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História Be Together - Eu não tenho mais ninguém


Escrita por: fireandsoul

Notas do Autor


Olá belezuras, voltei.

Boa leitura.

Capítulo 3 - Eu não tenho mais ninguém


Fanfic / Fanfiction Be Together - Eu não tenho mais ninguém

Eva

Minha vida estava um inferno, não tinha um dia no qual eu tivesse paz. Uma sequência gigantesca de fatos aconteceram nos últimos meses.

    Para começar, depois que Thor me apresentou ao Presidente, ele foi embora. Fiquei sob a guarda de seguranças fornecidos pelo governo. Um tratado foi feito entre todos os países. Todos sabiam da minha existência, mas não tinham meu nome ou foto circulando. E foi aí que o pânico começou.

Cristões passaram a fazer rezas para que Deus os livrasse do mal que eu era. Países mulçumanos faziam orações pedindo por misericórdia e que suas almas fossem salvas.  E claro, isso não era generalizado, mas cada religião estava lidando de uma maneira. Muitas pessoas estavam conformadas, já que foi garantido que eu não faria mal algum, que na verdade eu fui escolhida a dedo por Deus. E, naquela altura do campeonato eu já não sabia de mais nada, me sentia uma completa estranha, vivendo em um lugar onde parecia não me aceitar mais. Ir trabalhar havia virado um inferno, eu tinha que ouvir todos falarem sobre mim, sem ao menos poder me defender.

Com o passar dos dias as coisas foram ficando cruéis, os comentários maldosos e desprezíveis eram terríveis. Tudo piorou quando minha foto foi vazada e a partir daí minha vida toda foi exposta. Comecei a ser sufocada pela mídia, a porta do meu prédio parecia um vespeiro, ao ponto de eu ter que me mudar para a segurança dos outros moradores. Larguei meu emprego e fui parar em uma casa no meio da floresta. Tudo o que eu precisava o governo me levava, eu não tinha autorização para fazer absolutamente nada sem supervisão. 

Passei a estabelecer uma rotina na intenção de achar algum tipo de paz, mas foi impossível. Correr todos os dias de manhã era exaustivo, o anel e eu ainda estávamos nos entendendo, ele tirava muito de mim, eu estava sempre muito cansada e não sabia como resolver isso. Nesse meio tempo também comecei a conhecer meus poderes ou pelo menos alguns deles. Minha audição estava pelo menos três vezes mais aguçada, assim como minha visão. Se me concentrasse o bastante, conseguia ouvir as vozes nos rádios nos ouvidos dos seguranças quando eles estavam por perto. Também conseguia formar um pequeno círculo de energia concentrado na minha mão. 

Já haviam se passado quatro meses desde que tudo começou e em nenhum dia depois daquele Thor voltou, ou qualquer um de seus amigos. Eu estava completamente sozinha, longe da minha família e minha melhor amiga, sem emprego e afastada da civilização. No fundo eu sei que o governo temia que eu fosse uma ameaça e o tempo que eu passava ali era um estudo que eles faziam sobre mim.

Passei todo aquele tempo lendo os livros que Thor deixou para mim, junto com uma carta que encontrei no meio de um deles. Seu irmão, Loki, havia separado todos os livros para que eu pudesse aprender mais sobre o anel e os novos reinos, consequentemente aprender quem eu havia me tornado. 

Como Thor havia dito, eu entenderia a língua usada nos livros, bom, realmente. Assim que bati os olhos, consegui ler como se fosse minha língua mãe, era estranho, porque nunca ouvi uma palavra sequer, mas tinha quase certeza que as pronunciava corretamente. 

Lembro de Steve dizendo que existiam outros iguais a eles e bom, a mim também. Eu esperava que sim, estava lendo como abrir o portal para a outra Terra, onde ele e seus amigos se encontravam, mas estava tão irritada com a falta de contato, sem ninguém para conversar, que estava beirando os meus limites.

Jogada na poltrona de couro enquanto lia um dos livros, sentindo o cheiro da madeira velha que me cercava a algumas semanas, pensei que pelo menos naquele dia eu teria sossego. Estava redondamente enganada.

Os passos pesados quebrando os galhos do chão foram facilmente ouvidos por mim. Não me movi, segui sentada, sabendo que ao lado de fora os seguranças estavam prontos para expulsar quem quer que fosse. E assim eles fizeram, aos gritos de protestos das pessoas que ousaram invadir a propriedade onde eu estava. “Aberração” era a palavra que eu mais escutava quando falavam sobre mim, menos para Thor e companhia, eles eram os heróis que o mundo sempre sonhou. 

E como tudo que existe tem limites, eu tinha acabado de atingir o meu. 

A raiva que transbordava de mim era tão imensa que meus olhos estavam acesos, a luz azul brilhava de dentro de mim, se espalhando pelo resto do meu corpo. A corrente de vento era tão forte dentro da casa que derrubava tudo que não tivesse um pouco mais de peso.

Era injusto eu ter que sofrer por algo que não pedi, por algo que não era culpa minha. Eu estava cansada de ser pisada.

Estava treinando há algum tempo para o dia de hoje, o dia em que eu precisaria sair dessa loucura que havia me metido.

Abrir o portal era relativamente fácil, não precisava de palavras difíceis, apenas concentração e foco. Era questão de acessar a fonte de poder dentro de mim e mandar para as minhas mãos, pensando no lugar em que eu queria ir. Não era fácil a parte do lugar, já que nunca estive lá, mas pensei da melhor maneira possível.

A luz azul começou como um pequeno ponto nas palmas das minhas mãos e foi crescendo rapidamente conforme eu emanava mais energia para ela. Quando estava do tamanho de uma bola de basquete, eu estiquei e soltei no ar. Automaticamente o portal se abriu da luz.

Do outro lado dele pude ver um extenso gramado verde, ao fundo existia um prédio, ou algo do tipo. Com toda a coragem que eu tinha, o atravessei. Não precisei fechá-lo, ele fez isso por si só.

Do outro lado estava sol, a temperatura era morna, nem muito quente, nem muito frio, igual na outra Terra. Varri o lugar com os olhos até me localizar e pelo visto tinha dado certo, eu estava no centro de controle dos Vingadores, bom, era como eles se intitulavam.

Caminhei a passos firmes para dentro da instalação. A porta de vidro dava para dentro de uma sala grande revestida de madeira e mármore. Não precisei procurar muito, assim que a porta abriu me deparei com quem eu procurava e um pouco mais.

No grande sofá de couro do lado direito estava Natasha, a bela ruiva, ao seu lado estava Bruce, sempre quieto e encolhido. Steve estava em pé, ao lado do sofá e ao seu lado, Stark, que me olhava um tanto quanto surpreso. Clint estava ao fundo da sala, isolado. 

No outro sofá estava Wanda e ao lado dela uma pessoa ou coisa, vermelha, com um ponto amarelo na cabeça. Em pé ao lado do sofá estava uma loira, seu cabelo era curto, ela usava um traje azul e vermelho, ao seu lado estava ele, Thor.

O loiro abriu um sorriso ao meu ver, mas o fechou assim que me aproximei a largos passos furiosos.

Eva… 

Antes que ele dissesse mais alguma coisa, a palma da minha mão se espalhou em sua bochecha. Ele levou alguns segundos para se recompor.

- Eva é o cacete. Você e seu grupinho apareceram no meu apartamento, largaram um monte de livros, contaram uma história maluca e vazaram. Me deixaram sozinha para lidar com toda essa merda jogada nas minhas costas.

Estava tão irritada que praticamente gritava e mais uma vez a manifestação dos meus poderes se fez presente, me fazendo brilhar em azul.

- O que eu deveria fazer com toda essa informação? Digerir e seguir a minha vida? Você tem merda na cabeça? Eu não tenho mais vida! - Alguma coisa se quebrou atrás de mim, parecia vidro. - Tive minha vida exposta, fui caçada pelo país todo, o mundo inteiro está uma loucura, precisei largar meu emprego e a minha casa, não falo com meus pais a meses, nem com a minha melhor amiga. Eu fui xingada de aberração para baixo, me desejaram todo o mal que você pode imaginar. 

Estava tão irritada que não sentia o chão sob os meus pés, meu corpo tremia, quente, cheio de raiva.

- Essa profecia de ser o elo entre os dois mundos, a  protetora dos nove reinos. Besteira! Você me largou em uma jaula cheia de leões para morrer dilacerada, foi embora e nunca mais voltou para me ajudar a entender tudo, para me ensinar.

Ele abriu a boca para falar algo, mas eu o impedi. A voz dele iria me fazer perder todo e qualquer controle que eu ainda tinha.

- Cala a boca! Eu não terminei.

Me voltei para o resto do grupo que observavam a cena. Stark estava vestido em sua armadura, ele a colocou sem eu ver. Steve segurava seu escudo em frente ao corpo, Wanda estava envolta por uma luz vermelha e o Clint segurava uma flecha entre os dedos.

- Todos vocês foram lá e me largaram. Todos são responsáveis pela merda que aconteceu comigo. Vocês poderiam ter me trazido, mas preferiram aparecer em um mundo cem por cento humano, mostraram a cara, causaram um alvoroço, irritaram líderes religiosos e foram embora, me deixando para trás. Não me venham dizer que sou protetora de alguma coisa, vão pro inferno com essa merda toda.  Deus sabe que se acontecer algo em uma dessas Terras, vocês vão morrer porque eu não vou ajudar ninguém. A mesma coisa para esses nove reinos. Eu não tô nem aí.

A adrenalina do meu falatório me fez esquentar. Eu realmente não sentia o chão, mas porque meus pés não o tocava, eu estava flutuando a centímetros do chão, estava completamente envolta na luz azul, irradiando pequenas bolas de energia, uma delas deveria ter quebrado a mesa de centro, o vidro estava por todos os lados.

Alguém agarrou o meu pulso, olhei furiosa. Era a loira que eu não conhecia, ela tinha uma luz amarela, um pouco alaranjada, assim como eu. Ela me puxou para baixo com força. 

- Calma… - Pediu.

Calma? Naquela hora? 

Empurrei a loira com força, não foi calculado, ela voou para o outro lado do ambiente, quebrando todas as prateleiras de vidro que ficavam ao fundo da sala. 

- Deus sabe que eu não sou ruim, nunca fui. Mas o que vocês fizeram comigo foi desumano, cruel. Eu não quero ter calma, quero paz. Eu não tenho mais ninguém.

Não tinha mais o que falar, minha garganta estava doendo, não por gritar, mas pelo choro que eu segurava. Deixei que as lágrimas rolassem ao mesmo tempo que me retirei do lugar. 

Antes de atravessar a porta meu corpo se chocou com o de outra pessoa. Eu não o conhecia e não o tinha visto. Vestido em um traje preto de couro com direito a uma capa amarela por dentro, o homem era alto, tinha os cabelos na altura dos ombros, tão negros quanto uma penumbra. Por um segundo nossos olhos se encontraram, eram azuis como os meus, porém mais discretos, os meus gritavam. Ele, o rapaz de pele pálida, parecia...chateado.

Não tinha tempo para lidar com as emoções alheias, apenas desviei e saí do lugar. Caminhei pelo gramado e abri novamente o portal, o atravessando de volta para a minha cabana no meio do nada.

Eu queria sumir.

 



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