“Estás a querer dizer que ele vai a nossa casa amanhã?”
“Sim, hyung! Isso não é a pior coisa do mundo?!”
“Não, seu bobo! Ter o crush na tua casa é tipo um sonho. Tenta dar subtilmente em cima dele…”
“Como é que eu faço isso? Eu sou maior que ele, posso esmagá-lo!”
“Deus preze a inocência do meu irmãozinho, amém.”
“Eu não sou inocente!” - suspirei - “Até quando vocês vão ficar fora, hyung?”
Jinwoo e Myungjun haviam ido numa viagem até ao Japão, coisas de casal adulto. Eu também queria tirar umas férias, mas daí eu lembro-me que os adolescentes são condenados a ficar presos na escola 24/7. Bem, não exageremos.
Mas eu não sou nada exagerado, na verdade.
“Já te disse que voltamos semana que vem! Diverte-te com o Rocky, e comportem-se. Tenho de ir, Junnie está à minha espera.”
“À tua espera? Onde?”
“Ah bem…”
A chamada foi desligada e eu fiquei meio ofendido. Qual é?! Okay, talvez eu não devesse ter perguntado…
Joguei me na cama e abracei o travesseiro-minhyuk, enroscando-me como um gatinho nas cobertas. Às vezes diziam que eu parecia mesmo um gatinho, mas eu acho que estou mais para leão, daqueles tipo o Scar e não o Kion, eu não sou fofinho não. Ou talvez eu seja um pouco.
Imaginei como seria se fosse Minhyuk mesmo ali. Ele deve ser do tipo que te protege de tudo e todos e te chama de baby barra bebé. Imaginei ele abraçar-me com aqueles braços fortes e beijar a minha bochecha, imaginei ele fazer cafuné no meu cabelo até eu dormir…
A manhã seguinte foi tensa. Não sabia como ia contar à minha mãe que o Rocky vinha a nossa casa para estudar comigo, mas meio que me safei quando ela disse que estaria fora a partir das 17h, pois trocou de turno com uma colega. Bem, uma coisinha boa pelo menos, não é? Eu cheguei à escola com o pensamento de matar Moon Bin mas adivinhem, ele estava a falar com Dongmin, que é o amigo com benefícios dele, apesar de eu não saber muito bem oque isso é.
Sendo assim e como eu não sou um falsiane traidor deixei eles conversarem e isso, e segui para a minha sala, pois havia sempre quem chegava mais cedo que nem eu.
Por aquela eu não esperava mesmo.
Ele estava lá, à porta me esperando. Impossível entrar sem ser visto, e já conseguia cheirar ao longe que hoje o prato principal seria Yoon Sanha. Engoli em seco e apertei as alças da mochila, andando de cabeça baixa, mas parei quando estava já mesmo a entrar na sala, quando o Park esticou o braço à minha frente impedindo a passagem. Já fui.
“A que horas?”
“O-oquê?” - levantei os olhos do chão para encará-lo e o mesmo riu debochado, desencostando-se da parede.
“Não te faças de desentendido, totó. A que horas nos encontramos para irmos juntos para tua casa.” - eu ia abrir a boca para responder quando sou interrompido - “Ah espera, não dá antes das seis. Vou estar com uma pessoa.”
Pensem na coisa mais dolorosa que já sentiram.
Multipliquem por 10.
É isso aí vezes mil o que eu senti naquele momento.
“Ah, vou ficar à tua espera no portão.” - murmurei para fim de conversar, escapando por baixo do seu braço e dirigi-me para o meu lugar. Eu era do tipo aluno fora do habitual, que sentava-se lá trás com os maus alunos mas tirava das melhores notas da turma. Entenda-se.
Aula de inglês. Vários blablablas simples que nós aprendemos nas músicas, com Youtubers e até no pacotinho de bolachas importadas. Mas claro que tem sempre matéria nova, e eu tenho de prestar - infelizmente - atenção.
Até que eu olho pela janela, e vejo Minhyuk encostado a um carro. A fumar. Ele fuma? Desde quando? E pior foi quando uma garota chega perto dele e tira o cigarro das suas mãos, tragando um pouco para depois jogá-lo no chão e pisá-lo. Eles comprimentam-se com um beijo na bochecha e entram juntos no carro.
Boom.
Tive de beliscar o meu braço para ter a certeza que estava acordado e de que se eu fosse apanhado, o castigo seria real. E seria o meu segundo castigo naquela semana, mas eu tirei o celular do bolso e abri a conversa com Bin, perguntando-lhe se Minhyuk tinha uma namorada; e segundos depois obtenho uma resposta.
“Não sei, mas acho que acabaram faz algum tempo.”
Seria possível eles terem voltado? “Não enchas a tua cabeça com esses pensamentos, Sanha!” era tudo o que eu pensava, afinal, garotos têm amigas. Garotos têm amiga garotos têm amigas garotos têm amig-
“O que há de tão interessante no seu colo, Yoon?” - engoli em seco ao ouvir a voz da professora, e os olhares de toda a turma sobre mim, já fui pela segunda vez.
“Nada.” - disse, e escondi o celular no bolso. Felizmente ela ignorou e eu suspirei derrotado, lançando um último olhar para a rua antes de me concentrar de vez na aula…
“Ei Sanha, queres vir connosco p’ra casa?” - levantei o olhar do chão para um grupo de garotas que eram minhas colegas de classe - “Vais ficar aí a vegetar para sempre?”
“Eu estou à espera de alguém, desculpem.”
“Um namoradinho hum, é isso mesmo?” - uma delas disse num tom malicioso fazerem todas rir, e foram embora. Suspirei, e ao longe pude ver o mesmo carro onde Minhyuk fora embora, e ele saíu de dentro do mesmo, acenou p'ra garota de antes e correu em direção a mim. Desviei o olhar de novo para o chão e sentiu-o segurar o meu braço com força e puxar-me para fora da escola.
“Sabes onde moro?” - se eu estava com medo da resposta? Muito.
“Sim.” - engoli em seco, encarando-o com os olhos arregalados - “Somos praticamente vizinhos, miúdo.”
“Temos quase a mesma idade, não me chame assim!” - soltei o meu braço, e afastei-me um pouco, não muito, porque não se pode perder a oportunidade de estar perto do crush.
‘Pera, crush?
“Eu chamo-te oque eu quiser, baby.”
CHAMOU-ME BABY, MEU POVO.
“Os teus pais estão em casa?” - neguei - “Ainda melhor.”
Como?
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