História Be Alright - Fifteenth

​Cassie Miller

Dei um último trago do baseado que estava em minhas mãos e o devolvi ao Connor. Estávamos em uma boate que eu não fazia ideia do nome ou onde ficava. O local não era muito grande, mas era bem legal. Todas as paredes eram cobertas por fotos de bandas de rock em preto e banco.

Monster do Paramore começou a tocar e eu corri pra pista. Comecei a dançar sozinha, alguns cara se aproximavam, mas eu simplesmente me afastava ou saia de perto. Eu queria apenas me divertir. Todos os baseados que fumei me deixavam com a sensação de estar nas nuvens e tudo ao meu redor era engraçado.

Connor se aproximou assim que a música acabou e me entregou uma cerveja. Terminei com ela em poucos minutos. Depois de curtir mais algumas musicas junto com ele resolvi ir ao bar pegar mais alguma coisa pra beber, minha boca estava muito seca por conta da maconha.

— O que a gatinha vai querer? - o barbam disse pra mim assim que me aproximei.

— hmm - falei pensando - me surpreenda - me apoiei no balcão - faço seu melhor drink - sorri e ele retribuiu se afastando um pouco.

Enquanto ele preparava a bebida me sentei em um banco perto da entrada e saída do bar e consegui reparar mais um pouco nele. Ele era alto, forte, com os braços cheios de tatuagens, tinha a pele branca, olhos e cabelos escuros e uma barba mal feita que o deixava completamente sexy. Era bonito, muito bonito, eu não podia negar.

Ele terminou a mistura e se aproximou me entregando o copo com o líquido vermelho.

— Pronto. E se tiver bom o que eu ganho? - ele disse dando a volta no balcão e parando do meu lado.

— Surpresa, vamos descobrir se está bom mesmo.

Peguei um canudo que tinha ali perto e coloquei na bebida. Dei um gole sentindo o liquido descer ardendo na minha gargantas, mas estava muito bom.

— O que achou? - ele perguntou enquanto eu colocava o copo de volta no balcão.

— Realmente, gostoso - respondi o olhando e ri.

— Gostoso é? - ele disse com um sorriso safado e colocou a mão na minha coxa desnuda - então acho que eu mereço uma recompensa né? - ele falou se aproximando mais de mim enquanto subia sua mão pelo meu corpo.

Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa ou ter qualquer tipo de ração eu senti um braço me puxar e dei de cara com Justin me encarando.

— O que você pensa que está fazendo? - ele disse grosso.

— Justin? - disse confusa - O que você veio fazer aqui?

O barman nem se preocupou apenas voltou a fazer suas coisas, provavelmente achando que Justin era meu namorado e não querendo arrumar confusão no local de trabalho.

— Eu vim te buscar - ele disse sério, mas eu comecei a rir como se aquela fosse a melhor piada do mundo.

Justin travou o maxilar e passou a mão pelos cabelos tentando se acalmar. Eu só não entendia porque ele estava tão nervoso.

— Eu não vou embora Justin. Aqui é bem legal e eu estou me divertindo.

— Se divertindo? Você está completamente chapada e agindo como uma vadia dando mole pro primeiro que aparece na sua frente.

Não pensei duas vezes e levantei a mão pra dar um tapa na cara dele. Toda aquela sensação de andar nas nuvens e felicidade foi substituída por raiva quando a palavra vadia saiu da boca do Justin. Infelizmente ele foi mais rápido que eu e segurou meu pulso.

Nos encaramos por alguns segundos e ele começou a me puxar pra fora do local. Eu tentava me soltar ou parar de andar, mas ele é mais forte que eu. Assim que chegamos ao estacionamento escuro e vazio eu comecei a fazer mais pirraça pra não ir com Justin, então ele simplesmente me segurou pela cintura e me jogou em seus ombros me levando até o carro enquanto eu mandava ele me soltar e ele me ignorava.

Justin me colocou no banco de trás do carro e entrou em seguida trancando as portas. O motorista saiu e eu comecei a gritar com ele por ter feito aquilo.

— VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE SE INTROMETER ASSIM NA MINHA VIDA JUSTIN.

— EU TO FAZENDO ISSO PRO SEU BEM.

— EU SEI ME CUIDAR.

— NAO PARECE.

Bufei irritada e me virei pro outro lado tentando não olhar na cara dele. Não teria jeito de parar aquele carro e voltar, eu também não iria me jogar dele em movimento, até porque estava trancado, então simplesmente aceitei a situação. Eu ainda estava sentindo uma raiva enorme do Justin. Quem ele pensa que é pra agir dessa forma comigo? E ainda me chamar de vadia? Eu já sou bem grandinha e sei me cuidar muito bem. Eu não estava fazendo nada demais pra ele agir dessa forma ou me chamar assim.

O caminho de volta foi longo e eu já sentia os efeitos ruins da bebida misturada com a maconha me atingir. Meu corpo começou a ficar mole e eu sentia um formigamento estranho nos meus braços e pernas. Encostei um pouco a cabeça no banco e essa foi uma péssima ideia pois tudo começou a rodar. Fiquei de olhos fechados por um tempo.

— Cassie, você está bem? - ouvi Justin perguntar baixinho.

— Me deixa em paz - respondi seca.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, mas logo voltou a falar.

— Nós já chegamos.

Levantei a cabeça e vi que estávamos na entrada de serviço do hotel, por algum milagre não tinha fãs ou paparazzi ali. Abri a porta do carro e sai de lá com dificuldade. Eu estava mole e com tontura, seria difícil andar. Justin me segurou e sussurrou alguma coisa que eu não entendi. Ele me pegou no colo de novo, dessa vez não me pôs como um saco de batatas em suas costas, ele me segurou como um noivo segura a noiva. Me aninhei nos seu colo sabendo que sem a sua ajuda não conseguiria dar um passo se quer.

Respirei fundo no pescoço do Justin e deixei que seu cheiro entrasse nas minhas narinas. Por mais raiva que eu estivesse dele, eu ainda adorava seu cheiro. Quando percebi já estávamos dentro do meu quarto.

Justin me carregou até o banheiro e me colocou embaixo do chuveiro com roupa mesmo. O choque com a água gelada fez com que eu despertasse mais e conseguisse terminar o banho sozinha.

Assim que sai do banheiro já com o pijama vi que Justin estava sentado na cama encarando o chão. Eu ainda não estava me sentindo 100% bem, mas estava com muita raiva dele.

Justin me olhou e quando eu os abrir a boca pra falar o quão babaca ele tinha sido, Bieber se levantou e se aproximou me pedindo pra não falar nada.

— Deixa a briga pra amanhã, agora eu preciso cuidar de você.

Suas palavras fizeram meu corpo arrepiar e mesmo que eu tivesse morrendo de raiva, naquele momento tudo que eu queria era deitar na cama com Justin e dormir sentindo seu cheiro, faziam dias que eu não dormia assim e eu acabei me acostumando com isso.

Não respondi nada, apenas fui até a cama e me deitei. Justin se deitou do meu lado e começou a fazer carinho no meu cabelo, em poucos segundos eu peguei no sono.

***

Quando acordei no dia seguinte Justin não estava mais no quarto. Eu não sei em que momento ele saiu dali, mas agradeci por não encontrá-lo ao meu lado. Eu estava com uma dor de cabeça enorme e muita fome, olhei no relógio e já estava na hora do almoço.

Entrei no banheiro e tomei um banho rápido, coloquei uma roupa simples e desci pra comer. Pedi mentalmente pra não encontrar o Justin pois eu não tinha capacidade de lidar com isso agora.

O elevador parou um andar abaixo. Assim que ele abriu a porta pude ver Connor do outro lado.

— Cassie - ele disse entrando e me dando um breve abraço - o que aconteceu ontem? Eu vi o Justin la na boate e depois vocês sumiram.

— Ele me trouxe embora. É uma longa história que eu não tô a fim de falar agora - confessei e ele assentiu.

— Que pena que vocês não ficaram lá, você não sabe o que aconteceu.

Ele começou a me contar sobre a noite e eu apenas ouvia calada.

Eu já conhecia o Connor a algum tempo, mas só ontem que conversamos de verdade. Eu o peguei fumando sozinho e ele achou que estava ferrado, mas eu apenas pedi um pouco. Acabamos conversando bastante e descobrindo que curtimos a mesma banda. Ele me falou desse lugar que ele conhecia e eu disse que queria ir, então combinamos de ir depois do show.

Quando entramos no restaurante Connor estava terminando a história sobre dois bêbados que tentaram brigar, mas não deu muito certo. Eu acabei soltando uma risada alta que chamou a atenção das pessoas que estava nas mesas mais próximo a entrada, entre elas Justin e Scooter.

Quando meu olhar cruzou com o de Justin o sorriso no meu rosto foi se desfazendo aos poucos. Ele estava sério e me encarava sem demonstrar nenhuma reação. Como um flashback, revivi o momento em que ele me chamou de vadia na minha cabeça e senti a raiva volta a tomar conta de mim.

— O que rola entre você e o Justin? - Connor perguntou.

— Como assim? Não rola nada - falei o olhando.

— Se você não quiser falar tudo bem, mas da pra perceber que tem algo.

— Isso é impressão sua - falei - vamos sentar logo - sai andando até uma mesa e Connor me seguiu rindo.

Logo depois do almoço tivemos que voltar para a estrada. Justin ainda não veio falar comigo e eu também não dirigi a palavra a ela e nem queria. Eu estava decidida a ignorar Juntin Bieber. Toda vez que eu o olhava a única lembrança que vinha na minha cabeça era ele me chamando de vadia. Saber que era isso que ele pensava sobre mim me machucava. Eu nunca me importei muito com a opinião das pessoas sobre mim. Mas com o Justin é diferente. Eu me importo com o modo como ele me vê. Me importo com a opinião dele. Eu me importo até demais, bem mais do que eu deveria.

Talvez essas palavras vindas dele tenham surgido tanto efeito sobre mim porque no fundo eu sei que quebrei uma das regras do nosso acordo. Mas esse acordo não existe mais, então não importa, assim com esse sentimento que eu vou sufocar até a morte.