1. Spirit Fanfics >
  2. Battle Scars >
  3. A Fuga

História Battle Scars - A Fuga


Escrita por: Ryenla

Capítulo 1 - A Fuga


Frio. Pior que a fome. Que a agonia, que a dor em meu corpo, por estar correndo há mais tempo do que deveria ser possível. O frio era algo capaz de me fazer alucinar como se estivesse em um deserto. Mas não podia me transformar, não aqui, em uma floresta, onde tudo o que vejo é verde e marrom, minha loba branca seria muito mais visível do que minhas roupas discretas, e pior ainda, não poderia ficar em cima das árvores.

Então, que escolha eu tinha? Além de ficar imóvel, torcendo para não ser vista, pra que eles estivessem se afastando, perdendo meu rastro. Só que eu sabia que não seria tão fácil, ainda faltava muito para o anoitecer, quando seria mais fácil para fugir. E eu estava cansada demais para conseguir ficar aqui por muito mais tempo.

Quando tinha sido minha última refeição? Tenho certeza de que era um coelho, há muito não sei qual o gosto de comida humana. Forçada a fugir e me esconder durante dias seguidos, dependendo de minha loba para caçar, coisa que nem podia me dar o luxo agora.

Podia escutá-los exatamente debaixo do galho onde eu estava, há uns cinco metros. Mal me lembro de como consegui chegar aqui, coisa da adrenalina provavelmente, ser perseguida a tiros faz essas coisas com você. Eram três pelo que eu podia ver, mas eu sabia que tinha mais, havia um SUV ali por perto com mais uma dúzia deles. Me perseguiram por quilômetros até aqui.

O meu crime? Acho que não gostavam muito de furries, ou de pessoas que se transformam bichinhos peludos... Ótimo, agora estou divagando, logo eu desmaio e tudo terá sido em vão. Respiro lentamente para limpar a cabeça presto mais atenção em meus perseguidores.

Agora estão há alguns metros mais a frente, e posso me ajeitar melhor e avaliar o estrago.  Meus sapatos já eram, mas tudo bem, posso viver sem eles. Há um corte enorme na lateral da minha calça, provavelmente da subida até aqui, mas pelo sangue seco dá pra ver que já curei quase tudo. O que me leva pra pior parte: A mancha feia, marrom e vermelha, de lama e sangue, na minha camiseta. Respiro fundo e... Sim, costelas quebradas, certeza, ai.

Correr está fora de questão, preciso mudar pra curar, e descer pra mudar, ou seja, estou literalmente ferrada. Aos poucos, a dor, o cansaço e o frio, principalmente o frio, vai me deixando cega do mundo, e caio no sono.

Um conselho: Nunca durma com frio, nunca. Mesmo que a sensação de frio diminua consideravelmente, a chance de não acordar é muito grande. Percebo meu erro ao sentir toda a dor voltar de uma vez, e, com um gemido de dor e pânico, começo a cair.

Uso minhas mãos para me apoiar em um galho mais baixo, e muito lentamente, vou soltando o peso desse saco de pancadas que chamo de corpo até outro galho, e dali para o chão.

Calculo que já seja noite por um tempo agora, e nem sinal das pessoas que estavam me procurando. Depois de uma tentativa fracassada, percebo que não vou conseguir sair da camiseta sem desmaiar de dor, então tiro a calça e me transformo.

Antes mesmo de tocar as patas no chão, eu sinto o cheiro deles. Longe demais para minha forma humana perceber. Merda! Minha pelagem branca é visível mesmo nesse breu, e com um rápido olhar ao meu redor, constato: estou cercada.

Parece que o pessoal do SUV resolveu dar um passeio noturno, porque tem gente pra caralho aqui e estão armados. Rapidamente, avalio minhas opções, que não são muitas... Lutar e morrer? Fugir e morrer? Ficar paradinha e ganhar um doce por ser uma boa menina? O quê, Eu não posso sonhar?

Certo, esquece a coisa do doce, essa loba aqui passou a vida na floresta e vai morrer livre, mesmo que machuque um bocado. Meus novos amigos se aproximam lentamente, e um tiro passa raspando pela minha orelha. Tarde demais, percebo que não é uma arma de fogo. Droga! Sedativos? A opção ‘’morrer’’ parece bem mais tentadora agora.

Rápido demais para eles processarem, eu avanço, fazendo um belo estrago na cara do primeiro que consigo alcançar, mas sou muito lenta, e eles são muitos, e antes que eu perceba, já estou desmaiando novamente.

 

 

Não sinto mais frio. É meu primeiro pensamento. O segundo é que estou nua, o que não faz muito sentido. Tento abrir os olhos, mas a claridade é muita para meus olhos hipersensíveis. Apoio minhas mãos em um piso estéril, e sinto que estou em uma espécie de cela. Aos poucos, minha visão vai melhorando e posso confirmar minha teoria. Yep, olá, cela. Completamente vazia, com a exceção de uma abertura pequena, por onde passa uma luz artificial, que era o que iluminava minha cara quando acordei.

Percebo também alguns furos circulares nas paredes, bem pequenos, provavelmente para a circulação de ar. Do lado esquerdo, onde estou, consigo farejar pelo menos três pessoas, humanos, que tocaram em mim, porque também sinto seu cheiro em meu corpo. Eca. Atravesso a cela, que deve ter apenas uns cinco metros, e não estou nem na metade quando sinto o cheiro que vem dos furos do outro lado.

Lobo! Não, além disso. Alfa. Por um momento fico parada na cela sem ter certeza do que fazer, nunca encontrei um alfa e ainda assim, juro por minha vida que tem um na cela ao lado.

Lentamente, vou me aproximando, calculando em minha cabeça qual deveria ser o procedimento. Devo dizer olá? Me submeter, mesmo que ele não possa ver? Mas também, qual a necessidade? Ele está tão fodido quanto eu, sem razão para formalidades.

Encosto na parede e clareio a garganta. Ouch! Faz tempo desde que eu usei minha voz. De qualquer forma, sem resposta do outro lado. Tomo coragem, encosto meu nariz nos furos e respiro fundo.

Yep! Alfa, certeza. E que cheiro bom... É como se apesar de toda merda que passei, eu estivesse perto de casa. Por alguns segundos eu fico ali, apenas sentindo o cheiro e me acalmando, cheiro de grama recém cortada, cheiro de casa, é maravilhoso, e viciante.

Sem perceber, devo ter feito algum som, porque ouço um gemido em resposta, e um som de thumpf! Que me parece muito com uma cabeça batendo na parede.

“Oi, amigo. Tudo bem aí? ” Digo baixinho.

Outro gemido. Ótimo, meu companheiro de prisão está pior que eu.

“Hun... Tem alguém aí? ” Pergunta o morto-vivo em questão.

Quase não consigo responder de surpresa ao ouvir a voz dele, wow, como é bom ouvir alguém!

“Olá, eu estou, eu acho, na mesma situação que você... é... digo... Alfa?”

“Alfa? ” Ouço um rosnar, oh oh, acho que fiz algo errado.

Ele deve ter sentido o meu medo, por que o rosnar para, e, quando ele fala de novo, sinto que está completamente acordado.

“Ômega!? ”

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...