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História Battle Scars - Maverick


Escrita por: Ryenla

Capítulo 4 - Maverick


Maverick Carter


Quem sabe há quanto tempo
Eu estou acordado agora?
As sombras em minha parede não dormem
Elas continuam me chamando, acenando...
Quem sabe o que é certo?
As linhas continuam ficando mais finas”

Nothing Left To Say Imagine Dragons

 

 

Eu sabia que estava sonhando antes mesmo de entender sobre o que o sonho era. Eu estava em um parque, sentado em um balanço. O dia estava nublado, mas mesmo assim a claridade era incrível em comparação a penumbra de minha cela.

Foi quando percebi exatamente onde estava, e quando estava. Era mais uma lembrança do que um sonho, o que fazia um pouco de sentido já que eu não sonhava há muito tempo.

Eu me lembrava bem daquele dia, muitos anos atrás, e tentei me preparar para o que ia ter de rever.

“Maverick!” Ouvir aquela voz fez meu peito doer, e apesar de querer fugir, lutar, fazer qualquer coisa, eu não tinha controle sobre meu corpo, e só pude ficar assistindo a cena de novo.

“Luke! Eu te procurei o dia inteiro, meu pai me contou que você não estava se sentindo bem, eu fiquei preocupado!” Minha voz soava estranha para mim, porque, na época, eu devia ter uns quinze anos.

“Me desculpe, Rick. Eu e seu pai tivemos uma longa conversa. Eu precisava de um tempo para pensar, acabei esquecendo do nosso almoço.”

“Não me chama assim! Que esquisito. E foi você quem perdeu, já faz tempo que eu almocei.” Eu realmente odiava aquele apelido, mas estava mais chateado por ele ter dito que tinha esquecido de mim.

E, no entanto, tudo o que ele fez foi soltar um risinho divertido, um som musical que fazia aquele dia feio de outono se tornar um dia de verão, azul como seus olhos. Claro que eu não diria algo assim pra ele. Ele era a pessoa mais bonita que eu já tinha visto na minha vida, e todo mundo gostava dele. Agora, revendo, percebo meu erro, e tenho vontade de dizer a ele tudo o que eu não disse.

“Um dia, você vai se tornar um Alfa tão incrível como seu pai, talvez até melhor que ele, mas não o diga que eu te disse isso!” Ele piscou o olho pra mim e eu acabei rindo, ele parecia tão feliz que era contagiante.

“Eu sei. Meu lobo já é quase maior que o dele, e eu cacei um veado sozinho no final de semana.” Eu sorri pra ele orgulhoso, que passou a mão em minha cabeça, bagunçando o meu cabelo.

“E você vai ter uma alcateia só sua, não é?”

“Sim! Com uma loba Alfa, bonita como minha mãe, e um Beta muito mais forte que o bobão do Dave.” Eu fiz careta pra ele, que me olhou em reprovação.

“O bobão do Dave!? Que maldade, Rick. Dave gosta tanto de você, ele vive fazendo tudo o que você pede.”

“Por isso mesmo. Ele nem luta sério comigo, de tão banana que é. Ele pensa que pode me machucar.”

Luke só balança a cabeça e se senta ao meu lado. “Você não tem jeito, não é? E um Ômega? Você não vai ter um Ômega na sua alcateia?”

Eu paro pra pensar um pouco, antes de responder. “Você, é claro. Você vai ser o meu Ômega.”

Dessa vez, ele não se controla e ri de verdade. “Rick... Eu sou uns vinte anos velho demais pra ser o seu Ômega, além do mais, eu já tenho o pessoal por aqui, eles precisam de mim.”

Eu suspiro, e me levanto. “Então, talvez, eu não queira um Ômega mesmo, afinal, você até caça pra eles e eles nem aparecem pra almoçar.”

Ele se levanta também e me abraça. Parece coisa da minha cabeça agora, mas posso jurar que seu abraço foi mais apertado e demorado que o normal, que o cheiro de tristeza que senti não era minha imaginação, e tantos outros pequenos detalhes que fiquei revirando por anos, de novo e de novo.

Depois de um tempo ele me solta. “A gente almoça junto outro dia, pode ser?” Ele sorri pra mim, daquele jeito que eu sei que é impossível eu dizer não.

“Tá certo.” Nesse instante, ouço minha mãe me chamando. “Eu tenho que ir, até mais, Luke.”

Já estou correndo, quando me viro para trás pra acenar pra ele. A cena está se desbotando e me sinto despertar aos poucos. Olho para seu rosto, e tento guardar todos os detalhes em minha mente, seu sorriso, seu cheiro, mas já está tudo sumindo. Eu não quero, sei que essa vai ser a última vez que vou vê-lo, e tem tanta coisa que quero dizer a ele, perguntar. Mas sei que é tarde demais, e mesmo ali, entre o sono e o despertar, sei que não posso mudar o passado.

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Acordo com um cheiro que em pouco tempo se tornou muito familiar para mim. Um cheiro doce maravilhoso de morangos, e tenho que cerrar os dentes para segurar a vontade que tenho de me jogar contra a parede da cela. Tenho que lembrar a mim mesmo que é impossível, que as paredes são feitas de aço ou coisa assim, que já tentei de todas as maneiras. E que mesmo na lua cheia, quando meu lobo fica muito mais forte, o máximo que consegui foi fazer uns arranhões.

Da cela ao lado, posso ouvir alguns suspiros, um som bem baixo. Me aproximo da parte vazada da parede e escuto com atenção. Ela definitivamente está dormindo, e pelo visto está com muito calor, porque não para quieta. O lobo em mim fica desesperado para fazer alguma coisa, ele já a vê como nossa, e fica revoltado de não poder fazer nada. Quanto a mim? Prefiro não pensar muito na rapidez com que ela se tornou tão importante na minha vida, pode ser perigoso.

Nada garante que vamos sair daqui vivos e bem, e tem muita coisa que ainda não disse a ela. Eu sei que deve ter muito mais tempo que estou aqui do que eu acho, posso sentir que, quando eu durmo, existem alguns pulos no tempo, as luas passam, e às vezes o ciclo não faz sentido, o que significa que provavelmente eles me doparam com bastante frequência.

Aos poucos a névoa do sono vai passando, assim como os detalhes do meu sonho, e as memórias do que aconteceu mais cedo vão voltando pra mim. Ainda dá pra sentir o cheiro de sexo no ar, e aproveito que ela está dormindo pra me aproximar o máximo possível e respirar profundamente. Ômega. Minha. Meu lobo uiva dentro de mim e tudo que eu mais quero é acompanha-lo, a marcar como nossa, sair desse inferno com ela.

Sem conseguir me controlar por mais tempo, eu rosno baixo e percebo que ela acaba acordando.

“Maverick?” Oh, não. A voz dela não esconde que o calor ainda está forte. Eu finalmente entendi porque acontecia tanto alvoroço na alcateia quando Luke ficava assim. Eu mesmo estava a ponto de puxar meu cabelo até arrancar.  

Foi quando ouvi a porta da comida da minha cela se abrir. Estava a meio caminho dali quando ouço o barulho da sala ao lado.

Um berro estridente ressoa pelo lado de fora e posso ouvir garras raspando pelo chão.

“Amy!?”



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