História Befour. - Seventeen

Zayn POV

Sabe quando tudo está indo uma merda e de repente ta tudo bem de novo?! Algo como, o mundo dá voltas ou um ditado assim que não me lembro, só sei que voltei para casa com um enorme sorriso no rosto ontem a noite. E sim, rolou até 'beijo de despedida', a noite não poderia ter sido melhor! Reconheço que estou falando e agindo como um adolescente virgem, mas... Faz muito tempo que não tenho essa sensação, ter alguém pra beijar, fazer carinho e dizer "eu te amo" quantas vezes fosse... Bem, não que eu fale isso para Katheryn, porém não tem como negar que tenho um forte sentimento por ela e, pelo que confessou, ela por mim. 

Minhas filhas chegam mais tarde, o que é bom, essa casa com silêncio e paz não é rotina, chega a ser estranho. 

Terminei de almoçar e coloquei o prato na lavadora e fui para o segundo andar, abri meu notebook (que eu estava usando para trabalhar mais cedo) e vi que haviam alguns e-mails, inclusive um da escola de música que Madison fazia aulas de guitarra. Abri esse primeiro e terminei de ler e imediatamente peguei meu celular e disquei alguns números.

- Alô? - a pessoa do outro lado da linha atendeu no terceiro toque.

- Lilian? É o Zayn...

- Ah, oi. Ta tudo bem, Zayn?

- Estava, até eu receber um e-mail da escola de música da Madz e parece que ela não vai as aulas a dois meses. Você tem uma explicação pra isso?

- Como assim? Você acha que é culpa minha? Todas as segundas e quartas-feiras ela sai e diz que vai para as aulas de guitarra, não é culpa minha se não tenho carro para levá-la.

- Certo, já sei o que está havendo e já vou avisando que elá ficará de castigo quando chegar e sempre que der vou levá-la até essa escola.

- Concordo, vou ter uma conversinha com ela amanhã.

- Então tá, Lilian, só te liguei para informar isso mesmo. Tenha um bom dia, até mais.

- Você também, tchau! - finalizou a chamada.

Eu não podia acreditar que estava pagando aulas, que não são tão baratas assim, para Madison não ir e o pior, mentir. O tempo todo ela saia com essa desculpa e sabe-se lá o que ia fazer na rua. 

Tento esquecer esse problema e continuar trabalhando, quase impossível já que eu estava muito puto, mas trabalho é trabalho, vida pessoal é outra história.

(...)

- Vou te poupar de algumas palavras e apenas te informar que está sem televisão, computador, cortei sua internet móvel e...

- QUE? POR QUE? - Madz mal entrou em casa com Sam e eu já fui avisando sobre o castigo.

- Para você parar de mentir e fazer meu dinheiro de papel.  

- E O QUE FOI QUE EU FIZ DESSA VEZ? - Ela continuou gritando.

- Não sei, pensa... Faltar 1 mês de aulas, por exemplo. - dei de ombros com uma expressão indiferente.

- Ah, sobre isso... - ela abaixou o tom de voz. - Eu só esqueci de falar com você, não preciso mais de escola de música pra aprender a tocar guitarra. - continuei calado esperando mais explicações, do que raios ela está falando?! - Tem uma pessoa, amigo do meu amigo, que se ofereceu pra me ensinar a tocar guitarra, violão e alguns outros instrumentos, ai todas as segundas e ás vezes sexta, eu vou de trem até Brixton e a gente pratica e depois volto para casa. Só. 

- Brixton? Você ta indo toda semana pra outro distrito e nunca avisou nem a mim nem a sua mãe?! Ou melhor, perguntou se podia ir, não preciso te lembrar que é menor de idade e... Meu Deus, se acontecesse alguma coisa com você por lá, eu e Lilian nunca iríamos saber - eu estava ficando mais do que nervoso com essa recente descoberta, e com razão, tantas coisas poderiam ter acontecido nesses 2 meses que Madison tem ido a Brixton, que não é um lugar tão calmo e seguro.

- Ta, ta, eu sei. Mas não aconteceu nada, eu ia contar para vocês, só... Esqueci. - ela continuou com a voz alterada - Você deveria agradecer o Danny por me dar aulas de graça e não só de guitarra, como vários instrumentos. Tenho certeza que se você for lá na escola de música e falar que eu tava com uma doença séria ou qualquer coisa e me tirar, eles vão devolver o seu dinheiro, não que você precise, pois por sinal tem muito. Pronto, caso revolvido! 

- Danny? - seu rosto empalideceu por eu ter notado seu pequeno deslize nesse grande discurso sem fundamento algum. Ela está errada e vai ter que aceitar isso, mas antes... Vai ter que me contar essa história direito.

- Quer dizer, Daniel. É esse amigo do meu amigo. - deu de ombros. 

- Você está indo para Brixton, sozinha, encontrar um garoto, que conheceu por acaso. - acho que estava vermelho de tanta raiva.

- Não é bem assim, ele é uma boa pessoa, eu estava muito segura lá, ele conhece a cidade e não estávamos em nenhum lugar perigoso.

- Não posso acreditar... - falei baixo enquanto me sentava no sofá. Perdi as contas de quantas vezes já baguncei meu cabelo e passei a mão no rosto. - Esse garoto, "Danny"... É mais velho?

- Ele... Ele tem 23 anos. - ela respondeu depois de uns instantes em silencio.

Sinceramente, para mim aquilo já era o suficiente, se há mais alguma coisa que ela queira contar, eu não quero ouvir, não agora.  Muitas coisas se passam na minha mente depois de tanta informação, por exemplo, o que mais eles poderiam estar fazendo durante esse tempo. Prefiro não pensar sobre isso no momento, minha cabeça está a ponto de explodir. 

- Você não irá mais a essas "aulas particulares" - fiz aspas com os dedos - e avise a ele que não irão se ver tão cedo, se depender de mim... Nunca mais! O castigo é aquilo que eu disse mesmo e depois vou resolver com a sua mãe sobre a escola de música.

- Mas pai....

- Sobe e trate de ir dormir logo! - a interrompi. Ela me encarou e logo fez o que eu mandei.

Escutei passos na escada e me virei, era Sam, já de banho tomado, vindo com um sorriso enorme no rosto. 

- Papai... Vim te dar um beijo de boa noite. - disse coçando seus olhinhos. - To cansada, hoje foi muito legal... Vovô até levou a gente para andar de cavalo. 

- Sério?! Que divertido, filha. - fingi animação. - Agora vai descansar, amanhã você tem aula. Boa noite. papai te ama.

- Boa noite. Te amo. - me deu um beijo na bochecha e eu subi as escadas com ela e a deixei em seu quarto e parei em frente a porta do quarto de Madison.

- Boa noite. Te amo. - repeti sabendo que Madz não iria escutar. Apesar de tudo, isso ainda era nosso costume.