História Because Of You - Capítulo Dezenove - Spring Day

Chapter Nineteen -

Eu respirei fundo, sentindo o ar entrando e enchendo meus pulmões. Minhas mãos tremiam, e meu coração batia desregulado, em meu peito.

Eu consigo. Eu tinha que conseguir. Cerrei meus olhos com força, e entreabri meus lábios os molhando com a língua logo depois.

“Eu… não sei como, ou por onde começar.” Confessei, encarando os rostos dos meninos a minha frente, esfregando minha mão pelo meu rosto. Eles são meus amigos, eu posso confiar neles.

“Você não precisa, se não quiser, hyung.” Jungkook se sentou ao meu lado, e colocou sua mão sobre meu ombro, em apoio.

“Eu quero Jungkook! Eu tenho que fazer isso.” Tomei fôlego mais uma vez, é agora, a hora chegou. Olhei para cada um dos meninos no cômodo, vendo seus olhares amigáveis e confiáveis. Eu não deveria desconfiar deles, eles já me ajudaram tanto, isso é o mínimo que eu posso fazer. Jin hyung se aproximou e se sentou ao meu lado, me dando apoio. Hoseok e Tae se sentaram no chão ao lado das minhas pernas, me olhando gentilmente. Namjoon e Yoongi, estavam cada um sentado em um braço do sofá, com expressões sérias porém, com olhos bondosos. Eu posso confiar nos meus amigos. É definitivamente, é agora.

“Como vocês sabem, eu nasci e cresci em Busan; eu morava com meu pai e minha mãe, numa das partes nobres da cidade. Nós tínhamos uma vida muito boa.” Sorri sem dentes. “Mas depois que completei quatro anos, eu e minha mãe recebemos a notícia de que meu pai tinha sofrido um acidente de carro, durante uma viagem de trabalho, e veio a falecer.” Os meninos ouviam cuidadosamente, prestando atenção em tudo que eu falava. “Eu não me lembro muito de tudo que aconteceu, eu era muito novo, e pra ser sincero, nem me lembro da aparência do meu pai.” Falei baixinho. “Mas eu me lembro que minha mãe ficou muito abalada. Muito abalada mesmo. Ela chorava escondido no seu quarto, durante a noite, e seu semblante era sempre cansado e deprimido. Eu odiava a ver daquele jeito, eu queria minha mãe de volta. Até que ela me contou que eu teria um novo papai.” Respirei fundo. “Ela parecia tão radiante e feliz, eu não podia estar mais agradecido por esse novo papai. O nome dele é,” Engoli em seco. “Chung-Hee.” Eu estava mesmo contando isso a alguém? “Se eu fosse mais velho eu teria a impedido. Ela não estava instável, era notável os sintomas de depressão.” Fechei meus olhos sentindo a dor me atingir. “Mas eu era muito novo; logo os dois estavam casados, e morando todos juntos, e eu não tinha nem completado seis anos ainda. Ele era muito atencioso conosco,” Separei meus lábios, respirando fundo. Eu estava indo bem. “Mas, como tudo que é bom dura pouco, aquele lado de Chung-Hee não demorou em ter um fim. Ele começou a agir estranho, chegava em casa tarde, fedendo a bebida e cigarros. Não me dava mais atenção, e logo descobri que com minha mãe não era muito diferente. Ela parecia tão acabada, quanto alguns anos antes. Não demorou muito para eu descobrir que Chung Hee batia em minha mãe.” Eu podia ver o filme da minha vida passando diante de meus olhos. Eu já pressentia a hora que eu começaria a chorar. Hoseok tinha uma expressão surpresa no rosto, e um olhar triste nos olhos, eu sorri gentil para ele. “Eu tinha medo dele, então por tempos eu ignorei e fingi que não ouvia o choro alto de minha mãe, quando na verdade eu chorava junto com ela, escondido no meu quarto.”

“Foi quando eu vi que minha mãe tomava pílulas tarja preta. Eu me lembro de ficar muito assustado, me sentindo culpado, e temia que alguma coisa acontecesse com minha mãe. Então eu finalmente tomei uma atitude, e eu interferi na primeira menção de Chung Hee tocar em minha mãe. Ele ficou furioso e bateu em mim, ao invés da minha mãe, ela não conseguia o impedir, e eu não a deixaria de qualquer forma. Ainda tenho as cicatrizes daquele dia.” Suspirei. “Três longos anos se passaram, e eu não o deixava bater em minha mãe por nada, eu havia me tornado o seu novo saco de pancadas que ele espancava a hora que quisesse.” Senti meus olhos começarem a arder. Vamos lá, eu consigo. “Tudo ao meu redor parecia estar desmoronando, eu não conseguia mais fugir do inferno que minha vida tinha se tornado, quando eu ia pra escola. Já que a escola em si virou uma espécie de inferno, também. Eu só afastava as pessoas, e meus coleguinhas se revoltaram por, não conversar com eles como antes, e foi aí que começou. Tudo começou com comentários maldosos sobre minha altura, bochechas grandes, inteligência, até a cor de meus sapatos. Tudo era uma razão para caçoar de mim.” Fechei os olhos.

“E por mais que eu me fizesse de indiferente, me doía na pele. Bullying é tão desprezível, conseguiu destruir toda a pouca auto-estima que eu tinha. Mas, eu ainda conseguia suportar tudo, eu ainda esperava que minha mãe iria tomar juízo e iria se separar de Chung Hee, o denunciar, e nós iríamos nos mudar de casa e viver felizes, só nós dois. Obviamente, não foi isso que aconteceu.” Minha cabeça girava, e eu senti a típica ardência aguda no meu nariz, sinal de que eu iria chorar logo. “O que realmente aconteceu foi, minha mãe se viciou nas pílulas tarja preta. E num belo dia, sofreu de overdose. Descobriram sua depressão tarde demais, sua vida já tinha sido tomada por ela mesma.” Foi o estopim, as lágrimas já caiam finas. A dor no meu peito se tornou mais forte. “Eu só tinha treze anos.” Solucei contido.

“Chung Hee deve ter percebido que eu estava quase morto depois daquilo, e deixou de me bater. E claro, porque ele perderia tempo batendo em um moleque miserável, quando poderia estar gastando o dinheiro do meu pai com prostitutas e bebidas.” Ri amargo, secando minhas lágrimas. “Eu não tinha mais animação para nada. Era como se eu estivesse vazio.” Olhei para parede à minha frente, me lembrando de meus momentos na escuridão.

“Só que, de repente Chung Hee começou a me tratar bem. Cozinhava para mim, me levava para escola, perguntava como foi o meu dia. Eu estava tão desesperado por apoio que me joguei de cabeça. Alguns dias depois, pela tarde um Assistente Social veio a nossa casa, para ver como estavam as coisas entre eu e Chung Hee. Eu não tinha nenhum parente próximo vivo, e se ele achasse que Chung Hee não estava cuidando de mim propriamente, eu provavelmente iria parar num orfanato. E eu caí como um pato, fui facilmente manipulado, para logo descobrir que ele tinha me enganado. Chung Hee estava me tratando bem assim eu não diria ao Assistente Social sobre as agressões. Meu pai tinha uma conta especial no banco reservada para mim, e se ele não tivesse a minha guarda, não conseguiria pôr as mãos no dinheiro.” Eu abri um grande sorriso amargo, meu peito doía tanto. “E ele conseguiu. Conseguiu a minha guarda. E se apossou do dinheiro da conta, e me deu uma parte por ser um bom menino, e ter me comportado diante o Assistente Social.” Os meninos tinham sentimentos mistos em seus semblantes, e não tentei os desvendar, apenas voltei a falar. “Eu nunca mais consegui confiar em ninguém depois daquilo.” Soltei o ar preso em meus pulmões pela boca.

“Ele não me batia mais, até uma das suas prostitutas tentar abusar de mim de noite. Naquela noite, ele bateu nela, me espancou e depois a estuprou na minha frente.” Fechei meus olhos fortemente, tentando esquecer as imagens. “Depois disso, o seu velho hábito de me espancar a hora que quisesse voltou, e eu não poderia estar mais cansado e destruído de tudo aquilo.” Jungkook entrelaçou sua mão esquerda na minha direita, me dando suporte. Um calma temporária me atingiu. “Na escola, eu me destacava a cada dia mais, com minhas notas altas, e a inveja de meus ex-coleguinhas era cada vez mais palpável. Até que o Bullying virou físico. Eu tenho até hoje cicatrizes do ódio deles e de Chung Hee, pelo meu corpo. Depois de um tempo, eu deixei de correr, deixei de lutar contra eles. Eu estava farto de tudo aquilo, tão farto.” Olhei para cima, tentando fazer minhas lágrimas pararem de cair.

“Chung Hee não se importava, se eu estava vivo ou morto a muito tempo, eu era não tão pequeno como antes, e chegou um ponto que ele não me daria dinheiro nem para comprar comida, então eu tive que achar um emprego.” Eu desisti de impedir minhas lágrimas de caírem, e abaixei minha cabeça. "Aquela foi uma fase tão difícil. Eu tive tantos pensamentos assustadores, eu estava prestes a desistir de tudo." Eu funguei.  “Até que uma ideia se passou por minha cabeça. Depois de meses trabalhando, eu juntei todas as minha economias, e aluguei um apartamento no centro de Busan, quando tinha dezesseis anos. Alguma coisa dentro de mim, não me permitia desistir da vida, então eu resolvi deixar aquela casa de uma vez por todas. O meu salário era bem apertado, e nos primeiros meses tive que deixar de comprar comida para pagar o aluguel do apartamento. Todo o final de mês vinha a dúvida, eu pagava o aluguel ou comprava comida?”

“O almoço passou ser minha parte favorita do dia escolar. Porém, Chung Hee tinha deixado de pagar minha mensalidade escolar, e eu já via a hora de ter que ir para uma escola pública. Graças ao meu currículo escolar, minha escola não estava disposta a me perder ainda, e me ofereceu uma bolsa integral.” Sorri pequeno. “Eu me senti tão aliviado, por um tempo. Talvez tudo estivesse se acertando. Mesmo estando longe de Chung Hee, eu ainda me sentia perseguido. Todo lugar que eu ia, lá estava ele. Eu temia andar sozinho nas ruas.”

“Então resolvi que queria uma companhia, um parceiro para me ajudar, e adotei Marshmallow. Ela me ajudou bastante, principalmente quando eu fraquejei por conta do meu passado, ela foi minha única amiga durante muito tempo.” Eu sorri, ao me lembrar da minha companheira, que descansava no colo de Yoongi.

“E assim longos meses se passaram, eu tentava me reerguer ao poucos, e assim tão de repente, eu recebi uma carta.” Fiz uma pausa, vendo os olhares brilhando em expectativa dos meninos. “Uma das melhores escolas do país, me oferecia uma bolsa, e uma possível carta de recomendação para faculdade que eu desejasse ir, eu só teria que ir para Seul. Eu adorei a ideia de deixar Busan para trás, e com ela Chung Hee. Então aceitei.” Sorri sem dentes.

“Com dezessete anos, deixei Busan com Marshmallow do meu lado. Esperando deixar Chung Hee para trás também, mas não foi isso que aconteceu exatamente. Ele ainda me perseguia aonde eu fosse. Tudo parecia tão escuro, tão frio, até que um sorriso iluminou um pouco a minha confusão.” Eu sorri entre lágrimas para Jungkook. “Mesmo depois de o ignorar por tanto tempo, Jungkook não saiu do meu lado, teve paciência comigo. E com ele eu ganhei vocês.” Olhei para os meninos ao meu redor. “Demorou, mas eu aprendi a confiar em vocês. E nesse momento eu considero uma das melhores coisas que eu já fiz.” Sorri grande e aberto para meus amigos.

Percebi que Hoseok, Tae e Jungkook tinham lágrimas nos olhos. Hoseok pulou em mim, me abraçando fortemente e o respondi prontamente, Jungkook se juntou a ele, e Tae fez o mesmo. Os abracei forte, sentido as lagrimas descendo grossas pelo meu rosto, eu me sentia tão aliviado e mais leve por ter tirado isso de mim.

Eu não acredito…eu consegui. Eu falei. E a sensação de sentir todo aquele peso sair dos meus ombros, era tão gratificante. Eu me sentia tão leve, como nunca me senti em minha vida inteira.

Era como se eu pudesse voar.

Nos separamos, e eu tinha um sorriso pequeno nos lábios, Jin-hyung se aproximou com lencinhos, e secou minhas lágrimas, deixando um beijo sobre minha minha cabeça, e me abraçou. Nam hyung se aproximou, ele me olhou nos olhos.

“You’re the strongest person I’ve ever met, Jimin. I promise I won't let you down.” Ele sorriu grande e me abraçou.

Yoongi hyung se aproximou e não disse nada, apenas me abraçou longamente, e me olhou nos olhos, suas ações valiam mais que palavras.

“Você nunca tentou denunciar esse desgraçado?” Tae perguntou secando suas lágrimas, quando menos percebi Jungkook já estava ao meu lado, enlaçando meus ombros.

“Já passou pela minha cabeça, mas eu não esbanjo dinheiro, e não sei se teria como provar tudo que acabei de contar a vocês.” Olhei para baixo.

“Jimin, eu só tenho uma coisa para te dizer:” Yoongi começou. “Eu sei que não é fácil esquecer seu passado, mas se não se prenda a ele, você vai perder o seu presente. Eu sei que você tem cicatrizes, e elas ainda irão sangrar, mas tudo que você passou apenas te fez mais forte.”

“Você só conhece sua real força, quando sua única opção é ser forte, e tudo isso apenas serve para te mostrar o quão forte você é, confie em mim, nem todo mundo seria capaz de aguentar como você. Você foi forte o suficiente para sobreviver, você será forte o suficiente para curar suas feridas.” Jin hyung completou.

“Como eu te disse, nada acontece sem razão. E por mais horrível que isso possa soar, a morte de seus pais e o verme do Chung Hee, também tiveram a sua razão para acontecer. Nós temos muito para aprender de você, e você de nós. Nós estaremos aqui para te dar suporte no que vier, e eu sei que você também estará aqui por nós.” Namjoon hyung disse.

“Sua persistência te manteve vivo, Chim. E isso é incrível, nós temos muito respeito e admiração por você, por ter sido tão forte. Como Namjoon hyung disse, estaremos aqui por você, então deixe seu passado para trás, ele não te define, ele é apenas uma pequena parte da pessoa incrível que você é.” Taehyung me ofereceu seu belo sorriso peculiar, e o ofereci um de meus sorrisos também.

“Seremos sua luz, nos dias mais escuros, e o calor nas noites frias. Mas, claro, se você deixar eu ser sua flor!” Hoseok hyung sorriu.

“Hey, você é minha flor!” Yoongi hyung protestou, nos fazendo rir.

“Aish, que baixinho ciumento. Eu posso ser a flor do Jiminnie também!”

“Quem disse que pode?” Jungkook protestou, me fazendo olhar para ele com uma cara engraçada.

“Okay, okay, seus ciumentos. Eu serei seu amigo Jiminnie, para todas as horas que precisar, e quando você achar que não tem ninguém, se lembre que se você tiver esperança você tem tudo. E por mais que você tenha sofrido bastante, aquele sofrimento de antes acabou. Você obviamente irá sofrer de novo, mas você é forte. E nenhuma escuridão, nenhuma estação pode durar para sempre, a sua primavera chegou Jiminnie.” Hoseok sorriu radiante, enquanto abraçava Yoongi hyung. Meu peito se encheu de um sentimento gostoso.

“Jiminnie, como eu já te disse: eu fui apenas um pequeno empurrãozinho. Você saiu da escuridão por si próprio, eu só te dei uma ajudinha, e nesse exato momento, vendo seu sorriso, eu tenho certeza que foi uma das melhores coisas que eu já fiz. Eu não pretendo desistir, Jiminnie hyung. Quando a escuridão te atingir, quando você se sentir sozinho, eu estarei lá. Conte comigo, eu prometo tentar o meu melhor para te ajudar em tudo que precisar!” Jungkook sorriu grande para mim, e me abraçou. “Obrigado, por me cativar.” Ele sussurrou em meu ouvido.

“Obrigado por tudo.” Eu sorri.

“O seu passado não irá mudar o jeito que nós nos sentimos por você, Chim.” Eu sorri com lágrimas nos olhos. Os meninos se aproximaram todos juntos, e me abraçaram fortemente.

“Dezoito anos, vida nova, novo Chim!” Hoseok disse levantando os braços.

“Eu tive uma ideia!”  Taehyung se afastou, e segurou meu braço, me puxando para longe de Jungkook. “Nós voltamos daqui a pouco.”

“Eu quero ir com vocês!” Hoseok se levantou.

“Okay, vamos logo! Acho que você poderá nos ajudar.” E assim Taehyung rapidamente me arrastou pra fora do meu apartamento, deixando todos com cara de taxo.

[...]

“O que acha de roxo?” Taehyung perguntou pra Hoseok.

“Hm, não. Que tal vermelho?”

“Hey, vocês poderiam me dizer porque me arrastaram até uma farmácia?” Perguntei cruzando os braços.

“Legal, mas essa cor é muito forte. Que tal laranja?” Eles me ignoraram totalmente. Bufei, e fechei os olhos, sorrindo.

Eu me sentia tão bem por ter contato para os meninos, e a reação deles me trouxe tanto alívio. Nos confins de minha mente quebrada, eu esperava que eles iriam me abandonar, e eu provavelmente iria afundar de uma vez por todas. Mas não, eles não me odiavam por meu passado vergonhoso, eles me admiravam!

Obrigado, muito obrigado por colocar pessoas tão maravilhosas na minha vida.

“Sim! Essa é a cor!” Hoseok comemorou, levando as mãos pra cima. Eles levaram algumas embalagens para o caixa, e depois de pagarem, me puxaram pra fora do estabelecimento e voltamos pra meu apartamento.

“Okay, será que agora vocês podem me dizer o que está acontecendo?” Perguntei quando entramos em meu apartamento de novo. Eles apenas me arrastaram para o banheiro e trancaram a porta.

“Okay Jiminnie, esse é o plano. Como um símbolo de nova vida, o que acha de pintar seu cabelo?” Tae começou.

“Huh?”

“Sabe, você tem Dezoito anos agora. Você nos contou sobre o seu passado, e nós achamos uma boa ideia pintar seu cabelo, como uma lembrança de que você é alguém novo, e que você está deixando seu passado pra trás.” Hoseok completou.

Eu olhei pra eles, ponderando. Eles estavam certos, eu não era o mesmo Jimin de antes, eu era um Jimin melhor. A Partir de hoje eu recomeçaria, e porque não marcar minha mudança interna, com uma física também.

“Quer saber! Vão em frente!" Eu Sorri aberto, segurando a mão deles.

“Okay primeiro, nós vamos passar esse creme, ‘pra não manchar sua pele.” Tae espalhou o creme por minha pele.

“Vocês tem certeza do que estão fazendo?”

“Relaxa, eu já pintei meu cabelo várias vezes.” Tae disse.

“Já viu a cor do cabelo do Yoongi? Eles já pintou o cabelo tantas vezes, e eu sempre o ajudei.”

“Okay.” Fechei meus olhos, decidindo me arriscar e confiar neles.

[...]

“Eu lhes apresento, o novo Park Jimin!” Taehyung anunciou alto, e me empurrou para fora. Eu saí do banheiro, meio hesitante, e de cabeça baixa. Quando finalmente olhei pra cima, encontrei Jungkook, Namjoon, Jin e Yoongi de boca aberta. Abaixei a cabeça envergonhado.

“Que gato! Se eu não fosse comprometido eu pegava.” Jin-Hyung disse, rindo depois.

“Acertaram em cheio, ficou muito bom nele!” Namjoon exclamou.

“Eu não vou dizer nada, apenas observem.” Yoongi disse, apontando pra Jungkook. O mais novo andou lentamente até mim, parando em minha frente.

O encarei meio desconfiado, e ele apenas passou a mão por meus cabelos. Ele se aproximou mais lentamente, até que eu senti sua respiração bater contra meu rosto. Ele estava tão perto. Fechei meus olhos, assustado, o que ele ia fazer?

Sua testa tocou na minha, e seus lábios tocaram suavemente, minha bochecha esquerda. Deixei ar, até então preso por mim, sair por minha boca.

“Você está lindo, Hyung.” Ele sussurrou, fazendo um arrepio subir.

“Por favor, eu não vim aqui pra ser vela.” Taehyung fez menção de que iria vomitar, e me afastou de Jungkook, minhas bochechas ferviam.

“Eu pensei que teríamos uma festa do pijama!” Hoseok disse, sentindo o clima desconfortável no ar.

“Eu trouxe refrigerante!” Namjoon anunciou.

“Eu vou pedir pizza!” Tae foi até o telefone fixo.

"Vamos fazer essa a melhor festa do pijama, de todas! Jimin, você vai recomeçar em grande estilo!"

“Eu...vou ir no banheiro.” Disse meio retraído, indo até o banheiro.

Olhei para o espelho, vendo meu reflexo. Não iria mentir, mas a cor laranja tinha combinado mesmo.

Suspirei, jogando água no meu rosto. Era muita coisa para digerir. Eu tinha vencido meu medo de me abrir, pintado meu cabelo e ganhei um beijo na bochecha de Jungkook. Tudo no mesmo dia, tudo no meu aniversário. Suspirei mais uma vez, e fechei meus olhos, jogando a memória dos lábios macios de Jungkook sobre minha bochecha, para o fundo da minha cabeça. Eu pensaria nisso depois.

Olhei mais uma vez para meu reflexo, e gargalhei ao ver meus cabelos agora, alaranjados. Toda vez que eu olhar para meu reflexo de hoje em diante, eu me lembraria do significado que a cor do meu cabelo trazia. Um recomeço. Aquela estação da minha vida finalmente chegou ao fim, os tempos de escuridão e o medo havia acabado. O inverno se foi.

A primavera chegou.