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História Beautiful Crime - Misunderstood


Escrita por: IronyMan

Notas do Autor


Sem monólogos dessa vez.
Perdoem qualquer erro ortográfico que brote na tela de vocês.
Está curtinho, mas é pra compensar, caso contrário demoraria ainda mais para atualizar, sendo que o próximo está em andamento.

Capítulo 4 - Misunderstood


Fanfic / Fanfiction Beautiful Crime - Misunderstood

—  MAS QUE PORRA ACONTECEU NOITE PASSADA? —  estava sentado no sofá, boquiaberto com as lembranças. Só se lembrava do cara do bar, o loiro.
         —  Tony, não xingue! —  Peter inquiriu estapeando no ombro do mais velho, jogando-se no sofá ao seu lado. Batendo nas pernas do irmão logo em sequência. Avisando o retorno do pai à sala.

—  Parece que o tempo em Nova Iorque te deixou ainda mais desbocado.

—  Claro, como se aqui ninguém ousasse proferir palavrões. Não minta pra mim, Juiz. —  talvez aquele não fosse o melhor momento para discutir com o pai, afinal, havia enterrado Maria há pouco tempo.

—  Meu lar, meu teto, minhas regras Anthony! —  ali estava aquele tom de voz que Tony passou boa parte da vida ouvindo. A autoridade e rispidez de um juiz residindo uma côrte. Nunca a voz de um pai alertando seu filho.

—  Seu lar, seu teto. Isso aqui não é mais um lar. Não se engane. Logo nem mesmo Peter vai aguentar ficar perto de você. —  levantou-se, ficando cara-a-cara com o pai, olhando-o diretamente nos olhos. —  Vai ficar sozinho juiz.

—  Assim como você está agora?

Era a gota d’água. Não tinha necessidade de ficar ali naquela casa e aturar seu pai. Deixou o copo na mesa de centro, seu olhar entregava sua ira, mas em nada aquilo parecia abalar a confiança de Howard Stark. Assim como nada abalava a de seu filho. Eram tão parecidos, talvez por esse mesmo motivo batessem tanto de frente.

—  Não deixe que ele destrua você, Pete. Faça como os espertos e saia da cidade o quanto antes. Afaste-se antes isso contagie você. —  falou para o irmão, sem ao menos tirar os olhos do pai. Queria feri-lo, queria que o pai visse a amargura em seus olhos castanhos. Amargura que havia criado raiz. —  Vou sair. Quer ir? —  agora sim olhava para o irmão.

—  Melhor não. Alguém precisa ficar aqui e… —  olhou para o pai e o irmão. Como escolher? Estava no meio de uma guerra, não sabia qual lado apoiar. Então ficava sempre como mediador. Já que Maria havia, infelizmente, abandonado o cargo, ficara para Peter acalmar os ânimos de ambos. —  Você sabe.

Com um meneio de cabeça e uma revirada de olhos, Tony afastou-se do juiz e de Peter, rumando para a saída. Voltaria para o bar, beberia e com sorte esqueceria aquele últimos minutos, assim como tentava fazer sempre que precisava conviver com o pai.




 

—  Você aqui de novo. Parece que gostou do nosso whisky. —  a garçonete sorriu ao vê-lo passar pela porta, sentando-se defronte à ela.

—  Cidade pequena, sabe como é. Rodamos e sempre paramos no mesmo lugar. —  ele forçou um sorriso, não muito simpático, mas ainda assim era um esforço notável.

—  Digo o mesmo daquele homem ali. Vocês parecem ter combinado o horário. —  ela sinalizou para a porta, aonde agora Steve terminava de passar, caminhando na direção do moreno.

Merda!

—  Boa noite. —  Steve sorriu educado.

Educado demais, Tony pensou. Afinal, quem seria tão cara de pau ao ponto de conseguir agir normalmente após todo aquele sexo oral? Bem, ele, mas isso não vinha ao caso.

—  Boa. —  comentou evitando olhar diretamente nos olhos do loiro, pegando o copo que a garçonete colocara a sua frente, bebendo-o num único gole.

—  Vai com calma, isso não é água. —  Steve comentou, erguendo o indicador, prestes a fazer seu pedido. —  Uma cerveja, por favor.

—  Outra dose pra mim. —  aproveitou-se da proximidade da garota para pedir logo seu whisky. —  Parece que vem bastante aqui.

—  Posso dizer o mesmo de você. Mal chegou na cidade e é a segunda noite seguida nesse bar. —  Steve levou a garrafa aos lábios rosáceos, instantaneamente fazendo com que Tony lembrasse de flashes vagos de recordações sobre boca em outras extensões.

—  Vim afogar as mágoas pós-enterro. —  dessa vez, levou o copo aos lábios, bebendo numa velocidade mais contida, apreciando o sabor do líquido âmbar.

—  Sinto muito.

—  Tudo bem, ela se livrou de uma vida ao lado de um idiota arrogante. —  assim que cuspiu as palavras, ele notou a ridícula semelhança. Pepper uma vez o havia chamado assim, “idiota arrogante”. Não apenas ela, alguns outros advogados no tribunal disseram o mesmo. Sempre que perdiam inventavam novos apelidos carinhosos.

—  Se está falando do juiz, não consigo concordar.

—  Porque vocês conhecem apenas um lado dele.

—  Todos nós temos lados e lados. Ninguém é perfeito.

O loiro arrumou-se no banco, ficando agora defronte à Tony, olhando-o fixamente. Um convite mudo para que o moreno fizesse o mesmo e o encarasse.

—  Não me diga. —  comentou olhando-o de soslaio.
Estava claro para ele que o loiro ao seu lado tinha lados e lados. E aparentemente fingia-se de desmemoriado. Seria um mentiroso tão habilidoso ao ponto de agir tão tranquilamente como se nada tivesse acontecido entre eles? “Que maldito!” Afinal, aquela característica era dele, e segundo ele mesmo, apenas uma em cada duas pessoas possuíam tal artimanha. E era sempre ele a pessoa agraciada.

Steve engasgou-se brevemente com sua cerveja, como se o gole tivesse escolhido o lado errado para descer. As palavras do moreno estavam tão carregadas de sarcasmo que aquilo o havia incomodado. Afinal, o que ele havia feito para que Tony falasse daquela maneira, e para que o olhasse daquela maneira? “Será que ele…?”

—  O que foi?

—  O que foi? Não haja como se nada tivesse acontecido!

—  Olha, eu não sei o que você acha que aconteceu, mas não é exatamente isso. Eu posso explicar!

—  Explicar? Isso necessita explicação?

—  Claro que sim. Não quero que pense mal de mim, não quero que ninguém pense mal de mim. Você sabe como é em cidade pequena. Você comete um erro e todos te julgam e apontam o dedo na rua, e seu nome foca jogado na sarjeta. —  Steve havia levantado a voz umas oitavas, nada que chamasse a atenção dos outros clientes do bar. —  Por isso vim até aqui falar com você. Suspeitei que estivesse aqui.

—  Você… Tá brincando? Veio até aqui para falar comigo sobre isso? Você achou o quê? Que eu fosse berrar num megafone? Cada um faz o que quer da própria vida e ninguém têm nada com isso. —  Tony já estava de pé, jogando umas notas sobre o balcão, guardando o restante de notas em seu bolso dianteiro. Querendo sair dali o quanto antes.

Se estressava em casa, se estressava no bar. Só faltava se estressar no avião com alguma comissária qualquer. Seria o cúmulo!

—  Tony, espera! —  a voz de Steve estava distante, ele estava ainda próximo a porta do bar, caminhando agora a passos largos, tentando acompanhar o moreno. —  Preciso da sua ajuda. —  falou apenas quando conseguiu alcançar o antebraço direito de Tony, segurando-o e fazendo-o girar no próprio eixo, ficando cara-a-cara com Steve.

—  Jura? No quê?

—  Preciso que me defenda.

Agora nada mais fazia o menor sentido. Do que diabos Steve estava falando? Defendê-lo do quê? Caras maus que batiam em quem se envolvesse com alguém do mesmo sexo? Steve daquele tamanho todo precisava de proteção?

—  Espera. Pára, rebobine a fita e toca de novo. —  falou movendo a cabeça como se negasse algo, mas estava apenas tentando criar ordem no caos que se encontrava sua mente.

—  Seu pai falou que você seria um dos poucos que aceitaria meu caso. Nenhum advogado daqui aceitaria me defender. O Juiz vai residir, e será implacável, porque ele precisa ser imparcial. Ninguém em sã consciência ficaria contra ele. Ninguém tentaria me defender, arriscando manchar o histórico.

—  Seu caso?

Afastou-se, livrando-se do toque da mão de Steve em seu antebraço, caminhando em semi-círculos, buscando o local exato onde havia perdido o pensamento.

Mais a frente, estava um homem parado olhando-o, ele acenou rapidamente, como se conhecesse ele. E então a memória voltou como uma onda no mar, surpreendendo um banhista desavisado. Aquele era o cara da noite passada, não Steve.

Steve havia saído sim junto de Tony, mas seguiu para seu carro. Tony ainda vagou pela rua solitária, encontrando um homem que estava no bar mais cedo. Eles nem mesmo se apresentaram. O homem o puxou para um beijo sedento, e logo estavam encostados no carro alugado de Tony, fazendo algumas obscenidades a rua, pelo simples fato de ser intrigante para o moreno.

—  Puta merda! Puta merda! —  colocou as mãos nas têmporas, massageando-as de leve. Aquela lembrança repentina mais parecia uma bigorna caindo em cima de algum personagem de desenho animado. —  Espera, você disse que o juiz me indicou como seu advogado? Isso está cada vez pior.

—  Eu entendo se você não aceitar. Você disse ontem que inocentes não podem pagar, não pelo melhor. E talvez seja esse meu caso e…

—  Eu aceito! —  interromper era quase que sua marca registrada.

—  Não vai nem ao menos perguntar do que estou sendo acusado, ou informar seus honorários para que eu saiba se posso ou não arcar com as despesas? —  Steve olhava-o atônito. Nunca antes um advogado havia aceitado um caso com tamanha facilidade, sem nem ao menos buscar saber o que era.

—  Você está me dando a oportunidade de desbancar o juiz, na casa dele, na cidade dele, no teto dele, nas malditas regras dele. —  havia um brilho naquele olhar, brilho tal que Steve preferiu fingir não ter visto. Howard havia alertado o loiro quanto algumas atitudes de Tony. —  Vou defender um inocente.

— Eu não sou tão inocente assim.

— Você poderia ser o lobo mau, não faria a menor diferença pra mim. Não nesse caso.

— Em que caso faria diferença? — os olhos fixos aos dele, como se compartilhassem segredos.

— Num caso inexistente, numa realidade impossível. Essa é a verdade.

— Dizem que a verdade é relativa e conveniente.

—  Engraçado, eu digo isso. —  comentou afastando-se ainda mais, seguindo para seu carro.

—  Curiosamente o seu pai também. —  Steve falou mais alto, para que Tony pudesse ouvir com clareza.

—  Nos vemos amanhã cedo. Não quero surpresas nesse caso, mas hoje não estou em condições de saber de mais nada. As oito, no café.

Ele não esperou por uma resposta do loiro, estava longe para que ele contestasse. Precisaria avisar a Natasha que não voltaria com ela. Estava cara-a-cara com a maior oportunidade de sua carreira, de sua vida. Entrar naquela côrte, olhar nos olhos do juiz e ganhar aquele caso. Nenhum outro caso lhe daria aquela satisfação. Afinal, tudo o que sempre fez foi para mostrar ao pai que ele era excelente. E fazê-lo na côrte do juiz seria ainda mais prazeroso.




 

—  Nat? —  as batidas na porta ajudavam a chamar a atenção da ruiva que deveria estar no quarto do hotel.

—  Tony? —  abriu parcialmente a porta, olhando descrente para o amigo.

—  Esperando alguém?

—  Exatamente, não estava esperando ninguém, por isso a cara de surpresa. —  abriu a porta por completo. —  Entre.

—  Duas notícias. —  começou assim que ela fechou a porta. —  Vou ficar por mais alguns dias. Okay, essa é a primeira. A segunda é que vou mostrar ao juiz o quão bom advogado eu sou.

Ela revirou os olhos, instintivamente. Afinal ela sabia o quanto ele carregava ressentimento quanto ao pai. Tony era um homem marcado pela raiva, uma parte de tristeza e outra de amargura. E ela sabia que a maior parte de tudo aquilo era Howard Stark, mesmo que ela não soubesse exatamente o porquê. O porquê de Howard ter colocado seu filho num colégio interno, num reformatório para jovens. Ela sabia apenas que aquilo havia sido combustível para a raiva do amigo. E naquele momento, aquele caso era a faísca que ajudaria a queimar e explodir com tudo.

 


Notas Finais


Playlist: https://open.spotify.com/user/marcal.carol/playlist/1PLlPXGxdSgbduc0Qv0tkI

Para os que não dispõe do Spotify: [Beautiful Crime - TAMER;Uncover - ZARA LARSSON; Chances Are - VONDA SHEPARD feat. RDJ; Beautiful Darkside - THE CLASSIC CRIME; Coming Home - GAVIN JAMES; Miracle Aligner - THE LAST SHADOW PUPPETS.]


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