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História Beautiful Chaos - Garoto Conjurador


Escrita por: ByunTaeng0309

Notas do Autor


HEYY GUYS ~ milhões de desculpas pela demora :x eu queria ter postado mais cedo, só que minha mãe decidiu não me deixar para quieta em casa a semana inteira :C.

Enfim curtam o capitulo <3

Capítulo 41 - Garoto Conjurador


 

Yuri e eu não conversamos muito no caminho de volta do lago. Tínhamos que levar o carro de Tiffany, mas eu não estava em condições de dirigir. Meus pés estavam cortados e eu tinha dado um mau jeito no tornozelo ao me esforçar para pular aquela última árvore.

Yuri não se importou. Estava curtindo ficar atrás do volante do Fastback.

—Cara, essa coisa é forte. Tem a força de um pônei, baby.

A admiração de Yuri pelo Fastback estava irritante hoje. Minha cabeça girava e eu não queria ouvir sobre o carro de Tiffany pela centésima vez.

— Então acelere. Temos de encontrá-la. Ela pegou carona na moto de um cara.

Eu não podia dizer que ela provavelmente conhecia o cara. Quando Tiffany tinha tirado aquela foto da Harley no cemitério? Dei um soco na porta frustrada.

Yuri não apontou o óbvio. Tiffany fugira de mim. Estava bem claro que não queria ser encontrada. Ela apenas continuou dirigindo, e eu fiquei olhando pela janela enquanto o vento quente fazia arder as centenas de pequenos cortes no meu rosto.

Alguma coisa estava errada havia algum tempo. Eu só não queria encarar. Não tinha certeza se era algo que fizeram com a gente, se eu tinha feito com ela, ou se ela havia feito comigo. Talvez fosse alguma coisa que ela tivesse fazendo com ela mesma. Foi no aniversário dela que tudo começou  e na morte de Siwon. Eu me perguntei se seria Gain.

Todo esse tempo, eu achava que se tratava daqueles estágios idiotas do luto. Pensei no dourado dos olhos dela e na gargalhada do sonho. E se isso se tratasse de tipos diferentes de estágios, estágios de outra coisa? Algo sobrenatural? Alguma coisa das Trevas?

E se fosse aquilo de que tínhamos medo desde o começo?

Bati na porta de novo.

— Tenho certeza de que Tiffany está bem. Ela precisa ficar sozinha. — Yuri ligou o rádio e então o desligou. — Sistema de som maneiro.

— Que seja.

— Ei, devíamos passar no Dar-ee Keen para ver se Qri está trabalhando. Talvez nos arranje um sorvete. Principalmente se aparecermos com esse carrão.

Yuri estava tentando me distrair, mas não ia dar certo.

— Como se houvesse uma pessoa na cidade que não soubesse de quem é esse carro. Devíamos deixá-lo em casa. Sooyoung deve estar preocupada. Isso também me daria uma desculpa para ver se a Harley estava na casa de Tiffany.

Yuri insistiu:

—Você vai aparecer com o carro de Tiffany sem Tiffany? E isso não vai preocupar as primas dela? Vamos parar pra tomar um gelado e pensar no assunto. Nunca se sabe, talvez Tiffany esteja no Dar-ee Keen. Fica bem no fim da estrada.

Ela estava certa, mas isso não fez eu me sentir melhor. Só pior.

— Se você gosta tanto do Dar-ee Keen, devia ter arrumado um emprego lá. Ah, calma, você não pode, porque vai estar na escola durante o verão dissecando sapos com os outros Condenados que repetiram em biologia.

Condenados eram os superformandos, os que sempre pareciam estar na escola, mas de alguma maneira nunca se formavam. Os caras que usavam as jaquetas dos times da escola anos depois, enquanto trabalhavam no mercado.

— Olha quem fala. Você podia ter um trabalho de verão pior? Na biblioteca?

—Eu posso arrumar um livro pra você, mas aí você precisaria aprender a ler.

Yuri estava frustrada com meus planos de trabalhar na biblioteca durante o verão com Sunny, mas eu não ligava. Ainda estava cheia de perguntas sobre Tiffany, a família dela e os Conjuradores da Luz e das Trevas. Por que Tiffany não teve que se Invocar no décimo sexto aniversário? Não parecia o tipo de coisa da qual se conseguia escapar. Será que ela podia mesmo escolher entre ser da Luz ou das Trevas? Era tão fácil assim? Como O Livro das Luas tinha sido destruído no incêndio, a Lunae Libri era o único lugar que podia ter as respostas.

E havia outras perguntas. Tentei não pensar na minha mãe. Tentei não pensar em estranhos de moto e pesadelos e lábios sangrando e olhos dourados. Em vez disso, fiquei olhando pela janela e observei as árvores passarem como uma mancha na paisagem.

O Dar-ee Keen estava lotado. Isso não era surpresa, pois era um dos únicos lugares aonde dava para ir a pé da Jackson High. No verão, você podia seguir a trilha de moscas e acabava sempre chegando ali. Antigamente chamado de Dairy King, o lugar tinha ganhado um nome novo depois que os Gentry o compraram mas não quiseram gastar dinheiro para fazer um novo letreiro. Hoje, todo mundo parecia mais suado e irritado do que o normal. Andar um quilômetro e meio no calor da Carolina do Sul e perder o primeiro dia de farra e cerveja quente no lago não estava nos planos de ninguém. Era como cancelar um feriado nacional.

Hyomin, Nana e Raina estavam na mesa boa do canto com o time de basquete. Estavam descalças, de biquíni e saia jeans super curtas — do tipo com um botão aberto, mostrando uma visão poderosa da parte de baixo do biquíni mas sem deixar cair completamente. Ninguém estava de muito bom humor. Não havia um pneu sequer em Gatlin, então metade dos carros tinha ficado no estacionamento da escola. Mesmo assim, havia risadas e jogadinhas de cabelo. Hyomin estava ajeitando o sutiã cortininha do biquíni e JiYeon, sua vítima mais recente, estava adorando.

Yuri balançou a cabeça.

— Aquelas duas querem ser o centro das atenções, a noiva no casamento e o cadáver no velório.

— Desde que não me convidem pra nenhum dos dois.

—Tae, você precisa de açúcar. Vou entrar na fila. Quer alguma coisa?

— Não, obrigado. Precisa de dinheiro?

Yuri nunca tinha dinheiro.

—Não, vou convencer Qri a me dar de graça.

Yuri conseguia convencer as pessoas de praticamente tudo. Passei pelo meio da multidão, indo para o lugar mais longe possível de Hyomin e Nana. Fui até a mesa do canto ruim, embaixo das prateleiras com latas de refrigerante e garrafas de todo o país. Alguns refrigerantes estavam lá desde que meu pai era pequeno, e dava para ver níveis diferentes de xarope marrom, laranja e vermelho desaparecendo no fundo das garrafas depois de anos de evaporação. Era bem nojento, junto com o papel de parede de garrafa de refrigerante dos anos 1950 e das moscas. Depois de um tempo, você nem reparava mais nisso tudo.

Sentei-me e olhei para o xarope escuro que desaparecia, meu humor engarrafado. O que tinha acontecido com Tiffany no lago? Em um minuto estávamos nos beijando, no outro, ela fugia de mim. Todo aquele dourado nos olhos. Eu não era burra. Sabia o que significava. Conjuradores da Luz tinham olhos pretos. Conjuradores das Trevas, dourados. Os de Tiffany não eram completamente dourados, mas o que eu tinha visto no lago era o bastante para me deixar confuso.

Uma mosca pousou na mesa vermelha brilhante, e fiquei olhando para ela. Reconheci a sensação familiar no meu estômago. Medo e pânico, tudo virando uma raiva indefinida. Eu estava tão furioso com Tiffany que queria chutar a janela de vidro na lateral da mesa. Mas, ao mesmo tempo, queria saber o que estava acontecendo e quem era o cara da Harley. Então dava uma surra nele.

Yuri se sentou à minha frente com o maior sorvete que já vi. As bolas iam até uns 10 centímetros acima da borda do copinho.

— Qri tem muito potencial — Yuri lambeu o canudo.

Até o cheiro doce do sorvete estava me enjoando. Senti como se o suor, a gordura, as moscas, as JiYeons e as Hyomins estivessem me sufocando.

— Tiffany não está aqui. Vamos embora.

Eu não podia ficar ali sentada como se tudo estivesse normal. Yuri, por outro lado, podia. Chovesse ou fizesse sol.

— Relaxe. Vou tomar isso tudo em 5 minutos.

Raina passou por nós enquanto ia encher o refil da Coca Diet. Ela sorriu, tão falsa como sempre.

— Que casal fofo. Está vendo, Taeyeon, você não precisa perder tempo com aquela cortadora de pneus e quebradora de janelas. Você e Yuri são as pombinhas feitas uma para o outra.

— Ela não cortou os pneus, Raina.

Eu sabia como a coisa toda ia se virar contra Tiffany. E tinha de acabar com aquilo antes que as mães delas se envolvessem.

— É. Fui eu — disse Yuri com a boca cheia de sorvete. — Tiffany ficou chateada por não ter pensado nisso antes.

Ela nunca conseguia resistir a uma oportunidade de perturbar a equipe de animadoras de torcida. Para elas, Tiffany era como uma piada antiga que não tinha mais graça, mas que ninguém conseguia esquecer. Esse era o problema das cidades pequenas. Ninguém nunca mudava de opinião sobre você, mesmo que você mudasse. No que dizia respeito a elas, mesmo quando Tiffany fosse bisavó, ainda seria a garota doida que quebrou a janela na aula de inglês. Isso porque a maior parte dos alunos da aula de inglês ainda estaria morando em Gatlin.

Eu não. Não se as coisas continuassem assim. Era a primeira vez em que eu pensava em ir embora desde que Tiffany viera morar em Gatlin. A caixa de livretos de faculdades debaixo da minha cama tinha permanecido lá até agora. Enquanto eu tinha Tiffany, não contava os dias para sair de Gatlin.

— Opa. Quem é aquele? — A voz de Raina saiu um pouco alta demais. Ouvi o sino da porta do Dar-ee Keen tocar quando ela se fechou. Era como em algum tipo de filme do Clint Eastwood, no qual o herói entra no saloon depois que acabou de atirar na cidade inteira. O pescoço de todas as garotas sentadas perto de nós se virou para a porta, rabos de cavalo louros e oleosos voando.

— Não sei, mas certamente gostaria de descobrir — ronronou Hyomin, aparecendo atrás de Raina.

— Nunca o vi antes. Você já o viu?

Eu podia ver Nana folheando o anuário da escola que tinha na mente.

— Não mesmo. Eu me lembraria dele.

Coitado. Hyomin o tinha na mira, com a arma carregada e engatilhada. Ele não tinha chance, fosse quem fosse. Eu me virei para olhar o cara em quem Lizzy e JiYeon dariam uma surra quando percebessem que suas namoradas babavam por ele.

Ele estava parado na porta usando uma camiseta preta surrada, jeans e coturnos pretos gastos. Eu não conseguia ver os coturnos de onde estava, mas sabia que estavam lá. Porque ele vestia exatamente a mesma coisa na última vez em que o vi, quando desapareceu no ar durante o enterro de Siwon.

Era o estranho, o Incubus que não era Incubus. O Incubus da luz do sol. Eu me lembrei do pardal de prata na mão de Tiffany enquanto ela dormia na minha cama.

O que ele fazia ali?

Uma tatuagem preta com aparência meio tribal envolvia seu braço, parecendo algo que eu já tinha visto antes. Senti uma faca na minha barriga e toquei a minha cicatriz. Ela estava latejando.

Nana e Hyomin foram até o balcão tentando fingir que iam pedir alguma coisa, como se tocassem em qualquer coisa além de Coca Diet.

— Quem é aquele? — Yuri não gostava de concorrência; não que ela estivesse em alta ultimamente.

— Não sei, mas ele apareceu no enterro de Siwon.

Yuri estava olhando para ele.

— É um dos parentes esquisitos de Tiffany?

— Não sei o que ele é, mas não é parente de Tiffany.

Por outro lado, ele tinha ido ao enterro para se despedir de Siwon. Ainda assim, havia algo de errado nele. Senti isso desde a primeira vez em que o vi.

Ouvi o sino tocar de novo quando a porta se fechou.

— Ei, Carinha de Anjo, me espere.

Congelei. Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Yuri também estava olhando para a porta. Ela parecia que tinha visto um fantasma, ou pior...

Jessica.

A prima Conjuradora das Trevas de Tiffany estava tão perigosa e gostosa com pouca roupa como sempre, só que agora era verão, então ela usava menos roupas do que o habitual. Estava com uma camiseta preta de renda justa e uma saia preta tão curta que parecia de criança. As pernas de Jessica pareciam mais longas do que nunca, equilibradas sobre um tipo de sandália de salto alto agulha que podia servir de estaca para matar vampiros. A maior parte da escola tinha ido ao baile de inverno, quando Jessica botou tudo abaixo e ainda conseguiu continuar mais gostosa do que qualquer garota naquele dia, exceto uma.

Jessica se inclinou para trás e esticou os braços acima da cabeça, como se tivesse acordado de uma longa soneca. Ela entrelaçou os dedos e se alongou ainda mais, mostrando mais pele e a tatuagem preta que envolvia seu umbigo. A tatuagem parecia com a do braço do garoto. Jessica sussurrou alguma coisa no ouvido dele.

— Puta merda, ela está aqui.

Yuri estava absorvendo lentamente. Ela não vira Jessica desde a noite do aniversário de Tiffany, quando a convenceu de não matar meu pai. Mas não precisava vê-la para pensar nela. Estava bem claro que ela vinha pensando muito nela, com base em todas as músicas que escreveu desde que ela foi embora.

— Ela está com aquele cara? Você acha que ele é, sabe, igual a ela? — Um Conjurador das Trevas. Ela não conseguia dizer.

— Duvido. Os olhos dele não são amarelos. — Mas ele era alguma coisa. Eu só não sabia o quê.

— Estão vindo pra cá.

Yuri olhou para seu sorvete e Jessica chegou até nós.

— Ora, se não são duas das minhas pessoas favoritas. Legal encontrar vocês aqui. Nichk e eu estávamos doidos por uma bebida.

Jessica jogou as mechas louras e cor-de-rosa por cima do ombro. Ela se sentou à nossa frente e fez sinal para o cara fazer o mesmo. Mas ele não se sentou.

— Nichkhun Horvejkul— disse ele como se fosse um nome só, olhando diretamente para mim. Os olhos dele eram tão pretos quanto os de Tiffany costumavam ser. O que um Conjurador da Luz estaria fazendo com Jessica?

Jessica sorriu para ele.

— Essa é a, você sabe, da Tiffany, sobre quem eu estava te falando. — Ela fez um gesto casual na minha direção com os dedos de unhas pintadas de roxo.

— Sou a namorada de Tiffany, Taeyeon.

Nichkhun pareceu confuso, mas só por um segundo. Ele era o tipo de cara que parecia tranquilo, como se soubesse que tudo terminaria a seu favor em algum momento.

— Tiffany nunca me contou que tinha namorada.

Todos os músculos do meu corpo se contraíram. Ele conhecia Tiffany, mas eu não o conhecia. Ele a tinha visto depois do enterro, pelo menos falado com ela. O que tinha acontecido, e por que ela não me contou?

— Como exatamente você conheceu minha namorada? — Minha voz saiu alta demais, e pude sentir os olhos em nós.

— Relaxe, Anãzinha. Estávamos aqui perto. — Jessica olhou para Yuri.

— Como você tá, gostosa?

Yuri limpou a garganta, sem graça.

— Bem. — A voz dela saiu meio desafinada. — Estou muito bem. Pensei que tivesse ido embora.

Jessica não respondeu.

Eu ainda olhava para Nichkhun, e ele devolvia o olhar, me avaliando. Provavelmente imaginando mil maneiras de se livrar de mim. Porque ele estava atrás de uma coisa (ou alguém) e eu estava atrapalhando. Jessica não ia simplesmente aparecer com esse cara agora, não depois de 4 meses.

Mantive meu olhar nele.

— Jessica, você não devia estar aqui.

— Não precisa se revirar, Namorada. Só estamos de passagem, indo para a fazenda.

Seu tom de voz era casual, como se não fosse nada demais.

Eu ri.

—Fazenda? Não iam deixar você passar pela porta. Tiffany botaria fogo na casa primeiro.

Jessica e Tiffany tinham crescido juntas, como irmãs, até que Jessica foi para as Trevas. Ela tinha ajudado Gain a encontrar Tiffany no aniversário o que fez com que todos nós quase morrêssemos, inclusive meu pai. Não havia possibilidade de Tiffany querer estar com ela.

Ela sorriu.

— Os tempos mudaram, Anãzinha. Não estou na melhor das situações com o restante da família, mas Tiffany e eu nos entendemos. Por que não pergunta a ela?

— Você está mentindo.

Jessica abriu um pirulito de cereja, que parecia bastante inocente, mas a uma arma superpoderosa nas mãos dela.

— Você obviamente tem dificuldade para confiar nas pessoas. Eu adoraria ajudar você com isso, mas temos que ir. Precisamos abastecer a moto Nichk antes que aquele posto caipira daqui fique sem gasolina.

Eu estava segurando a lateral da mesa, e os nós dos meus dedos ficaram brancos.

A moto dele.

Estava lá fora naquele momento, e aposto que era uma Harley. A mesma moto que eu tinha visto na foto presa à parede do quarto de Tiffany. Nichkhun tinha buscado Tiffany no lago Moultrie. E antes que ele dissesse qualquer outra coisa, eu sabia que Nichkhun não ia desaparecer. Ele estaria esperando na esquina na próxima vez em que Tiffany precisasse de carona.

Fiquei de pé. Não tinha certeza do que eu ia fazer, mas Yuri tinha. Ela se levantou e me empurrou em direção à porta.

— Vamos sair daqui, Tae.

Jessica gritou atrás de nós:

— Senti muita saudade de você, Yul.

Ela tentou fazer com que isso soasse sarcástico, como uma de suas piadas. Mas o sarcasmo ficou preso na garganta e a frase saiu parecendo verdadeira. Bati com a palma da mão na porta e a abri com força.

Mas antes que ela se fechasse, ouvi a voz de Nichkhun:

— Foi um prazer conhecer você, Taeyeon. Diga oi a Tiffany por mim.

Minhas mãos estavam tremendo, e ouvi Jessica rir. Ela nem precisava mentir para me magoar hoje. Ela tinha a verdade.

Não conversamos no caminho até a fazenda Choi. Nenhuma de nós sabia o que dizer. Quando chegamos ao fim do longo caminho que levava à casa, os portões estavam fechados, algo que eu nunca tinha visto antes. A hera tinha crescido por cima do metal retorcido, como se sempre tivesse estado ali. Saí do carro e sacudi o portão para ver se abriria, mas já sabendo que isso não ia acontecer. Olhei para a casa atrás dele. As janelas estavam escuras e o céu acima ainda mais.

O que tinha acontecido? Eu poderia ter lidado com o ataque de Tiffany no lago e com a sensação de que ela precisava se afastar. Mas por que ele? Por que o garoto Conjurador da Harley? Quanto tempo fazia que ela andava com ele sem me contar? E o que Jessica tinha a ver com aquilo tudo?

Eu nunca tinha ficado tão furiosa com ela antes. Uma coisa era ser atacada por alguém que se odiava, mas isso era diferente. Era o tipo de sofrimento que só podia ser causado por alguém que você amava e que também amava você. Era como ser esfaqueada de dentro para fora.

— Você está bem? — Yuri bateu a porta do carro.

— Não. — Olhei para o caminho à nossa frente.

— Nem eu. — Yuri jogou a chave dentro do Fastback pela janela aberta e descemos a colina.

Pegamos uma carona até a cidade; Yuri se virava a cada poucos minutos para ver se a Harley aparecia na estrada atrás de nós. Mas eu achava que não íamos vê-la. Aquela Harley não iria para a cidade. Pelo que eu sabia, ela já podia estar dentro daqueles portões.

Não desci para jantar, e esse foi meu primeiro erro. O segundo foi abrir a caixa preta do All Star. Espalhei o conteúdo sobre minha cama. Um bilhete que Tiffany havia escrito para mim no verso de uma embalagem amassada de Stickers, um ingresso do filme que vimos em nosso primeiro encontro, um recibo apagado do Dar-ee Keen e uma página sublinhada com marca-texto arrancada de um livro que tinha me feito pensar nela. Era a caixa na qual eu guardava todas as nossas lembranças — a minha versão do cordão de Tiffany.

Peguei a foto amassada do baile de inverno, tirada segundos antes de sermos encharcadas de neve derretida pelos meus supostos amigos. A foto estava tremida, mas fomos capturadas em um beijo, tão feliz que era difícil de olhar agora. Lembrar-me daquela noite, embora eu soubesse que o momento seguinte seria terrível, fez com que parte de mim ainda estivesse lá, dando aquele beijo nela.

— Kim Taeyeon, você está aí?

Tentei enfiar tudo de volta na caixa quando ouvi minha porta se abrindo mas a caixa caiu, espalhando tudo pelo chão.

— Você está se sentindo bem?

BoA entrou no meu quarto e se sentou ao pé da cama. Ela não fazia o desde que tive infecção estomacal, no sexto ano. Não que ela não me amasse. Era só que as coisas entre nós funcionavam de um jeito que não incluía ela se sentar na minha cama.

— Estou cansada, só isso.

Ela olhou para a bagunça no chão.

— Você parece mais pra baixo do que uma lampreia no fundo do rio. E um pedaço de carne de porco lá na minha cozinha com uma cara tão triste quanto a sua. É infelicidade demais. Ela se inclinou e tirou meu cabelo de cima do olho. Ela sempre pegava no meu pé para que cortasse o cabelo.

— Eu sei, eu sei. Os olhos são a janela da alma, e preciso cortar o cabelo.

— Você precisa de muito mais do que cortar o cabelo. — Ela fez uma cara triste e pegou meu queixo como se pudesse me erguer por ele. Nas circunstâncias certas, aposto que poderia. — Você não está bem.

—Não?

— Não, e você é minha garota, e é tudo minha culpa.

— Como assim? — Eu não entendi e ela não explicou; e era geralmente assim que nossas conversas aconteciam.

— Ela também não está bem, sabe — falou BoA baixinho, olhando pela janela. — Não estar bem nem sempre é culpa de alguém. Às vezes é apenas um fato, como as cartas que pegamos.

Com BoA, tudo se resumia ao destino, as cartas de tarô dela, os ossos no cemitério, o universo que ela sabia ler.

— Sim, senhora.

Ela olhou dentro dos meus olhos, e pude ver os dela brilhando.

— Às vezes as coisas não são o que parecem, e até uma Vidente não consegue ver o que está por vir. — Ela pegou minha mão e colocou uma coisa nela. Um barbante vermelho com pequenas miçangas amarradas, um dos seus amuletos. — Amarre no seu pulso.

— BoA, eu não uso pulseira.

— Desde quando faço bijuterias? Isso é pra mulheres com tempo demais e bom-senso de menos. — Ela puxou o avental, esticando-o. — Um barbante vermelho é uma ligação com o Outro Mundo, e oferece o tipo de proteção que não posso oferecer. Vamos, coloque-o.

Eu sabia que não devia discutir quando BoA estava com aquela expressão no rosto. Era uma mistura de medo e tristeza, e ela a usava como um fardo pesado demais para carregar. Estiquei o braço e deixei que ela amarrasse o barbante ao redor do meu pulso. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela estava na minha janela, tirando um punhado de sal do bolso do avental e o colocando ao longo do peitoril.

— Tudo vai ficar bem, BoA. Não se preocupe.

BoA parou na porta e olhou para mim, esfregando os olhos brilhantes.

— Cortei cebolas a tarde toda.

Alguma coisa não ia bem, como BoA disse. Mas eu tinha a sensação de que não era eu.

— Você sabe alguma coisa sobre um cara chamado Nichkhun Horvejkul?

Ela ficou tensa.

— Kim Taeyeon, não me faça dar aquela carne de porco para Lucille.

— Não, senhora.

BoA sabia alguma coisa, e não era boa, e ela não ia falar. Eu sabia disso bem quanto conhecia a receita de carne de porco dela que não tinha única cebola nos seus ingredientes.


Notas Finais


foi "curtinho" mas prometo recompensar, espero que vocês tenham gostado e ah OQ ACHARAM DO COMEBACK DA JESSICA VULGO ELSA????

ah uma coisa, se quiserem fazer amizade ou so me cobrar capitulo, falem cmg no tt @santateiao
um xero em vocês ~ e falem cmg no tt <3

Já ia esquecer se alguém ainda tiver fazendo provas boa sorteeeee e estudem <3


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