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História Beautiful Soul - On way.


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hello hello, loves! Peço desculpas pela demora, mas aqui está mais um capítulo de BS. Espero que gostem, xx

Capítulo 5 - On way.


Fanfic / Fanfiction Beautiful Soul - On way.

Minhas pálpebras nunca estiveram tão pesadas quanto agora.

Eu perdi a conta de quantas horas estávamos na estrada, mas eu podia jurar que vi o sol se por e nascer enquanto eu dirigia e tentava não cochilar sobre o volante devido ao total silêncio dentro do carro. Michael não era do tipo tagarela, tampouco amigável, por mais que eu tenha tentado ouvir mais que respostas automáticas saindo de sua boca, era tudo o que eu tinha.

O volume baixo da música era o único som que eu ouvi por todas as horas que dirigia. Paramos algumas vezes para abastecer, comer e para irmos a banheiros. O meu companheiro era independente e se virava sozinho, tendo dificuldades ou não para fazer o seu caminho aos lugares. Era engraçada a maneira que ele resmungava consigo mesmo e ao me ouvir rir baixinho de sua maneira rabugenta de agir com tudo, ele me ouvia e eu cessava o riso, sem saber como sua audição era tão boa.

Deixo escapar-me um bocejo.

— Você devia parar e descansar um pouco. - ele diz mantendo sua cabeça virada para o vidro, tendo-a recostada sobre o encosto do banco do carona.

— Como você...

— Já ouviu falar que quando se perde um sentido os outros ficam mais aguçados? - pergunta retoricamente, eu acho. — Então. Minha audição tornou-se melhor do que eu gostaria que fosse.

— Desculpe-me por perguntar.

— Ouço isso sempre que saio de casa. Por isso eu não saia. - resmunga.

Mexo-me no banco, um pouco desconfortável com o seu tom de voz.

— Estamos a poucas horas de Nevada, mas acho que preciso de um banho e de alguns minutos de sono. - anuncio. — Podemos comer em alguma lanchonete, se quiser.

— Tanto faz para mim. - ele diz.

— Acho melhor ligarmos para nossos pais também.

Ele dá de ombros.

Onde se escondeu a minha sanidade quando o convidei para essa viagem?

Meneio a minha cabeça e continuo dirigindo por mais algum tempo, até que encontro algo como um vilarejo pequeno próximos da estrada. Havia um bar, telefones e alguns hotéis. Era nítido que eles não eram nada luxuosos ou mantidos sobre os olhos da vigilância sanitária, mas era o suficiente para termos uma noite de descanso e sairmos logo pela manhã.

Estaciono o carro ao lado de outros que já estavam no estacionamento aberto e improvisado.

— Chegamos. Não é nada comparado com nossas casas, mas acho que conseguiremos dormir bem e em segurança.

Michael não diz nada, apenas puxa o trinco da porta e a abre, colocando seu corpo para fora. Ergo as sobrancelhas e pego nossas mochilas no banco de trás, também saindo do carro e indo até onde ele estava, já batendo sua bengala no chão.

— O que quer fazer primeiro? - pergunto e o olho.

— Vou ligar para a minha mãe. - ele diz. — Você pode fazer o que quiser.

Educação zero.

— Claro. - digo e rolo os olhos.

Entrego a sua mochila para ele e o vejo levando-a até o capô do carro, se encostando no carro e a abrindo. Observo cada um de seus movimentos, vendo-o pegar o seu celular que não parou de tocar durante a viagem e ele apenas o colocou no modo silencioso. Vejo-o discar algum número e levar o aparelho até uma de suas orelhas, deixando-me impressionada com a sua agilidade para fazer tal coisa.

— Oi, mãe. Sou eu, Michael... - ele afasta o aparelho de sua orelha e faz uma careta e imagino que sua mãe não esteja calma como quando saímos de sua casa.

Deixo-o sozinho e ando até o hotel. Era realmente simples, mas parecia ter outros hóspedes além de nós. Uma senhora simpática fica de frente para mim, do lado de dentro do balcão e sorri, recepcionando-me e me ouvindo, enquanto pago pela nossa estadia.

— Quarto 403 e 408. É um de frente para o outro. - ela diz ao me entregar as chaves.

— Parece bom. Obrigada! - digo e sorrio de canto.

Ajeito minha mochila em minhas costas e saio do hotel, encontrando Michael deixando o seu telefone cair dentro do bolso aberto de sua mochila. Ele solta uma grande lufada de ar e chuta algumas pedras logo em sua frente, parecendo irritado.

— Está tudo bem?

Ele vira o seu rosto na direção contraria a que eu estava, como se fosse para se esconder. Mas eu já não via sua expressão, pois ele não retirava seus óculos escuros, desde que eu havia o conhecido, horas atrás.

— Sim. Mas, minha mãe estava surtando, e a sua também. - suspiro.

— Corremos o risco de sermos apanhados pela polícia?

— Não. - diz simplesmente. — Ela não entendeu, completamente, e acha que estamos loucos. Mas, vai entender, desde que eu a avise em cada canto que estivermos e que volte para casa em alguns dias.

— Talvez devêssemos voltar. Não quero lhe causar problemas. - digo e mordisco o meu lábio inferior.

— Já estamos aqui, agora vamos seguir com isso. - balbucia baixo, como que se fosse apenas para ele. — Conseguiu encontrar algum quarto?

— Sim, dois quartos. Aqui está a chave do seu. - digo e me aproximo, receosa. Ele estende a sua mão e eu coloco a sua chave sobre ela, sentindo, minimamente, o calor de sua pele a aspereza de sua mão.

— Acho que vou tomar um banho e depois podemos comer alguma coisa.

— Estou sem fome. - ele responde.

— Tudo bem. - dou de ombros, mas decepcionada.

Apesar de tudo, eu queria saber mais sobre Michael, pois estaremos na estrada durante algum tempo e a lei para uma boa convivência é conhecer a pessoa que está ao seu lado, mas ele não me permite isso, sempre se mantendo na defensiva ou em seu próprio universo de pensamentos, que sabe-se lá o que se passa em sua mente.

— Então vamos até o quarto. Uh, quer ajuda para chegar até lá? Acho que temos que subir alguns degraus. - pergunto e ele puxa as alças de sua mochila ainda sobre o capô e a endireita em um de seus ombros.

Ele bate sua bengala no chão aterrado e com algumas pedras e fica ao meu lado, parecendo sentir bem o meu cheiro. Sua bengala é fechada e guardada em um dos bolsos de sua calça. Ele toca em um de meus ombros, e eu não consigo manter-me de maneira natural, pois um estranho arrepio percorre toda a minha espinha. Umedeço os lábios e abano o meu rosto, tentando não ficar pensando sobre o que isso pode significar.

Sigo com Michael até a parte de dentro do hotel e subo, vagarosamente, dois lances de escada até ficar em frente as portas dos nossos quartos. Eram mesmo uma de frente para a outra. Sabendo que havíamos chegado quando paramos, Michael se afasta, levando consigo um pouco da minha respiração que, finalmente, voltou a funcionar normalmente. Minhas mãos estavam suando e minhas pernas pareciam instáveis.

Isso é apenas cansaço, Arabella. Nada além disso. Faço disso o meu novo mantra.

— Estarei aqui na porta da frente, caso precise de algo.

— Não se preocupe, irei sobreviver. - ele me dá as costas e tateia a porta, girando a chave que lhe entreguei na fechadura.

— Sairemos pela manhã, não estamos longe de Nevada. - ele não me responde, apenas abre a porta. — Boa noite, Michael.

Porque eu sinto que estou soando estúpida?

— Boa noite, Arabella.

Sua voz grave e ao mesmo tempo potente deixou-me ainda mais zonza, e agora eu não tinha certeza se era mesmo o cansaço, fome ou outra coisa que não tem explicação para a minha mente alvoroçada.

Vejo-o entrar em seu quarto e fechar a porta após alguns minutos.

Suspiro e faço o mesmo, entrando em meu quarto. Acendo as luzes e não encontro muitas coisas. Havia apenas uma cama de solteiro, um roupeiro de madeira envelhecida, uma cômoda e um espelho em cima, mas estava vazia, e uma porta branca, que deduzi ser o banheiro.

Jogo minha mochila sobre a cama e começo a me despir, deixando a minha roupa em um canto. Puxo uma toalha que estava sobre a cômoda e ando até o banheiro. Ao abrir a porta me deparo com algo simples, com uma pia branca, um espelho pequeno junto a porta do armário e um box com um chuveiro e alguns sabonetes e cremes dentro de uma pequena cesta.

Deixo a toalha sobre a pia e entro no box, ligo o chuveiro e tomo um longo banho, lavando o meu cabelo que estava emaranhado e ensaboando-me por último. Após sair do banho, escovo os meus dentes e penteio os fios do meu cabelo, o deixando solto para secar por si só.

Visto-me em uma calça jeans e uma blusa de uma banda qualquer, calço meu par de tênis e pego algumas notas de dinheiro e moedas dentro da minha mochila. Saio do quarto e olho para a porta do quarto de Michael, ao mesmo tempo que me esquivo de algumas pessoas que passavam pelo corredor e sorriam para mim por educação.

Ergo o meu punho no ar algumas vezes e pondero a ideia de bater em sua porta para saber se tudo estava bem, mas ele poderia não gostar da minha insistência em fazê-lo se abrir comigo ou, pelo menos, dialogar como uma pessoa comum.

Por fim, afasto-me de sua porta e sigo até as escadas, desço-a e passo pela entrada do hotel, indo até o pequeno bar a alguns passos de distância e entro, pedindo um refrigerante e um sanduiche, apenas para saciar a minha fome por algum tempo até eu conseguir me deitar e dormir. Quando termino, pago a minha conta e ando em direção aos telefones próximos da estrada.

Coloco duas moedas no local indicado e retiro o telefone do pequeno gancho que o sustentava. Coloco-o em meu ouvido e disco os números do telefone da minha casa, fechando os olhos e mordendo o lado interno da minha bochecha do lado esquerdo, sentindo-me nervosa e com medo do que eu teria que ouvir.

— Alô?

— Oi, mãe.

— Arabella, onde você está? Sabe o quão preocupada conseguiu me deixar por simplesmente ter desaparecido?

— Mãe, eu...

— Não venha com essa de ''mãe, eu posso explicar'', porque a senhorita está encrencada. - ela altera a sua voz, fazendo-me abrir os olhos e pensar no que poderia soar menos louco.

— Por favor, mãe. Escute-me e entenda-me.

— Não tem o que eu escutar que me fará mudar de ideia ao saber que você pegou o carro e sequestrou um garoto que mal conhece. O que se passa pela sua cabeça, menina?

— Mãe, não é isso...

 Então o que é? E onde você está? Sabe que já coloquei a polícia de todo o estado atrás de você, não sabe?

— Eu imaginei que faria isso. - murmuro e passo uma de minhas mãos pelo meu rosto. — Eu estou bem.

— Diga-me onde está que irei lhe buscar para acabar com essa palhaçada.

— Eu não irei voltar antes de descobrir algumas coisas, mãe.

— Descobrir o que, Arabella? Você se esqueceu de todas as crises que você tem quando está longe dos remédios ou das visitas ao médico?

— Como eu poderia me esquecer? Você me lembra disso a cada minuto. - altero-me também. — Esse foi um dos motivos para eu estar aqui, quero viver sem pensar que meus dias estão contados, mesmo que eu já saiba disso. Eu quero acordar e me preocupar apenas em saber para qual país eu irei e não em quantas consultas eu terei por mês. Eu quero contar quantas horas conseguirei ficar sem dormir por dirigir, e não em quantas horas terei que tomar o meu próximo remédio. Estou apenas tentando viver meus últimos dias como eu quero, já que meus sonhos não serão concretizados.

— Arabella...

— Não, mãe. Eu amo você, mas eu realmente preciso disso. Por favor, me entenda.

 Você está se arriscando, minha filha. -branda. — O que se passou pela sua cabeça quando foi até a casa de um rapaz cego e o levou para sabe-se lá onde? Eu sempre lhe admirei pela sua lucidez, mas agora, o que aconteceu com você?

— Eu apenas segui o meu coração, como você sempre me mandou seguir.

— Mas a esse ponto, filha? Há coisas que passam dos limites. E esse rapaz tem suas limitações, assim como você, e isso é uma linha direta para algo irreversível.

— Eu entendo os riscos, mãe, e Michael também entende.

— Eu estou apenas pensando no seu bem estar e no desse rapaz, pois eu vi o desespero da sua família ao pensar que ele havia desaparecido ou algo acontecido com vocês dois. - ela parece suspirar. — Diga-me apenas onde você está.

— Estou a caminho de Nevada. - revelo de uma vez.

 Nevada, Arabella? Por Deus, menina. Estou indo agora mesmo buscá-la. Todos os seus remédios estão aqui e...

— Mãe, não, por favor. Eu nunca fiz nada imprudente em minha vida, tampouco segui minhas vontades, por você e pelas minhas limitações por essa doença.

— Mas, filha...

— Por favor, mãe. Dê-me uma chance.

Espero sua resposta, mas ela leva um tempo antes de suspirar e falar.

 Se qualquer coisa acontecer, você irá voltar no mesmo instante. E eu quero notícias suas, todos os dias.

— Tudo bem. - dou-me por vencida. Isso era o máximo que eu conseguiria dela.

— Irei mandar algum dinheiro para sua conta no banco e você irá comprar seus remédios.

— Mãe, eu não quero mais tomá-los.

— Sem chances disso acontecer. Você sabe que são eles que a impedem de sentir dores piores.

— Eles não parecem mais fazer efeito, mãe.

— Arabella, é pegar ou largar. - ela diz de forma segura. — Só permitirei que essa loucura se estenda por um tempo e depois, você voltará para casa, junto do rapaz. E por favor, faça com que ele fale coma família. A sua mãe estava desolada por pensar que o pior podia ter acontecido. Essas pessoas já sofreram muito com o seu acidente.

— Eu sei. - digo e abaixo a minha cabeça.

— Caleb perguntou por você, muitas vezes.

— Dê um beijo e um abraço nele por mim, diga que eu o amo muito e que voltarei logo.

— Ele ficou assustado quando não a viu em casa e presenciou o meu desespero. - ela diz e suspira, mais uma vez. — Prometa para mim que irá se cuidar.

— Eu prometo. - digo e olho para o lado, vendo alguns carros passando na pista pouco movimentada. — Estou cansada, preciso dormir um pouco. Ligo para você quando chegar em Nevada.

— Eu não sei se quero deixá-la ir.

— Eu posso lhe garantir que voltarei, mãe. Eu te amo.

— Eu te amo daqui até a lua ou onde você está, querida. Se cuida.

— Eu vou. - digo e coloco o telefone no gancho, sentindo-me um pouco perdida e ainda mais incerta sobre minhas decisões.

Afasto-me do telefone e faço o meu caminho de volta para o meu quarto. Mas ao chegar ao corredor, encontro Michael encostado em uma das janelas no final do mesmo corredor, com um cigarro entre seus dedos, sendo levados aos seus lábios e tragados rapidamente.

Eu tento não me aproximar e deixá-lo sozinho, como ele parecia querer se manter, mas minhas pernas parecem seguir o seu próprio caminho, logo até ele.

— Como foi a sua ligação? - ele pergunta um pouco alto, me assustando.

Eu estava perto dele, mas não tanto para que ele percebesse minha presença. Eu tinha sérias dúvidas sobre os sentidos de Michael serem melhores que os de qualquer outra pessoa no mundo.

 — Foi tudo bem. - limpo minha garganta e torço meus lábios. — Ela quer apenas que tomemos cuidado.

Ele solta uma risada pelo nariz e meneia a sua cabeça.

— Eu vou... Eu vou me deitar um pouco. - digo, sentindo um pouco de dor de cabeça. — Te vejo pela manhã.

— Claro. - ele diz e vira o seu rosto para mim.

Eu queria tirar os seus óculos e olhar em seus olhos, pois eu não conseguia me lembrar do exato tom que eles tinham, mas eu sabia que eram bonitos, assim como tudo nele ainda era. Ele sabendo disso ou não.

Mas que droga, no que eu estou pensando?

Viro-me de costas para ele e, em passos largos, marcho até o meu quarto, entro e fecho a porta atrás de mim, encostando-me contra a porta e fechando os olhos por alguns minutos.

Estou me arriscando a passar meus últimos dias de vida com ele. E mesmo sabendo que lidar com o seu gênio será uma das coisas mais difíceis que enfrentarei, ainda sinto-me disposta a isso.

Eu não voltarei atrás. Só espero que ele também não.  


Notas Finais




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