História Beautiful Confusion - It's a nightmare dressed like a daydream

Assim que subi as escadas em direção ao meu quarto, a porta do mesmo foi aberta por Hana. Ela me olhou e foi ai que percebi seus olhos avermelhados igual ao seu nariz. Eu segurei o choro assim que a vi e andei rapidamente em sua direção para abraçá-la. Ela me envolveu em seus braços e eu funguei sentindo suas mãos em meus cabelos.

-Me desculpa, Liz. –ela disse. -Me desculpa por ter dito aquelas coisas para você no sidewalk. Eu não queria que as coisas ficassem assim... Eu... Eu só acho que...

-Não é sua culpa. –eu sussurrei. -A decisão foi minha. A decisão de ir nessa festa foi minha. Tudo isso aconteceu por minha culpa. Você é a ultima pessoa que teria alguma culpa pelo que aconteceu.

-Você está bem? –ela perguntou.

-Eu deveria dizer que sim. Mas eu não estou. –eu falei e nós entramos no quarto. -Eu não estou nada bem, mas não quero mais tocar nesse assunto. Quero dormir um pouco ok? –ela assentiu com a cabeça. Eu fechei a porta e soltei as coisas em cima da poltrona.

Fui em direção ao banheiro arrastando meus pés contra o piso e assim que me olhei no espelho um suspiro. A maquiagem estava borrada e meu cabelo um pouco desgrenhado. O vestido estava rasgado e eu abri a primeira gaveta pegando um pote cheio de lenços. Abri a torneira e depois que o molhei comecei a retirar aquela maquiagem pesada.

 Retirei o vestido e lavei meu rosto em seguida. Penteie meu cabelo vendo minhas mãos tremerem ao segurar a escova de cabelo. As lagrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto e foi difícil escovar meus dentes aos soluços. Eu fechei meus olhos e me apoiei na mesa conseguindo ouvir algumas vozes no andar debaixo. Provavelmente meu pai estaria falando com a minha mãe. Comecei a fazer um exercício de respiração que tive que aprender quando as pressões aumentaram assim que fiz 16 anos e me virei para o espelho novamente. As cenas do que aconteceram no andar debaixo voltaram como flashbacks e eu funguei.

Eu faço de tudo, para todos. Tudo. Tudo para ser perfeita. A filha perfeita, uma aluna perfeita. Uma irmã perfeita. A garota perfeita do lado perfeito da cidade. Onde estão os meus sentimentos? É como se eu quisesse sentir as coisas, mas eu não sentia. Era como se eu estivesse ficando paralisada. Sendo controlada. Tendo que obedecer a todos, a todo momento. E isso estava pesando em mim. Não neles.

-Liz. –Hana me chamou assim que sai do banheiro já de pijamas. Eu a olhei enxugando meu rosto e a vi sentada na minha cama penteando seu cabelo. -Sei que as coisas saíram do controle lá embaixo, mas você é a pessoa que mais importa para mim então... Não se cobre tanto ok? Viver de aparências igual vivemos aqui as vezes não é a melhor opção. Precisamos ser nós mesmas.

-Eu não sei quem eu sou, Hana. –eu disse e caminhei ate a cama. Eu me sentei antes de deitar e afastei os cobertores enquanto ela colocava a escova de lado e se preparava para dormir. Hana descansou a cabeça no travesseiro e eu me deitei nela sentindo a mesma começar a passar suas mãos em meu cabelo.

-Então vamos ter que descobrir. –ela disse.

-Sabe que você é a minha irmã não sabe? –eu perguntei e ela assentiu com a cabeça. -Obrigada por ter saído comigo, eu sei que você não ficou muito afim quando eu disse com quem iríamos, mas... Você acabou indo. E por mais que a noite esteja terminando de um jeito horrível, eu me diverti hoje.

-Se você esta eu estou. –ela falou e eu assenti. -E eles até que são legais. A Brooke é meio doida mas...  –eu ri fraco. -Não vamos fazer algo assim novamente, vamos?

-Infelizmente, não. –eu falei e fechei meus olhos.

**

Eu abri meus olhos ouvindo a voz do meu irmão no andar debaixo. Eu pisquei algumas vezes e soltei um suspiro. As almofadas e os travesseiros estavam caídos no chão e assim que olhei em direção ao sol que entrava pela janela, meus olhos arderam. Eu me sentei na cama notando que Hana ainda dormia e não havia sequer ouvido o som do despertador irritante que eu tive que desligar. Eu me levantei calçando o crocs roxo e enquanto me direcionava ao banheiro, olhei brevemente um porta-retratos verde água com uma foto minha e da minha mãe em cima da mesa de estudos. Eu engoli em seco e entrei no banheiro. Meus olhos estavam inchados e vermelhos assim como o resto do meu rosto. Escovei meus dentes, lavei meu rosto e prendi meu cabelo em um coque enquanto chamava Hana avisando que estava na hora de acordar.

-Acho que nunca mais bebo na minha vida. –ela resmungou e eu assenti abrindo um sorrisinho e indo tomar um banho.

-Duvido muito. –eu falei e ela riu fraco. -E espero que não tenha babado no meu travesseiro. –eu completei.

-Sou praticamente uma princesa. –ela resmungou.

 Enquanto eu tomava banho, ela escovava seus dentes na pia e tentava dar um jeito no cabelo loiro embaraçado. Ela começou a se arrumar para a aula que começaria daqui alguns minutos e eu terminei o banho. Vesti uma saia rodada preta curta e uma blusa vinho que aparecia a barriga. Olhei alguns vestidos que eu tinha e escolhi um para dar para Brooke já que minha mãe havia rasgado o dela.

Arrumei minha cama e organizei o meu quarto antes de arrumar o meu cabelo e calçar um par de saltos médios. Peguei minha bolsa e fiz uma maquiagem um pouco mais forte para tentar esconder as olheiras e o inchaço nos olhos. O delineador e o rímel dariam conta disso.

Eu e Hana descemos as escadas juntas e caminhamos ate a mesa de jantar onde o café havia sido servido. Jhonny estava sentado sozinho na mesa. Ele já estava vestido para ir para a aula e usava um boné branco com a aba virada para trás. Ele estava ouvindo musica, mas assim que me viu retirou os fones.

-Bom dia Jhonny. –eu falei já me sentando e Hana se sentou ao meu lado.

-Oi, bom dia. –ele falou e deu um sorriso simpático para Hana que se sentou ao meu lado. –Como você esta, Liz?

-Perfeitamente bem. –eu falei me esticando e pegando uma taça de iorgute. Ele e Hana trocaram um olhar e eu o olhei com tédio. -Qual o problema?

-Nada. –ele respondeu mordendo um sanduíche com algum tipo de patê dentro. -Mamãe e o papai saíram. Ele a convenceu a ir com ele para o trabalho e deixar a gente dar uma respirada por causa do que rolou ontem. Ele disse que também seria bom para ela.

-Eu também acho. –eu disse passando a cesta com donnuts para a Hana. -Fazia tempo que ela não dava essas crises. Eu ate assustei.

-E com motivo. Pensei que ela arrancaria os seus cabelos. –ele falou. -A mamãe não é assim.

-Sabemos que não. –Hana falou. -Ela devia estar brava com alguma coisa e acabou descontando em vocês.

-Possivelmente. –ele falou sem muita convicção. -Como foi a festa ontem?

-Aquilo foi uma loucura. –Hana disse rindo. Eu a acompanhei assentindo com a cabeça e pegando algumas torradas.

-Foi mesmo.  Eu nunca tinha ido em um lugar daqueles. –eu falei. -Quando ficar mais velho, preciso te levar lá. Você vai amar.

-Agora começamos a falar a mesma língua, mana. –ele disse. -Me conte mais. Beijaram alguém?

-A Hana beijou. E era feio. –eu falei e ela riu alto.

-Não era feio! –ela praticamente gritou.

-Era sim Hana! –eu retruquei no mesmo tom. -Ele tinha um cabelo loiro, que parecia ser falso! –ela riu escandalosamente e Jhonny fez uma careta.

-Yuck! Credo. –ele falou.

-Ela esta mentindo! –ela disse e eu comecei a rir. -Mas ele beijava super mal. Arranhou minha boca toda com aqueles dentes!

-Cruz credo. –eu falei.

-E você? –Jhonny perguntou me olhando e eu franzi o cenho ficando séria novamente.

-Ah ela deve ter beijado o Chandler. –Hana falou e eu revirei os olhos.

-O Riggs? Da South?! –Jhonny perguntou. -O que todos falam que é um fuckboy? Sabe o que ele quer com você não sabe?

-Primeiro, eu não fiquei com ele. Segundo, isso não é da sua conta. Eu sei me cuidar e sei onde piso. –eu falei e ele revirou os olhos.

-Só o fato dele ser da South Side, já é um grande problema. –ele disse e eu assenti.

-Era. Era um grande problema, não é mais. Porque acho que vamos nos afastar. –eu falei e Hana franziu o cenho.

-Espera ai, mas e ontem? –ela perguntou. -Qual é Liz, eles são legais. Vai deixar de ter amigos por causa da divisão na cidade. E o Cory se esqueceu?

-O Cory é uma exceção. –eu falei. -Eles são diferentes.

**

Quando minha mãe ligou avisando que ela viria em casa para nos levar para a escola, uma tensão tomou conta de mim. Meu corpo ficou rígido no mesmo instante e quando entrei no carro preferi ir atrás com Hana. O caminho inteiro foi um total silencio e eu e Hana nos entreolhávamos de cinco em cinco minutos.

-Meninas... –ela falou e eu desviei o olhar do celular. Parece que minha tática de fingir estar interessada em alguma coisa havia falhado. -Onde estavam ontem? Na South?

-Na North. –eu e Hana respondemos juntas.

-Juram? –minha mãe perguntou e eu abaixei o olhar.

-Claro. –Hana disse. -Fomos nos encontrar com um pessoal da escola.

-Viu mãe, eu tinha falado isso para você. –Jhonny disse e voltou a olhar pela janela.

-E onde arranjaram as roupas? –ela perguntou.

-Compramos. –eu respondi.

-Compraram? Annelize você tem tanta roupa bonita, porque ficar usando um tipo de roupa assim? –ela perguntou e eu suspirei jogando algumas mechas do eu cabelo para trás.

-Eu gostei da roupa. Não vi nenhum problema em usá-la. –eu disse a olhando dessa vez. -E não vejo nenhum problema você deixar eu ir em festas. Tem que confiar em mim, eu já sou grande o suficiente. –vi Hana engolindo em seco. Eu sabia que presenciar o que ela presenciou ontem e estar no meio dessa conversa agora deveria ser constrangedor, mas minha mãe não nos dava outra saída.

O carro estacionou em frente à escola e Jhonny desceu do carro assim que se despediu. Hana o seguiu e minha mãe se virou para trás me olhando com atenção.

-Eu só estou cuidando de você, meu amor. –ela disse. -Quero que se torne alguém, quero que tenha boas notas... E se começar a andar com esse pessoal da South, você não vai ter nenhum futuro. Sabe como eles são não sabe? –eu fiquei calada sentindo minhas vistas embaçarem. Eu não gostava quando ela falava assim dos outros. Ainda mais por Cory estar incluído no grupo que para ela não iria ter uma boa vida quando adulto.

-Não fale assim deles, mãe. –eu disse passando a alça da minha bolsa tira colo pelo ombro. -Olha só, prometo que não vou fazer o que fiz ontem novamente, mas só me dê um tempo. Para eu respirar.

-Prometo fazer isso. –ela disse e assentiu com a cabeça. - Mas não quero que você se misture com essas pessoas. –eu respirei fundo. -Sério Annelize. Se eu souber que esta perto daqueles idiotas, eu vou vim aqui na escola. E você vai sair do Atlanta High.

-Vai me tirar da escola por eu estar perto de pessoas da South?! –eu perguntei ainda não acreditando. -Mãe, você não pode me privar de... –eu comecei e fui interrompida pela mesma.

-Posso. Porque sou sua mãe. E vou fazer isso se você me desobedecer, você já foi avisada. Vou pedir para os professores ficarem de olho em você, infelizmente depois do que você fez ontem as coisas serão assim agora. Então não me decepcione. –eu engoli em seco e sai do carro sem falar nada. Bati a porta do carro totalmente incrédula por ela estar fazendo isso.

 Assim que caminhei ate Hana ela já fez uma cara estranha só pela afeição que eu estava. Ela cruzou os braços olhando o carro se afastando e depois olhou novamente para mim.

-O que aconteceu? –ela perguntou.

-Jessica Waldorf aconteceu. –eu respondi. Eu olhei a escola brevemente e depois olhei Cory vindo na nossa direção junto com Finch que andava acenando para alguns garotos.

-Hey meninas... Vocês não vão acreditar no boy que eu peguei on... –Finch começou, mas parou assim que viu nossa cara de enterro.

-Nossa... O que rolou? –Cory perguntou.

-Problemas no paraíso. –Hana disse discretamente e eu olhei para ele.

-Sua mãe... –ele começou.

-É. –eu disse antes que ele terminasse a frase.

-Cara...

-Ela descobriu nossa fuga? –Finch perguntou e assim que eu assenti com a cabeça ele fez uma cara de que ferrou. Eu abaixei minha cabeça encarando o chão e em seguida olhei em volta vendo se havia algum professor por perto. Eu não duvidava nenhum pouco do que minha mãe poderia fazer, e não duvidava também que ela já tivesse falado com alguma pessoa que trabalhava na escola.

Vi Chandler encostado no muro perto do estacionamento rindo de alguma coisa. Ele estava com Brooke e Sam e eu acabei dando um sorrisinho me lembrando de como nos divertimos ontem.

Se eu queria ir ate lá e ficar com eles? É claro que eu queria, eles pareciam ser tão legais e pareciam ter tanta liberdade com os pais para fazerem o que bem entenderem que me dava vontade de me juntar a eles.

Mas eu podia? Não, eu não podia. Se eu fosse ate lá e ficasse com eles seria capaz da minha mãe me proibir ate de ver o Cory e a Jenny. E eu não queria isso.

-Hey, os losers estão ali. –Cory disse ajeitando a mochila nos ombros. -Quem quer ir lá dizer um “oi”? Preciso realmente saber o que eu fiz ontem na festa...

-Além de beijar uma ruiva? –Hana perguntou. -Não sei...

-Eu beijei uma ruiva? –ele perguntou com os olhos brilhando ainda não acreditando. Eu e hana reviramos os olhos. Antes que fossemos caminhando ate o trio, eles vieram na nossa direção primeiro.

-Olha só quem esta vivo! –Sam disse alto e rindo levantando a mão para bater com a de Cory. --E Finch, você não foi morto pelo psicopata. Estou feliz em ver você. –todos riram fraco menos eu.

-Brooke, aqui suas roupas. Obrigada por ontem, foi muito legal. –Hana disse entregando a ela a sacola com as peças de roupa e sapatos. Brooke sorriu e ao pegá-la franziu o cenho ao ver um outro modelo de vestido preto.

-Eu me diverti ontem. Vocês ate que são legalzinhas, mas esse vestido aqui não é meu. Devem ter se confundido. –ela disse e eu descruzei os meus braços olhando para ela.

-Eu sei. –eu falei rapidamente. -Me desculpa, é que... é que ontem... On-tem aconteceu uma... coisa com...–eu comecei a gaguejar e todos eles me encararam. Respirei fundo tentando organizar as palavras na minha cabeça antes de dizê-las. -Teve um problema com o seu vestido, mas eu não sabia onde você tinha comprado porque se eu soubesse eu compraria um igual, mas é que ele rasgou e eu não consegui consertá-lo, então peguei outro vestido para... –eu falei sem parar e Hana me deu um empurrãozinho para eu tentar me conter. Eu a olhei tentando me acalmar e depois olhei para Brooke que me olhava não entendendo nada e mostrando estar ate um pouco assustada. -Desculpa por rasgar seu vestido. Mil desculpas, você me emprestou e eu... Desculpa Brooke. –eu ajeitei minha bolsa e sai andando para segurar o choro.

O que estava acontecendo comigo? Qualquer coisa que eu fazia me lembrava de tudo que estava acontecendo na minha casa. E apenas de me referir a algo que aconteceu na noite passada, eu pirava.

-Liz, o que aconteceu? –Chandler perguntou vindo ate mim rapidamente e segurando meu braço para eu parar de andar. -Você esta bem? –eu engoli o choro e me virei dando um sorrisinho.

-Estou. Eu sempre estou bem. –eu disse e me soltei.

-Tá, mas não parece. –ele falou me segurando novamente quando eu iria dar as costas para ele. Me soltei mais uma vez e dei dois passos para trás me afastando.

-Olha só, o que fizemos ontem a noite, não aconteceu tudo bem? –eu perguntei e dei uma breve olhada para o resto do grupo que nos encarava. Chandler franziu o cenho não entendendo nada. -Eu não saí com vocês, a gente não se divertiu junto e isso não vai acontecer novamente. Ter mais amigos da South a não ser o Cory e o Finch não vai dar certo ok? E você... –eu olhei para o Chandler. –Se esta tentando me colocar na sua lista, isso também não vai acontecer. Então não fala mais comigo. Nenhum de vocês. –eu falei quase chorando. -Eu só quero que fiquem longe de mim. –eu sai andando para dentro da escola e passei pela entrada ouvindo o som dos meus saltos batendo contra o piso.

Pov’s Narradora

Hana soltou um suspiro e soltou o cabelo loiro do coque que o prendia. Cory deu uma olhada para a amiga esperando ela explicar o que estava acontecendo e os outros quatro a olharam em seguida depois de acompanhar a garota com o olhar.

-O que deu nela? –Sam perguntou. -Voltamos para a estaca zero e ela vai voltar a ser a metida irritante que destrói babacas?

-Cala a sua boca. –Hana falou irritada e ele a olhou de olhos arregalados antes de olhar para o amigo para ter certeza de que ele também ouviu isso. -Você não sabe o que aconteceu. Ela não esta nada bem.

-Então será que pode nos explicar, eu estou bem confuso. –Chandler falou encarando a garota. -Ela esta bem estranha, eu pensei que depois de ontem...

-Olha... Eu não posso falar tudo bem? –ela disse. -Esse assunto é pessoal, e se ela descobrir que eu contei ela vai me matar. Mas podem ter certeza de uma coisa, nem tudo é o que parece ser. Ela esta vivendo o inferno particular dela, então só vamos aguardar e ver no que vai dar. Ela não é muito afim de sair falando da vida dela e se abrindo com todo mundo. Então, acreditem em mim, não vão poder fazer nada.

-Isso vai  resultar em coisas ruins por acaso? –Finch perguntou. -Porque eu não gosto de coisas ruins.

-Eu não sei Finch. Mas os Evans fazem um belo estrago quando querem. –Hana respondeu e o sinal bateu.

-Meu Deus, eu preciso ir. Tenho álgebra III agora com o Finch e o Sr. Samuels vai recolher as pesquisas. –Brooke falou e olhou para Hana. -E escuta, eu não imagino qual é o problema dela, ela parece ter muitos problemas, mas ajuda ela a ajeitar isso, ela parecia bem mal.

-Brooke, corre! –Finch a gritou da entrada e a loira saiu correndo. 

-Nos falamos depois, eu também tenho que ir. –Cory falou e saiu correndo. Chandler olhou para Hana e Sam ainda pensando nas palavras que saíram da boca de Annelize.

-Aconteceu alguma coisa na casa dela? –Chandler perguntou e Hana encarou o chão ficando calada. -Ah qual é, falar um “sim ou não” não vai mudar porra nenhuma. –ela continuou calada. -Meu deus, como eu odeio quando garotas ficam de segredinhos, parece que é o fim do mundo e vamos ser os últimos a saber.

-Desculpa, mas se quiser saber vai ter que perguntar para ela. –Hana disse o olhando.

-Perguntar para ela? –Chandler perguntou. -Eu estou perguntando para você.

-Chandler sua tática de fuckboy mandão não funciona comigo. –a menina disse indiferente. - Se quiser saber de algo, vai atrás da Annelize, ela tem boca para te responder. –Chandler a encarou sério e travou o maxilar antes de assentir e dar as costas para os dois. Garotas conseguiam o deixar louco, ele nunca as entendia o suficiente para ajudar. Sam bufou e Hana o olhou enquanto o menino virava a aba do boné para trás.

-Não me manda calar a boca de novo, fica parecendo minha mãe. –ele disse e ela riu fraco e com um pouco de deboche.

-Ah tá. Como se você mandasse em mim para me dizer o que eu devo ou não fazer. –ela respondeu.

-Você é tão irritante. –Sam falou e ela saiu andando o deixando falando sozinho.

Pov’s Annelize

Eu estava sentada atrás de Mingus olhando fixamente para o quadro e aguardando a professora de laboratório. Ele me contava alguma coisa e eu apenas ia assentindo com a cabeça apesar de não estar prestando muito atenção. Eu nem me dei conta de que havia chegado apenas 10 minutos antes da aula começar, mas minha cabeça estava tão cheia que eu não conseguia me concentrar em nada praticamente. Um cheiro de hambúrguer e queijo invadiu minhas narinas e quando olhei para o lado, Chandler estava comendo um hambúrguer que provavelmente comprou na lanchonete.

-Sabe, a única coisa que me irrita é ver você conversando com ela. –Chandler disse puxando o banco e se sentando ao meu lado. -E me irrita muito. Mas é ate um pouco engraçado, porque parece que ela não esta prestando atenção em nada que você fala. –eu voltei a olhar para frente encarando o quadro.

-Bom, se eu conversar com ela te irrita, ouvir sua voz me irrita muito mais. –Chandler o encarou e riu fraco. A professora entrou na sala de aula e eu a acompanhei com o olhar. Mingus se virou para frente e Chandler me estendeu o hambúrguer.

-Aceita?

-Sofre de amnésia por acaso? Eu falei para você não conversar comigo. –eu disse sem olhá-lo.

-Isso é uma coisa muito difícil de acontecer, já que somos uma dupla. –ele falou.

-Não vamos ser mais, vou pedir para a professora me trocar com a dupla do Mingus. Tenho certeza que ela vai adorar fazer os trabalhos com você. –eu resmunguei e ele largou sua comida, o que fez alguns frascos que eu tinha arrumado, se bagunçarem.

-Vai em frente, quero estar perto quando você falar sua desculpa. –ele disse e eu revirei os olhos. -O que deu em você?

-Shh... –eu disse olhando a matéria que começava a ser passada no quadro.

-Não faz “shhh” para mim. Por que esta vindo com essas historia agora?  –ele disse e dessa vez eu o ignorei. -Mas que porra Annelize, será que dá para parar de ser ignorante e olhar para mim, mas que inferno! –ele disse um pouco alto e Mingus se virou brevemente para trás.

-O que quer? –eu perguntei olhando para Chandler.

-Qual o seu problema? Eu posso te ajudar. Alguém te falou alguma coisa e você quer que eu vou atrás para quebrar ele? –eu soltei o barulho de uma risada.

-Você? Me ajudar? –eu perguntei mal acreditando. -Jura, Chandler? Não seja um idiota, a única coisa que eu preciso é que você me deixe em paz. –eu falei e isso ao sair em voz alta me pareceu muito arrogante.

-Vou ignorar o que você falou e acreditar que você apenas esta de mal humor. –ele disse. -Se quiser falar comigo, é só falar ouviu? –eu encarei a professora e franzi o cenho. -Liz...?

Será que minha mãe havia mandado essa professora me vigiar também? E se ela ligasse para a minha mãe por eu estar falando com o Chandler?

-Annelize...

Eu iria sair da escola. E ficaria longe da Hana e do Cory, e teria que fazer novos amigos. E teria um outro primeiro dia de aula. E conviveria apenas com pessoas da North.

-Annelize você esta surda!? –Chandler praticamente gritou o que fez toda a sala olhar para nós brevemente. -Desculpa. –ele pediu e a professora negou com a cabeça em tom de reprovação.

-Parabéns. –eu resmunguei e Chandler me olhou seriamente. Ele franziu o cenho e bagunçou os tubos de ensaio sobre a mesa. Eu o olhei indignada e comecei a arrumar.

-Não bagunça as coisas. Eu arrumei tudo quando eu cheguei. –eu disse olhando os frascos e vendo qual era o menor para eu começar a organizar.

-Deixa assim, eu gosto das coisas bagunçadas. –ele falou e eu o olhei confusa negando com a cabeça.

-Tá, mas eu não gosto. –eu fui arrumar e ele bagunçou novamente. Eu o olhei brava dessa vez. Eu começava a sentir minhas mãos suando e minha respiração ficando ofegante. -Para com isso! Esta fazendo de propósito!

-Não tem problema. –ele disse.

-Tem problema sim! Como que não tem problema? Olha a bagunça... –eu falei e ele deu de ombros. Quando eu fui arrumar ele segurou minha mão.

-Deixa essas porcarias, não vão atrapalhar você.

-Não, eu não consigo. Tá tudo fora do lugar... –eu soltei minhas mãos e comecei a arrumar os tubos. Ao sentir minhas mãos tremerem, eu não conseguia pensar por onde começar. -Por que esta fazendo isso comigo? O que eu fiz para você?

Pov’s Chandler

-Me ajuda a arrumar. –ela pediu e me olhou com uma expressão tão confusa que eu não sei se eu senti pena ou fiquei atordoado.

-Liz, olha para mim e respira um pouco ok? Você esta pirando. –eu disse a olhando nos olhos. Geralmente eles são claros e brilhantes, mas agora pareciam vazios. Como se ela não estivesse aqui. Ela olhou para todos os lados, menos para mim e então respira fundo.

-Não, eu não estou. –ela disse e negou com a cabeça. -Eu estou bem. –ela me olhou e tentou sorrir, mas não deu muito certo. Quando ela travou o maxilar, só fez com que suas covinhas aparecessem.

-Está nada, olha para mim. –eu disse.

-Eu estou sim. Agora esqueça tudo que eu falei. –ela juntou suas coisas e se levantou. -Professora, eu estou com cólica, vou à enfermaria. –ela falou já saindo e a professora apenas a acompanhou com o olhar.

-Professora, eu também estou passando mal. –falei levantando minha mão e Mingus se virou de olhos cerrados para mim.

-Ah é? E o que você tem Sr. Riggs? Cólica? –ela perguntou e eu estava tão preocupado querendo saber aonde Annelize ia que não conseguia pensar em nada.

-Sabe o exame de clamídia que foi feito da ultima vez? –Mingus perguntou. -Pelo visto vão ter que fazer um por causa da doença do beijo. –eu cerrei os olhos e a professora nos olhou preocupada.

Doença do beijo? Isso existe?

-Os dois não foram os únicos que procuraram a enfermeira hoje. E acho que eu estou começando a ter os sintomas também.

-Ai meu Deus, eu vou alertar o diretor. –ela foi ate o telefone e Mingus me olhou discretamente.

-Vai logo.  –ele disse e eu juntei minhas coisas. Sai correndo atrás de Annelize apressadamente mesmo não fazendo ideia de que porra estava acontecendo. Eu ate poderia ajudá-la dependendo o assunto, mas para isso eu precisaria descobrir o que se passa com uma das famílias mais perfeitas de Atlanta. Mas estou certo, de que talvez ela não seja tão perfeita assim.