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História Behind The Guns. (Por trás das Armas) - Reflexões Profundas


Escrita por: Shantty

Capítulo 20 - Reflexões Profundas


 

Reflexões Profundas

 

 

 Soldado Carrey solicitou outro helicóptero para inspecionar o lugar a pedido de Jill, enquanto ela imobilizava Leon para transportá-lo.

Jill acreditava que nada mais seria encontrado naquela casa e que tudo o que eles precisavam estava com ela, mas como de costume, seria bom que eles investigassem o lugar em busca de alguma outra prova antes que o fogo pudesse destruir tudo.

Quando Leon foi colocado por Jill e outro soldado dentro do helicóptero, Carrie ordenou ao piloto que os levassem para o hospital. O segundo soltado voltou para o lado de Carrie e Jill agradeceu antes de partir.

Embora em silêncio como ela pedira, quando eles aproximavam-se do hospital. Jill percebeu que Leon parecia melhor que antes.

_Jill?

_ Shhhhhh. _ ela disse tocando o braço dele.

_ Eu posso falar agora. _ Leon disse soando normal _ Eu não podia antes porque cai de costas. Estava sem ar.

_ Está com dores? _ ela perguntou preocupada.

_ Estava, está passando.

_ Ótimo! Agora será medicado e examinado e tudo ficará bem.

Leon apenas sorriu para ela e olhou para a mão de Jill sobre a mão dele. Jill não conseguiu decifrar o que significara aquele sorriso, mas não retirou sua mão, ao invés disso, ela sorriu de volta.

Assim que o helicóptero pousou sobre o hospital, uma equipe de enfermeiros já os esperava. Ver Leon sendo levado por eles teria certamente sido insuportável para Jill se não estivesse acabado de conversar com ele e saber que ele estava melhor.

Para a sorte de Jill, uma enfermeira ofereceu a ela uma toalha limpa para que pudesse tomar um banho e Jill sentiu-se aliviada por ter pego roupas limpas no carro. Certamente precisava de um banho e preferia esperá-lo cheirando bem. Isso não evitou que Jill permanecesse ansiosa. Ela foi encaminhada para uma sala de espera depois do banho e sabia que só poderia sair dali e vê-lo depois que ele fosse examinado, o que poderia levar muitas horas.

Assim como Jill pensara, algumas horas depois, quando todas as revistas já haviam sido folheadas, ela foi chamada pelo médico até o quarto de Leon.

Jill entrou no quarto e olhou para Leon primeiramente antes de cumprimentar o médico e perguntar como Leon estava.

_ Ele está bem. Apenas uma leve fratura muscular, mas nada que inspire cuidados especiais. Poderá ir embora pela manhã.

_Ótima notícia. - Jill sorriu. - Obrigada doutor.

O médico acenou enquanto caminhava para a porta.

_ Agora pode se alimentar, senhor Kennedy.

_ Obrigado doutor. Essa sim é boa notícia.

Jill sorriu diante das palavras de Leon.

_ Estou muito aliviada. Pensei que tinha batido a cabeça ou o pescoço.

_ Não foi, mas poderia ter sido. Então obrigado por me imobilizar e pela preocupação. Isso certamente foi importante.

Jill e Leon olharam para a porta quando ouviram alguém bater. Uma enfermeira trouxe duas refeições e colocou-as sobre uma pequena mesa de canto. Eles agradeceram antes da mulher sair pela porta.

_ Pode me passar, por favor? - Leon pediu para ela.

_ Claro, não prefere que eu te sirva?

_ Não precisa.

Jill fez o que ele pediu, mas pode observar que Leon parecia sentir dor enquanto se movimentava. Jill então não pensou duas vezes, pegou a comida da mão dele e puxou uma cadeira, sentando ao lado.

_ Jill, eu posso...

_ Não é hora de ser orgulhoso.

Leon torceu o nariz, mas deixou que ela continuasse. Ele permaneceu em silêncio enquanto Jill o alimentava. Quando eles acabaram, Leon observou-a afastar-se para pegar o suco para ele

_ Você não vai comer? Deve estar com fome...

_ Não poderia, depois do que fiz essa tarde meu apetite me abandonou. Amanhã estarei normal.

Jill disse enquanto posicionava o copo perto de Leon e colocava o canudo na boca dele. Leon não moveu a cabeça para beber o suco e Jill olhou para ele. Ele olhava-a com um sorriso.

_ O que? - Jill perguntou confusa.

_ Obrigado. - Leon continuou sorrindo – Me desculpe por ter sido orgulhoso e talvez mal educado antes. É só porque nunca mais tive ninguém cuidando assim de mim depois que minha avó morreu. Além disso, fazia muito tempo que não ficava doente. Não sei ficar parado.

_ Hmmm! - Jill levantou a sobrancelha em surpresa.

_ O que? - Leon perguntou.

_ Nada. E só que me lembrei de algo que minha avó dizia. Que quando estamos vivendo por viver e pensamos que não precisamos de ninguém geralmente ficamos doentes para descobrir o contrário. Uma forma do universo de nos frear e nos forçar a pensar na vida com profundidade. Ela dizia que era providência Divina.

_ Divina...? - Leon pensou alguns segundos - E você? Acredita que Deus esteja sob o controle de nossas vidas quando lembra todas as vítimas que morreram diante de nossos olhos?

_ O problema, Leon, é que nós limitamos nossos olhares sob o que vemos. Esquecemos que existe muito mais além.

_ Você é religiosa?

_ Não. - Jill balançou a cabeça - Gosto de filosofia e poemas épicos. Sócrates, Descartes e alguns outros formam a base da minha crença.

_ Interessante. - Leon balançou a cabeça – Mas importante também. Na nossa profissão é muito importante ler muito. E muitas pessoas pensam que nos limitamos apenas ao combate. Se assim fosse não teríamos sobrevivido até aqui. Poucos sabem o quanto treinamos nosso cérebro também.

_ Exatamente. Tudo que aprendo é útil em algum momento. E as vezes encontramos mentes doentes ao ponto de usar bons textos épicos com finalidades maquiavélicas. Como aconteceu certa vez que utilizaram a Divina Comédia, acredita?

_ Acredito. Isso não diferente da ciência. Pessoas usam um instrumento tão bom como a ciência não para se ajudarem na cura de doenças, mas para se destruírem na criação de novos vírus.

Jill levantou a sobrancelha e suspirou antes de dizer

_ Você tem razão.

_ E mesmo assim você acredita que Deus esteja no controle?

_ Se ele não estivesse, quem estaria? Acredito que Deus permite que os homens se machuquem, por que junto com os que destroem, aparecem os que constroem, consertam, fazem renascer, amparam. Vamos nos fortalecendo a cada batalha e o bem não deixa de existir, ele sempre sobrevive e se fortalece.

_ Mas o que aconteceria com aqueles que amamos e que morrem inocentes? Não seria injustiça?

_ Não podemos esperar injustiça de um ser justo e perfeito. Descartes diz que nós seres imperfeitos não podemos criar perfeição, portanto se temos essa idéia de perfeição, ela só pode ter sido colocada em nossa consciência pelo ser perfeito. Logo, Deus. Por isso, saber que Deus é perfeito nos faz confiar nos seus desígnios, mesmo quando não os entendemos. Nós que vemos pessoas inocentes morrerem a todos os momentos precisamos entender isso, ou então, todo nosso esforço seria em vão se não houvesse uma finalidade para tudo isso. Se eu não acreditasse nisso, certamente teria me matado ao retornar da África com todas minhas memórias, culpas e dores.

_ Eu entendo. A sensação de falhar também nos leva a pensar em por um fim na nossa dor.

_ Por orgulho, Leon. Nos esquecemos que essa guerra não é nossa. Somos apenas soldados a serviço do bem.

_ É... De alguma forma esse pensamento alivia um pouco o peso que carrego nas costas pelo mal que não pude evitar... - Leon abaixou a cabeça, evitando os olhos de Jill – Quando Raccoon caiu, foi difícil imaginar quantas pessoas morreram e aquele fora o fim dos lugares que visitava quando criança,quando meus avós ainda eram vivos. Mas quando Tal Oks caiu, eu... Eu era um dos agentes responsáveis e... Bem... Eu tive que matar meu único real amigo em todos esses anos. Talvez a pessoa que mais tenha confiado em mim depois de meu pai... - Leon suspirou antes de continuar – Talvez sua avó tenha razão. Eu fui forçado a parar nessa cama por algumas horas e por alguma razão olha onde chegamos... Num assunto que me recuso a falar.

_ Por que?

_ Por que não posso mudar.. Não sei. Na realidade não sei. As vezes me sinto tão cansado de tudo isso, tão impotente. Todos podem pensar que minhas brincadeiras e piadas representam a alegria com que conduzo minha vida. Mas poucas pessoas sabem que algumas vezes aquele sou apenas eu tentando motivar a mim mesmo. Parece que é impossível ser forte e seguro a todo instante. Parece que minha promessa de varrer o maldito vírus da face da terra não será cumprida com a facilidade que acreditei... Eu falhei e não sei responder por que...

_ Por que não depende de você, Leon. Você ainda não percebeu quão cruel você foi consigo mesmo ao fazer essa promessa, mas principalmente ao mantê-la dentro de si. Eu repito, essa guerra não é nossa. Nossa missão é apenas a de fazer nossa parte e acredite em mim, você tem cumprido sua missão de forma impecável. Você é um grande homem e precisa entender isso. Se quiser libertar sua mente da culpa indireta, precisa entender que os únicos culpados de todo o caos são os que o causaram, nós somos apenas pessoas normais e imperfeitas tentando fazer o melhor.

Leon olhava para Jill sem piscar os olhos, como se refletisse sobre tudo o que ela disse. Depois de alguns segundos absorto nos próprios pensamentos, ele levou a mão sobre a mão de Jill.

Embora o toque houvesse sido normal, a forma como Leon a olhava fez com que Jill sentisse um leve arrepio.

_ Jill... – ele disse suavemente.

_ Sim? - ela perguntou.

Quando Leon abria a boca para dizer algo o celular dela tocou. Jill logo percebeu que era Quint e atendeu. Depois de conversar com ele por alguns minutos e informar sobre o estado de Leon, Jill descobriu que Quint chegara e que ela precisaria encontrar-se com ele.

Assim que desligou o telefone ela olhou para Leon ainda curiosa para saber o que ele queria lhe falar anteriormente.

_Você precisa ir?

_ Sim. - Jill balançou a cabeça – Mas você ia me dizer algo?

_ Agora não – Leon sorriu – Mas teremos outra oportunidade.

Jill sorriu tentando esconder a leve frustração que sentira. Geralmente não era muito curiosa, mas diante de Leon sentia muitas coisas novas. Sentia-se como era ser mulher em sua plenitude.  



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