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História Beautiful Crime - Not so guilty


Escrita por: IronyMan

Notas do Autor


Hey you!
Já começo pedindo que relevem qualquer erro ortográfico que possa brotar na tela de vocês. Obrigada, de nada.

A atualização demorou, mas chegou. (E muito provavelmente a próxima terá o mesmo tempo de espera, tendo em vista que agora meu tempo de quase nulo passará a ser inexistente.)
Enfim, não quero prolongar assuntos redundantes.
No mais, espero que gostem do capítulo!
Playlist nas notas finais. Beijos!

Capítulo 6 - Not so guilty


Fanfic / Fanfiction Beautiful Crime - Not so guilty

 

 Já perdi a conta de quantas mensagens deixei na sua caixa postal, a contar com essa, claro! —  a voz revelava o tom irritadiço da mulher, por deixar mais uma mensagem. —  Esse foi o motivo de tudo isso, Tony. O motivo de nosso casamento não dar certo. Você nunca está por perto, nunca atende minhas ligações. Estou mais sozinha com você, do que quando estava solteira.

Ele segurava o celular enquanto descia do táxi, entregando ao motorista uma quantia mais que suficiente para pagar a corrida.

—  Você arruinou isso. Lembre-se bem disso. Você buscou isso, você ignorou nossos problemas, deixou tudo de lado como se nossa vida juntos não tivesse o menor valor. —  havia um vestígio de soluço, mas estava difícil identificar com os ruídos costumeiros da ligação. —  Você arruinou tudo!

Aquela fora a gota d’água. Ele não era obrigado a ouvir os chiliques que sua futura ex-esposa estava dando nas mensagens de voz. Aturar pessoalmente já era um martírio, por telefone tornava-se incabível.

—  Merda! —  reclamou deixando evidente seu descontentamento, descontando parte da raiva no pequeno portão que antecede os três degraus da porta da frente.

—  Problemas no paraíso? Não desconte a raiva no meu portão. Se quebrar terá que consertar, você sabe.

—  Do paraíso ao inferno. Daria um bom título para filme blockbuster. —  rispiu caminhando apressado, empregando uma força exacerbada a cada passo, fazendo barulho enquanto subia os três degraus.

—  Um bom dia pra você também, Anthony.

—  Claro, como se você se importasse.

Passou pela porta de frente, sem ao menos se preocupar em fechá-la. Parou apenas quando encontrou com Peter, que olhava-o com uma cara de repreensão.

—  O quê?

—  Ele está sofrendo também, Tony. Não desconte sua raiva nele. Não agora.

Os olhos do mais jovem estavam fixos aos do irmão mais velho. Sempre tentava convencê-lo de algo daquela maneira. Apelando para uma chantagem emocional básica. Coisa que, ridiculamente, havia aprendido com ele mesmo.

—  Deixarei para descontar toda a minha raiva na côrte. —  comentou subindo os degraus para o segundo andar. Precisava de um banho, precisava de roupas limpas, precisava deitar por 10 minutos na sua antiga cama, e fingir que sua vida estava sob controle. —  Garanto que com a raiva acumulada, serei capaz de descontar até no júri.

A última frase havia saído baixa, quase inaudível para Peter, mas para Howard, toda a conversa havia sido clara. Tony havia aceitado defender Steve Rogers.






 

Os dez minutos haviam se multiplicado, e Tony não havia notado. Não por estar dormindo, isso não. Estava ocupado demais pesquisando tudo o que podia sobre seu mais novo cliente. Steven Grant Rogers, cara certinho, serviu no exército. Ajudando os feridos à terem uma oportunidade maior de volta para casa. Um homem exemplar. Sem nenhuma mancha na ficha, com exceção daquela senhora. Uma mancha naquela reputação alva.

O toque do celular só chamou sua atenção por ser diferente dos demais toques. Para Natasha havia um toque, para os outros apenas o modo silencioso.

—  Ainda pretende me levar? Ou mudou de ideia e vai querer companhia nessa cidade?

—  Nat, eu acabei perdendo a noção do tempo. Quinze minutos e chego aí. —  desligou, olhando em seguida para o punho. Faltavam vinte minutos paras às 16 horas. E para determinadas coisas, ele era um exemplo de pontualidade.

Levantou-se da escrivaninha antiga, fechando o notebook, olhando ao redor para tentar achar uma blusa diferente para vestir. Algo que não uma camiseta do Metallica.

Despiu-se, optando por um jeans e uma camisa social azul royal. Arrumou o cabelo, impondo certa ordem nos fios desgrenhados. Retirou o celular do carregador, colocando-o no bolso. Pegou as chaves do carro alugado, girando-a no indicador e pegando-a em seguida. Repetindo o processo inúmeras vezes.

—  Saindo de novo? Não passa a noite em casa, não fica um tempo com seu irmão.

—  Engraçado juíz, com quem será que aprendi tais coisas? —  sempre que ficavam mais que dez segundos na presença um do outro, destilavam veneno. Soltavam faíscas, quase engalfinhavam-se para ver quem sairia vencedor de uma luta de egos.  —  Peter, qualquer coisa me liga. —  berrou para que o irmão pudesse ouví-lo, aonde quer que estivesse.


 

A estrada estava deserta, assim como se lembrava dela. Quando jovem, pegava o carro do pai escondido para poder dirigir naquela estrada de barro, vendo nada além do mais puro verde e o pôr-do-sol. Às vezes para poder fugir da realidade idealizada e irritante do seu lar. Fugir e enlouquecer com os amigos, enlouquecer os amigos.

—  Atrasado. —  Natasha olhava-o enquanto ele colocava a bagagem no porta-malas.

—  Não, pontual. —  apontou para seu punho esquerdo, onde jazia seu relógio que marcava exatas 16 horas.

—  E então, já sabe no que o seu cliente está metido?

Ela não esperou que ele abrisse a porta, até porquê, ele não o faria. Entrou, acomodou-se, colocou o cinto e esperou que ele falasse. O viu colocar o cinto, e dar partida rumando para o aeroporto.

—  Negligência médica. —  comentou enquanto ligava o rádio, como se tratasse do assunto mais banal.

A música embalava-os, impedindo que um silêncio incômodo tomasse conta do ambiente.

—  Negligência? —  a sobrancelha arqueada, os braços cruzados sobre o peito e o olhar fulminante que parecia perfurar o rosto de Tony.

—  Natasha, saberei mais hoje a noite. Estou esperando que ele entre em contato para me passar o endereço dele. Vamos conversar num local mais seguro do que numa cafeteria. —  ele mantinha os olhos na estrada, fingindo ser um motorista perfeitamente cuidadoso. O que, na verdade, estava apenas buscando desviar dos olhos de Natasha.

—  Prometa que vai cair fora no primeiro indício de que isso vai dar merda.

Ela sabia que ele prezava sua carreira, era seu bem mais precioso. Embora vivesse defendendo corruptos e empresários que roubavam rios e rios de dinheiro, ele não entrava em casos para perder, ele não seria tolo de expor sua reputação à manchas. Era cauteloso quanto à isso, pelo menos em algo ele tinha que ser.

—  Natasha. —  ele respirou fundo, evidenciando à ela que não era necessária tamanha preocupação. —  Eu sei me virar. Não se preocupe comigo. Enquanto estiver aqui, vou precisar que você mantenha o foco nos acontecimentos na minha casa. Não quero nenhuma surpresa quando voltar. Não quero um advogado querendo 80% dos meus bens. E estou disposto a facilitar as coisas para ela. Ela não quer o divórcio, mas eu quero e isso será o melhor para nós dois. Convença-a de que esse casamento não tem mais salvação. —  sua fala contínua não irritava Natasha, não mais. Ela havia se acostumado com o passar do tempo.

—  Tem certeza de que vai jogar tudo fora?

—  Ela tomou a decisão por nós dois quando fez o que fez. —  ele mostrava-se impassível. Não demonstrava fraqueza nem mesmo a sós no carro com a amiga.

— Tudo bem. Se você tem certeza, posso ajudar a manter as coisas sob controle até você voltar. —  olhando para fora, encarando seu reflexo na janela, mesclado à paisagem. —  Mantenha-me informada. Melhor do que me preocupar com você e ter que voltar pra esse fim de mundo atrás de notícias.

—  Acredite, se não fosse por esse caso, não ficaria aqui também. Não mais que o necessário.

Ele diminuiu ao chegar no estacionamento rotativo do aeroporto.

—  Cuidado, quando vamos com muita vontade atrás de alguma vingança… ela acaba vindo atrás da gente também. Lei de Newton, não é?

—  Não me venha com essas coisas, você não.

Ambos saíram do carro, Natasha deixou a encargo de Tony tirar a bagagem do porta-malas, colocando-a ao seu lado.

—  Se cuida.

Um abraço rápido como despedida, um pouco estranha, nenhum dos dois tinham o costume de se despedir.

—  Até logo.

Ele sorriu em resposta, e ela sorriu para ele. Um aceno fora o desfecho para aquela despedida.

De volta ao carro, lembrou-se de olhar o celular. Havia, claro, mais algumas chamadas perdidas. Mensagens de voz que seriam ignoradas, e uma mensagem de texto.

 

“Hoje, às 18 horas. O material necessário está aqui em casa, casos detalhados dos pacientes. Tudo o que precisará para se preparar.”

 

Logo abaixo estava o endereço. Anotando mentalmente, verificando o melhor percurso a seguir, voltou a guardar o celular no bolso. Ligou o carro e novamente pegou o celular.

 

“Falei sério quanto à pizza.”

 

Sorriu consigo mesmo, jogando o celular no banco do carona, que agora estava vazio. Deu partida no carro, voltando pelo caminho que havia seguido até ali, mudando um pouco a direção, seguindo ao invés de sua casa, o caminho que o levaria até a casa de Steve Rogers.

A rua estava calma, poucas pessoas caminhavam por ali. Como sempre, mal começava a entardecer, e o povo se escondia como seres diurnos que temiam qualquer ser das trevas que pudesse estar à espreita.

A arquitetura da casa lhe era agradável aos olhos. Em tons de branco e azul claro, destacava-se ante as casas de tonalidades de amarelo e marrom.

Estava prestes a desligar o motor quando notou que o loiro estava sentado na varanda, segurando uma garrafa de cerveja, olhando para o céu, como quem busca nele respostas. Sozinho, distraído. Nem mesmo havia notado o carro que estava próximo a sua casa.

Abriu a porta, após desligar o motor. Tomou posse de seu celular antes de abandonar o carro. Travando as portas logo em seguida.

—  Procurando algo no céu?

Steve realmente estava disperso dos acontecimentos ao seu redor. Assustando-se com a aproximação de Tony.

—  Estava relaxando um pouco. —  ergueu a mão, mostrando sua cerveja pela metade. Seu semblante deixava transparecer todo o desconforto com a situação. O que levava Tony a pensar que, de fato, ele parecia um homem bom. Um homem que se importava com as pessoas, afinal, era médico. Havia servido no exército, era um homem de postura exemplar. Era…

—  Prefiro que tenhamos essa conversa lá dentro. Longe de qualquer olhar curioso. Mostre-me tudo o que você tem, me conte cada podre da sua vida profissional, pessoal. —  parou quando Steve levantou, e acompanhou-o para dentro da casa. Olhando para a sala com decoração clean. —  Isso pode não ser muito confortável para você, mas realmente preciso saber tudo. Não sou considerado o melhor advogado por minha beleza e charme. E sim por tudo o que sei, e como uso. Vou precisar conhecer você, melhor do que seu melhor amigo de infância, melhor do que você mesmo até.

Steve estava certo quanto aos seu pensamentos sobre ele. Era uma versão mais nova do juiz, mas não ousaria falar isso na presença de nenhum deles. Não conseguia entender o motivo de não se darem bem, talvez por serem tão parecidos. Mas conseguia entender o porquê de tantos casos ganhos. Anthony Stark parecia um tubarão num aquário, preso com sardinhas. Estraçalharia quem quer que entrasse em seu caminho.

—  Faça as perguntas que quiser. Serei o mais franco possível.

—  Vamos começar com algo bem leve. Tem alguém que possa servir como testemunha de caráter? —  sentou-se, sem esperar por um convite verbal do dono da casa. Steve havia indicado o sofá, enquanto sentava-se na poltrona a frente.

—  Pensei que começaria com outra pergunta. Algo mais importante, a pergunta que me fez no café hoje.  —  ele bebericou de sua cerveja, depositando a garrafa na mesa ao lado, adornada por um abajur.

—  Se você é inocente? —  ele riu anasalado. —  Você é?

—  Tecnicamente matei aquela mulher.

—  Tecnicamente não foi essa a pergunta que te fiz. —  os olhos estreitaram-se, mantendo o foco nos olhos de Steve. —  Seu histórico era impecável. Algum erro? Que tamanha negligência à ponto de matar alguém?

—  Ela estava cansada. A doença a estava consumindo. Era desumano vê-la sofrer e não fazer nada. Nenhum tratamento surtia efeito. Morfina não era mais nenhum sedativo para sua dor. Nem mesmo servia como paliativo. —  havia uma tristeza em sua voz, assim como em seus olhos. —  Atendi ao pedido dela. E ela me pediu segredo.

—  Sigilo médico-paciente. Que merda.

—  Assim como essa nossa conversa. Sigilo cliente-advogado.

—  Com a diferença de que estou tentando salvar você. —  a feição de Steve o fez recuar com suas palavras. —  Péssima escolha de palavras, não foi intencional.

—  Quer beber algo?

—  Whisky, se tiver. E preciso dos documentos. São aqueles? —  apontou para uma pilha de caixas amontoadas no canto direito da sala.

—  Sim.

—  Tenho mais uma pergunta importante antes de realmente começarmos a analisar tudo aquilo… —  Steve parou no caminho para a cozinha, esperando pela pergunta de Tony. —  E a pizza?





 

—  Então essa paciente ganhou um tratamento especial? —  perguntou enquanto mordia um pedaço da pizza que estava em sua mão. Mostrando a ficha da paciente para Steve, com a outra.

—  Não é o tratamento especial que você está pensando. —  Steve revirou os olhos, era a décima paciente que Tony pensava que ele havia levado para a cama.

—  Então você ajuda todas essas pessoas, e nem mesmo aproveita os agradecimentos que elas têm a oferecer?

—  Eu não salvo vidas esperando ser recompensado.

—  Não disse isso, mas se algum cliente quiser me recompensar de uma forma mais… atrativa, não seria a pior coisa do mundo.

—  Prefiro manter um relacionamento profissional, apenas. A maioria é casada.

—  Ou velha demais. Entendi. —  completou ao ver a ficha de uma senhora de 79 anos.

—  Então, você não se importaria? Mesmo com isso? —  apontou para a aliança que ele ainda usava. Um lembrete sádico de que seu casamento não passava de um símbolo. Um elo oco.

—  Se eu dissesse que isso nada mais é que um círculo, você acreditaria?

—  É uma aliança.

—  Alianças não são tão duradouras quanto antes. Hoje em dia não passam de um lembrete de que estamos presos à pessoas que não deveríamos.

Steve pode notar a diferença no tom de voz, a raiva que estava impregnada nas palavras.

—  Mais pizza? —  perguntou querendo quebrar o clima, pondo-se de pé para pegar mais uma fatia para si, e talvez para Tony. Haviam abrido mão da mesa de jantar, preferindo o tapete macio da sala de estar, e a mesinha de centro que servia para que Tony apoiasse o copo de whisky e os documentos que estavam revisando.

—  Sim, ainda temos muito o que ver hoje, e nem chegamos na metade do que separamos. Acho que preciso de outra dose também. A noite promete.

Estendendo a mão na direção do outro, Steve esperou que ele lhe desse o copo. Enquanto ele se afastava, Tony entendeu o porquê de seu pai tê-lo indicado para Steve. Alguém precisava aceitar aquele caso. Aparentemente existia o culpado não tão culpado, e milagrosamente Stark iria defendê-lo.

 


Notas Finais


Playlist: https://open.spotify.com/user/marcal.carol/playlist/1PLlPXGxdSgbduc0Qv0tkI

Para os que não dispõe do Spotify: [Beautiful Crime - TAMER;Uncover - ZARA LARSSON; Chances Are - VONDA SHEPARD feat. RDJ; Beautiful Darkside - THE CLASSIC CRIME; Coming Home - GAVIN JAMES; Miracle Aligner - THE LAST SHADOW PUPPETS.]


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