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História Baile de Máscaras - Quatro


Escrita por: _naomiq

Notas do Autor


oi todo mundo

Capítulo 5 - Quatro


 

E mais uma vez, o Porsche estava estacionado no lugar de sempre. Além do vidro fumê, a silhueta de Jihyo se formava em meio à neblina daquela madrugada. 

A mais velha, assim como eu, cobria suas pernas longas com uma calça jeans, porém a sua possuía uma cor azulada e nem um único rasgo. Sua blusa avermelhada era comprida, o casaco de pelos que vestia ainda mais comprido. Seus fios loiros estavam livres, e em seus pés, botas de salto alto e camurça preta se faziam presentes. Sua beleza era inegável. Durante toda a minha adolescência rebelde, tudo o que fazia era amaldiçoa-la por chamar toda a atenção para si. Me perguntava por que justamente aquela família me adotara. Mais um item para a lista "Coisas que me arrependo amargamente".

Jihyo sentou-se ao meu lado, fazendo-me acordar de meus pensamentos com a batida da porta quando fechada. Trocamos selares nas bochechas em um cumprimento rápido, e então a garota passou a me encarar com os olhos semicerrados.

- O que foi? - Perguntei após alguns segundos, já tateando minhas roupas e rosto em busca de algo fora do lugar.

- Você não estava no RP, certo? - Seu olhar se mantinha fixo em mim, me fazendo virar os olhos.

- Eu já disse que não estava. Não seja irritante - Girei a chave na ignição, fazendo o máximo para evitar aquela conversa, mas então vi com o canto dos olhos a menina gargalhar. Não uma ou duas vezes, mas sim várias, como se eu tivesse contado uma piada das boas. - Acho que está na hora de internar você. Ficou louca, é?

- Mia, da próxima vez que inventar de mentir, certifique-se de tomar um banho antes. O cheiro de perfume masculino em você está tão forte que eu já estava sentindo lá de fora - Jihyo limpou uma lágrima invisível que caia de seu olho direito, dando fim ao seu ataque de risos e me fazendo engolir seco.

Discretamente, levantei a gola de minha camiseta até a mesma ficar próxima de meu nariz, franzindo o cenho em uma expressão de quem tinha sido pega no flagra. O perfume de Baekhyun, o qual tanto me enfeitiçava em outras situações, agora tinha me entregado completamente. Sem mais desculpas para dar, sorri anasalado e levantei os braços em rendição.

- Tudo bem, talvez eu estivesse lá. Mas é por uma boa razão - fiz um breve suspense, até que um tapa leve da mais velha em meu braço me fez despejar tudo de uma vez. - Chanyeol está de volta!

Os olhos da garota se abriram na mesma hora, assim como seus lábios, que formaram um "O" perfeito.

- Por que você não me disse antes? Anda! Vamos logo para lá!

Acelerei assim que ouvi suas palavras, animada em dar início a mais uma noite de adrenalina. Bom, acho que o acontecido no bar foi o que realmente iniciou a adrenalina, mas deixa para lá.

 

xxxx

 

Acabamos indo direto à rua onde aconteceriam os rachas daquela madrugada. Era uma avenida larga, mas que ia se estreitando até a primeira curva. Naquela hora, estava completamente deserta, a não ser pelo amontoado de carros modificados e seus respectivos motoristas e navegadores. O mapa daquele trajeto já havia sido previamente entregue às duplas, para que entre si, eles buscassem a melhor forma de cumpri-lo.

Assim que estacionamos, Jihyo correu para os braços de Chanyeol, que com um copo de conteúdo duvidável dentro, deu um último gole antes de abraçá-la forte. Me aproximei dos dois e de mais outras várias pessoas, que formavam um círculo grande em frente à tenda das comidas.

- Estava com tantas saudades suas, Park! - A menina apertou ainda mais o abraço, deixando o mais velho quase sem ar.

- Você está me trocando, por acaso? - Uma voz grossa veio de trás de nós, nos forçando a virar ao mesmo tempo para encarar seu dono.

- Suho! - Jihyo abraçou o namorado ainda mais forte que o avermelhado, selando seus lábios algumas vezes e deixando eu e Park com ânsia de vômito.

Eles namoravam há quase três anos, mas sempre que se encontravam parecia apenas um dia. O jeito que se olhavam, apesar dos momentos de melação e grude, era a única coisa que ainda me fazia acreditar na possibilidade de amar alguém com todas as suas forças. Suho sempre fora um cara incrível, desejado pelas mulheres e invejado pelos homens, então quando Jihyo me contara que estava namorando o loiro, fiquei muito feliz por si. Tirando as brigas bobas de tempos em tempos, sua relação era tão boa que eu nem acreditei que tivesse durado tanto.

- Bem vindo de volta, cara! - Suho e Park trocaram um abraço rápido, logo o primeiro voltando a envolver minha irmã pela cintura.

- Bom, acho melhor darmos uma volta, Mia. Parece que faz tempo que os pombinhos não se vêem, e eu não estou a fim de ter que aplicar minha insulina, então... - Park envolveu meus ombros com seu braço direito, recebendo língua de Jihyo antes de nos virar e rumar para fora dali.

 - Então Park, já sabe com quem corremos hoje? - Disse após alguns passos em meio àquela multidão, entrelaçando meus dedos aos da mão que envolvia meus ombros. Chanyeol havia se tornado praticamente nosso empresário dos rachas. Ele cuidava da organização e do dinheiro graças à sua grande habilidade no ramo, e nós colocávamos os planos em prática. Éramos o trio perfeito.

- Tem uma dupla querendo correr com vocês, mas não acho que vão aceitar.

- Por que não aceitaríamos? Acha que eles são melhores que nós, ou...? 

- É o Jongin. Está insistindo para eu colocá-los contra vocês hoje a noite desde que cheguei aqui.  

Senti minha expressão se desmanchar após ouvir as palavras do mais velho. Por que ele sempre tinha que voltar e estragar meu bom humor? Só de ouvir seu nome, me sentia enjoada. Ele era meu último ex namorado, o que já era ruim por si só, mas ainda piorava já que o mesmo fazia questão de provar para mim o quanto estava feliz e o quanto era melhor que eu, fosse no quesito "dirigir" ou no quesito "paquerar". Seu charme era inegável, pelo menos até que começasse a agir como um babaca, infantil e egoísta. Digamos que nosso término não foi dos melhores, uma vez que ele não aceitou o rompimento e ficou me perseguindo durante todo o mês seguinte. Ele não era perigoso, apenas irritante. Então, quando achei que Jongin havia finalmente superado nossa relação, ele reaparece como corredor de rachas. Nada melhor que ter que ver seu ex namorado todos os dias, cada noite com uma garota diferente.

- E por que não colocou? - Disse séria e recebi um olhar confuso do mais alto.

- Mas você disse que não queria nem olhar na cara dele mais uma vez e...

- Não importa o que eu disse - o interrompi. - Já estou cansada dessa perseguição. Quem sabe se nós ganharmos, ele desiste de uma vez por todas e me deixa em paz.

- Assim que eu gosto! - Park abriu um sorriso e me levou consigo. - Vou falar com o Jhonny e pedir para colocá-los como a corrida principal. 20 mil wons, o vencedor leva tudo. Está bom pra você?

Trocamos olhares semicerrados cúmplices, nos desvencilhando e sorrindo logo depois.

- Perfeito!

E então tive a imagem de suas costas sumindo aos poucos naquele mar de pessoas.

Estava sozinha, por isso finalmente consegui ir até a minha tenda preferida: a das bebidas. Como as corridas haviam acabado de começar do outro lado da avenida, o lugar estava ficando cada vez mais vazio, até que sobraram apenas eu e mais alguns casais que se agarravam nas cadeiras de plástico. Não dando importância, pedi uma dose de vodca com energético (o meu preferido, diga-se de passagem), e fui até o fim da calçada, onde se iniciava o asfalto, cruzando os braços enquanto admirava, deslumbrada, os carros que faziam a curva cantando pneu na esquina mais próxima.

- Eu acho que aquele cara é seu namorado.

A voz masculina do rapaz ao meu lado até me assustaria se eu não reconhecesse-a, e se não tivesse alguma porcentagem de álcool no sangue.

- Por que você acha isso? - Encarei os olhos do moreno mais alto que eu, que olhava para baixo, concentrado em minhas orbes.

- Vocês andam por aí abraçados, exatamente como um casal. Não é preciso ser muito inteligente para saber - sua expressão entristecida me fez gargalhar alto e receber uma notável confusão por parte de Baekhyun.

- Parabéns, Sherlock Holmes, mas sinto em lhe dizer que também não é preciso ser muito inteligente para saber que ele é gay.

Eu ria cada vez mais, observando as expressões do menino que claramente estava tendo um dilema interior. Até que ele era fofo. Ou talvez fosse só a vodca fazendo efeito.

- E então, o que veio fazer aqui, além de me perseguir? - Indaguei, voltando minha atenção ao encontro dos carros que retornavam à chegada.

- Você tem o ego muito inflado, sabia disso? - Gargalhamos juntos, sem qualquer contato visual. - Desculpe decepcioná-la, mas eu estou aqui para correr, não para paquerar - gargalhei ainda mais alto, tal a petulância do coreano. 

- E você ainda vem dizer que EU tenho o ego inflado - me virei, ficando de frente para si e visualizando um sorriso maravilhoso estampado em sua face. - Um rostinho bonito não é o suficiente para me conquistar.

Ouvi Jihyo e Park me chamando mais a frente, o que indicava que minha corrida ia começar. Comecei a andar até eles, escutando um pigarro do garoto que continuava parado sob a calçada com os braços cruzados e um sorriso nos lábios.

- Então está dizendo que me acha bonito? - Elevou a voz, fazendo-me olhá-lo sem parar de andar e lhe lançar o meu sorriso mais malicioso.

- Quem está dizendo é você!

 

xxxx

 

- ...e então vocês fazem a curva novamente e verão a linha de chegada, combinado?

Estávamos eu, Jihyo e Park de pé ao lado do Porsche parado ao lado de um Mustang azul de listras pretas. Ou o carro de Jongin e Kyungsoo, como queiram chamar. O mais velho nos explicara a rota que teríamos que fazer, guardando os pequenos detalhes à Jihyo, já que a mesma era a navegadora e ficava responsável pelas coordenadas.

Sentei-me no banco do motorista, varrendo o local com os olhos mais uma vez e encontrando o olhar de Baekhyun na calçada ao lado, que levantou o polegar em uma animação aparente. Maneei a cabeça, soltando uma risada anasalada enquanto segurava o botão que fechava o vidro e impedia o vento gelado de ir de encontro à pele exposta em meu rosto. 

- Fique sabendo que depois dessa corrida, você vai me contar tudo. Começando pelo seu sumiço no jantar lá em casa e terminando nesse homem escultural acenando para cá com um sorriso maravilhoso nos lábios - Jihyo dizia enquanto colocávamos os cintos de segurança.

Retirei os coturnos dos pés, ajeitando os mesmos ao nível dos pedais da forma mais confortável possível. Sempre dirigi melhor descalça.

- Não sei do que você está falando.

Foi a última coisa que consegui dizer antes de uma coreana alta e de cabelos escuros se postar no meio de nossos carros com duas bandeiras nas mãos levantadas para o alto. Senti meu sangue circular milhares de vezes mais rápido cada vez que meu pé pressionava o acelerador, fazendo o motor roncar alto. Visualizei nosso competidor uma última vez. Jongin, que parecia fazer o mesmo comigo há segundos, sorriu com o canto dos lábios perversamente. Só tive tempo de erguer meu dedo médio em sua direção antes de soltar a embreagem e ser lançada contra o couro do banco após a imagem das bandeiras nas mãos da coreana mirando o chão entrar em meu campo de visão.

Saímos com uma vantagem grande, mas eu sabia que Jongin não ia desistir tão fácil. Pude ver seus faróis cada vez mais perto pelo retrovisor de Jihyo.

- Primeira curva à esquerda em cem metros... setenta e cinco metros... cinquenta metros - minha irmã sempre tivera um jeito de navegar completamente diferente dos outros, e era por isso que nos dávamos tão bem. Sua precisão, somada à minha habilidade no uso dos recursos do carro, era o que nos tornava tão boas. Separadas, não éramos nada, mas juntas... Juntas nós éramos excepcionais. - Agora!

Nossos corpos foram lançados na direção contrária à curva suavemente, já que essa era uma de minhas especialidades. Sem deixar o adversário nos ultrapassar, mais ainda mantendo velocidade, entramos na parte mais complicada da corrida. Logo após àquela esquina, éramos obrigados a adentrar um túnel subterrâneo, com as paredes completamente pichadas e iluminadas apenas por nossos faróis.

- Teremos mais trezentos metros de pista lisa. Está na hora de ligar o...

A garota teve que se calar, dada a força com que o nitro jogou-nos contra o banco novamente. Dei uma espiada em meu retrovisor, me certificando da localização de Jongin. Digamos que ele nem entrara no túnel ainda.

- Essa corrida já é nossa - sorri vitoriosa, pisando ainda mais forte no acelerador. - É hoje que nós voltamos 20 mil wons mais ricas pra casa!

A simples palavra casa foi o suficiente para fazer a imagem de minha mãe retornar aos meus pensamentos. Logo ali, naquela hora? Senti minhas pernas adormecerem por um instante, nada que prejudicasse nossa colocação, mas que foi prontamente percebido pela menina que segurava um mapa cheio de linhas coloridas sob as pernas.

- Algo de errado, Mia? - Mesmo sem olhá-la, sabia que ela estava fazendo uma expressão preocupada.

- N-Não, está tudo bem - sabia que não a tinha convencido, mas aquela não era a melhor situação para começar a falar sobre as desgraças da minha vida. - Quantos metros após o túnel está a próxima curva?

- Parece que a curva é aqui dentro. Para a direita, em cinquenta metros.

Senti um arrepio percorrer todo o meu corpo após ouvir suas palavras. Curvas em lugares fechados não eram nada convidativas, ainda mais em locais sem iluminação. Uma luz fraca refletida pelo retrovisor interno chamou minha atenção, indicando que Jongin entrara no túnel e estava atrás de nós. Engoli seco, concentrando-me o máximo na próxima manobra que teria que fazer. 

Assim que a luz de nossos faróis mostrou o fim do túnel, apertei ainda mais o volante entre meus dedos, realizando a curva com precisão. Nem um único arranhão e nem uma única pressionada no freio. Sorri orgulhosa, levando Jihyo comigo.

- Isso foi muito bom, Mia! - Retirei uma das mãos do volante rapidamente, apenas o suficiente para espalmá-la na de minha irmã mais velha, finalizando com o encontro de nossas mãos em punho. - Saída do túnel em cinco segundos.

- Saída reta ou diagonal?

- A pista não é estreita, mas creio que a reta é melhor. Nunca sabemos se há armadilhas. Melhor não arriscarmos.

Maneei a cabeça positivamente, lançando um sorriso fechado à minha acompanhante. Logo que saímos do túnel, a luz da capital voltou a cativar nossos olhos e o frio do subterrâneo foi embora. Ainda estava escuro, visto que a madrugada estava a todo vapor, mas alguns postes de luz iluminavam vagamente as estradas.

O sorriso sumiu de meu rosto assim que notei algo em nossa frente. Parecia uma espécie de corda de metal, talvez um corrente, não sabia ao certo, só sabia que cobria toda a extensão da avenida, deixando-nos sem opção senão passar por cima de si.

- Jihyo, está vendo aquilo? - Me aproximei do vidro dianteiro, semicerrando os olhos em uma tentativa falha de descobrir o que era aquilo.

- Não há nada sobre isso aqui no mapa. Deve ser algo que a prefeitura colocou para, sei lá, assustar os motoristas em alta velocidade.

- É, deve ser isso... 

Aquilo não estava me convencendo, e uma sensação estranha começou a crescer dentro de mim, me deixando angustiada e preocupada. Porém, não havia nada a ser feito. Eram necessários apenas mais alguns segundos de prova até que cruzássemos a linha de chegada e enchêssemos nossos bolsos de dinheiro, e eu não deixaria um sentimento rebelde estragar nossa noite de fama. Acelerei ainda mais, ativando o segundo nitro disponível do Porsche e me preparando para a próxima curva.

- Próxima curva à direita em cem metros... setenta e cinco metros... cinquenta me-

Mas ela não conseguiu terminar de falar. Assim que passamos pela corrente disposta pelo asfalto, um ruído alto e atordoante entrou em nossos ouvidos, fazendo-nos encolher. Eu sabia muito bem o que era aquilo. Estávamos com os quatro pneus furados, a mais de trezentos quilômetros por hora.

Os segundos seguintes passaram como um piscar de olhos. Me vi sem o controle das rodas, que rodopiaram o automóvel algumas vezes antes de forçá-lo a capotar. Não sei quantas vezes nós giramos no ar, já que após a terceira eu perdi a consciência. 

Senti meus olhos pesados, e me forçando a abri-los, tive a imagem de Jihyo ainda presa ao cinto, suspensa pelo mesmo e sangrando muito. Provavelmente eu estava como ela. Uma dor excruciante me tomou por completo assim que senti uma de minhas pernas presa àquilo que um dia foi o motor de um carro. Um barulho alto de sirenes ao longe foi insuficiente para me manter acordada, já que no segundo posterior minha consciência foi novamente tomada de mim.
 


Notas Finais


tchau todo mundo

beijos de luz <3


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