História A Caçada - 0.2-Mansão Wayne

Hope West-Allen

Enquanto corria por uma Gotham chuvosa, Hope não conseguia evitar de criar cenários catastróficos do que ela poderia encontrar ao chegar na Mansão Wayne, ela era uma velocista e uma das mais rápidas, mas se tem uma coisa que ela aprendeu em todos os anos que treinou com os Wayne era que você nunca deveria subestimar a rapidez de Sebastian para tomar decisões precipitadas e, na maior parte do tempo, suicidas.

Aumentou a sua velocidade mais ainda, a curiosidade de saber qual de seus cenários estava correto era maior do que a sua cautela habitual de se manter em uma velocidade menor do que seu potencial, afinal, o caminho da Academia para Mansão era na maior parte do seu tempo deserta, encontrando sinais de civilização apenas quando se passava pela Companhia de Energia de Gotham e é claro, o Aeroporto Internacional Archie Goodwin.

Como a maioria de seus cenários não previam, a entrada da Mansão estava vazia e, como sempre, imponente, o que significava que talvez ela e todo os outros estivessem exagerando. Sebastian era um Robin e eles não eram chamados de garotos prodígios em vão, um dos primeiros treinos que eles recebiam era o controle emocional que deveriam demonstrar a todo momento, por outro lado, eles estavam lidando com o sequestro do pai do garoto, talvez eles devessem mesmo se preocupar com a sanidade mental do Wayne filho.

Ainda na escadaria interminável que levava até a porta, Hope achou melhor voltar a andar na velocidade humana, por mais que Viktor tivesse deixado claro que ela deveria encontrar Sebastian o mais rápido possível, a última coisa que ela queria era ser atingida por algum brinquedinho dos Wayne que provavelmente a deixaria apagada durante um dia inteiro.

Assim como o lado de fora, o interior da mansão estaria completamente escuro se não fosse pela luz que emanava da porta aberta da sala de estudos, Hope achou aquilo previsível, era naquela sala em que estava a tão estimada porta de entrada para a batcaverna, então permitiu que o alivio a invadisse, talvez Sebastian ainda estivesse lá dentro.

“Afinal, parece que o Viktor prestou atenção nas aulas com o Batman.” Ouviu a voz de Sebastian quando se aproximou da porta. “Lição número 26 de trabalho em equipe: Quando você não for rápido o suficiente, mande o velocista, toda equipe deve ter um, os Jovens Titãs têm o Kid Flash, a Liga da Justiça tem o Flash, os Vingadores têm o Mercúrio* e nós temos você.”

“Você não consegue disfarçar sua nerdice, acharia o momento bem dramático, digno de Sebastian Wayne, se você não citasse o Mercúrio.” Hope riu ao entrar na sala, a situação não tinha nada de engraçada, podia perceber que Sebastian usava o uniforme e estava pronto para partir, ela tinha que o entreter o máximo possível até todos chegarem e eles decidirem o que fazer sobre o desaparecimento do morcego.

“Cada vez que eu comparo o Mercúrio com os verdadeiros velocistas, algum West-Allen sofre um ataque cardíaco. Já sei, você repete isso toda vez.” Ele abriu um sorriso, mas sua postura não era completamente relaxada e sua mão esquerda ainda segurava a mochila como se a sua vida dependesse disso.

“Ele morreu baleado, nenhum velocista de verdade morreria daquele jeito, mas deixaremos essa discursão para depois.” Ela sabia que o papo nerd sobre os heróis que Sebastian era fã não o ia manter ocupado por muito tempo e logo ele iria dá um jeito de fugir. “Temos coisas mais importantes para discutir como o fato de, logo você, ter pirado completamente, então me responde Wayne: Você quer que eu te envie para o Arkham agora mesmo ou prefere se despedir dos outros?”

“Desculpe, você não está sendo clara.” Ele arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços, uma clara expressão de desafio que talvez tenha o deixado mais bonitinho ainda.

“Você quer tratar sozinho assuntos que dizem respeito a Liga da Justiça e isso é a coisa mais estúpida que você já pensou e olha, eu te conheço desde os meus 10 anos, você já fez muita coisa estúpida.” Ela o encarou imitando sua expressão, mas por dentro seu corpo se preparava para impedir caso o Wayne tentasse fugir.

“Eu preciso fazer isso eu mesmo, antes do Batman ser o todo-poderoso integrante da Liga e mentor dos filhos dos maiores heróis da Terra, ele é meu pai, Bruce Wayne e eu, Sebastian Thomas Wayne preciso salvá-lo.” Ele começou a gritar gesticulando demais com as mãos o que seria um problema caso Hope tentasse o ataca-lo, apesar dela ser mais rápida e saber lutar karatê, Bastian era mais forte e provavelmente saberia mais artes marciais que ela poderia nomear.

“Então, se você estava decidido a ir sozinho, por que mandou todos virem para a Mansão?” Ela rebateu, já estava começando a ficar irritada com o comportamento contraditório do Robin, ele mudava de opinião rápido demais, nem mesmo Viktor conseguia acompanhar as mudanças do melhor amigo.

“Eu sei lá!” Ele explodiu, soltando até mesmo seus equipamentos. “Eu ‘tô confuso, eu não sei o que fazer, de repente eu chego em casa e minha família toda não está e acabo recebendo o aviso de um psicopata mandando eu ir atrás do meu pai com os meus amigos.” Sebastian sentou-se no sofá, as mãos pressionando sua cabeça com um olhar vazio direcionado a entrada da batcaverna.

“O.k., vamos relaxar.” Hope se jogou no sofá ao lado dele. “Você não sabe onde sua mãe e sua irmã estão certo? É um bom começo se a gente tentar descobrir, mas antes disso, você vai subir e tomar um banho para relaxar em uma dessas banheiras que devem valer mais que a minha casa.” Ele assentiu, ainda com o olhar vazio direcionado ao grande relógio que já marcava duas horas da manhã. “Enquanto isso, eu ligarei para o pessoal e eles virão para cá para pensarmos em alguma coisa juntos, todo mundo, como uma equipe.”

“Lição 32: Sempre pense junto com a sua equipe.” Wayne murmurou assentindo freneticamente, como se acabasse de ter descoberto a solução para a paz mundial.

Com o mesmo entusiasmo, Bastian se levantou do sofá e saiu da sala de estudo indo em direção, onde Hope esperava que ele chegasse até um dos banheiros da mansão a deixando sozinha.

Ela não perdeu tempo e pegou seu celular do bolso esperando encontrar algum sinal durante a chuva forte que acontecia lá fora, rolou a lista de contatos até ter certeza de quem iria ligar; Viktor, Kara, Melina e Angel estavam fora de cogitação, até porque ela já sabia que eles estavam a caminho da Mansão e o trajeto, para quem não era um velocista, deveria demorar no mínimo uma hora e meia nas condições de tempo atual. Decidiu ligar para America, irmã de Viktor, lembrava vagamente dela e dos outros garotos terem combinado de ir assistir alguma pré-estreia para seguir alguma pista de um caso para a DP de Gotham.

“Quem é?” Ouviu a amiga gritar por cima de um barulho alto de alguma música, definitivamente ela não estava em um cinema.

“America, onde vocês estão? Não deveriam estar no cinema?” Hope imitou o tom da herdeira dos Queen, sabendo que provavelmente não adiantaria de nada.

“Hope? É você? Estamos em uma festa, na antiga parte de Gotham, parece que nosso individuo não queria nada nos cinemas, as coisas estão muito surtadas por aqui, os bad guys sabem como dar uma festa.” America respondeu e com um pouco de dificuldade Allen conseguiu entender tudo. “Eles estão comemorando algo, o marco de uma nova era em Gotham ou algo assim.”

“Esquece isso.” Hope respirou fundo, não estava acostumada a dar as notícias ruins. “Bruce Wayne está desaparecido, Sebastian está surtado e o imprestável do seu irmão ainda não apareceu aqui, você acha que consegue chegar com os garotos em, sei lá, dez minutos?”

“Ei calma aí, apressadinha.” America pediu, se sentindo confusa com as notícias recém recebidas. “Ninguém some com o aquele cara, sabemos bem quem ele é.”

“Bem, ele foi sequestrado e se vocês não tirarem suas bundas daí logo, teremos outro Wayne desaparecido. Dez minutos, Amm, se não eu mesma irei perseguir vocês na Antiga Gotham.”

“Tá, já encontrei os garotos, estamos partindo daqui há alguns minutos tenha paciência e não deixe o Sebastian cometer alguma loucura.” E com essas palavras ela desligou o telefone deixando uma Hope muito irritada, talvez ter supervelocidade não fosse tão legal assim quando você tem que agir de babá para o suposto líder da equipe.

Durante os próximos dez minutos Hope esperou pacientemente pelos amigos, mas nem mesmo Sebastian que, supostamente, ainda estaria na casa apareceu, ela ponderou se deveria procura-lo no andar acima, mas sabia o quanto os Wayne prezavam pela sua privacidade e entrar em cômodos feito louca provavelmente renderia uma reclamação e a última coisa que ela queria era deixar Sebastian Wayne irritado.

Talvez sua mente cansada tenha a feito cochilar no sofá que era insuportavelmente confortável, pois a próxima coisa que viu foi um Sebastian muito próximo da sua cara chamando o seu nome. Talvez foi o desespero de ter sido pega dormindo ou talvez ele estivesse próximo demais dela, pois a coisa que Hope fez a seguir foi acertar a cara do garoto com uma cabeçada que provavelmente doeu mais nele do que nela.

“O.k. foi uma cena legal e fofa de se ver, quer dizer, o Bastian foi todo cauteloso acordar ela e recebe uma cabeçada, quantas vezes podemos presenciar o Sebastian sendo nocauteado?” Alexandre falou, talvez a maior frase que já havia falado em todo aquele tempo que eles se conhecem, e Hope finalmente percebeu que os meninos e America estavam ali.

“Podem rir, o carma está aí para fazer vocês todos pagarem.” Sebastian falou, mal humorado enquanto massageava seu nariz.

“Sem conversas fiadas, estamos perdendo o foco.” Lucca ressaltou, estava parado no canto da sala com suas asas a mostra pronto para voar a qualquer segundo. “Os Wayne e o Alfred estão sumidos e o Viktor ligou dizendo que a ponte está bloqueada.” Disse o garoto ainda sem mover um músculo.

“Primeiro iremos ligar para a Selina, ela provavelmente está com a Jasmine e deve saber alguma coisa sobre o paradeiro do marido.” Hope pontuou finalmente recuperada da recém gafe que havia cometido.

“Eu não quero dar essa notícia para a minha mãe.” Sebastian disse voltando ao seu novo estado típico de humor. “A Jas vai ficar desolada, ela ama o pai, eu não consigo olhar para a cara dela e dizer que o nosso pai sumiu.”

“Seu tonto, sua irmã provavelmente estará dormindo essa hora.” America marchou decidida até a porta da batcaverna. “E se você não tem coragem para assumir tamanha responsabilidade, não sei como pretendia ir sozinho atrás do seu pai e deixa que eu falo com a sua mãe.”

“Então é isso? Vamos assumir a missão sem nem comunicar a Liga?” Alex perguntou, apesar da responsabilidade que a resposta daquela pergunta carregava ele parecia estar entediado, brincando com algumas chamas na sua mão.

“Não podemos avisar a Liga.” Jason Prince comunicou fazendo com que todos notassem a sua presença que geralmente passava despercebida. “O comunicador do Senhor Wayne não está com ele, o que significa que ele não queria que a Liga soubesse onde estava indo quando ele desapareceu, minha mãe me contou que todos os membros sempre andam com o comunicador para serem sempre localizados e é claro, como Sebastian já disse, o sequestrador deixou claro que ele queria que especificamente Sebastian e seus amigos fossem atrás do Batman.”

“Se o Batman não queria que a Liga soubesse significa que ela tem que ser discreta o máximo possível.” America se precipitou concluindo aquilo que Jason iria falar.

“E quem é melhor para fazer esse trabalho do que um grupo de heróis que o mundo nem ao menos conhece?” Lucca sorriu para os amigos, estava começando a gostar da ideia de participar de uma missão de verdade.

“Pessoal, acho melhor vocês olharem isso.” Hope pediu preocupada cortando a empolgação dos heróis, estava olhando através de uma das janelas que tinham vista para o jardim da entrada e ela não gostava do que via.

Lá fora, podia se ver milhares de câmeras e repórteres apontando para a frente da mansão, ao mesmo tempo em que um grande grupo de vilões, conhecidos por eles apenas dos arquivos da batcaverna, corriam em direção a entrada da mansão, o telefone de Hope tocou e, ainda em choque pela imagem que viam, colocou ele sobre a orelha.

“A identidade do Batman foi exposta, vocês tem que sair daí o mais rápido possível, estamos no aeroporto esperando vocês.” Kara praticamente gritou, falando rápido até demais.

“Para a Batcaverna, agora.” Sebastian ordenou, mesmo sem saber o que realmente estava acontecendo, o Wayne já havia deduzido que não era uma coisa boa.

A ação que se seguiu foi muito rápida, os heróis começaram a correr em direção ao relógio onde ficava a porta de entrada, Alex passou por último selando eles com ajuda de seus poderes.

“O Batman foi exposto, temos que sair agora daqui! Os outros estão nos esperando no aeroporto.” Hope anunciou quando todos pararam no meio da caverna.

“Rápido peguem tudo que acharem necessário e conseguirem em um minuto, espero vocês no carro.” Sebastian assumiu a liderança, lembrando a todos o porquê de ser um Robin.

“E como iremos falar com a Selina?” America perguntou pegando o máximo de armas que conseguia carregar.

“Usaremos meu comunicador assim que estivermos em um local seguro.” Sebastian gritou já na parte mais baixa da caverna, enquanto dava partida no carro.

No minuto seguinte todos se apertaram no carro, decidiram que seria mais seguro assim, já que quem quer que estivesse lá fora poderia derrubar qualquer um que tentasse voar. E com a mesma velocidade que entraram na batcaverna, eles deixaram a mansão para trás sendo engolidos pela madrugada, agora novamente chuvosa, de Gotham City.