História Because of you (HIATUS) - Amigos

Cheguei à empresa vinte minutos fora do meu horário e algo que não suporto são atrasos, como gerente preciso ser exemplar. Ter perdido o horário hoje me rendeu muitos olhares debochados por parte de pessoas que acreditam que não sou bom o suficiente para ocupar a gerência, quanto mais à presidência. A maioria dessas pessoas são filhos ou outros parentes de acionistas da empresa que torcem descaradamente que eu faça ou aconteça algo errado sobre minha administração, assim eles teriam alguma coisa para me criticarem.

Logo após passar por aquele corredor cercado de cobras entrei em minha sala e suspirei, fui até minha mesa onde se encontravam vários documentos para assinar, a tarde seria ocupada com uma reunião com os acionistas, então preciso organizar essa papelada o mais breve possível. Já estava me preparando para revisar e assinar os documentos quando escuto batidas na porta.

— Pode entrar.

— Bom dia Jinyoung, desculpe se incomodo, mas aconteceu alguma coisa?

— Nada importante Jaebum, apenas um pequeno imprevisto. — Desvio o olhar dos documentos e lhe dou um meio sorriso. Jaebum e o pai dele são as únicas pessoas em quem cofio aqui nesta empresa.

— Não se preocupe com essas pessoas, tudo isso é pura inveja. Se quiser posso ficar no topo da escada assim como quem não quer nada e... Ops! — Ele encostou-se ao sofá balançando um dos pés e com uma expressão de quem olha algo por cima.

— Parece-me uma boa ideia, mas não perca seu tempo. — Sorri mais abertamente.

Im Jaebum assim como o Youngjae são meus amigos de infância, eu sempre protegia o Choi e me metia em discursões para defender o mais novo das provocações dos outros garotos que o atormentavam, e Jaebum nos protegia. Esse sentimento de proteção subsiste até hoje.

Também tem o Mark que aos doze anos mudou-se para a casa de seus avós na Califórnia, eu senti muita falta assim que ele partiu e se eu for sincero comigo mesmo, ainda sinto. Mantivemos contato, mas com o tempo ele parou de me ligar e das vezes que eu ligava não havia muito diálogo, ele nunca foi de muitas palavras o que deixava o pequeno Youngjae emburrado quando criança, esse que se não o interrompermos fala até não haver mais assuntos interessantes para ele, o que julgo difícil não ter. Já faz dois anos que não falo com o Mark, sei que está bem e que estuda psicologia em Stanford, pois o Sr. Tuan mostrou-me as fotos que o filho tinha lhe enviado, nelas ele estava com mais três rapazes e com um largo sorriso no rosto. O meu circulo de amizade resume-se a esses três garotos, não faço amizades e nem confio com facilidade nas pessoas.

A noite chegou mais rápida do que imaginei, estou louco para chegar em casa e me jogar em minha confortável cama. Dirigi com cuidado, pois estava chovendo, acabei de lembrar que preciso falar com o Sr. Tuan a respeito de meu novo motorista e sobre o pedido que Youngjae me fez. Cheguei a casa e rumei direto ao meu quarto, entrei e estranhei ao vê a janela aberta, eu não tinha fechado pela manhã? Tenho certeza que sim e ninguém entra em meu quarto quando não estou em casa.  Ergui minha mão e apertei o interruptor da luz, quando o ambiente ficou iluminado coloquei minha mão direita sobre o peito em total espanto ao ver alguém deitado na minha cama. Aproximei-me com cautela e quando aquela pessoa remexeu-se na cama ficando com o rosto virado em minha direção eu congelei.

— Ma- Mark?

Imaginem a minha surpresa ao rever meu amigo depois de tantos anos, dormindo tranquilo em meu quarto, quando mais cedo eu estava pensando nele e como sentia sua falta. Pensei em acordá-lo e brigar com ele por não ter me avisado que estava vindo, por ter parado de falar comigo, mas não fiz nada até o vê se encolhendo na cama com frio. Fui até a janela e fechei em seguida para que o vento gelado não o incomodasse. Peguei um cobertor de pelúcia azul que eu adoro usar em tempos frios e o cobri, ele deve está cansado da viajem, irei espera que ele desperte. Tomei banho e desci até a sala de jantar, estou com fome, ansioso e chateado. Já na sala encontro o Sr. Tuan me aguardando.

— Boa noite Senhor — Cumprimentou-me. — Seu jantar está pronto.

— Obrigado — A mesa está bem posta, como de costume apenas para uma pessoa — Acho que devo acordar o Mark para jantar. — Olhei em direção à escada.

— Não se incomode e peço desculpas por ele ter chegado de repente, ele não me avisou que estava vindo.

— Tudo bem. — Sorri e começo a tomar a sopa que foi colocada a minha frente.

— Sr. Park, os motoristas já foram contratados. — Parei o que fazia e encarei o Sr. Tuan, eficiente como sempre.

Dorian Tuan é mais que o mordomo desta casa, ele é como um segundo pai que admiro muito. Cresci ouvindo estórias que ele sempre contava antes de colocar eu e Mark na cama, me ensinou a tocar piano e também sobre artes plásticas. Quando meus pais se mudaram para os Estados Unidos eu tinha dezoito anos e o Sr. Tuan recusara o pedido de meu pai para ir com eles, minha mãe agradeceu muito por ele ter escolhido ficar e cuidar de seu precioso filho, como ela sempre ressaltava ao se referir a mim. Também sou muito grato a ele por isso.

— Senhor? Algum problema? — Chamou minha atenção.

— Obrigado por já ter cuidado deste assunto. — Pensei no pedido de Youngjae, com certeza ele ia ficar chateado por eu não ter atendido ao seu pedido. A verdade é que nem houve tempo, uma vez que eu pretendia falar com o Sr. Tuan agora à noite. Iria voltar minha atenção a minha sopa quando percebo Mark descendo as escadas com um olhar sonolento.

— Jinyoung... — Sua voz saiu baixa. — É bom poder te vê novamente.

— Por que não avisou que estava vindo a Coréia? — Desviei o olhar e voltei a comer.

— Me desculpe por isso... — Suspirei e o olhei novamente.

— Esqueça... Fez uma boa viajem?

— Sim. Você está com raiva de mim? É claro que está. — Respondeu a própria pergunta.

— Veja bem, você não me ligou nenhuma vez durante esses dois últimos anos, o que esperava? — Falei friamente. Ele se aproximou e me abraçou por detrás da cadeira encostando seu queixo em minha cabeça.

— Me perdoe irmãozinho, mas agora eu voltei.

— Quanto tempo pretende ficar? — A verdade é que por dentro eu estou feliz por ele está aqui, mas sei que não será por muito tempo.

— Não vou mais embora — Desfez o abraço e se sentou na cadeira a minha frente — A menos que você não me queira aqui Dumbie. — Piscou e sorriu de canto.

— Cale a boca! — Empurrei um dos pãezinhos em sua boca por ele ter usado aquele apelido idiota de quando éramos crianças.

— Yah! Cadê o respeito?

— E a universidade? — O questionei.

— Estou no último semestre, preciso apenas finalizar minha pesquisa e voltar para apresentar, não falta muito. Depois não irei mais a lugar algum. Então? Posso ficar?

— Tanto faz. — Dei de ombros.  É eu estou realmente feliz por ele ter voltado, mas ele não precisa saber desse detalhe.

Jantamos e subimos em seguida ao meu quarto, ainda conversamos por um bom tempo até Mark ir se acomodar em um dos quartos, ele trouxe vários presentes, eu ainda não sei o que vou fazer com um skate, como se eu gostasse dessa coisa e tivesse tempo, provavelmente quem irá usar é ele, mas gostei muito do quadro com um por do sol a beira mar. Ele estava muito empolgado para rever Youngjae e o Jaebum, com certeza hoje não foi um dia rotineiro e amanhã também está longe de ser.