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História Before And After - After 02


Escrita por: LeeYaar

Capítulo 13 - After 02


Lexa abre os olhos e percebe que está numa sala pós cirúrgica, seu jaleco não estava em lugar nenhum, ela estava vestida apenas com uma roupa hospitalar. Olha ao redor e percebe não estar na UTI, pelo menos isso. Tenta levantar da cama, porém Octávia entra e a impede.

-Quem diria que um dia você seria minha paciente, chefinha? - ela diz sorrindo e examinando as pupilas de Lexa - Você lembra de alguma coisa?

-Eu estava numa sala de cirurgia com Lincoln e Clarke(?) Depois não lembro de nada.

-Bom, você desmaiou por causa de uma apendicite. - Octávia diz anotando algo no prontuário - Mas eu resolvi, porque sou a melhor cirurgiã desse lugar. Acho até que mereço um aumento. Ah, e também torceu o pé quando caiu.

Lexa ri do jeito que sua amiga consegue transformar uma situação trágica em engraçada. Octávia sempre foi engraçadona e descontraída, mas na hora de fazer seu trabalho, ela fazia muito bem e sabia ser séria quando necessário.

Mais alguns minutos depois o quarto de Lexa estava ocupado por duas crianças, Costia e Anya que criticava toda sua falta de atenção quando se tratava de quaisquer sintomas anormais em seu corpo e poderia muito bem ser um câncer e como ela poderia estar morta nesse momento. Para a sorte de Lexa, Costia tinha uma cirurgia marcada e teve que sair, senão ela estaria escutando ainda mais sobre ser desleixada.

Quando Costia sai do quarto, as crianças finalmente ocupam sua cama e distribuem beijos em seu rosto, eles brincam um pouco e Lexa tem certeza que junto com Anya, estão recebendo ordens para manter ela deitada, em repouso.

-Você não tem algum cliente ou algo assim? - Lexa pergunta a Anya que está lendo uma revista à sua frente.

-Na verdade não. - a mulher responde simples.

-Ela tem sim, mas a tia Octávia pediu que não deixássemos você sair do quarto. - Aden diz enquanto faz o último movimento do jogo que está no colo de Lexa. Ah, a sinceridade das crianças - XEQUE-MATE! - ele grita animado com a irmã.

-Oh, não. Vocês estão mesmo me superando no xadrez. - Lexa faz falso drama e as crianças saem para procurar outro jogo - Pode ir, eu não vou sair daqui. - a morena se dirige à irmã.

-Eu conheço você tempo o suficiente pra saber que está mentindo. - Anya diz abaixando a revista e suspira - Mas eu preciso ir. Por favor, não sai daqui, é pra o seu bem. - Lexa levanta as mãos em sinal de rendimento - Crianças, a mamãe precisa descansar, vamos?

Em meio a protestos e despedidas dramáticas, os três saem do quarto e Lexa se endireita na cama e olha pra cima: nada além do teto branco. Olha pra o lado: um recipiente de soro pela metade. Tudo parece tão tedioso, sem pagers apitando, crianças falando ou médicos gritando. A porta se abre e Clarke entra mordendo os lábios, ela faz isso quando está nervosa.

-Você está bem? - a loira pergunta entrando e fechando a porta.

-Sim. A não ser pelo fato de que a minha melhor amiga acabou de tirar o meu apêndice. - Lexa diz sorrindo.

-Ah, ele nem ia servir pra nada mesmo. - Clarke diz e se senta numa cadeira - Vi Anya saindo daqui, com duas crianças. - Lexa engole em seco - Acho legal que ela tenha tido filhos, crianças são ótimas.

A morena tenta sorri o menos estranho possível e assentir. É a primeira vez que elas se falam longe da bagunça do hospital, sem a cobrança de ser chefe ou encarregado, ela com certeza não queria estragar aquilo com uma informação bombástica e desnecessária no momento.

-Você não deveria estar com algum médico? Vendo cirurgias? Atualizando prontuários? - Lexa diz.

-Octávia me escalou pra ser sua babá hoje. - a loira dá de ombros - É o mal de ser interno, eles te mandam fazer qualquer coisa.

-Qual é, você adora ficar aqui comigo. - a morena diz convencida e Clarke sorri colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha - Pode fazer um favor pra mim? Pega um pirulito no bolso do meu jaleco?

A loira assente e até o outro lado da sala onde tem um armário com os pertences de Lexa, ela encontra o jaleco e sorri com o guaxinim bordado no bolso. Desliza a mão pra dentro e puxa um pirulito, mas percebe algo cair quando retira a mão, Clarke olha para o chão e não acredita no que vê. Flashes do passado passam pela sua cabeça.

-Isso nem é um anel de verdade, eu não vou sair na rua com um rótulo de vinho no dedo. - as duas caem na gargalhada.

-Clarke, você encontrou?

-Ah, sim. - a loira se apressa em colocar o rótulo de volta no bolso do jaleco e voltar para o lado da cama de Lexa que está sentada - Deve fazer bem mal esse açúcar todo, sempre que te vejo você tem um pirulito na boca.

-Eles não têm açúcar, eu nunca daria açúcar à minhas crianças. - Lexa diz abrindo a embalagem e botando o doce na boca. Bate com a mão num lugar vazio ao seu lado e Clarke se senta nele.

-Deve ser horrível. - a loira diz fazendo uma careta - Sem açúcar.

-Claro que não! É tão gostoso! - Lexa diz e estende o doce para Clarke - Experimenta. Vai, confia em mim.

A loira aceita e bota o doce na boca, sem se importar se a saliva de Lexa estava nele, afinal elas já haviam trocado bastante saliva. Mas o que mais a intrigou não foi o gosto do doce e sim o modo como Lexa encarava sua boca, Clarke aproveitou para observar cada detalhe de seu rosto, como nada daquilo havia envelhecido nesses 10 anos, o cabelo parecia estar diferente, ela não sabe se mais curto ou comprido, era difícil lembrar de como era antes.

Lexa sente seu olhar congelar na boca de Clarke, como se algo lá dependesse de sua vida, como se esperasse por aquilo há anos, 10 anos mais precisamente, era aquela boca que ela ansiava ao acordar em Portland, quando sua vida se baseava em estudar para a faculdade e encobrir as farras de seus amigos menores de idade. Antes de ela estragar tudo, antes de Costia voltar, antes de Anya vir para os EUA. Pensando bem, aconteceram de lá pra cá mais coisas boas do que ruins.

-Opa, atrapalho alguma coisa? - um interno entra no quarto e as assusta - Desculpa, é só que está rolando um transplante de coração na sala 5.

-Sério? - Clarke diz animada, mas sua expressão se entristece - Eu não posso ir, John.

-Por que não? - Lexa diz arqueando as sobrancelhas - Pode ir sim, eu adorava ver transplantes quando era interna. Pode deixar que com Octávia eu me entendo.

A loira sorri largo e se aproxima dando um beijo na testa de Lexa, tenta devolver o pirulito, mas a morena faz que não com a cabeça e sussurra: "É seu". Não era uma grande coisa, mas as duas sabem que o sentimento dá um enorme valor a coisas pequenas, e como sabem.

[...]

Richard pergunta por Lexa a alguns enfermeiros e médicos que entram no quarto dele, mas nenhum o fala o que realmente aconteceu, o tratam como criança, coisa que só Lexa não fazia. Ele pensa em sair, mas sempre havia alguém ali, alguém que iria mandar ele voltar para a cama.

-Hey, garoto! Sentiu minha falta? - Lexa entra se apoiando nos móveis.

-Lexa!!! - o menino diz animado - Onde você estava? Ninguém queria me dizer.

-Xiu, fala baixo, ninguém pode saber que eu tô aqui. - a mulher fala e o garoto esconde a boca com as mãos - Olha o que eu te trouxe. - Lexa mostra um pirulito.

-Obrigada. - Richard diz pegando o doce.

Lexa se deita ao lado da cama do garoto depois de dar uma rápida conferida na fixa do paciente. Richard aproveita pra desabafar sobre a transição, de como está sendo difícil é como sua mãe se nega a deixar ele cortar o cabelo e começar o tratamento hormonal. A médica como sempre conforta o menino e depois de um tempo falando sobre coisas aleatórias o garoto pega no sono.

-Que droga você tá fazendo aqui? - Octávia diz ao encontrar sua paciente fujona.

-Você pediu que eu ficasse em repouso? - Lexa dá de ombros - Tô repousando aqui com o meu paciente.

Octávia revira os olhos e examina rapidamente a amiga que alega estar bem, mas mesmo assim Octávia pede que ela se sente na cadeira de rodas e volte para o seu quarto.

-Se esses pontos soltarem, eu vou te deixar morrer de hemorragia.

-Eu sou a chefe de cirurgia e você acha mesmo que eu vou passear pelo hospital numa cadeira de rodas? - Lexa protesta - Eu tenho que trabalhar, tenho pacientes, tenho cirurgia, tenho papéis para assinar e emitir, não posso ficar em repouso.

-Lexa, você precisa de repouso e não se fala mais nisso! Agora senta na droga da cadeira de rodas e vamos!

-Mandou me chamar, Dra. Blake? - Clarke aparece na porta do quarto.

-Sim, leve a paciente até o seu respectivo quarto. - Octávia diz e se retira - E vê se dessa vez faz as coisas direito.

-Ela parece zangada. - a loira diz fazendo uma careta.

-Que nada, ela é um amor. - Lexa diz e se levanta da cama com dificuldade, se ajeita na cadeira de rodas e dá uma última olhada no garoto que ainda dormia - Cuida dele. - a loira assente.

Clarke empurra a cadeira de rodas de Lexa pelos corredores e a morena tenta de todo modo esconder o rosto até chegarem ao elevador, como se houvesse cometido algum crime e só relaxa quando está sozinha com Clarke dentro dele.

-Então, como veio parar em Seattle? - Lexa pergunta.

-Longa história... - é só o que Clarke diz.

-Eu vou ter bastante tempo quando estiver desperdiçando todo o meu tempo numa cama de hospital. - a morena diz bufando.

As duas descem do elevador e Lexa continua atenta em quem passa por ela, toda vez que algum médico conhecido se aproxima, ela esconde o rosto em algum lugar. Não que algum deles se importe com alguém numa cadeira de rodas, viam isso a todo momento, já que estavam dentro de um hospital. Chegando ao quarto, Clarke ajuda Lexa a se ajeitar na cama e se senta onde estava antes de ser chamada para assistir uma das melhores coisas que já havia assistido.

-Então, agora vai me contar como veio parar em Seattle? - Lexa insiste.

-Bom, eu terminei o ensino médio, entrei na faculdade, me formei, namorei, fiquei noiva e ele me trouxe pra Seattle. - a loira diz mordendo a boca - Vamos casar semana que vem numa reserva ambiental.

-Você odeia mato e nunca se casaria com um homem. - Lexa sorri e passa a mão nos cabelos - E sempre que está nervosa morde o lábio, fica nervosa quando mente.

-Quem disse tudo isso pra você? - Clarke diz meio surpresa.

Mas Lexa apenas a encara com seus verdes e observadores olhos, a loira retribui aqueles olhares e o silêncio que se instala ali está longe de ser desconfortável. Nenhuma das duas entende bem o porquê de estarem se encarando como se fosse a coisa mais importante a fazer no momento. Bom, Lexa talvez soubesse. A grande merda que ela fez em sua vida foi deixar aquela garota.

O momento é interrompido quando alguém abre a porta e Clarke amaldiçoa quem quer que seja. Momentos depois Echo está sentada do lado da cama de Lexa, fazendo inúmeras perguntas e examinando a morena. Clarke ameaça sair da sala, porém Lexa arregala os olhos implorando que a livrasse dessa situação.

-Hm... você é quem mesmo? - Clarke se dirige à mulher.

-Como assim quem sou eu? - Echo diz se levantando - Quem é você, pirralha?

-Echo, não a trate assim. - Lexa diz se sentando na cama.

-Me desculpe, querida. Não costumo ser assim, só estou tendo um dia ruim. - a mulher dá um sorriso falso - Eu sou Echo, cirurgiã plástica do hospital. Você é Clarke, a interna que acha que tem chances com Lexa.

-Echo, chega, tá? - a morena sentada na cama diz - Por favor, volte ao trabalho, eu estou bem e em ótimas mãos. Essa não é sua área, não poderá ajudar. Agora, se me der licença...

Echo sai do quarto, não antes de puxar mais um pouco o saco de Lexa que solta um suspiro de alívio e agradece Clarke por não ter a deixado sozinha com aquela louca.

-Você não transa com ela? - a loira questiona e Lexa arquea as sobrancelhas - Que foi? As pessoas falam no hospital.

-Transo com metade do hospital, Clarke. - a morena do com a maior naturalidade do mundo - Sou uma mulher atraente, o que posso fazer?

-Não é por isso. É porque você é a chefe.

-Faz sentido também. - Lexa sorri - Mas não despreze toda a minha beleza física e intelectual.

Clarke precisa sair novamente e dessa vez Lexa se mantém no quarto, mexe em algumas coisas no seu celular, a maioria sobre as obrigações que deixou de fazer por causa do imprevisto. Enquanto não está no celular, está pensando em tudo que aconteceu em sua vida, se pergunta se se sente bem com quem se tornou. Talvez Anya estivesse certa quando dizia que ela conseguia criar uma crise existencial do nada.



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