História Balance (Jimin imagine) - BERRY 2 (extra)

Fui para minha aula segunda bem cedo, a única no dia, com a cabeça cheia de coisas. Ou melhor, cheia de Park Jimin. Ele havia me mandado umas mensagens meio confusas no dia anterior e parecia decidido em conversar; não sabia que tipo de conversa teríamos, apesar das possibilidades não serem lá muito amplas, e aquilo me deixou nervosa.

Me concentrei da melhor forma que dava naquela aula revisional e me pus a anotar tudo o que o professor falava como forma de me ajudar nos estudos depois e esquecer um pouco o assunto Jimin. Saí exausta e com as mãos até meio doloridas às 11 e fui direto para o café onde eu trabalhava meio período.

Eu não tinha uma hora fixa para estar lá, já que a dona estava acostumada a ter funcionários universitários, mas faltaria bastante naquela semana por isso ficaria umas horas a mais naquele dia. Sabia que não adiantaria tanto, o lugar naquela semana ficava vazio pois muitos cursos já tinham começado as finais, outros já estavam até de férias e os que não haviam começado, como era meu caso, estavam estudando como loucos. Estar tudo tão calo era excelente para mim, já que eu aproveitava para estudar atrás do balcão assim como minhas duas colegas Yongsun e Hyejin.

Pouco depois das duas da tarde o sininho irritante apitou e eu quase dei um pulo achando que já era Jimin mas era só meu irmão. YongSun já o conhecia, pois estava sempre trabalhando nos mesmos horários que eu, mas HyeJin estava vendo-o pela primeira vez e pareceu bastante interessada em Jungkook.

- A que devo a honra da sua visita, Jeon Jeongguk? Suas provas não começam amanhã? - eu disse enquanto largava o livro na bancada e chegava perto dele, apertando-lhe a bochecha de leve.

- Começam, noona. Por isso vim aqui. Estou desesperado. - ele declarou rápido claramente incomodado com os olhares de Hyejin, pois não parava de olhar na direção dela.

- Aconteceu algo?

- O dormitório. Eles foram fazer aquela limpeza nos encanamentos né, porque daqui a pouco começa a chover e fica tudo entupido. Mas aí alguma peça da máquina fez um bagulho muito louco - eu ri do palavreado estranho que ele utilizava. Sei lá onde esse menino aprendia aquelas coisas. - e acabou quebrando um cano, tá tudo interditado e meu quarto é bem de frente pr'aquela emoção e eu não consigo estudar com esse cheiro de merda no meu nariz. Posso ficar na sua casa? Por favor.

Me estiquei um pouco para mexer-lhe nos cabelos; gostava de fazê-lo nas pessoas, me parecia carinhoso. E Jungkook por algum motivo havia crescido mais de um palmo a mais que eu, o que fazia essa coisa dele ser mais novo ser meio frustrante.

- Pode ficar sim, criatura. Eu te dou a minha chave, tem outra reserva em casa mas aqui só tenho essa. - ao escutar aquilo, ele sorriu abertamente me fazendo sorrir também.

- Obrigado, noona. Vou estar na sua casa estudando então você interfona quando chegar, né?

Concordei lhe entregando a chave. Seria bem legal morar com ele esses dias de novo. Aquele apartamento em que eu morava era nosso e o quarto dele ainda estava lá cheio de coisas, mas ele fazia tanta coisa na universidade que achou melhor morar no dormitório dentro do campus para não perder o tempo de transporte.

Por um lado era bom, pois ele desde que fez essa mudança ao passar na faculdade adquiriu independência e por ser bolsista do programa de esportes poderia morar lá sem taxas; por outro, ele havia me deixado sozinha num apartamento que pra mim era enorme - dois quartos, sala, cozinha e banheiro que parecia um mausoléu em sua ausência.

Mal terminei de refletir sobre Jungkook e Jimin entrou no estabelecimento e eu até havia me esquecido que ele viria. Usava uma camiseta desnecessariamente folgada, tamanho extra G, que eu via claramente seus braços e sua clavícula por cima de uma menor que era tão apertada que se fazia tão reveladora quanto a primeira; shorts que deixavam um pedaço de suas coxas musculosas à mostra (e aquilo era uma novidade para meus olhos), tênis que pareciam caros e dois litros de suor. Realmente, o calor estava tão intenso quanto na última sexta ou mais, já que só de vê-lo naquela forma quis me abanar.

Escutei Hyejin murmurar um 'wow' e até Yongsun, que estava tão concentrada em sua matéria que provavelmente nem percebera Jungkook chegamdo, parou sua leitura para fitá-lo. Disse para as duas que eu iria atendê-lo, fazendo-as voltarem aos seus estudos imediatamente enquanto levava o cardápio para o rapaz que se sentara no canto do café.

Ao vê-lo sorrir tão docemente apertando os olhinhos enquanto eu andava em sua direção, percebi que estava realmente nervosa.

- Oi, Jimin. - engoli o nervosismo por alguns segundos, tentando ser educada e tentando não olhar demais para seu corpo. - Você vai querer alguma coisa? Pode pedir que eu te sirvo antes de me sentar e coversarmos.

Ele pediu morango com aveia batidos e pedi para Yongsun prepará-lo (até porque ela fazia isso melhor do que eu) explicando-lhe que iria conversar com o rapaz.

- Nem apresenta o namorado pra gente, S/N? - Hyejin declarou enquanto o liquidificador fazia barulho, o que era um alívio pois a situação com Jimin já estava louca o suficiente. Sussurrei que ele não era meu namorado, fazendo as duas olharem para mim meio incrédulas e para ele de forma sugestiva.

Levei o pedido para ele me sentei a mesa consigo, apreensiva, até que ele começou a falar. Disse que precisávamos conversar, tentando de todo jeito tirar o canudo da embalagem de papel e enfiar no copo com uma dificuldade difícil de descrever; depois, perguntou sobre Jungkook, a quem tinha visto na vinda para o café. Expliquei a razão para ele aparecer por lá mas continuei o assunto principal.

- Bem... é que eu queria conversar sobre o que nós fizemos.*

- Sábado?

- N-Não... - ele parecia querer tocar no assunto tanto quanto eu, e no caso era a última coisa que eu queria fazer. - Vou dizer melhor. - ele empurrou o cabelo para trás - Sobre o que eu fiz com você antes de me mudar. - minha respiração falhou um momento, mas ele estava aparentemente sendo sincero.

- Jimin, por que conversar sobre isso agora? - perguntei querendo arrancar alguma informação que me norteasse no assunto. Nós ficamos mas eu ainda não podia saber sobre seus pensamentos a meu respeito.

- Não sei, é que eu gostei muito de ficar com você, gostei muito de te beijar e tal, mas - mas????? - eu não sei bem como você se sente em relação a isso e queria saber. Quero saber o que você sentiu há sete anos e o que está sentindo agora.

Ele era tão fofo, pelos deuses! Estava tratando tudo com cuidado e seriedade e tinha uma expressão bem séria, aliás, mas sua voz era suave e vê-lo dizer que havia gostado muito de me beijar tão abertamente me fez muito bem. O velho Jimin com certeza não era capaz daquilo. Porém, eu não sabia ainda onde ele queria chegar.

- Você está fazendo isso apenas por curiosidade ou..?

- É porque eu quero continuar. - ele me cortou a fala, algo que eu siceramente nem dei importância.

- Continuar? - perguntei mais pra dentro que pra fora e ele se apressou em me responder.

- ... ficando com você, S/N. - ele passou a mão pelos cabelos outra vez e me deu vontade de fazer o mesmo - Andei pensando em te beijar e tudo mais. - era um jeito fofo de admitir que ele estava querendo meu corpo nu. Confesso que não saberia dizer de forma tão sutil.

Eu resolvi então dar-lhe o que ele queria - digo, não exatamente, realmente não estava pronta pra pensar em literalmente dar pra ele - e ele me pediu sinceridade. Respirei fundo antes de "mergulhar" naquele passado estranhamente dolorido.

- Eu não sei como foi pra você, mas é que fo.. foi bem ruim pra mim. - bem ruim? Bem ruim era minha capacidade de formular uma frase que prestasse naquela hora. Ele sorriu fraco. Disse-lhe que o fato de ter saído do nada e em silêncio me incomodou e como chorei com Taehyung, e depois como eu não quis beijar ninguém pois achava que seria tão trágico quanto.

Não reparei que tinha deixado tão explícito o tempo que levei pra querer ficar com alguém de novo.

- Calma, peraí - ele gesticulou, engolindo a vitamina apressado - você não ficou com ninguém mais? - ele parecia se sentir tão culpado. Coitado.

- Só depois que passei pra universidade. - foi na festa de formatura do ensino médio que acabei beijando um rapaz que mal me lembrava do nome e na festa de boas-vindas do meu curso que acabei fazendo sexo com um veterano gente boa.

- S/N... mas  que merda eu fiz.. - oh sim, obrigada por perceber, senhor 'Puxei-meu-cabelo-para-trás-de-novo'! Um delay de sete anos mas antes tarde do que nunca, certo? Mas ele sugava aquele canudo de um jeito tão lindo que me fez perdoá-lo por qualquer coisa. - m-mas v-você... - ele pareceu tomar coragem para continuar falando. - você transou com alguém, certo?

- Jimin, isso é muito estranho - eu declarei, rindo da cara dele por querer saber daquele tipo de coisa. - mas sim, aconteceu de eu transar sim.

- Quantos?

- Oi? - ele realmente estava me perguntando isso?

- Com quantos caras você transou, ué. - ah sim, ele estava. Acho bom você continuar bebendo esse negócio da forma mais sexy e graciosa que exista na América, Park Jimin, pois está difícil te perdoar por esse dossiê, eu pensei enquanto ele empurrava mais uma vez o cabelo para tras.

- Jimin! - tentei chamar a sua atenção mas ele abriu os olhos e me mostrou uma cara de piedade tão caralhamente bonita que me esqueci da coisa toda do canudinho. - Foram dois caras.

Ok, eu menti. Na verdade tinham sido três; o veterano gente boa, o cara da enfermagem que era o mais recente, tinha tido um "lance" por uns dois meses no semestre passado; e mais um cara que eu esqueci na hora mas que eu tinha conhecido numa festa da turma do Yoongi. Desculpe-me, Jimin. Foi culpa da minha memória.

- E foi bom? - ele não estava preocupado com a coisa toda do senso comum, aparentemente.

- Foi, foi sim. - disse-lhe, querendo muito declarar que toda aquela gente não havia me feito sentir o que Park Jimin, a parte 2, havia feito apenas com uns beijos em público mas achei melhor não.

Engraçado, ele estava sendo o pior e o melhor ao mesmo tempo.

- Foi mesmo? - ele duvidou do que eu disse, meio preocupado ou algo assim.

- Foi bom, Jimin. Vai dizer que quer detalhes dos outros dois agora também? - aish, eu tinha que estudar e ele não parava de me perguntar as coisas!

- Me desculpe pelo interrogatório, S/N, de verdade. - ele se desculpou como quem estava lendo meus pensamentos e me pediu para fazer-me mais duas perguntas, tendo a minha permissão. Já disse sobre a mão no cabelo?

- Primeiro: você, depois do que aconteceu sábado, acredita que eu posso fazer diferente? - tenho certeza absoluta, eu pensei. - Segundo: você está pensando em ficar comigo de novo?

Como eu poderia explicar para ele que tudo o que eu mais queria era trocar aquele canudinho da vitamina que ele tanto passava a língua pelo meu corpo?

Pareceu que seria meio demais.

- Por que caralhos eu responderia a esse questionário imenso se eu não quisesse mais te beijar?

Ele sorriu de lado, acabando de beber seu batido de qualquer coisa que até me esqueci ao vê-lo lamber aquilo de novo. Ele fez de propósito.