História Bear - 41–A Perda

 YouJin

—Não posso dormir aqui...—SeungHee disse meio sonolenta, enquanto se remexia na cama de olhos fechados.

—Fala um trava-língua. Se você conseguir, pode ir pra casa.—Me sentei ao lado dela e comecei a acariciar seus cabelos.

—Tigres pratos de trigo tristes para três... Não!—Fez uma pausa.—Tristes pratos de três para tigres trigos.—Pude perceber seus olhos se pesando cada vez mais.

—Desiste... Você não vai sair daqui, pequena.—Disse baixo para não acordá-la e continuei acariciando seus cabelos.

Se celular vibrou sobre o criado, não pude deixar de ver quem era. Peguei o mesmo, desbloqueando ele já que não tinha senha. Era JinJin. Apenas visualizei e não respondi. Aliás eu não era SeungHee.

Revirei os olhos. Esse cara só podia estar brincando com a minha cara. Me levantei da cama, pegando uma toalha, pois logo depois do beijo, SeungHee havia vomitado nos meus sapatos. Então eu os deixei na varanda antes de entrar.

Fui para o banheiro, tentar me livrar daquele cheiro horrível de vomito.

Binnie

Senti meu corpo estremecer quando a recepcionista nos chamou para visitar meu pai. Ele estava realmente mal.

—Calma Binnie. Ele vai ficar bem.—MoonBin apertou minha mão. Ele pôde me passar firmeza.

Eu não sei se eu poderia confiar nele. Não agora. Mas MoonBin estava ao meu lado, ao contrário de SeungJun. Nos levantamos da poltrona e uma onda de calor atingiu meu corpo, quando eu percebi suas mãos coladas na minha.

Caminhamos até o quarto de meu pai. MoonBin abriu a porta lentamente e eu entrei correndo. Desesperada.

—Pai! Não me deixa!—Eu o abracei forte. Tão forte que era possível escutar os batimentos de seu coração, que estava frágil.

—Calma Binnie...—MoonBin segurou em meu ombro.

—MoonBin...—Meu pai disse com a voz frágil e rouca, como se estivesse surpreso com a visita do mesmo.

Meu olhar se virou para o mais novo, voltando a olhar para o meus pai um pouco confusa.

—Vocês se conhecem?—Meu pai assentiu, mas MoonBin negou.—Se conhecem ou não?

—Não... Eu não o conheço.—MoonBin disse firme.

—Eu sei que ele é o amor... O amor da sua vida.—Meu pai disse.—Preciso contar algo a vocês dois.

—Sim, senhor. O que houve?—Ele se juntou a mim, se aproximando de nós dois.

—Eu...—A voz do meu pai parecia cada vez mais distante.—MoonBin... Mãe...—O aparelho de respiração anunciou um barulho forte. Ele se foi?

—Pai! Fala comigo! Pai!—Tentei o sacodir, enquanto as lagrimas caiam.

MoonBin saiu desesperado do quarto atrás dos enfermeiros. Era uma dor forte, tão forte quanto a perda de mamãe. Eu era muito nova. Eu sou muito nova.

—Pai o senhor não pode me deixar...—Abracei o meu pai forte, como se aquilo pudesse o trazer de volta.—Pai!

—Vamos... A gente sabe o quanto é duro, mas a senhora precisa se retirar.—Uma das enfermeiras disse enquanto MoonBin pegava em meu braço.

Eu tentava me soltar de MoonBin. Eu queria ficar com meu pai. MEU PAI.

—Ele se foi, MoonBin... Eu estou sozinha.—Disse chorando. Era um choro muito intenso assim como a dor que eu sentia naquele momento.

—Você não está sozinha.—MoonBin meu puxou, me fazendo o abraçar.

Eu retribui o abraço, me aconchegando em seus braços. Eu o apertei contra mim. O que eu estava fazendo? Por que estava assim com ele? Por um momento, achei que tudo o que eu estava vivendo fosse um sonho, misturado com um pesadelo.

Eu, aqui abraçada com MoonBin, sentindo seu cheiro, meu corpo contra o seu, ouvindo as batidas do seu coração.

Meu pai, morto, me deixando. Era mais um pedaço do meu coração indo.