História Behind The Camera - Drunk?

   Com os primeiros contatos entre meus olhos e a luz do sol, pude sentir um forte incomodo em minha vista ao mesmo tempo. Aperto meus olhos com força, na esperança da vista se normalizar, o que não aconteceu.

   Decidi que iria ao banheiro saber o que os meus olhos tinham, mas ao sentar em minha cama sinto uma tontura, minha cabeça doía, era agoniante. Nunca senti tanta coisa antes de uma vez só na minha vida, essas sensações horríveis eram novas para mim. Não estava com ânimo algum para levantar da cama, muito menos estava com forças, então eu ficaria aqui até passar.

  – Primeira ressaca. Emocionante.

Ressaca. Eu bebi?

   Neste momento eu também adoraria saber quem era a pessoa por trás da voz que me acusava estar de ressaca. Será possível que nem escutar direito eu consigo? Mas como vou saber se estou de ressaca, se nunca tive?

  – É a Jyang.

   Ela percebeu minha confusão em não saber quem falava comigo já que meus olhos estavam semicerrados por conta da vista que ainda doía. Jyang então se levantou calmamente e fechou a cortina em frente à janela.

   Estava tudo quase certo, até eu perceber que não me lembro de ter ido dormir, não me lembro de como sai daquela festa, muito menos me lembro que como tenha sido a festa. Eu esqueci tudo.

  – Eu não me lembro de nada. — Pus a mão na cabeça ainda sentindo ela doer.

   No início era isso o que eu queria, esquecer o dia que eu não consegui me manter na sala de aula por uma hora, mas isso não aconteceu, pelo menos não agora. Neste momento o que eu não me lembro é da noite de ontem, eu não posso ter bebido tanto assim.

  – Não sei nem mesmo como chegou aqui. — A olhei assustada, quem me trouxe? — Na verdade eu sei.

  – Quem me trouxe?

   Jyang se pôs de pé e buscou um copo com água, junto em seguida de um comprimido. Ela me deu o comprimido e disse que eu ficaria bem logo para a aula de hoje. Ainda estava muito cedo e ainda tinha uma hora para descansar, pelo menos foi o que ela disse, então voltei a dormir.

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   Acordei e a minha cabeça parecia não girar ou doer mais, pelo menos não muito, apenas sentia um pouco de náusea, nada exagerado. Jyang pareceu perceber que eu tinha acordado, ela estava pronta para ir ao banheiro.

  – Acha que pode ir para a aula hoje? — Me perguntava preocupada.

  – Acha que eu vou perder mais uma aula? — Não existe essa possibilidade, não importa como estou agora, não posso faltar outra aula.

  – Pode ir primeiro, você precisa disso mais do que eu. — Talvez, eu estivesse cheirando a vomito... Mas não me lembro de ter vomitado.

   Fui ao banheiro primeiro, a água estava quente e o tempo estava frio, de algum modo o contato com aquela água me fez bem. Depois de ter terminado o banho e me trocado de roupa, sai do banheiro e pude ver a Jyang quase dormindo de novo.

   A acordei e ela também foi se arrumar para a aula de hoje, será que ela bebeu também? Eu não tive a oportunidade de perguntar a ela, a preguiça tomava conta de mim, de uma forma que até falar era cansativo. Não vimos o Jimin o caminho todo até a nossa sala, ele já deve estar na dele.

   Fomos para os mesmos lugares de ontem, mas espero não acontecer nada dessa vez. O professor não tinha chegado ainda, Jyang pareceu aproveitar o momento para me fazer perguntas já que se dependesse de mim ficaria em silêncio até o resto do dia.

  – Se lembra de alguma coisa? — Ela virou-se em minha direção.

FLASHBACK ON

   Aquela bebida desceu queimando a minha garganta, Jyang colocou muito soju no copo. O que eu estava pensando? Que beber um copo de bebida alcoólica feita de arroz ia fazer o Yoongi ir embora? Eu tive que encara-lo logo depois de sentir o gosto da morte.

  – Vai com calma, não deve estar acostumada. — Nem um pouco.

  – Sei o que faço. — Na verdade não.

  – Se continuar assim vai deixar de saber.

   Aquela conversa com ele terminou alí, puxei Jyang para ir comigo buscar mais bebida. Eu só queria saber antes de tudo como os coreanos podem tomar soju, é muito forte.

   Jyang desgrudou de mim e disse que no momento queria dançar, então me puxou para o centro da festa onde todos dançavam com copos na mão. Eu não queria dançar, não na frente de tantas pessoas. Expliquei pra ela, que disse onde Jimin estava da última vez que o viu, ele estava sentado em uma mesa conversando com o tal Namjoon de antes, eu realmente não queria atrapalhar a conversa, mas fui em direção a eles mesmo assim.

   O meu copo que antes estava cheio, agora o segurava de qualquer jeito, Jimin olhou pro copo e fez uma expressão surpresa.

  – Achei que não gostasse de beber. — Ele disse enquanto apontava para uma cadeira na intenção que eu fosse até lá.

  – E não gosto muito, mas pra tudo tem uma primeira vez.

  – Gostei. — Ele deu um sorriso divertido que fazia os seus olhos sumirem, tão fofo. — Estava bebendo soju?

   Eu confirmei com a cabeça e ele logo depois colocou outra dose da bebida em meu copo.

  – Agora posso me apresentar formalmente? — Namjoon perguntou e eu confirmei. — Meu nome é Namjoon — ele sorriu — e qual é o seu?

  – (S/N), prazer em conhece-lo Namjoon. — Jimin já tinha dito o nome dele, mas não custa uma apresentação formal.

  – O prazer é todo meu (S/N).

  – Sempre deixa pessoas que não conhece entrarem em sua casa?

   O que foi isso? A bebida começou a fazer efeito? Não sei o que estava acontecendo comigo, mas o Namjoon pareceu achar graça da minha pergunta, pois estava sorrindo.

  – São amigos dos meus amigos, — ele parecia pensar. — então são meus amigos também.

   É legal como ele pensa, mas nem sempre os amigos dos próprios amigos são boas pessoas, tanto que ele tirou as duas pessoas que estavam brigando perto da piscina. Enquanto pensava nisso dava um gole no soju, nunca vou deixar de me perguntar, como os coreanos bebem isso?

  – Jyang pediu para cuidar de mim. — Falei olhando para o Jimin que parecia se divertir com meu estado, isso porque eu ainda estava normal, eu acho. — Mas é claro que você não vai fazer isso, eu sei me cuidar.

  – Claro que sabe, mas vou ficar de olho em você só pra garantir. — ele estava com os olhos semicerrados.

  – Então está bem. — Dei outro gole acabando com o líquido que estava dentro.

   A partir daí, eu apenas enchia o meu copo, Namjoon falou algo com o Jimin e saiu. Passei uma hora conversando sobre vários nadas com o Jimin, pois a bebida fez efeito, eu já não sabia mais o que falava e o Jimin mal bebia. Eu simplesmente esqueci o porque de estar bebendo.

   Uma garota chamou o Jimin para dançar, ele olhou para mim como se me pedisse permissão, dei de ombros já que ele não precisava me pedir licença. Ele também tinha que se divertir, tenho certeza que ficar de babá é chato. Se eu soubesse que vim para essa festa só para beber, nem teria vindo.

   Eu já tinha perdido as contas de quantas garrafas de soju eu já tinha consumido, com o passar do tempo me acostumei com aquele gosto forte da bebida, mas quando eu recobrar os sentidos eu não chego perto disso nunca mais.

   Alguém se posiciona a cadeira ao meu lado, era um garoto de cabelo castanho e carinha de bebê, o que ele queria comigo?

  – Me desculpe. — Eu estava tão fora de mim que eu podia jurar que ele tinha me pedido desculpas.

  – Porque eu deveria te desculpar? Eu nem sei o que você fez... Na verdade eu nem sei quem é você.

   O garoto deu um sorriso quadrado ao perceber que eu não estava no meu normal.

  – De alguma forma sabe e não vai gostar de saber quem eu sou. — Ele fez uma expressão levemente preocupada.

  – Pode falar, é provável que eu não lembre de nada amanhã. — Dei um sorriso sem mostrar os dentes enquanto me apoiava sobre a mesa.

   Do lugar onde eu estava pude ver uma garota dançando para o Yoongi que a observava parado, sem nenhum movimento, apenas não desviava o olhar. Já eu voltei a prestar atenção no estranho ao meu lado.

  – Eu peguei sua mala aquele dia no aeroporto, mas não fiz por mal, foi só um desafio que me fizeram, eu tinha acabado de chegar em Seul também e meus amigos inventaram isso. — Que malandrinho.

  – Você é um idiota sabia? — Fechei os olhos e dei um meio sorriso. Eu já estava bêbada com certeza.

  – Me desculpe.

  – Guarde pra você seu arrependimento por enquanto, quero que me dê desculpas quando eu estiver sóbria. — Pra uma bêbada eu parecia estar bem.

   Ele sorriu quadrado e disse que voltaria a me procurar, eu disse que ele podia me procurar, estaria esperando suas desculpas. Meus olhos percorreram todo o local e eu não podia ver Jyang e muito menos Jimin.

   Decidi que não iria ser a única sem se divertir alí, se eles podem eu também posso. Tomei o resto da bebida que estava em meu copo, levantei de minha cadeira e fui para o centro da festa onde todos dançavam.

   Estava em meio a todas as pessoas que dançavam alí, eu não sabia se estava dançando bem, só segui o ritmo da música e seja lá o que eu estivesse fazendo no estado em que eu estou, pouco me importo.

   Senti mãos em minha cintura, a pessoa estava atrás de mim, eu estava bêbada, mas não lembro de ter dado liberdade a qualquer pessoa. Virei em direção a idiota, era um homem bonito. Sorria pra mim de forma estranha, eu o sentia me puxar para mais perto, seja lá o que ele iria fazer eu não queria.

  – Poderia me soltar?

  – Porque? Dança comigo mais um pouco. — Estou lúcida o suficiente pra saber que não é dança que você quer.

  – Não quero, agora me solta.

   Ele negava com a cabeça e me apertava mais contra si. Eu tenta inutilmente afasta-lo com minhas mãos sobre seu peito, mas ele era forte. Pedi para que me soltasse novamente e nada ele fez até que...

  – Ela pediu pra soltar.

  – Ela não é sua, portanto... — Ele me apertava novamente.

  – Minha namorada pediu para solta-la. — Eu estou assustada demais com a situação para me preocupar com isso.

  – Desculpa cara, — Levantou as mãos até a altura de sua cabeça em sinal de rendição. — fica com ela. — Ele me soltou e agarrou outra garota lá na frente.

   O que aconteceria se aquela pessoas não tivesse chegado? Prefiro não imaginar, isso nunca aconteceu comigo, porque nunca deixei que chegasse a acontecer.

  – Você está bem?

   Eu passei correndo por ele e fui em direção a saída do local, não estava me sentido bem, nem mesmo pude responder.
Cheguei na calçada em frente a festa e lá mesmo vomito. Não me sentia bem, de nenhuma forma.

  – Bebeu demais? — Ele me seguiu.

FLASHBACK OFF

  – Lembro de beber, ficar sozinha em uma mesa... — Jyang me cortou.

  – Mas eu não deixei você com o Jimin?

  – Deixou, mas eu pedi que ele fosse se divertir, eu senti que estava o impedindo de se divertir.

  – Jimin não se importaria, era só uma festa de muitas outras que ele pode ir depois.

  – Enfim, conheci um garoto, porém não lembro direito dele. — Fiz uma expressão pensativa. — Também não sei o nome dele.

  – Era bonito?

  – Não prestei atenção, você viu meu estado de ontem? – Mas será possível?

  – Ainda bem que não, só isso?

  – Depois eu converso sobre uma única coisa, mas depois dela não lembro de mais nada.

  – Tudo bem.

   Assim que ela virou para frente o professor apareceu para minha primeira aula completa depois do desastre que foi ontem. Seria uma aula longa pra mim, ainda estava com os sintomas da ressaca. Espero nunca mais chegar perto de uma garrafa de soju na vida.