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De vez em quando, nos dias em que me permito afundar, eu lembro do que mamãe costumava dizer ao me ver assim, vulnerável e desgastada, quando nós duas ainda morávamos sob o mesmo teto. Ela falava, “quando alguém morre e ninguém vai sentir sua falta, o luto é transferido para uma pessoa aleatória no mundo. É por isso que, às vezes, você simplesmente se sente triste sem motivo algum”.
Apesar de hoje eu estar, sim, triste, não é aleatoriamente coisa nenhuma – a minha angústia tem nome e sobrenome desde sexta-feira da semana passada. Argh. Não gosto nem de lembrar.
Independentemente da situação, as teorias que mamãe tinha sobre o significado dos fenômenos da vida me fascinam; ela fazia tudo parecer fácil. Foi por isso, e só por isso, que aprendi que as coisas são, de fato, fáceis. A gente é que complica.
Mas têm dias que eu resolvo ter crises de hipocrisia e ir contra os meus próprios conceitos, e um desses dias é hoje.
Acordei cedo e sem disposição para nada. Embora há alguns dias eu quisesse apenas dar um tempo para mim mesma, hoje abri os olhos já pensando em como quero passar o resto da minha vida sem a presença de uma alma viva sequer. Hoje é aquele dia da semana onde tudo o que eu queria fazer era só ficar em casa deitada no sofá o dia inteiro com um pote gigante de sorvete de flocos, mas, infelizmente, a padaria não se abre nem serve sozinha. E eu também não tenho um clone para ir à escola no meu lugar.
‘Abençoada é Tatiana Maslany que pode estar em mais de onze lugares diferentes ao mesmo tempo’, eu penso.
Estou fugindo, desde Sexta, de um momentâneo furacão-problema chamado Camila. Na verdade, eu aproveitei a situação para me permitir ficar um pouco livre dela, admito. Acredite em mim, quando se tem Camila do seu lado, você não consegue fazer nada do que tem para fazer.
Nós duas parecemos carne e unha, almas gêmeas. Nos vemos todos os dias: na escola – quando Camila não falta, e ela faz muito isso – porque estudamos na mesma sala; aqui em casa, já que ela mora mais comigo do que com a própria mãe; e principalmente no shopping. Este último é engraçado e especial. Todas as pouquíssimas vezes que fui ao shopping, sem exceção, eu encontrei Camila lá. Sempre fazendo a mesma coisa: comprando uma pilha de livros.
Semana passada, como de costume, ela só foi para a escola em um único dia – na quinta-feira –, que foi justamente o dia em que eu faltei. Estava cansada ao extremo. E foi bom, porque eu fiquei tão chateada com sua falta de responsabilidade no dia seguinte que acabaria sendo arrogante se ela falasse qualquer coisa comigo. Nós tínhamos trabalho de Espanhol – em dupla – para apresentar e o meu par era, como sempre, Camila; principalmente porque ela é fluente na língua e está sempre se esforçando para me ensinar. Mas ela simplesmente não apareceu na escola. Então eu decidi, naquela hora, que não queria mais vê-la nem que estivesse pintada de ouro.
Mas o que seria de mim sem Camila Cabello na minha vida?
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