Em uma casa humilde no centro da vila com um pequeno jardim com verduras e muitas galinhas dormia um único cão. O guarda da casa passava a maioria do tempo dormindo e pouco fazia para impedir os pássaros de comer as belas maças. Todos os dias antes do sol nascer entrava dentro de casa por uma pequena porta e ia direto ao quarto de seu dono o acordar. E isso foi o que fez. Pulou em cima da cama sufocando o belo jovem que dormia lá.
-- Tudo bem! Pare Galavan! Já estou acordado!
Dizia ao meio das lambidas e pulos do cão.
-- Mamãe já está acordada? Ela nem veio me chamar. Deve estar na oficina.
O jovem levantou e se olhou no espelho e achou que estava ficando meio gordinho. Chegou mais perto para notar os mínimos detalhes. Seu rosto era fino e tinha belos olhos azuis e lábios medianos e rosados diferenciando do resto do rosto que era completamente pálido com pequenas sardas delicadas que pareciam desenhadas perfeitamente para se destacarem, principalmente quando estava corado. Seu nariz é totalmente desproporcional. É pontudo e grande, sempre sofreu pelas mãos dos outros meninos que diziam que o pobre garoto parecia um pinguim. As mechas negras de seus cabelos estavam desordenadas pelo sono e pareciam um coqueirinho gótico.
Se virou para o armário e pegou um costumeiro terno preto com uma gravata azul. Adorava andar de terno, mesmo sendo muito formal o fazia sentir como em uma das histórias de príncipes que adorava ler. Por esse pensamento se lembrou do livro que havia pegado com o padre e lido em menos de um dia. Sorriu com esse pensamento, havia adorado a história. Era sobre um menino que havia subido em um pé de feijão até o céu. Amava historias com fantasia.
Se vestiu e alimentou Galavan com o jantar de ontem que havia sobrado na panela e saiu de casa.
Tudo é igual, nessa minha aldeia,
Sempre esta, nesta mesma paz,
Cantou enquanto descia as escadas e saia do jardim.
De manhã, todos se levantam,
Prontos pra dizer...
Parou em frente à rua deserta e esperou o sinal da igreja tocar.
Bon jour!
Bon jour!
Bon jour!
Bon jour! Bon jour!
Cantaram os aldeões conforme as janelas se abriam. O Jovem começou a andar e cumprimentar os vizinhos.
Vem o padeiro com seu tabuleiro
Com pães e bolos pra ofertar
Pegou dois pães e jogou as moedas no balcão.
Todo dia é sempre assim
Desde o dia em que eu vim,
pra essa aldeia do interior.
-- Bon jour Oswald!
Cumprimentou o ferreiro.
-- Bon jour monsieur Jon. Perdeu algo de novo?
-- Sim, mas não lembro o que é. Aonde vai?
Oswald que já estava começando a andar se virou.
-- Vou a biblioteca do padre devolver o livro que peguei.
Temos aqui um garoto estranho
Tão distraído lá vai ele...
Cantaram os meninos enquanto entravam para a sala de aula com seus livros, penas e tinteiros nas bolças.
Não se dá com o pessoal
Pensa que é especial
Chega a ser muito engraçado o nosso Oswald...
Cantaram as moças da lavanderia que olhavam com maus olhos o pequeno.
Eu quero mais que a vida do interior!
Entrou na igreja e foi direto para a biblioteca.
-- Olha se não é meu leitor favorito! Aonde foi ontem?
-- Para um castelo no céu. Alguma novidade?
Olhava as prateleiras em busca de algo novo para ler.
-- Nada desde ontem.
-- Então vou levar esse aqui. Sua biblioteca faz esse lugar parecer maior.
Saiu da igreja com o livro já aberto na primeira página e completamente alheio dos olhares dos três homens sentados nos degraus.
Esse garoto é muito esquisito,
Cantaram.
O que será que há com ele?
Cantou o barbeiro.
Sonhador a criatura,
Tem mania de leitura...
É um enigma para nós o nosso Oswald...
As doceiras pararam o serviço para ver o jovem passar.
Óh.... É um lindo romance,
Eles dois se encontram no jardim,
Se sentou em uma fonte no meio da feira onde uma menininha que olhou com curiosidade para o livro na mão do garoto.
É.... O príncipe encantado,
E ela só descobre quem ele é quase no fim...!
Cantou enquanto mostrou a figura meticulosamente pintado à mão e via o brilho dos olhos da garotinha.
O nome dele quer dizer beleza,
Não há melhor nome pra ele.
Uma senhora gorda com um rosto esnobe dizia enquanto olhava as perucas e maquiagens.
Mas por traz dessa fachada,
Ele é muito fechado,
Ele é metido a inteligente...
O cabelereiro olhou pela janela com inveja.
Não se parece com a gente,
Respondeu a mulher.
Se há um jovem diferente é Oswald!
Todos cantaram enquanto ele comprava uns doces para sua mãe que tanto gostava.
Ao longe o garoto era vigiado pelo homem considerado mais másculo da vila, Victor Zsasz, que o olhava para o jovem com um binoculo.
-- Olhe lá Butch. Ele é o mais belo da aldeia. Como eu quero me casar com ele.
-- Mas ele é tão culto e você é.. Atlético chique?
-- Eu sei Butch, mas me sinto sozinho depois da guerra.
Desde o momento em que eu o vi eu disse,
Não há ninguém igual a ele,
Enquanto caminhava era acompanhado por olhares sonhadores de moças solteiras.
Eu vi logo que ele tinha,
A beleza igual a minha
E é por isso que eu quero casar com ele!
Desceu do cavalo na entrada da cidade e foi andando de encontro com Oswald.
Lá vai Victor, vive sonhando!
Monsieur Victor é bonitão!
Cantaram Barbara, Selina e Ivy, trigêmeas bobas que sempre ficaram babando por Victor.
Quando ele passa, eu fico arfando!
É forte, é bruto e é um solteirão!
Desmaiaram em frente ao Victor que pouco ligou e continuou sua caminhada atrás de Oswald. As ruas do mercado começaram a ficar cheias e Victor já não via Oswald. As vozes eram altas e muitas pessoas não conseguiam mais identificar nada.
Um vão se abriu revelando finalmente o jovem.
A vida aqui nunca vai mudar!
Cantou o pequeno que olhava ao redor com admiração.
Eu quero levar Oswald para o altar!
Victor ergueu uma bela adaga de ouro que iria presentear seu amado.
Nós nunca vimos moço tão estranho,
Especial este garoto, nem parece que é daqui,
Pois não se adapta aqui
Cantaram os aldeões que estavam atrás de Oswald que parecia nem perceber pois estava compenetrado no seu livro.
Todo mundo acha que ele é filho de uma matusquela,
Mas todo mundo diz que ele é belo...!
Oswald se virou com um susto, achou que havia ouvido vozes. Quando o jovem se virou todas as pessoas voltaram a fazer aquilo que estavam fazendo antes como se nada tivesse acontecido. Oswald deu de ombros, já estava acostumado com pessoas falando dele pelas costas.
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