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História Behind the eyes. - Capítulo I


Escrita por: TheMatrix

Notas do Autor


Capa do capítulo: Katherine Solomon.

Capítulo 2 - Capítulo I


Fanfic / Fanfiction Behind the eyes. - Capítulo I

— Charlie? Será que dá pra ir mais depressa? — Joseph mantinha seu tom sereno, apesar de estar severamente atrasado para o trabalho. Sair de casa em meio á uma tempestade naquele lugar específico nunca fora uma tarefa fácil, mas Joseph estava bem habituado.


— Já terminei! — Declarou a garota, descendo as escadas o mais depressa possível sem amassar o pequeno embrulho que tinha em mãos. Os olhos de Joseph pousaram sobre as mãos da filha e, instantaneamente um sorriso se formou em seu rosto.


— Obrigado, princesa. — Sussurrou antes de depositar na testa da garota, um beijo discreto e pegar o embrulho, caminhando na direção da porta de saída em seguida.


Desde que aprendera a cozinhar, Charlie havia assumido todas as refeições da casa. Katherine não reclamava, pelo contrário, ela deixara que a filha assumisse praticamente toda a casa. Assim teria menos trabalho para cuidar de sua família. Peter e Kurt já não consultavam mais a mãe quando precisavam de algo, roupas, quartos, comida e até mesmo a autoridade de deixá-los sair de casa ou não eram totalmente direcionadas á sua irmã.


Mesmo que todos soubessem que aquela não era a vida que Charlie desejava para si, ninguém tocava neste assunto. Kurt ainda era muito novo, mas Peter não.


Certa noite, quando os avós Solomon já repousavam Katherine se esgueirou por trás da parede de pedra que separava o quarto de Kurt do de Peter e Charlie, tentando ouvir a conversa dos filhos mais velhos. Infelizmente para ela, pôde ouvir cada palavra, clara como o dia.


—… Sempre disse que queria sair daqui, fazer faculdade, trabalhar, viajar… Nós podemos fazer isso Char! — A voz de Peter soava animada, como se aquilo não fosse apenas uma esperança mas uma realidade palpável. — Eu, o Andy e você… Podemos sair desse lugar, podemos deixar tudo isso pra trás e…


— Para! — Para a surpresa de Katherine, a voz de sua filha estava carregada, não de animação como a de Peter, mas de raiva — Você ta ouvindo o que tá dizendo? Podemos deixar tudo isso pra trás? Tem ideia do que iria acontecer com Kurt se eu, você e o Andy simplesmente resolvêssemos sair por aí deixando “tudo isso pra trás?” — Charlie falava com uma veemência que não deixava margem para dúvidas, ela jamais acataria a ideia do irmão — Como você pode achar que eu deixaria Kurt sozinho nesse lugar? Você sabe melhor do que eu, Peter, que nossa mãe não cuida nem dela mesma, nunca cuidou de você e nem mesmo de mim! Nós criamos e cuidamos um do outro desde que aprendemos a andar. Foi escolha do pai se casar com uma mulher egoísta e arrogante, mas Kurt não escolheu ter ela como mãe. Vovô e vovó não escolheram ter ela como nora e não merecem viver o resto de suas vidas nas mãos de uma pessoa como ela.


— A vida deles? — Peter agora falava de forma irônica — Eles já viveram o bastante, Char! Nós somos jovens e estamos presos na porra do topo de uma colina coberta de neve a vida toda! Nós temos o direito de…


— Cala a boca Peter. — Uma resposta ríspida, nada típica de Charlie — Se você quer fugir pra longe da sua família com o seu príncipe encantado, montado num cavalo branco fique á vontade. Mas não espere que eu vá junto. Minha vida não é um conto de fadas e realmente não me importa quantas vezes Kurt tente me matar em um de seus surtos, ele é meu irmão e eu não vou deixar ele pra trás. Não quero mais ouvir nenhuma palavra sobre isso. Boa noite.


Katherine pôde ouvir o som da cama de madeira velha estalando enquanto sua filha se arrumava para tentar dormir. Com os olhos fechados a esposa de Joseph tentava não desabar em lágrimas no meio do corredor.


Sabia que tudo o que Charlie havia dito era verdade, Kurt não escolhera ser seu filho. E se pudesse escolher, com certeza não seria. Lorena e Leonard nunca aprovaram seu relacionamento com Joseph mas de que adianta falar a um garoto apaixonado que a garota de seus sonhos não é a mulher certa?


•••


— Eu espero que não esteja lendo gelo no meio do caminho, Keanu. — O homem de cabelos escuros havia parado, suas pernas pesavam quase tanto quanto o equipamento em suas costas…. Porque diabos não haviam escolhido esperar até o maldito amanhecer para subir aquela colina?


— Eu estou três passos na sua frente, três passos mais cansado do que você, Paul, então cala a boca. — Retrucou Keanu sem mover um músculo sequer.



O frio não incomodava a nenhum dos quatro integrantes do grupo, todos estavam acostumados áquele clima cruel, ainda assim subir colinas como aquela não era exatamente uma tarefa fácil, mas Keanu Rogers, Jared e Shannon London e Paul Benson, como mochileiros experientes, estavam acostumados a enfrentrar coisas como neve extrema, tempestades de areia, ventos catabáticos, correntezas fortes e até mesmo ataques de insetos.


O grupo de amigos já havia passado por lugares demais e, diferente de outros mochileiros, tinham como objetivo principal testar sua capacidade de “sobreviver em condições extremas”. No Sahara, Paul quase morrera desidratado, no Alaska, Jared quase perdeu o pé direito, nas Cataratas do Niágara, Shannon se afogou e teve de ser reanimado. O grupo possuía uma grande lista de loucuras já executadas… e uma quantidade incontável de cicatrizes. A maior delas pertencia á Keanu, e fora adquirida em meio á uma fuga de um Safári na África no qual o rapaz quase perdera a vida.


Aquele grupo já estivera perto da morte mais vezes do que muitos soldados do exército Russo e Norte-Americano juntos. Era algo de que se orgulhavam.


— Por acaso o Paul vai chupar o pau do Keanu? Porque se não for, eu gostaria muito de continuar a subir até encontrar um lugar seguro pra montar uma barraca e dormir. — Shannon falou em um tom alto, interrompendo a discussão que se desenvolvia entre Keanu e Paul, o vento havia aumentado sua intensidade e aquilo dificultava subida. Quanto mais tempo perdiam, mais trabalho teriam. — Caras, sério eu tô cansado. A gente podia… — Sua voz foi interrompida pelo toque da mão do irmão. Os três amigos viraram os corpos na direção de Jared, assistindo enquanto o rapaz de estatura média e corpo franzino caía no colo do irmão mais velho. — MERDA.


Os instantes que se seguiram foram uma confusão de mãos no corpo de Jared, soltando seus equipamentos e passando seus braços por sobre os ombros. Shannon e Paul agora seguravam o amigo pela cintura, enquanto Keanu, que como glaciologista possuía uma facilidade maior de se localizar em locais como aquele, tentava se localizar.


Em poucos minutos estavam mais uma vez andando, Keanu levava o equipamento pesado de Jared enquanto este jazia quase inconsciente nos braços de Shannon e Paul.


•••


Duas batidas fortes na porta da casa dos Solomon fizeram com que Peter acordasse de seu sono profundo. O garoto olhou em volta procurando pelo relógio, assim que seus olhos esbarraram no mesmo, Peter franziu a testa.


— Três da manhã? Papai ainda não dev…— Mais três batidas interromperam seu sussurro, assim como o sono de Charlie.


— Pete? Tem alguém na porta?


•••


“Eu estou queimando!” Jared retomava a consciência aos poucos, mas podia sentir a conhecida sensação de sua pele pegando fogo. De repente uma picada forte em seu braço atravessou seus músculos, logo desaparecendo…  a queimação pareceu diminuir, sendo substituída por milhares e milhares de agulhas que o picavam em diferentes pontos. Cada músculo parecia se retrair ao máximo enquanto o sangue de seu corpo voltava a fluir por seus braços e pernas.


No primeiro estágio da hipotermia, o sangue para de fluir para os extremos, se contendo no tronco numa tentativa de manter aquecidos os órgãos vitais. Nesse estágio os braços e pernas perdem a sensibilidade, dando uma sensação anestésica de leveza. No segundo estágio o sangue deixa de fluir até mesmo para os órgãos vitais, concentrando-se somente em manter o coração e o cérebro funcionando numa tentativa desesperada de manter o corpo vivo… É nesse ponto que a vítima perde a consciência e fora exatamente nesse ponto que Jared London caíra nos braços do irmão mais velho.


Agora, deitado na banheira de porcelana do banheiro dos Solomon, Jared delirava nos braços de Paul enquanto Keanu lutava para reaquecer o corpo do amigo. A água, apesar de estar somente morna, dava ao rapaz a sensação de estar em chamas e por isso este gritava descontroladamente. Seus gritos e urros de dor ecoando por todo o banheiro de forma aterrorizante.


Todos os membros da família Solomon haviam acordado, mas somente Katherine, Peter e Charlie presenciavam aquela cena. Kurt, Lorena e Leonard haviam ficado no quarto.


— Eu preciso de mais adrenalina. — A voz firme de Keanu soava quase como um voto de confiança á Shannon. Era a segunda vez que este via o irmão chegar àquele estágio da hipotermia também a segunda vez que confiava em Keanu para salvar sua vida.


Não havia hesitação, não havia dúvidas. Somente confiança quando Shannon passou uma segunda injeção de adrenalina ao amigo. Quando esta penetrou o braço de Jared, os gritos cessaram, o movimento na água da banheira diminuiu e os olhos azuis-celeste de Jared se abriram pela primeira vez desde que chegaram na casa. Keanu havia salvo sua vida pela segunda vez.

Notas Finais


Comentários e críticas construtivas... 😗


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