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História Baile de Máscaras - Cinco


Escrita por: _naomiq

Notas do Autor


...oi?

Capítulo 6 - Cinco


 

Me vi de frente a um espelho retangular, de bordas irregulares e imenso. Sabia que estava sonhando, mas não conseguia acordar. Era como se eu estivesse em uma sala escura, onde habitavam apenas o espelho e a cadeira de madeira que me segurava. Estava frio; meus músculos tremiam a cada nova brisa que entrava pela janela invisível. Lembro de não sentir medo. Eu sabia que tudo ia dar certo.

Escutei alguns ruídos quase inaudíveis. Vozes. De repente, uma figura feminina parou ao meu lado direito, de pé. A vaga lembrança de seu sorriso já é o suficiente para trazer a meu coração um aconchego indescritível. Não tenho certeza, mas talvez seus olhos eram exatamente iguais aos meus, grandes, redondos e nem um pouco asiáticos. Através de seu reflexo no espelho, vi que lágrimas inundavam seu rosto repleto de marcas. Ela parecia estar sofrendo muito. Eu iria lhe perguntar o que estava acontecendo, não fosse um coreano se postar em meu lado esquerdo, exatamente como aquela mulher. Ele também chorava, ainda que não aparentasse tanto quanto a estrangeira. 

Senti duas mãos encostarem em meus ombros, em ambos os lados. O casal sorria para mim, apesar de toda a tristeza. Eles sussurraram algo, tão baixo que não fui capaz de escutar. E então, quando iria questioná-los o porquê de estarem ali, uma dor terrível tomou cada parte de mim e eu me forcei a abrir os olhos.

A luz fluorescente que vinha de cima me cegou por alguns segundos, somente o suficiente para que me colocasse sentada na superfície macia e sentisse a dor em meu corpo ainda mais forte. Quando finalmente consegui abrir os olhos, vi que estava em um quarto pequeno e branco, com alguns aparelhos que apitavam incessantemente e umas cadeiras estofadas dispostas em "L". Eu vestia apenas uma espécie de camisola azul e estava coberta por um lençol de seda fino igualmente azulado. Apoiei a cabeça em minhas mãos, quase delirando graças à dor que me assolava. Então, em um único lance, todas as lembranças vieram à minha mente, junto ao rosto de Jihyo. Minha última memória de si era a de seu rosto sangrando, completamente machucado. Varri o local com os olhos, inutilmente buscando o sorriso da mais velha em minha direção e a comprovação de que estava tudo bem. Desesperada e angustiada, arranquei alguns tubos que adentravam minhas veias da mão e do braço, dando o meu máximo para ficar em pé. Infelizmente, consegui dar apenas um passo após sair de cima da cama, já que minha perna esquerda estava engessada até o meio da coxa. Assim que meus cotovelos foram de encontro ao piso limpíssimo do chão, um estrondo forte ecoou dentro daquelas quatro paredes e eu quase vi estrelas. Não conseguia enxergar muito bem - talvez pelos fios que caíram em frente a meus olhos ou simplesmente pela dor cortante - mas pude ouvir a porta se abrindo de uma só vez e alguns passos apressados virem até mim, enlaçando meus braços com cuidado e me colocando de pé mais uma vez.

- O que deu em você? Se queria tentar se matar, podia ter simplesmente pulado da janela - o menino me colocou novamente sentada no colchão alto, levando meu cabelo para atrás de minha orelha, de forma que eu finalmente enxergasse seu rosto.

- Você de novo? - O encarei incrédula, mas ainda usufruindo de seus braços definidos para manter o equilíbrio. - O que está fazendo aqui? Onde está Jihyo? Minha mãe sabe que estamos aqui? Por quanto tempo eu dormi? E que lugar é esse que-

- Ei, se acalma! - Fui interrompida por Baekhyun, que me lançou um sorriso fechado enquanto arrumava as mangas de minha camisola pacientemente. - Está tudo bem. Sua irmã está a alguns quartos à direita daqui, junto com sua mãe, eu presumo.

Soltei uma lufada de ar de uma só vez, parecendo pesar cem vezes menos.

- Seus amigos também estão aqui. Chanyeol veio com Jihyo na ambulância, e Jongin com você - continuou, e eu o encarei na mesma hora.

- Jongin está aqui? - Foi só então que tudo voltou a fazer sentido. A corrente no chão, os pneus furados, só podiam ter sido ideia do meu ex namorado egoísta. A raiva me envolveu naquele instante e tudo que eu queria fazer era apontar o cano da minha calibre 44 para aquilo que ele chamava de pênis. - Onde ele está? - Comecei a me levantar de supetão, segurando em qualquer coisa que estivesse mais próxima para permanecer de pé, o que também incluía Baekhyun. - Dessa vez ele passou dos limites... aquele filho de uma puta!

Meio desengonçada e quase caindo, consegui sair de dentro daquele quarto, ouvindo a voz de Baekhyun que chamava meu nome enquanto eu avançava para cima do loiro sentado em um banco de madeira, no meio de Chanyeol e Kyungsoo.

- Seu idiota! Está feliz agora?! - Minha voz substituiu o silêncio daquele corredor estreito e claro, fazendo os três pares de olhos masculinos e mais alguns que passavam ali naquela hora virarem-se na minha direção. 

- Mia, me escuta! - Baekhyun ainda tentava me deter, mas eu não desistiria tão fácil. Ele não conhecia Lee Mia.

Os três corpos se puseram de pé na mesma hora, todos com misturas de surpresa e confusão no olhar. Kyungsoo e Park tentaram se colocar em minha frente, porém não conseguiram impedir minha perna engessada de ir de encontro às partes íntimas do garoto de lábios carnudos que um dia me fez muito feliz.

Um alvoroço começou imediatamente. Baekhyun, Park e Kyungsoo me seguravam, ainda que com receio de me machucar ainda mais, e Jongin tentava falar por cima do grande emaranhado de vozes ali presentes. Alguns seguranças de terno preto, médicos e enfermeiros corriam até nós, e os pacientes fora de seus quartos paravam para admirar a briga que se iniciara.

- Meus parabéns pelo primeiro lugar, babaca! - Esbravejei, lutando contra os braços que me rodeavam. - Se algo, por menor que for, acontecer à minha irmã, eu mato você, está me ouvindo?!

- Mia, se acalme! Jongin não terminou a corrida! - Chanyeol gritou, fazendo com que eu parasse de lutar e permanecesse parada, em choque.

- Como assim não terminou a corrida? Então para que ele iria colocar aquela corrente lá? - Perguntei confusa, levando as mãos até a cabeça que latejava.

- Mas que corrente? - Finalmente ouvi a voz do loiro, que mantia ambas as mãos em meio às pernas com uma expressão de dor. - Não havia nada lá quando nós chegamos. Escutamos um barulho muito alto, e então quando saímos do túnel vimos seu carro virado, com algumas labaredas e muita fumaça. Os destroços estavam por todo lado. Não sabe o quanto fiquei preocupado. 

- Descemos do nosso carro e encontramos você e sua irmã desacordadas, então ligamos para a ambulância, que apareceu na mesma hora que Chanyeol e Baekhyun - completou Kyungsoo.

Eu mantinha o olhar perdido e confuso. Nada mais fazia sentido em minha cabeça, e eu cheguei a pensar por um segundo que ainda estava dormindo. Definitivamente não estava.

- Tinha uma corrente lá, eu sei que tinha! Ela era enorme, como você não viu?!

- Mia, calma - Baekhyun segurou meus ombros com suavidade, acariciando-os com seus polegares. - Você bebeu, deve ter visto alguma coisa, ou talvez...

- NÃO! - Minha voz assustou todos ali, inclusive o moreno em minha frente. - Eu não sou louca! Não coloque a culpa em cima de mim! Eu morreria pela minha irmã, e agora está dizendo que a culpada desse acidente fui eu?! - Me desvencilhei de seus braços, sentindo ainda mais dor a cada palavra pronunciada.

- JÁ CHEGA! - No fim do corredor, por trás de todas aquelas pessoas, pude vê-la. Seus cabelos, quase grisalhos, estavam presos em um rabo de cavalo simples, como sempre. A saia e a blusa de mangas que a cobriam eram floridas, e seus sapatos pretos revestidos em camurça. Provavelmente ela voltara do refeitório, já que carregava alguns potes de comidas variadas nas mãos. Minha mãe. - Nós estamos em um hospital, será que não percebem?! Me desculpe... desculpe... - ela reverenciava brevemente as pessoas que cruzavam seu caminho enquanto se aproximava de nós, seguida por Suho.

- M-Mamãe? - Encarei seus olhos, que há tanto não visualizava. Céus, ela parecia tão cansada.

- Senhora Lee, sua filha pede para vê-la - um homem relativamente jovem que vestia um jaleco a informou assim que o caminho em minha frente foi liberado pelos garotos, para que a mais velha andasse até mim.

- Tudo bem, já estou indo - agradeceu ao médico com um sorriso, tão educada como era, e voltou-se a mim.

- Mamãe, eu estava com tantas saudades de você, há tanta coisa que quero lhe explicar mas-

- Volte para o seu quarto, Mia. Você já causou muito tumulto para um dia só - e nos deu as costas, adentrando o quarto que provavelmente era ocupado por uma Jihyo debilitada.

Foi como um soco forte no estômago. A dor que sentia em meus músculos não era nada comparada à que aflingiu meu coração. Eu nunca quis tanto chorar. Mas não o fiz. Apenas girei em meus calcanhares, tateando as paredes pintadas em branco e andando, da melhor maneira que consegui, até a porta do quarto que dormia serena antes de toda aquela confusão.

 

xxxx

 

- Sim... Sim, entendo... Não, será só por algumas semanas... Obrigada, Haekyu, eu te devo essa... Até mais! - Apertei o botão vermelho na tela, depositando meu smartphone sob a pequena mesa de cabeceira ao lado da cama de solteiro. 

- E então, tudo resolvido? - O garoto sentou-se em minha frente, cautelosamente para não fazer nenhum movimento brusco.

- Sim, ele disse que posso ficar de licença o tempo que precisar - sorri, suspirando aliviada. - As vezes acho que ele me mima demais.

Sorrimos juntos, finalmente olhando-nos nos olhos. Baekhyun me transmitia algo bom. Não sei porque, já que eu não o conhecia tão bem, mas me sentia livre para ser a verdadeira Mia em sua frente.

- Obrigada pelo o que você fez. O porquê disso continua um mistério, mas mesmo assim eu estou grata.

O rapaz sorriu de lado, desviando seu olhar para o lençol, que parecia ser a coisa mais divertida do mundo naquele momento.

- Eu só... - seus lábios se abriram diversas vezes, porém ele não disse nada. Sua expressão se transformou completamente, encarando-me com seus olhos amendoados de um jeito que eu nunca tinha visto antes. - Tem algo em você que me intriga. Você é tão... diferente. 

- Diferente de que jeito?

- Diferente, do melhor jeito possível - engoli seco sob seu olhar. - Fascinante.

Assim como ele, meus lábios se abriram incontáveis vezes, mas deles, nem um som saiu. Eu não esperava aquela resposta, tampouco aquele olhar que parecia enxergar através de meu corpo físico. Quase me senti nua em sua frente, ainda que já estivesse vestindo minhas próprias roupas.

- É-é... B-Bom, acho que está na hora de eu ir embora - em um ato de desespero, procurei todos os meus pertences por cima da cama e da cabeceira, jogando-os com força dentro da bolsa que fora deixada junto às minhas peças de roupa. - Eu odeio hospitais com todas as forças, então não quero ficar aqui nem mais um segundo. H-Hospitais não te incomodam? Porque eles me deixam bastante nervosa. Talvez quando eu era pequena algo aconteceu e eu fiquei com trauma. É comum isso acontecer, certo? Muitas crianças não gostam de hospitais e... - vi Baekhyun envolvendo seu abdômen com as mãos, rindo tanto que não fazia nenhum ruído. - Do que está rindo? Por acaso eu contei alguma piada?

- Ai, Mia... - limpou uma lágrima invisível de seu olho, pondo-se de pé enquanto ajeitava sua camisa de botões. - Até que você fica fofa quando está nervosa.

Eu não sabia se agradecia ou se socava seu rosto. Procurei em meu arsenal o palavrão mais ofensivo que conhecia, mas Baekhyun foi mais rápido, envolvendo minha cintura com seu braço direito e fazendo-me segurar seus ombros enquanto me levantava da cama.

- O-O que está fazendo?

- Vou te levar pra casa, oras - disse com o maior tom de obviedade.

- Não precisa. Eu consigo ir sozinha, é só pegar um táxi. Daqui até a minha casa deve levar menos de dez minutos.

- Você sempre foi tão teimosa? - Baekhyun virou os olhos, retirando a bolsa do meu ombro e colocando no seu, logo após colando ainda mais nossos corpos e ajustando sua mão em minha cintura. Um sorriso queria brotar em meus lábios, mas eu não permiti. - Aceitar ajuda faz bem de vez em quando.

Me dando por vencida, envolvi ainda mais forte a sua nuca, usando seu apoio para finalmente conseguir andar.

- Viu? Não é tão ruim.

O cheiro forte de seu perfume entrou arrebatadoramente por minhas narinas, e o pensamento de que ele ficaria em minhas roupas me deixou estranhamente contente.

- Realmente, não é tão ruim.

 

xxxx

 

O carma é uma coisa engraçada. Numa hora a vida está maravilhosa, e na hora seguinte tudo parece se voltar contra você. As vezes eu só queria poder encontrar o meu "eu" do passado para dar-lhe uns belos chutes.

- "Fora de serviço"?! 

Aquela situação seria cômica se não fosse trágica. Eu e Baekhyun, parados em frente a um elevador quebrado, prontos para subir até o quarto andar com uma perna quebrada e mochilas nas costas. Não me restou nenhuma opção que não fosse gargalhar.

- Do que está rindo?

- Parece que vou ter que comprar uma barraca e morar aqui no térreo mesmo - eu ria cada vez mais e mais alto. Sorte que havia apenas nós ali.

- Ou você pode ficar lá em casa também. Posso usar seu gesso caso alguém tente me assaltar, já vi que é uma ótima arma - continuávamos a rir, agora ambos quase sem fôlego.

- Nem morta - fui me acalmando aos poucos, transformando o ataque de risos em um simples sorriso no canto de minha boca enquanto encarava o papel colado na madeira do elevador.

Voltamos à paisagem inicial. Os dois olhando para a mísera folha, sem saber o que fazer em seguida.

- Certo! - Chamei sua atenção, ajeitando as bagagens em meus ombros e braços e rumando para a escada. - Obrigada por tudo até aqui. Eu vou tentar chegar lá em cima antes do natal, mas não prometo nada - sorri sozinha, pisando no primeiro degrau de centenas que viriam. - Até mais Baekhyun!

Fiz uma força tremenda, usando toda a potência de meus músculos para me puxar para cima e... subir o primeiro degrau. Assim que cheguei no segundo, meus membros já estavam exaustos e tive que fazer uma breve parada. Talvez eu chegasse durante a páscoa.

Quando estava pensando em desistir de tudo e residir na escada de incêndios, senti duas mãos alçarem minhas pernas e braços, deixando-me na horizontal e me obrigando a envolver o pescoço do dono daquele perfume estonteante.

- Ei, ei, ei... o que pensa que está fazendo? - Tentei lutar por alguns breves segundos, mas a proximidade de nossas faces destruiu qualquer possibilidade de negação.

- De onde você acha que esses músculos vieram? Meu passatempo preferido é carregar mulheres indefesas até seus apartamentos - Ele disse enquanto subia sem dificuldades cada lance da escada.

Rendendo-me ao garoto, apenas repousei minha cabeça em seu ombro, fechando meus olhos e sorrindo anasalado.

- Quando eu estiver livre desse gesso eu mato você. 

 

xxxx

 

A visão que eu mais queria encontrar, agora estava bem à minha frente. Baekhyun estava sentado no sofá de minha sala, usando meias nos pés e brincando com Hera de quem era mais inteligente. Ela ganhou, é claro.

A cada nova expressão por parte do garoto, um novo sorriso surgia em meu rosto e mais rápido meu coração batia. Eu queria ir até lá, me juntar a eles e sentir meu peito se acalmar, mas as panelas estavam no fogo e eu não podia abandoná-las.

Após mais alguns movimentos com a colher, desliguei todas as bocas do fogão, servindo tudo em tigelas coloridas e levando-as até a mesa que fora posta minutos antes.

- Deveria ter me chamado para ajudá-la - o rapaz deixou a beagle para trás e veio a passadas rápidas até mim, pegando os alimentos de minhas mãos e colocando-os sob a superfície. 

Fechei a porta que levava ao corredor, impedindo Hera de roubar nossa preciosa refeição, e fiz meu melhor para me sentar no piso laminado sem parecer que havia levado um tombo. Apesar do estrondo que meu corpo fez ao se chocar com o chão, eu me saí melhor do que o esperado.

- Vamos comer bem! - Dissemos em sincronia, separando nossos hashis e avançando, sem dó, em cima de todos aqueles filés e vegetais.

Era visível o quanto estávamos famintos. Durante pelo menos cinco minutos, o local permaneceu em um completo silêncio, dada a concentração que utilizávamos para comer.  

- Ei, Baekhyun...? - Chamei-o e ri de sua expressão; a boca cheia e os olhos surpresos, que me miravam de um jeito muito confortável. - O que você faz? Q-Quero dizer, no que você trabalha?

Byun engasgou no minuto seguinte. Algumas batidas leves em suas costas foram o suficiente para fazê-lo retornar à vida.

- Está tudo bem? 

- Sim, estou bem, só um pouco surpreso - e de novo aquelas feições calmas e pacíficas deram lugar a olhares vagos, perdidos. - Não achei que você se interessasse pela minha vida.

"É, você está certo. Eu não me interesso. Ou não deveria me interessar? Não sei quando aconteceu, mas de repente eu não lhe vejo mais como alguém com quem eu não queira conversar", foi o que eu quis lhe dizer, mas eu apenas sorri nervosa, ajeitando minhas madeixas acinzentadas e levantando em um só pulo.

- T-Tudo bem se não quiser dizer - empilhei as porcelanas sujas em minhas mãos, mancando até a cozinha e colocando-as (jogando-as) sob o inox da pia. - A vida é sua, você quem decide o que quer revelar aos outros, eu entendo - molhei rapidamente minhas mãos, secando-as logo em seguida no tecido preso a um porta-toalhas. - Acho que é sempre bom ter precaução, não é? V-Vai que eu sou uma assassina que quer matá-lo e ficar com seu dinheiro? Nunca se sabe! Ou vai que eu-

Assim que me virei para voltar à sala, fui impedida de prosseguir graças ao peitoral do garoto, que espalmou seus braços abertos sob o móvel em minhas costas, em cada lado de meu corpo, e me deixou sem rota de fuga. Seu rosto estava mais próximo do que nunca e suas orbes revezavam-se entre as minhas, assim como eu fazia consigo. Droga, aquele perfume!

- Desculpe, eu falo bastante quando estou nervosa... - não conseguindo manter seu olhar, comecei a brincar com a ponta de minha camisa.

- Você está nervosa? - Sua voz se tornou um sussurro, tão grave que nem aparentava ser do mesmo rapaz que brincava com minha cadela minutos antes.

- Você me deixa nervosa - subi meu olhar até o seu, superando meus dramas adolescentes e sustentando suas orbes castanhas.

Eu estava fixa a ele. Tanto meus olhos quanto meus pensamentos, sempre acabavam retornando àquele mesmo perfume. 

- Mia... - sua mão direita ostentou meu rosto com delicadeza, fazendo-me instintivamente inclinar-me em sua direção para aproveitar ao máximo o carinho deixado por seu polegar. - Me deixa aproximar-me de você. Por favor, não fuja. Céus, você não tem a mínima noção do quanto é única!

Fechei meus olhos com força, tentando fazer o que eu fazia de melhor: fugir. Pensar que aquilo era o suficiente para me fazer voltar cinco dias antes, quando aqueles olhos amendoados e aquele perfume encantador não eram presentes em minha vida.

- Eu só vou machucar você. Acredite, é isso que faço com as pessoas que gosto, e não quero que você seja mais um dessa lista - envolvi sua mão que repousava em meu rosto, aprofundando, pela última vez, o afeto que recebia do mais velho.

Estava tão absorta no contato de nossas peles que demorei a raciocinar quando Baekhyun encerrou o espaço entre nós, colando nossos lábios gentilmente, assim como sempre fazia quando se tratava de mim. Ele me tratava tão bem. Porra, eu estava apaixonada. Apaixonada pela melhor pessoa do mundo, que merecia alguém muito melhor que eu. Entretanto, me deixei ser egoísta só naquele momento e aproveitar a dança hipnotizante que nossas línguas faziam enquanto acariciavam-se. Sua mão, que antes se mantia espalmada sob o inox, depositou-se em minha cintura, colando nossos corpos ao passo que explorava cada centímetro quadrado de minhas costas. Meu rosto continuava envolto por seus dedos, que marcavam uma trilha prazerosa de minha nuca até a ponta de meu queixo. Levei minhas mãos também até sua nuca, aproximando-nos ainda mais, se é que isso era possível.  

Nos afastamos assim que o oxigênio se fez necessário, porém sem separar nossas testas. Apenas ficamos ali, parados, esperando que nossas respirações voltassem a seus compassos. 

- Não tire conclusões precipitadas novamente. Por favor... - Baekhyun disse sob um sorriso, tão amável como sempre.

Sorri com toda aquela situação. Eu estava ali, exposta, mostrando-lhe minha verdadeira face, e nunca tinha me sentido tão bem. Aquela era a Mia. Aquela que também amava, chorava e sorria, e ele estava me aceitando exatamente como eu era.

Encerrei novamente o milimétrico espaço entre nós, selando-o incontáveis vezes. Ousei um pouco, prendendo seu lábio inferior entre meus dentes e logo após, beijando aquela área novamente. Baekhyun sorriu durante o beijo, suspendendo-me do chão pela parte de trás de minhas coxas e me fazendo entrar em contato com o aço inox gélido, sentando-me sob o mesmo. 

Levei um pequeno susto, dado o choque de temperaturas entre minha pele e a superfície, e acabei me desvencilhando do garoto com um sorriso.

- Está gelado! - Comentei, levando-o comigo em uma risada sincera.

O mais alto nos aproximou com mais força, chocando nossos íntimos, ambos evidentemente excitados. Deixamos um gemido mútuo escapar com o toque, e pude ver claramente um arrepio atingi-lo. Com as mãos de Baekhyun em minhas nádegas, fui pressionada contra seu tórax sólido, sendo retirada de cima do inox e envolvendo sua cintura com minhas pernas desnudas. O maior então começou a andar sem quebrar o toque de nossos lábios. Eu não sabia para onde estava sendo levada, mas não me importava. Eu só precisava estar com ele naquela noite.
 


Notas Finais


eu nunca sei o que escrever aqui, então vou deixar a música que estava escutando enquanto escrevia grande parte desse capítulo: Needed Me, da Rihanna (lê-se rainha).

beijos de luz <3


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