História Because Of You - Capítulo Vinte e Quatro - Amar é Complicado

Chapter Twenty- Four -

“Jungkook-ah, você me beijou,” O sorriso doce que ele me mostrou, com toda certeza ficaria pra sempre na minha mente.

Eu beijei Park Jimin.

Depois da minha conversa com Jimin sobre como “amigos às vezes se beijam” perto da casa do Jin-hyung, horas atrás; um clima tenso se instalou sob nós. Nós não conversamos pelo resto do dia, e aquilo estava me agonizando. Eu tentava chamar a sua atenção, mas ele não dirigia ao menos o olhar para mim. Seokjin pareceu perceber a tensão instalada entre Jimin e eu, e me forçou a ficar na sua casa e explicar o que tinha acontecido entre nós. Eu tentei enrolar e não o contar, o máximo possível, mas por volta das onze da noite, Seokjin finalmente conseguiu me fazer abrir a boca.

Depois de um pequeno discurso motivacional — talvez feito de maneira errada — feito por Jin, eu corri até o apartamento do meu querido Jimin-hyung, com um objetivo em mente: me redimir. Mas

assim que o encontrei na porta de seu apartamento, meu objetivo foi rapidamente atualizado para: beijar Park Jimin, e eu não pude evitar.

E aqui estou eu, o encarando feito um bobo apaixonado, esperando sua próxima reação.

“Sim, Jiminnie.” sorri mais uma vez, respondendo à afirmação de Jimin. “Eu te beijei!”

Ele tinha um sorriso animado no rosto, e avançou em minha direção, me abraçando fortemente.

Eu estou nas nuvens!

“Isso quer dizer que eu sou seu amigo, então! Ah kookie, eu achei que você não queria mais ser meu amigo, por isso que você não quis me beijar!” suspirou aliviado.

Meu coração parou de bater em meu peito, por um milésimo de segundo. Eu não acredito no que acabei de ouvir. Ele está de sacanagem!

Meu peito se apertou.

Como palavras podem machucar tanto? Jimin conseguiu levar toda a minha esperança, e felicidade em tão poucos segundos. Eu queria chorar.

Agradeci aos céus por Jimin estar muito ocupado me abraçando, para perceber meus olhos marejados.

Então, Jimin realmente ficou chateado comigo por não ter o beijado, mas não pela razão que eu esperava. Eu queria bufar em frustração, depois socar algo, e chorar no colo da minha mãe até dormir.

Que merda você tem na cabeça, Park Jimin? Como você não vê que eu estou louco por você?!

“Jungkookie, você está bem?” Jimin fez menção de se afastar, mas meus olhos ainda não estavam completamente livres das lágrimas, então o apertei mais forte, o impedindo de olhar meu rosto.

“Estou hyung, só nunca pense isso de novo, okay?” afaguei seus cabelo, sentindo meu peito se tornar mais pesado. “Eu sempre serei seu amigo.”

[...]

“Jungkook? O que foi, querido?” assim que eu entrei em casa tarde da noite, minha mãe percebeu que eu não estava bem, mesmo que meu semblante não demonstrava emoção alguma. Ela me conhecia tão bem.

Olhei em seus olhos negros e gentis, tentando reprimir a onda de sentimentos que se alastrava por meu corpo. Eu não queria a preocupar com algo tão bobo, como um coração partido. Porém, era quase impossível de me manter sem expressão alguma no rosto, não com minha mãe aqui; eu não conseguia esconder nada dela.

Mordi meu lábio inferior, apreensivo.

Era tarde demais, as mesmas lágrimas salgadas inundaram meus olhos, novamente, e eu baixei a cabeça, tentando impedir minha mãe de vê-las. Meu coração doía no peito. Ela murmurou um pequeno “oh” e correu até mim, me abraçando acolhedora.

Era tudo que eu precisava nesse momento.

“Vem cá, meu bebê.” Ela me puxou até o sofá, se sentando e me fazendo repousar a cabeça em seu colo. Minha vista já era afetada pelas lágrimas, e meu peito subia e descia, soluços saindo pela minha boca. Ela franziu as sobrancelhas, e afagou meu cabelo.

Meu choro era sofrido, e se estendeu por longos minutos, eu podia ver os olhos de Jimin toda vez que eu fechava meus olhos. Minha mãe me deixou chorar por um tempo, afagando meus cabelos e beijando minha testa. Quando o choro já tinha menos intensidade, ela se pronunciou.

“O que aconteceu, bebê?” suspirei fundo, sentindo vontade de chorar mais ainda, me atingir. “Foi alguma coisa com os meninos?” neguei com a cabeça. Ela suspirou, como se soubesse do que meu choro se tratava. “Foi alguma coisa com o Jiminnie?” o ar se prendeu em meus pulmões, ao ouvir o seu apelido. Fechei meus olhos, e assenti com a cabeça de maneira fraca.

“Oh,” ela beijou meu rosto, e eu enlacei seu pescoço, não querendo soltar. “Quer me explicar o que aconteceu?” pensei por um tempo, decidindo contar a ela, sobre o meu dia. As lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto, quando eu terminei minha narrativa, e minha mãe me abraçou forte enquanto eu me deixava ser confortado.

“Jungkookie, eu não quero que você se preocupe mais com isso, está bem? Eu vou fazer um chocolate quente, e quero que você descanse um pouco, okay?” ela correu as mãos por meus cabelos, de uma maneira carinhosa, e eu assenti de maneira fraca. Ela se levantou e foi até a cozinha.

Eu me sentia tão mal. Eu sentia meu coração machucado pelas palavras de Jimin, sentia frustração e raiva daquele pequeno ser.

Claro que a raiva não era muito grande, pois é sobre Park Jimin que estou falando, mas mesmo assim ainda me sentia irritado com a sua lerdeza.

Quando minha mãe voltou para a sala, ela carregava uma xícara vermelha e deixava uma trilha de vapor para trás. As lágrimas já não estavam descendo de meus olhos, mas eu ainda tinha a cabeça baixa.

“Vamos para seu quarto,” disse gentil.

“Eu posso dormir com você, hoje?” não levantei meu olhar, mas pude imaginar o brilho carinhoso de seus olhos.

“Claro que sim, meu amor,” ela veio até mim, beijou o topo da minha cabeça, e eu a segui em silêncio enquanto bebericava meu chocolate quente.

“Mamãe?” sussurrei, minha cabeça repousava em seu peito.

“Sim?” ela afagou minha nuca, e eu fechei meus olhos.

“Porque meu coração está doendo, tanto?” minha voz saiu abafada, enquanto ouvia o coração da minha mãe bater em seu peito. Ela suspirou, e me apertou mais forte.

“Porque palavras tem poder, Jungkook, e Jimin usou palavras que você não queria ouvir.” sua voz era terna, e meus olhos se encheram de água mais uma vez.

“Como ele consegue ser tão cego?” o som da minha voz embargada, ecoou pelo quarto.

“Cada um vê aquilo que quer ver, talvez Jimin não queira enxergar o que realmente está acontecendo.” ela beijou minha testa.

“Será que algum dia ele vai enxergar?” eu sentia minha cabeça doer pelo choro, e o sono me atingir; já era madrugada.

“Tenha fé, bebê.”

[...]

Jimin -

“Porque me chamou aqui, Minseok-Noona?” perguntei enquanto me sentava de frente para si. A mãe de Jungkook suspirou, e bebericou seu café.

“Eu queria conversar contigo sobre uma coisa que está me preocupando.” meu corpo se tornou tenso.

“E o que seria isso, que te preocupa?”

“Jungkook.” meu coração acelerou com a ideia de que alguma coisa ruim esteja acontecendo com Jungkook. Milhares de pensamentos negativos me atingiram. E se ele estiver doente? Não, eu não iria aguentar isso. E se ele for morar com seu pai nos Estados Unidos? Acho que Minseok percebeu minha tensão e preocupação, pois logo tocou meu ombro de forma tranquilizadora.

“Não se preocupe, vamos conversar antes, sim?” assenti com a cabeça. “Me conte um pouco de você, okay? Como eram seus pais?” engoli em seco. Não entendi onde ela queria chegar com a pergunta, mas eu confiava naquela mulher a minha frente.

“Meu pai morreu em um acidente de carro, quando eu tinha quatro anos.” ela arqueou suas sobrancelhas. “Minha mãe se matou quando eu tinha treze.” Minseok arregalou os olhos, e eu sorri tranquilo, tentando dizer a ela que estava tudo bem. Minhas cicatrizes aos poucos se curavam, então a vontade de chorar ao tocar naquele assunto, se tornava cada vez mais controlável.

“Oh, eu sinto muito, querido.” sua voz diferentemente de muitas pessoas no funeral de minha mãe, realmente trazia um pesar.

“Está tudo bem! Eu estou me curando de tudo isso aos poucos.” sorri sem dentes.

“Eu não quero parecer indelicada, mas sua mãe te criou sozinha?”

“Não. Ela se casou de novo quando eu tinha cinco anos.” ela assentiu com a cabeça. Ainda achava estranho suas questões, mas tentei deixar isso de lado. “Ele era um cretino, batia na minha mãe e mim, acho que por isso ela acabou se suicidando.” eu podia ver o pesar de Minseok em seu semblante. “Me perdoe se estou sendo rude, mas, porque está me perguntando isso?” ela acertou sua postura.

“Bom, Jungkook chegou ontem, arrasado em casa. Ele me contou sobre o que aconteceu com vocês ontem.” minhas bochechas esquentaram ao me lembrar dos lábios de Jungkook. Um frio no estômago, me fez estremecer. Eu não consegui parar de pensar sobre meus lábios nos dele, desde que ele deixou meu apartamento. Eu sentia que alguma coisa estava errada, mas estava entorpecido demais para fazer alguma coisa. “Você consegue imaginar porque ele fez aquilo, certo?”

“Somos amigos?” ela suspirou. Jungkook me beijou para mostrar que somos amigos, certo?

“Ai que você se engana, Jimin.”

Meu rosto se contorceu em uma careta confusa. O que ela queria dizer com aquilo?

“Desculpe, Noona, eu estou confuso.”

“Me diga, já namorou antes?” de novo com as perguntas sem sentido?

“Não. Nunca me apaixonei, e não pretendo, ‘pra ser sincero.”

“Porque?”

“Amar é complicado.” suspirei.

“O que você sentiu quando Jungkook, te beijou?” eu estava começando a estranhar todas aquelas perguntas. Meu rosto ficou vermelho de novo.

“Ah-eu não sei.” abaixei minha cabeça. “eu acho que gostei.”

Porque eu estava dizendo isso para mãe do meu amigo? Essa situação toda era estranha.

“Jiminnie, Jungkook não te beijou porque ele te considera um amigo.” olhei para ela, mais uma vez confuso.

“Então porque?”

“Acho que ele deveria te dizer isso. Ele está lá em cima, vá conversar com ele.”

Me levantei hesitante. Porque Minseok me perguntou tantas coisas estranhas? E o que ela quis dizer com, “Jungkook não te beijou porque ele te considera um amigo”? Minha mente estava confusa, e aos poucos eu alcancei a porta do quarto do Jungkook. Hesitante, eu abri a porta encontrando Jungkook. Ele estava deitado na cama, com fones nos seus ouvidos, e sua expressão triste, destruiu meu coração.

Andei até sua cama, e o encarei de perto. Ele ainda não tinha notado minha presença, então toquei seu ombro e retirei um do seus fones. Ele se sobressaltou, mas relaxou ao ver que se tratava de mim.

“Jimin-hyung, porque está aqui?” ele se levantou, e escorou as costas na cabeceira da cama.

“Eu queria conversar com você.” ele bateu na cama, e me sentei ao seu lado.

“Hum, okay.”

“Jungkookie, porque você me beijou ontem?” ele olhou para baixo, parecendo envergonhado.

“Porque nós somos amigos, oras.” Jungkook disse rápido demais. Eu suspirei.

“Jungkook.” disse baixinho. “Porque você realmente, me beijou?” ele pareceu atordoado, e olhou de um lado para o outro, como se tentasse achar uma saída. Ele virou para mim, e suspirou. Seus olhos brilharam, como se ele estivesse prestes a chorar.

“Olha, não era assim que eu pretendia te contar. Não aqui no meu quarto bagunçado, comigo vestindo pijama, e com remela nos olhos, mas,” ele respirou fundo.Eu me tornei cada vez mais apreensivo. “Eu te beijei ontem, Jimin-hyung, porque eu gosto de você.”

Eu tombei a cabeça.

“Eu também gosto de você, Jungkook.” disse me aproximando do mais novo, que apenas negou com a cabeça.

“Eu não gosto de você desse jeito, hyung.” ele finalmente olhou nos meus olhos, e eu pude ver que eles estavam cheios de lágrimas que não ousavam deixar seus olhos. “Eu gosto de você do mesmo jeito que Yoongi e Hoseok se gostam.” arregalei meus olhos. “Eu sou apaixonado por você, e foi por isso que eu te beijei.”

Eu estava chocado.

Jungkook gostava de mim, romanticamente. Meu coração por alguma razão desconhecida por mim, acelerou. Tudo ao meu redor parecia ter congelado, e só existia Jungkook se declarando para mim, a minha frente. Uma onda de alegria e euforia me atingiu, e eu ainda me perguntava o porque.

“Ah-ah” eu não conseguia dizer coisa alguma, eu ainda não conseguia digerir o que estava acontecendo.

“Tudo bem, hyung. Eu sei, que você não corresponde os meus sentimentos.” meu coração doeu em meu peito com a sua sentença, e eu senti vontade de chorar ao ver a pequena lágrima que deixou os olhos de Jungkook.

Eu me sentia horrível. Eu queria gritar, que não, eu correspondia seus sentimentos, assim eu poderia ver um sorriso nascer em seus lábios. Mas, eu não sabia o que era gostar de alguém romanticamente, como poderia dizer isso. Agora as questões de Minseok-Noona faziam sentido. Ela queria saber se eu gostava de Jungkook, ou se tinha algum problema no meu passado que me impedia de gostar de alguém.

“Ju-Jungkook, eu sinto muito.” eu não percebi quando lágrimas já caiam de meus olhos. Meu coração batia dolorosamente em meu peito, como se eu estivesse prestes a sofrer de um ataque cardíaco. Eu corri de lá, deixei o quarto de Jungkook, com a imagem de suas lágrimas correndo por seu rostinho, marcada em minha mente. Eu ignorei os gritos de Minseok, e os soluços que escapavam de minha boca, e da de Jungkook.

Eu corri para longe daquele lugar.