~Sábado, 07:21
Eu estava acordada á horas, pensando em como será daqui pra frente, será que tudo vai mudar? Será que vou perder minhas amizades? Será que vou fazer novas amizades? Será que vou ser isolada? Será que vou sofrer bullying? Todas essas perguntas, e algumas outras, me assombravam a horas. Ouvi a aeromoça falando aquelas coisas chatas sobre o avião estar pousando e como eu deveria proceder durante a aterrissagem.
O avião pousou e todos desceram, fui seguindo o pessoal que tava no avião pra achar onde eu pegaria minhas malas, esperei na esteira a minha mala e peguei sem nenhuma dificuldade ~aham~ .
Andei pelo aeroporto na intenção de encontrar meu pai, falhei, não o achei.
~ Sábado, 08:32
MAIS DE UMA HORA E NADA, ninguém apareceu pra me buscar. Eu já tinha passado da frustração para a raiva. Me sentei no chão e coloquei meu celular pra carregar, quando consegui achar um carregador vazio, estiquei as pernas e fiquei olhando pro nada e pensando em várias formas de matar meu pai de formas dolorosas e lentas.
- Han, oi, você tá aqui tem um tempo, precisa de ajuda?- Uma moça com um uniforme, provavelmente uma aeromoça, peguntou me tirando do meu filme de vingança mental.
- Oi, sim, você tem um telefone que eu possa usar?- Falei me levantando.
- Claro, vem comigo. - a segui- qual seu nome?- Ela perguntou sendo simpática.
- Alice, Alice Byers.- Disse ainda seguindo ela.
- De onde você é? Seu sotaque é diferente.
- Brasil, São Paulo, conhece? - Falei tentando ser simpática também.
- Já ouvi falar.
Chegamos em uma sala de espera ou algo do tipo, ela me mostrou o telefone e disse que eu poderia pegar chá ou café nas máquinas.
~Ligação On~
- Alô, quem fala?
- Ah, oi, não é ninguém importante não, se fosse você se lembraria de me buscar no aeroporto!!
- Ai meu Deus, Alice, eu esqueci totalmente...
- Nossa, nem tinha percebido.
- ... eu tenho uma reunião, eu vou mandar alguém pra te buscar nesse momento, prometo, mas agora eu tenho que desligar.
~ Ligação off~
Não acredito nisso.
Coloquei o telefone no lugar e voltei em direção ao saguão, lotado, não aguentava mais carregar aquele carrinho cheio de malas. Parei e fiquei observando o tempo por uns longos minutos até que um homem se aproxima, ele usava terno e gravata, tinha cabelo bem preto e cheio de gel, olhos verdes, um maxilar lindo e sem nenhuma barba, lindo, teria ele saído de uma revista??
- Você é a Alice? Byers?- Fiz que sim com a cabeça, tenho certeza que minhas mãos estão suadas, que homem - Seu pai me pediu pra te levar pra casa - e sorriu, que sorriso, dentes perfeitos e super brancos, teria ele saído de uma revista de odontologia?
- Vamos?- Falei e ele fez que sim com a cabeça e andou, fui atrás, não pude deixar de reparar que ele tinha uma bunda linda, teria ele saído de um revista de... Parei.
Segui ele até o carro, entramos e seguimos o caminho inteiro em silêncio e eu só tenho um comentário: QUEM DEU UMA CARTEIRA DE MOTORISTA PRA ESSE HOMEM? Ele quase atropelou uma mulher na faixa de pedestre, atravessou todos os sinais vermelhos, não usou a seta do carro uma vez e estacionou a 5km da calçada. Sai do carro um pouco tonta e traumatizada, olhei para o prédio e era um prédio alto e espelhado, me virei pro armário, não tinha reparado o quanto ele é alto, e perguntei:
- Meu pai mora aqui? Parece o prédio do Tony Stark.
- Não, aqui é a empresa dele, vem entra- e me arrastou pra dentro do prédio. Percebe, Ivair, a delicadeza de um cavalo.
- Qual seu nome mesmo?- Perguntei enquanto entrávamos no elevador, quebrando um milênio de silêncio.
- Daniel.
Olhando assim de perto os dentes dele não são tão bonitos e o cabelo é duro, por causa do gel.
Chegamos no andar e ele entrou para uma das salas e me deixou sozinha.
- Tudo bem, eu espero aqui, sem problemas!- Falei pra mim mesmo.
Me sentei em um sofá e esperei mais cem anos, envelhecendo e perdendo tempo de vida parada feito uma estátua.
~Sábado, 11:54
Eu continuava sentada no mesmo lugar, olhando diretamente pela janela esperando que qualquer coisa explodisse ou caísse, eu nunca estive tão entediada em 16 anos, me levantei e fui até o elevador, quando eu ia apertar o botão pra descer ouço vozes e uma porta se abrindo, me viro e vejo meu pai com uns outros homens, todos de terno e gravata, inclusive o Daniel, fiquei parada e meu pai veio até mim, colocou uma das mãos no meu ombro e disse:
- Essa é a minha filha, Alice, ela veio do Brasil hoje, será minha sucessora na empresa!
Sorri mostrando os dentes. Quando eu disse que seria sucessora? Eu não sei administrar meu Instagram, como vou administrar uma empresa? A empresa que meu pai tem é uma espécie de babá de famosos, ele tem vários agentes que cuidam da carreira de vários famosos, é até legal, já consegui conhecer vários ídolos graças a empresa, mas eu não sirvo para administração.
Meu pai se despediu dos homens e eles sairam dali, exceto Daniel.
- Então... Não vamos pra casa? -Falei sentindo meu estômago virar do avesso de tanta fome.
- Vamos sim, vou até minha sala pegar minhas coisas, espere aqui._ Ele foi pra sala e Daniel foi atrás.
Esperei e fomos para casa.
~ Sábado, 14:24
Era a mesma casa de quando eu vinha o visitar, o meu quarto tinha sido reformado, estava menos infantil do que das outras vezes, esperei 16 anos pra ele mudar essa decoração.
Fechei a porta do meu quarto e vi minhas malas em um canto. Eu poderia arrumá-las nos armários agora, poderia, mas não vou. Abri a mala média e tirei uma blusa, uma calça jeans e roupa íntima, entrei no banheiro do quarto e tomei um banho demorado, peguei uma toalha, me enxuguei e vesti minha roupa, escovei os dentes e passei protetor solar, fui até à cozinha e peguei algo pra comer, me sentei no balcão e peguei meu celular, ainda não tinha um chip pra usar aqui então precisava do Wi-Fi da casa, comi rápido e fui até o meu pai, achei ele no escritório.
- Tá ocupado?_ Falei abrindo a porta lentamente pra não fazer barulho.
- Não, pode entrei, Lice._ Falou anotando alguma coisa.
- Eu preciso da senha do wi-fi._ falei e ele deu uma risada divertida.
- Do lado do modem. Segunda feira você já começa a estudar, só pra te lembrar que você está aqui pra estudar, não esqueça._ falou sério.
Apenas concordei com a cabeça, ele era assim, sério e seco, pelo menos quando se tratava dos negócios da família, que eu nunca tive interesse mas como ele consegue me controlar facilmente, sinto que vou, por insistência, cuidar dos negócios no futuro.
~Sábado, 21:09
Já tinha saído da sala dele e estava no meu quarto, me deitei na cama e virei pro lado e vi uma caixa enfeitada, me levantei e fui em direção a caixa, abri e pra minha surpresa era meu material escolar, fechei a caixa.
- Ótima idéia, Alice, ótima idéia "fazer intercâmbio e passar um tempo com meu pai"_ falei pra mim.
Me deitei na cama e dormi antes de conseguir pensar em qualquer coisa.
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