quando meu irmão e o seu namorado, Myungjun-hyung, entram no quarto para saber qual o meu problema desta vez. Bem, não sei, porque é que eles não vão ser felizes e fofos e pequeninos e adoráveis juntos e deixam o adolescente sofrer?! Sei lá, vão fazer coisas de adultos…

“Mas não és tu que dizes que badboys não te afetam, Sanha?” - o loiro perguntou e eu suspirei, tentando ao máximo não começar a chorar, só para o drama, para poder convencê-los a fazer-me um lanche enquanto eu faço maratona de Steven Universe.

“Mas o Rocky está sempre a infernizar-me! E não vale a pena dizerem para eu ir falar com ele, não consigo! Ele tem aquele olhar intimidador…” - engoli em seco - “E aquele sorriso bonito, e aquela voz maravilhosa, e porra porque é que tudo nele tem de ser incrível.”

“Eu não o considero incrível porque ele te faz sofrer, dongsaeg. O Jin é um louco, larga esse idiota e conhece pessoas novas sei lá, mesmo que um dia ele te queira, ele nunca te vai merecer!”

“Minhyuk não me merece não… Porque seria uma perda de tempo ele cansar os seus músculos falando, sorrindo e olhando para mim. Não merece esse desnecessariamento.”

“E ele ainda se rebaixa, vez oque tu fazes à cabeça do Sanha, Jinwoo!” - o mais velho deu um tapa no meu irmão e eu ri, ele bem que merece.

“Calma Junnie! Eu só dou a minha opinião, não o faço por mal!”

Bem, já entenderam que, naqueles dois, não se pode confiar.

Então eu decidi telefonar ao Binnie, que é a única coisa que eu e o crush temos em comum.

Espera aí, crush, eu disse crush? Qual crush?

Correção: eu e o Minhyuk temos em comum. E sabem que mais? Ele disse que naquela sexta eu poderia ir inocentemente com ele “treinar” (porque o mesmo também dança) e assim dava para eu estar perto do coisinha linda. Seria tudo um bom plano né? Com o amiguinho lá, ele nem daria pela presença do garotinho invisível.

Mas bem, o universo conspira contra mim com tanta força que chega a ser fisicamente impossível. A Mãe Natureza decidiu que seria um belo dia para chover torrencialmente - ou quase - oque resultou em eu ficar completamente encharcado e cheio de frio por sinal. O Moon não tinha roupa extra para me emprestar, mas ir para casa estava fora de questão, então eu fiquei lá sentadinho no canto, a morrer de frio à espera que a Senhora Morte chegasse e levasse este anjinho para o céu.

E advinhem?

Ela chegou mesmo, não demorou nem 5 minutos. Com os cabelos bagunçados e meio húmidos, até apenas existindo aquele ser me encantava. E o nome da minha morte era Park Minhyuk com todas as letras. E na minha mentinha só era capaz de rezar para ele não dar por mim, mas assim que cumprimentou Bin, pumba, os seus olhos bateram em mim, ali, pobrezinho e parecendo um bebê gatinho abandonado - só que eu sou gigante e menos peludo.

E sabem o que ele fez? Ele riu. Riu mesmo em alto e bom som, só faltou apontar para mim e bater com o pé no chão.

E eu fiquei meio triste.

Mas pronto, quem é que eu queria enganar mesmo, não é? A vida não é taaaao clichê assim. Mas eu surpreendi-me quando me jogaram uma toalha sobre a cabeça, e quando eu vi quem a tinha jogado, quase infartei. Ele estava ali, a menos de 2 metros de mim, e não era para me agredir física ou verbalmente! Ele tinha um sorriso discreto de lado, que me fez tremer todo e agradecer como o bom idiota que eu sou.

E fiquei ali um bom tempo. Porque ele estava de bermuda e tinha aquelas pernas lindas que precisam de ser apreciadas, e adivinhem? Por momentos deve se ter esquecido que era pleno inverno e decidiu tirar a blusa, ficando ali com todos os centímetros de anatomia preciosa descobertos diante dos meus olhos.

Ai meu deus.

Mas vê-lo dançar continuava a ser apaixonante do mesmo modo. Talvez porque ambos o faziam por gosto. Quando eles colocavam para tocar uma música que eu conhecia, arriscava cantarolar um pouquinho baixinho, que acabava sempre comigo cantando alto com direito a back vocals e high notes e eu super envergonhado enquanto Moonbin me elogiava e o badboy só sorria me encarando vermelho que nem um tomate.

E ele parecia se divertir muito com isso.

A tarde terminou e a chuva tinha voltado pior ainda. Já eram quase 8 da noite e eu soube que seria castigado quando a minha mãe desse pela minha falta, e provávelmente daria vistos que eu sou uma pessoa muito atenciosa e amorosa que todos amam - todos com excepção. O meu amigo pediu desculpa por isso mas eu afirmei que estava tudo bem, e segui o meu caminho correndo na chuva que nem um louco.

Até que o ouvi chamar-me e logo me puxou como se eu fosse um pedaço de espaguete mole - e estava exatamente assim - para um local coberto e me olhou com aquele olhar intimidante…

“Eu corri para te tentar apanhar, mas essas pernas enormes trabalham bem.” - o Park suspirou antes de dar um pequeno sorrisinho que me fez sorrir timidamente de volta - “Veste isto seu idiota.”

Estendeu-me um moletom preto que tirou da própria mochila. Devo ter ficado demasiado tempo sem reação porque logo fui desperto quando Rocky ameaçou jogá-lo na minha cara. Vesti rapidamente, e acho que o facto de ter o seu perfume cheiroso bem impregnado tornou a veste ainda mais quentinha.

“Obrigado, Minh- Rocky, digo, desculpa por favor não me faças mal!”

“Chama-me como quiseres. Bem, vou indo. Não precisas de devolver com pressa isso, tenho milhares iguais. E… Qual é o teu nome mesmo?”

“Yoon Sanha.” - sorri que nem um idiota e ele assentiu, e virou costas sumindo sem dizer mais nada.

Talvez eu tenha ficado mais uns bons minutos ali, pensando em tudo aquilo que acabou de acontecer.

É, eu digo que badboys não me afetam, bem… Ou quase. Todos menos um.