História Beautiful Distraction - Please don't go

 O corpo nu de Justin estava preso ao meu de uma maneira desconfortável, mas eu não tinha coragem de empurrá-lo. Poderia me submeter ao desconforto para tê-lo tão perto. Observei o tempo passar, o dia amanhecer, e sua boca me chamar no que parecia ser um sonho. Me alegrou de uma forma indescritível.

Quando ele acordou eu estava exausta, mas não poupei sorrisos.

– Dormiu bem? - perguntou.

– Melhor impossível – menti.

Ele afundou a cabeça na curvatura do meu pescoço e começou a dar beijinhos que causavam cócegas. Minha risada ecoou pelo cômodo junto com a sua, criando uma melodia gostosa de ouvir. Parecia que me apaixonava progressivamente a cada dia, e isso era assustador.

O clima feliz foi por água a baixo quando Justin conferiu a hora no celular. Ele estava fodidamente atrasado para mais uma maratona de ensaios, mas, mesmo assim, segurei sua perna para demorar um pouco mais. O beijei até ele me empurrar para sair do elevador.

– Ei! – gritei quando ele me deu as costas, e ele virou para mim esperando que eu falasse.

– Fala logo – Justin gritou de volta, andando de costas.

– Eu amo você.

Sua cara de idiota, com certeza, era reflexo da minha.

– Eu te amo muito mais – devolveu com um sorriso, e então começou a correr pelo saguão do meu prédio.

Voltei triste, mas com um sorriso no rosto. Decidi não começar a entrar em depressão tão cedo. Organizei minha agenda, meu closet, e por último meu celular. Senti que o tempo não estava passando, e infelizmente, com o meu tédio vieram os pensamentos ruins.

Por ironia do destino, tive uma ideia no intervalo entre eles. Algo que me fez acreditar que sou psicótica.

Por volta do meio dia, finalmente adormeci. Na verdade eu praticamente entrei num estado de hibernação. Acordei atordoada por volta das oito da noite, com meu celular tocando freneticamente ao meu lado.

– Alô?

– Você está viva? - disse Justin um pouco alto, me fazendo afastar um pouco o celular da orelha.

– Acho que sim.

– Eu estou saindo daqui, quer me encontrar em um lugar para jantar?

– Não – murmurei e me deitei – Vem pra cá que pedimos comida. Estou em cacos.

– Você é morta, garota – podia apostar que ele fez uma careta ao dizer isso, então dei risada – Tudo bem, o príncipe está a caminho.

Ele desligou na minha cara.

Fiz um grande esforço e consegui me colocar de pé. Estava exausta e sentia como se houvesse um buraco no estômago, o que me fez lembrar de quando eu era adolescente e estava de férias do colégio. Meus horários ficavam todos errados, eu praticamente trocava o dia pela noite apenas para colocar seriados em dia.

Lavei os cabelos com água praticamente escaldante, tentando afastar para bem longe a sensação de que danificava os meus cabelos, e preferindo pensar na sensação gostosa de tê-la sobre o corpo. Penteei meus cabelos, e após hidratar meu corpo vesti o moletom que Justin estava ontem. Seu cheiro estava mais do que presente ali, e fechei os olhos com força quando inspirei com vontade.

Ouvi um barulho na porta, e lá estava ele com várias sacolas nas mãos. Olhou-me como se pedisse ajuda, e ao invés disso segurei seu rosto e beijei sua boca. Ganhei uma mordida.

– Seu estúpido.

– Primeiro me deixa colocar isso ali – apontou com a cabeça para a cozinha, e o segui quando ele começou a andar para lá.

– O que você comprou?

– Comida.

– Que engraçadinho, transou com o palhaço?

Ele apertou a ponta do meu nariz ao se livrar das sacolas, e me puxou pela cintura enquanto eu tentava me fazer de difícil. Mas ele fez beicinho e eu não consegui resistir.

– Como foi o seu dia? - perguntou.

– Uma bosta.

– Conte.

– Organizei umas coisas minhas e depois fiquei pensando besteira no sofá da sala. E o seu?

– Peguei algumas garotas e fiquei bem suado.

Ergui uma sobrancelha.

– Foi basicamente isso mesmo – ele disse entre risos para minha cara emburrada.

– Eu até ia te dizer uma coisa – me soltei – Uma coisa que pensei bastante e queria saber sua opinião, mas deixa pra lá.

– Mentirosa, você só quer que eu adule você.

– Juro que é verdade.

Comecei a abrir as embalagens e meu estômago disse “Olá” quando vi sushi. Me sentia observada, mas não me dei o trabalho de olhar de volta para o loirinho metido a fodão que eu chamava de namorado. Fiz o favor de pegar dois pratos e dois copos.

– No que você pensou?

– Besteira.

– Quero saber.

– Pergunta para as garotas que você pegou.

– Eu ia até perguntar se você está menstruada, mas aí lembrei que você é insuportável independentemente disso.

Revirei os olhos e coloquei um sushi na boca. Estava com saudade de brigar por motivos irrelevantes, e quase ri disso.

Justin ficou quieto enquanto comíamos. Não me adulou, nem muito menos implicou comigo. Terminou primeiro que eu e saiu da cozinha, me deixando sozinha. Quando terminei tudo o encontrei na sala vidrado no celular, e a parte ciumenta de mim me deixou mais irritada, me fazendo passar direto para o quarto com se não tivesse visto ele ali. O esperei por longos minutos, e quando finalmente ouvi seus passos fingi prestar atenção no meu celular.

– Estou indo – disse escorado na porta.

Meu coração deu um salto. Ele ia mesmo ir sem nós nos resolvermos? Ele estava prestes a entrar em turnê e não aproveitaria o que pudesse comigo?

– Certo.

Me segurei para não chorar ali mesmo na sua frente.

– Boa noite.

Não consegui responder, porque se abrisse a boca sabia que gaguejaria. Ele não demorou muito para ir, e alguns minutos depois de me certificar de que estava sozinha desabei.

Quando um basta me atingiu, eu estava com os olhos inchados de tanto chorar. Bloqueei ele em tudo no meu celular, e liguei para Kendall para que ela viesse aqui. Minha amiga atendeu no quarto toque, e em menos de uma hora já estava batendo na minha porta.

– Quer me contar?

Quando comecei a contar, as lágrimas vieram de novo. Ela me abraçou forte e me pediu para não chorar.

– Você acha que ele quer terminar?

– Quer que eu seja sincera? - assenti – Ele deve estar cansado. Cansado dos ensaios e cansado em pensar que a turnê vai deixá-lo exausto.

– Cansado de mim? - ela fez uma careta.

– Você implica tanto com ele, amiga… O cara estava brincando quando disse aquilo, você mesma sabe.

– O ponto é que ele preferiu ir embora, Kendall. Ele sabe que mal vamos nos ver quando a turnê começar.

– O ponto é que você preferiu ficar fazendo doce. Você também sabe que vai ficar longe dele.

– Então a culpa é minha? - soltei uma risada irônica.

– Todinha.

– Você não sabe de nada – dei de ombros, ficando irritada – A culpa é dele.

Kendall não respondeu, apenas ergueu as mãos como se estivesse rendida. O toque do seu celular me impediu de falar quando eu abri a boca. Ela me mostrou o visor, e o nome dele estava nele.

– Você estava acordada? - Justin perguntou, mas não esperou uma resposta – Tem como você ligar e perguntar para a dramática da sua amiga porque ela me bloqueou? Não precisa mandar desbloquear, só pergunta o motivo.

– Primeiramente – eu disse – Dramática é o caralho.

– Por que você me bloqueou?

– Porque você é um idiota.

– Eu sou um idiota? - deu risada – Mesmo?

– Você foi embora!

– Você não me impediu.

Abri a boca três vezes para argumentar, mas não sabia o quê exatamente.

– Eu vou embora amanhã com a equipe – ele disse calmo – Ia ligar para me despedir, mas não consegui porque você me bloqueou – fez uma breve pausa, e não falei nada – Se cuida, tá?

– Tá.

Meus olhos já estavam ardendo de novo.

– Amo você pra caralho, tenta não esquecer.

Funguei quando as lágrimas começaram a cair feito cachoeiras.

– Volta pra cá, por favor – pedi embargada – Eu amo você, me desculpa, eu amo muito você.