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História Bastards and Queens - Eu sinto muito


Escrita por: jofanfiqueira

Notas do Autor


Ok, vamos lá. Este é um primeiro capítulo que narra acontecimentos a partir do episódio 7x06. Nesse primeiro momento, muito do conteúdo é totalmente baseado na série, mas planejo avançar na história caso escreva mais. Espero que gostem!

Capítulo 1 - Eu sinto muito


As cicatrizes dele estão gravadas atrás de suas pálpebras, sempre que fecha os olhos pode vê-las. “Ele levou uma facada no coração pelo seu povo”, aquilo era mais literal do que ela havia imaginado no final das contas, confirmando o sentimento que a expressão de Sor Davos havia passado.

Daenerys não consegue dormir direito desde que deixou a muralha, seus pensamentos se alternam entre as marcas rudes no peito marfim do Rei do Norte e a dor que engole o que resta do seu coração. Ela está vazia e cheia ao mesmo tempo, os dois sentimentos se espalham por seu corpo, pressionam sua caixa torácica, parecem pedir para sair, mas não saem, apenas latejam, doem. E sempre que ela dorme, sonha com sangue, com morte, com o momento em que Drogon voou deixando Viserion e Jon no fundo do lago, ela achou que tivesse perdido ambos.

Quando está acordada, a rainha passa a maior parte do seu tempo dando voltas ao redor da cabine de Jon, assistindo-o dormir. Há algo nele que a enfeitiça, que faz com que ela queira sentar ao seu lado e simplesmente esperar que ele abra os olhos, seus olhos negros e verdadeiros, ela nunca tinha visto tanta verdade em alguém como vê em Jon Snow, ela nunca vai esquecer o momento em que ele se sacrificou, que ficou cercado de caminhantes brancos para evitar que mais alguém se machucasse, que mais um dragão fosse… ele nem mesmo poderia completar o pensamento sem se sentir doente.

O modo como ela se sentiu ao vê-lo chegar, desacordado naquele cavalo, aquilo a deixou confusa, mais confusa do que já estava enquanto espera por notícias em Pedra do Dragão.

Daenerys encara as cicatrizes de Jon, observa as bordas de pele endurecida e tenta imaginar o que aconteceu, como ele as conseguiu. Gostaria de ouvir aquelas histórias, gostaria que a voz rouca de Jon Snow as contasse em seu ouvido. Jon Snow, Lord Snow, Rei do Norte, quem era aquele homem afinal de contas? Por que Daenerys se sentia tão atraída por ele? Atraída de uma forma que nunca antes havia sentido, ela havia aprendido a amar Khal Drogo, estava sexualmente atraída por Daario Naharis, e admirava homens como Sor Jorah, e Tyrion, mas ninguém nunca tinha tido o mesmo efeito que Jon Snow.

—Vossa Graça. - Davos bate na porta chamando sua atenção. Ela levanta da cama de Jon Snow. - Sinto atrapalhar, só queria checá-lo. Ver se acordou.

—Nada ainda. - Daenerys responde se sentindo desorientada.

—Ele vai ficar bem. É o homem mais obstinado que já conheci, tenho certeza de que vai acordar e pular da cama querendo voltar para luta.

—Você o admira.

—Ele um homem de princípios, e eu o admiro por isso, mas isso não faz dele o mais brilhante dos homens, vai acabar morto por seus princípios.

—Você me parece um homem de princípios Sor Davos.

—Hoje em dia um pouco mais. Quando eu conheci Jon Snow, Lorde Stannis ofereceu a ele a chance de ser legitimado como um Stark e ele não aceitou, ele preferiu encarar a possibilidade de ser executado por seus irmãos na muralha.

—O que ele fez de errado para merecer execução?

—Jon ajudou selvagens, colocou todos os vivos do mesmo lado da luta. E vossa graça melhor do que ninguém deve saber sobre o custo de tentar unir povos e quebrar tradições separatistas. - Daenerys deu um um sorriso para Davos e depois voltou seu olhar para Jon, coberto em peles, parte dos ombros e peito expostos, ela puxou a coberta tentando mantê-lo aquecido. -Eu volto mais tarde, vou preparar nosso retorno para o Norte. O Rei deveria estar em casa caso, caso algo aconteça.

—Para casa? - Dany perguntou sentindo seu coração apertado. Ela não queria se separar de Jon Snow, nem queria pensar na possibilidade de sua morte.

—Claro, eu vou ficar só mais um pouco. - Ela respondeu tentando não transparecer sua dor.

Estava quase indo embora quando Jon se mexeu um pouco, e então começou a abrir os olhos.

………………………...x……………..

Jon Snow não entendia como havia sobrevivido, estava começando a considerar a possibilidade de que havia algo maior do que ele guiando sua vida, talvez ele tivesse mesmo um destino a cumprir, uma faca no coração, caminhantes brancos, ele tinha tudo para estar morto, para ter permanecido morto e, ainda assim, estava ali, com seu coração batendo. Quando abriu os olhos a primeira coisa que viu foi o rosto branco de Daenerys, seu cabelo prateado parecia brilhar na pouco iluminação daquele barco, mas todo o resto dela parecia carregar um luto, um luto justo, ela tinha acabado de perder um de seus dragão, dragões que considerava com seus filhos. Se Jon não tivesse levado a luta dos caminhantes até Daenerys, ela ainda teria três dragões, três filhos. Ele nunca se perdoaria por isso.

—Eu sinto muito. - Jon disse. Sentia mesmo. Seu coração doía de pensar no que aconteceu, a lança gelada entrando no corpo do dragão, o sangue do animal jorrando pelo gelo. Os olhos azuis do Rei da Noite, o modo como ele poderia ter matado outro dragão, ou pior, ferido Daenerys. -Eu sinto muito. - Repetiu. A rainha balançou a cabeça tentando conter o choro. Jon pegou em sua mão de forma firme, mas carinhosa. - Eu gostaria de poder voltar atrás, eu queria que nós nunca tivéssemos ido, eu queria nunca ter pedido que te mandassem aquele corvo.

—Eu não. - Ela finalmente fala. Jon não pode deixar de notar o quanto Daenerys é forte, mesmo em sua dor, ela consegue encará-lo nos olhos, consegue ser firme. - Se não tivéssemos ido eu não teria visto. É preciso ver para acreditar, e agora eu sei, agora eu acredito. Os dragões são meus filhos. Eles são o únicos filhos que eu terei. Você entende isso. Você entende? - “Eles são os únicos filhos que eu terei”, a voz dela havia dito isso nos sonhos que ele teve nas últimas horas, os únicos filhos que ele poderia ter e um deles estava morto por sua culpa. Ele acenou a cabeça positivamente, não poderia dizer mais nada além de pedir desculpas, se pudesse, faria isso pelo resto da vida, mas não achava que seria suficiente. Jon lembrou da dor de perder a pessoa que mais amava no mundo, a pessoa que mais admirava: seu pai, Ned Stark. Seguida da dor de perder seus irmãos, Robb, Arya, Bran, Rickon, ele até mesmo sentiu a morte de Lady Catelyn, mesmo que a mulher não tivesse um só momento de bondade para com ele. Lembrou de como foi atear fogo no corpo sem vida da mulher que amava, mas ainda não podia fingir entender a dor que a rainha estava sentindo. - Nós vamos destruir o Rei do Noite e seu exército. E vamos fazer isso juntos. Você tem a minha palavra.

Jon nunca sentiu tanta verdade vindo de alguém antes, nem nunca se sentiu tão exposto, ele não era bom com sentimentos.

—Obrigada, Dany. - Ele disse. O que mais ele poderia fazer além de agradecer.

—Dany… - A rainha disse, um sorriso se formou em seus lábios e Jon pensou em como ela se tornava ainda mais bonita ao sorrir, se é que isso era possível. - Quem foi a última pessoa que me chamou assim? Não tenho certeza, mas acho que foi o meu irmão. Viserys, eu nomeie Viserion em homenagem a ele, mas meu irmão não é alguém que você deveria querer ser associado.

—Tudo bem, então não Dany. Que tal então “minha rainha”? -Dany parece surpresa. - Eu me ajoelharia, mas…

—E aqueles que juraram lealdade a você?

—Eles virão a ver você pelo que é. Eles te verão como eu vejo. - Jon afirma. Dessa vez é Daenerys que pega na mão de Jon, o contato entre eles faz com que Jon sinta seu corpo estremecer, ele não pensou que se sentiria algo assim outra vez depois de Ygritte, mas tinha que admitir que o sentimento era diferente, acima de tudo, ele admirava Daenerys.

—Eu espero merecer. - Ela afirma, sua voz parece segurar um choro.

—Você merece. - O clima entre os dois fica claramente tenso, Jon sente uma vontade enorme de poder puxar Dany para perto de si e beijá-la, mas então ela solta sua mão bruscamente.

—Você precisa descansar. - Dany diz se afastando.

Toda abertura que Jon teve nos últimos minutos pareceu sumir, ele não sabia mais como agir frente a Daenerys, então simplesmente fechou seus olhos. Não poderia descansar, claro, ouviu atentamente enquanto os passos da rainha indicavam que ela estava deixando o quarto, e então abriu os olhos novamente. Seu corpo finalmente passou a doer, parecia que a presença de Dany tinha o deixado adormecido, mas agora todos os músculos doíam, a tensão do uso da espada, da luta, lembrou da sensação que sentiu ao sair daquele buraco de gelo e confrontar, sozinho, o exército do Rei da Noite, ele poderia morrer naquele momento e se tornar seu pior pesadelo, um caminhante branco, seu único arrependimento seria ter levado Viserion até sua sentença de morte, e a única vontade não realizada seria a de sentir os lábios da rainha Targaryen nos seus.



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