1. Spirit Fanfics >
  2. Behind The Lights - Second Season >
  3. Broken

História Behind The Lights - Second Season - Broken


Escrita por: queendricka

Notas do Autor


PRIMEIRAMENTE: Desculpa a demora, mas é que to muuuuuuuuito ocupada esses dias, to trabalhando, tem a escola....... E HOJE FIQUEI SABENDO QUE VOU PRA CHICAGO NO MEU INTERCÂMBIO AI CARA TO MUITO FELIZ.........

Bom, criaram personagens de BTL no facebook, então vou deixar o link de cada um lá em baixo pra vocês adicionarem se quiser ok? Enfim, obrigadaaaaaaaaaa a todos q amam a fic, etc. vcs são lindos

LEIAM OUVINDO O COVER DE WANT U BACK DA CHER LLOYD,
BOYCE AVENNUE FEAT HANNAH OK? BJS

Capítulo 14 - Broken


Fanfic / Fanfiction Behind The Lights - Second Season - Broken

22 de Março de 2014. – 03h26m PM. – City Of Hope, Los Angeles

Blake Berry – Point Of View

– Mas já se passaram horas – falei, cansada de ficar sentada naquela cadeira assistindo Aubrey dormir profundamente, era como se eu estivesse perdendo tempo a cada segundo que se passava – Tem certeza que está tudo bem?

– A enfermeira já repetiu mil vezes que sim. – Gerry era um cara legal, mas já estava ficando irritado com a minha insistência.

– Desculpe, é só que...

– Eu sei Blake, eu sei. – ele me puxou contra seu peito, beijando o topo de minha cabeça com suavidade – Ela está bem, por enquanto.

Suas palavras me fizeram estremecer.

Engoli em seco cada letra e me escondi em seu peitoral, negando-me a chorar.

– Infelizmente eu tenho que trabalhar, arrumei um emprego temporário, não é fácil pagar aquele apartamento sozinho, meus pais deixaram muitas dividas quando morreram, estávamos completamente falidos.

– Que horror – murmurei – Eu posso ficar aqui, aliás não vou sair daqui tão cedo, não se preocupe com ela.

– Isso é ótimo, estava pensando como ia ser isso, não quero que Justin e ela fiquem sozinhos, eles podem acabar fazendo merda, sabe como é, ele é maluco.

– Não vai acontecer. – afirmei, carinhosamente.

– Tenho certeza que não, mana. – ele sorriu, e suas palavras foram como borboletas no meu estômago.

Eu tinha ganhado um novo irmão, também.

Observei admirada enquanto ele ia até a cama e beijava o rosto de Aubrey com ternura, ela estava deitada, um cubo transparente passava por trás de suas orelhas e então se juntava de novo as narinas. Era um cilindro de oxigênio que a transmitia três litros de oxigênio através da cânula, ele era verde e estava em cima de um carrinho ao lado cama, parecia muito pesado para carrega-lo nas mãos.

Apesar de ele estar triste eu podia enxergar uma pontinha de esperança em seus olhos cansados, voltando em minha direção ele segurou meu rosto com as mãos e beijou minha testa, depois me abraçou .

– Quando ela acordar, diga a ela que eu a amo.

Assenti beijando sua bochecha e ele se direcionou até a porta, parou logo após abri-la. Segui seus passos para descobrir porque, então me surpreendi com a cena dolorosa de um Justin encostado na parede, em posição fetal.

Ele não foi embora em momento algum.

– Hey idiota – Gerry o chamou, fazendo-o levantar a cabeça.

– Eu não estou fazendo nada demais, por favor me deixe ficar aqui.

– Tem certeza? – ele girou alongando seu corpo – Eu pensei que talvez quisesse ficar ali dentro com as minhas irmãs... é mais quentinho.

Os olhos de Justin se abriram, brilhando em felicidade.

– Isso é sério?

Gerry estendeu sua mão para ajudá-lo a se levantar.

– Não me faça se arrepender disso cara!

Justin sorriu largamente acenando enquanto meu novo irmão dava as costas em direção ao elevador, dentro de mim eu sentia que ele já era parte da família. Que ele sempre foi parte da família.

– Ainda dormindo? – Bieber olhou curioso para Aubrey dormindo profundamente naquela cama estranha de hospital.

– Parece que os remédios realmente fizeram efeito.

– Ela estava péssima quando chegamos aqui, eu achei que...

– Não! – pedi, pousando minha mão em seus ombros – Não diga isso, por favor!

– Me desculpe. – ele abaixou a cabeça.

Ficamos em silêncio por algum tempo, Justin observava Aubrey com admiração e dor, dava pra ver o quanto ela havia se tornado especial pra ele, e naquele momento eu sentia muito ciúme, mas não era dele, era dela. Porque ele soube aproveitar tanto tempo ao lado dela e eu simplesmente estava a odiando com todo o meu coração. Isso me parecia tão errado.

– Se você quiser ir embora... eu vou ficar aqui por um longo tempo.

– Eu não vou a lugar nenhum. – respondeu ele, sem desviar os olhos dela.

– Você precisa comer.

– Você também precisa.

– Mas...

– Essa é a questão, nenhum de nós quer comer.

Não respondi, ele estava certo.

– Quanto tempo? – perguntei me referindo a ela.

– Os médicos dizem que não mais que dois meses porque, como eu disse, ela parou o tratamento, ela desistiu...

– Mas e se nós a convencermos do contrário? Se ainda houver esperança?

– Eu não vou fazer isso, eu não vou mais insistir nisso, quando ela se mudou pra cá ela já tinha tomado sua decisão, ninguém pode interferir na vida de uma pessoa e simplesmente querer mudar suas decisões, ninguém pode escrever uma história diferente pra vida de outro alguém.

– Caralho Justin, é da vida dela que nós estamos falando! Se eu quisesse, se eu falasse com o meu tio Ryan, com o meu pai, se é que posso chamar aquilo de pai, mas se eles dois e o Gerry quisessem nós poderíamos fazer algo, eu sei que poderíamos.

– Não vou fazer nada que ela não queira, e eu não vou permitir que vocês façam.

– Então se ela morrer, e ela vai morrer... a culpa vai ser toda sua.

– Não me interessa de quem é a culpa, eu só quero que os últimos dias da vida dela sejam os melhores de toda a vida de qualquer pessoa.

– Mas ela...

– Ela merece mais do que ficar seus últimos dias em um hospital dopada de remédios, a morfina destrói qualquer ser humano, por mais forte que ele seja. A Aub é diferente, ela não merece nada disso.

– Ninguém merece câncer Justin, mas o que nós podemos fazer além de tentar lutar contra ele?

– Algumas coisas são invencíveis, algumas coisas mesmo não querendo nós temos que perder, temos que deixar ir... – e naquele momento em que seus olhos se encontravam marejados eu percebi que aquela conversa não se tratava apenas da Aubrey.

Se tratava de mim, e do que eu fiz.

Era o momento do meu julgamento.

Meu comportamento posto a prova e agora as consequências bem a minha frente.

– Eu achei que você estivesse me traindo com a minha própria irmã, eu tinha todo o direito de sair de casa.

– Eu não estou...

– Sim, você está falando sobre ontem.

Ele engoliu em seco, então caiu sentado na poltrona de pelucia ao lado da cama, passando as mãos sobre seus cabelos ele bufou, suspirando alto.

– Será que você já se esqueceu que eu te disse todos os dias que eu não tinha nada com ela? Que nós eramos apenas amigos e mais nada? Será que você não percebe que eu te amo toda vez que olha nos meus olhos? Por que diabos você pôde se quer duvidar disso? Do que eu sinto? Do que nós temos? Eu achei que simplesmente... achei que o nosso amor era maior que tudo, mas hoje... eu não tenho tanta certeza.

– Mas... mas você esteve todo esse tempo com ela. O que queria que eu pensasse? Qualquer pessoa...

– Isso não é verdade! Nós não somos qualquer pessoa caramba, nós somos você e eu. Nós nunca fomos igual a ninguém. Ninguém.

– Eu sinto muito, eu só... eu não sabia.

– Eu sei que sente, mas isso não vai mudar nada. Eu só tenho uma pergunta a te fazer, somente uma.

– O que?

– Você e o Connor, vocês... – ele abaixou a cabeça franzindo a sobrancelha, incapaz de continuar.

– Eu... é... nós...

Como eu poderia dizer isso a ele? Como?

– Foi o que eu pensei. – ele desviou os olhos mais uma vez, fazendo uma força quase impossível para não desabar, eu sentia uma puta vontade de morrer, vontade de acabar com a dor que eu sentia dentro de mim.

Eu havia sido tão estúpida.

– Justin você precisa entender... eu não tive escolha, eu estava assustada, com medo, eu achei que você estivesse me odiando e caramba, eu estava sozinha!

– NÃO! – ele me encarou novamente, bravo – Você tinha todas as escolhas do mundo, você poderia simplesmente ter esperado, mas não... você transou com o primeiro cara que te ofereceu consolo, você foi uma vadia Blake, essa é a verdade!

– O... O QUE?

– É ISSO MESMO! VADIA!

– PARA DE ME XINGAR, VOCÊ É UM FILHO DA PUTA!

– NÃO COLOCA MINHA MÃE NESSA HISTÓRIA, VOCÊ NÃO TEM MORAL NENHUMA PRA CITAR O NOME DELA!

– PARECE QUE A EDUCAÇÃO QUE ELA TE DEU SÃO SERVIU PRA NADA!

– CALA BOCA!

– NÃO ME MANDA CALAR A BOCA!

– VOCÊ É TÃO RIDÍCULA, TÃO BAIXA!

– PELO AMOR DE DEUS VOCÊ ESTÁ ME CRUCIFICANDO DE UMA FORMA TÃO INJUSTA, SERÁ QUE VOCÊ NÃO PERCEBE QUE EU TIVE TODOS OS MOTIVOS PRA FAZER O QUE EU FIZ? EU NÃO SABIA DE NADA! VOCÊS ME ESCONDERAM TUDO, TUDO!

– AH É? E POR ISSO VOCÊ RESOLVEU TRANSAR COM AQUELE CORNO?

– ELE É MUITO MELHOR QUE VOCÊ!

Me arrependi amargamente de dizer aquelas palavras, não era a primeira vez que eu dizia aquilo pra ele, e eu sabia o quanto ele havia se magoado da última vez. Mas esse é o meu problema, eu sou impulsiva, louca, eu digo as coisas sem pensar e quando me arrependo é tarde demais. Agora é tarde demais.

Eu não posso mais correr pra lugar nenhum.

– Justin, me desculpe, eu não quis...

– Sim, você quis. – disse ele se levantando da poltrona sem desviar o olhar queimando de raiva e dor – E isso é o mais engraçado. – ele riu sem vida – Você quis Blake. Todas as vezes que você jogou na minha cara que eu não sou bom pra você, todas as vezes que deixou bem claro que ele é o melhor homem do mundo e que ele te faria feliz, de um jeito que eu não poderia fazer. Você sempre quis dizer isso. Sabe por que? Uma vez ouvi dizer que é na raiva que dizemos as verdades que existem dentro de nós. Que é quando o coração sai de cena que podemos ser nós mesmos. E tudo bem, eu não te culpo por dizer isso... eu só me arrependo de ter perdido tanto tempo, de ter insistido tantas vezes... me arrependo de te amar tanto que doí.

– Por favor, não...

– Eu só quero que você saia daqui e não volte mais.

– Ela é minha irmã.

Você nunca realmente se importou.

– QUE DROGA JUSTIN! – bati minhas mãos com força nas minhas pernas, ao mesmo tempo bati os pés no chão, chorando, gritando – EU SOU ASSIM PORRA! Você está comigo a tanto tempo e ainda não sabe quem eu sou? Eu magoo mesmo as pessoas, eu faço isso o tempo todo. Eu não consigo ter um equilíbrio na minha vida entende? Pra ficar com você eu abri mão de tantas coisas, do meu irmão, do meu tio, do meu melhor amigo, da minha melhor amiga, e muitas vezes da minha faculdade. Vai ser sempre assim, sempre que eu quiser algo eu vou ter que abrir mão de outra coisa. Acontece que eu escolhi você todas as vezes, só que... infelizmente eu me senti só, e quando eu senti que eu não tinha mais você então eu pensei que poderia ter tudo que eu perdi de volta. Eu pensei que conhecer você tinha sido um erro e agora eu me sinto tão culpada, se você me conhecesse como diz que conhece saberia que eu me sinto um lixo, saberia que eu não tive culpa, que eu não poderia nunca saber... eu sou apenas uma garotinha, como você diz sempre, eu não sou capaz de dizer nada sobre amor e todas essas coisas, eu só sei que eu te amo, e isso é verdade. Eu te amo, Justin.

– Blake, calaboca, você não...

Calaboca você! – resmunguei correndo para os seus braços, envolvendo-me em volta de seu pescoço, colando nossos lábios com volúpia, não pensando muito em tudo, apenas fazendo o que o meu coração gritava pra fazer.

Ele não correspondeu de início, tentando lutar contra aquilo, mas e ai, como se pode lutar pelo que sentimos? Eu sei que nos amamos com todas as nossas forças, sei que o que nós temos é maior do que qualquer caralho desse mundo, e sei que vamos brigar pra caralho mas eu não queria perdê-lo, não queria imaginar um mundo em que ele não existisse. Porque eu quero que ele seja feliz, mas quero que seja comigo. Egoísta. Mas é a verdade. E eu sou capaz de admitir isso pra mim mesma, e pra quem quer que seja.

Suas mãos desceram até minha cintura com agilidade, as mesmas puxaram meu corpo para mais próximo do seu, colocando-os de forma calorosa e arrepiante, o modo como nossas línguas dançavam em um sintonia inadequada e sobressaltada fazia algo se acender dentro de mim. O mesmo que acontecia todas as vezes que eu estava em sua presença, todas as vezes que eu sentia o seu cheiro e que o seu calor invadia tudo dentro de mim, como se eu estivesse em chamas.

Aquilo era amor, eu sabia que era amor.

Sempre foi amor.

Sempre será amor.

Não importa quantos malditos anos se passem.

Eu só sinto que nasci pra ele. E ele nasceu pra mim.

– Bels... – ele lutava pra se afastar, mas eu insistia em puxá-lo contra mim, não queria me despedir.

Eu sempre odiei despedidas.

–  Meu amor, eu amo você, não faça isso. – pedi, a respiração entrecortada em nossos lábios levemente colados.

– Eu não posso. – ele fechou os olhos com força e finalmente conseguiu se afastar, suas mãos estavam fechadas em punho e isso deixou claro o quanto o matava ter que fazer aquilo, ter que dizer adeus – Não posso...

– Foi só um maldito erro. – argumentei, as lágrimas queimando em mim – Não pode me crucificar por isso.

– Eu sei. – ele me olhou firme – E eu não vou.

– Então...

– Mas eu também não posso continuar com isso, a verdade é que toda vez que eu me deitar com você eu vou me lembrar de que você dormiu com ele, e tudo bem você pode até dizer que eu dormi com prostitutas e fui um imbecil, mas eu não conheço nenhuma delas e nunca mais vou vê-las na minha vida. Mas e ele? Ele é o seu melhor amigo, e querendo ou não se você transou com ele é porque sente algo, você nunca abriria mão dele Blake, nunca. Eu só acho que isso é errado, que não podemos insistir nisso. São apenas esses malditos hormônios, precisamos controlar isso.

– Eu não concordo com isso, não concordo em ficar longe de você. Não concordo!

– Isso não é uma escolha. É a realidade. Eu quero cuidar da Aubrey, quero ficar com ela o tempo todo, quero esquecer o que está acontecendo e dedicar meu tempo a ela, quero que ela seja feliz enquanto viver. E você, você pode fazer parte disso, mas eu não quero estar por perto quando você estiver. E não, não é que eu te odeie, pelo contrário, é que eu te amo... e eu acho que toda vez que olhar pra você eu vou ser fraco, como acabei de ser, quando correspondi aquele beijo.

– Mas e a Aubrey? Ela é minha irmã, ela é idêntica a mim! Sempre que olhar pra ela, você... vai ser a mesma coisa!

Ela não é você!

– Amor, por favor não...

– Eu não quero que me chame de amor.

– Mas você é o meu amor, você é tudo Justin, tudo! Isso não é justo, não é justo!

– Vou ficar com ela até ela sair do hospital, enquanto isso você pode ir pra casa – ele fez uma pausa – pro seu novo lar.

– Não vou deixá-la aqui, não quero perder nenhum minuto.

– Blake, não insista! E eu já marquei todos os exames que você tem que fazer! Não seja teimosa e colabore!

– Como você quer que eu colabore sendo que sinto que estou morrendo?

– Você não está morrendo, não seja egoísta! Olha só como sua irmã está, ela sim tem motivos pra reclamar da vida, mas você? Você tem dois caras que te amam, tem saúde, tem dois irmãos, duas irmãs, tem um pai idiota, mas que faria tudo por você. E além do mais, tem um tio, que convenhamos, sempre fez tudo pelo seu bem.

– Ela também tem tudo isso.

– Mas ela não tem tempo, e você é ridícula por querer comparar os seus problemas com a doença dela! Você não percebe o quanto isso soa bizarro?

– Eu estou perdendo você e isso não é engraçado!

– Apenas vá embora, eu te imploro!

Eu te amo porra!

– Vá embora! – ele repetiu, agora irritado.

– Tá legal, você me quer longe de você, não é? Ótimo, eu vou fazer isso, vou dar o fora, mas não pense que vou me esquecer da Aubrey, eu vou atrás dela assim que ela sair daqui e não me interessa se você vai estar lá ou não. Sabe de uma coisa? É só fingir que eu não existo. Fingir que nós não nos amamos, fingir que isso é tudo uma farça! Além de cantor você sempre foi um ótimo ator, não é mesmo Bieber?

– Bieber – ele riu – Você me chama assim quando está sendo irônica.

– Você é mesmo um babaca! – revirei os olhos.

Peguei minha bolsa e a coloquei nos ombros, em seguida caminhei até a minha irmã, dei um beijo demorado em sua bochecha. Era tão bom ver sua barriga subindo e descendo em baixo daquele pano azul, isso mostrava que ela estava respirando. E dali pra frente mantê-la respirando seria o meu maior objetivo.

– Você vai ficar bem. – sussurrei pra ela.

Em seguida caminhei até a porta, fui surpreendida pela voz de Justin pouco antes de deixar o quarto. Ao me virar para encontrar seus olhos senti meu mundo desabar novamente, ele estava chorando, perdido em lágrimas incontroláveis e aquilo era cruel, era sádico.

– Eu acho que você nunca me amou.

 

22 de Março de 2014. – 7h26m PM. – City Of Hope, Los Angeles

Aubrey Hastings – Point Of View

Puta que pariu! Meus olhos pareciam pesar toneladas! Eu mal conseguia abri-los, eu realmente odiava todos aqueles fios ligados ao meu corpo e ainda mais ter que carregar aquela coisa verde que pesa toneladas pra onde quer que eu vá. Mas tudo bem, ela me mantém respirando e acho que quero continuar assim por algum tempo.

Então, certo, eu demorei pelo menos uns dez minutos pra realmente conseguir abrir os olhos, e imediatamente levantei a cabeça. Quer dizer, é isso que as pessoas fazem quando acordam e abrem os olhos não é? Elas levantam a maldita cabeça! Acho que o Justin não teve essa experiência antes porque ele quase surtou quando me viu se mexer. O que ele está pensando? Eu só queria gritar que eu tenho câncer no pulmão e não na cabeça ou algo assim.

– Você não pode fazer esforço! – ele disse sério, me fazendo encostar-se de novo no travesseiro leve atrás de mim.

– Ta brincando? – forcei uma risadinha – Eu estou muito bem.

– Isso não é uma brincadeira Aub, você quase morreu por causa daquela bebida! Nunca mais vamos fazer isso, nunca mais!

– A ideia foi sua, lembra?

– Não me faça me sentir mais culpado!

– Eu sei, eu to brincando. – gargalhei.

– Engraçadinha! – ele mostrou a língua, rindo um pouco.

Se tinha uma coisa que eu adorava sobre Justin, era sua risada. Eu acho que ele poderia curar o meu câncer se sorrisse assim todos os dias sem parar. Mas na maioria das vezes ele não consegue esconder o medo que existe dentro dele, aquela certeza de que eu não estou aqui por muito tempo. Apenas de passagem. E sabe o que é? Ele me ama, não aquele amor de príncipe e princesa. Mas aquele amor que surge quando você começa a conviver com uma pessoa e se encaixa nela de alguma forma. É normal e acontece sempre.

Eu também o amo. Eu faria qualquer coisa por esse babaca. Mas sabe, é triste saber que eu estou morrendo. Só que sei lá, as pessoas tratam o câncer como um bicho de sete cabeças, e sabe o que eu acho? Não é tanto assim. Quer dizer, tantas pessoas morrem a cada segundo, agora por exemplo, alguém acabou de morrer por outros milhões de motivos que não é câncer.

Uma pessoa pode atravessar a rua nesse exato momento e morrer atropelada. Veja bem, ela pode ser jovem, ter saúde e uma família que a ama. Mas e ai? Ela foi atropelada mesmo assim, morreu e vai pra debaixo da terra assim como todo mundo. Isso é justo? Não. Mas é a realidade. E acontece o tempo todo. Não podemos culpar o câncer de tudo. E eu sei que tive opções. Eu fiz todos os tratamentos, mas eu simplesmente não aguentava mais. Então adivinha? Eu desisti. E isso é horrível. Mas eu já aceitei que estou morrendo. A verdade é que ás vezes eu choro, choro tanto que soluço, mas bom, eu não gosto de demonstrar que sofro com isso. Mas quem é que não sabe que eu sofro? Qual é, eu tenho câncer!

Desistir do tratamento foi como ganhar alguns meses de vida.

Porque no tratamento eu não diria que eu realmente vivo, quer dizer, toda aquela morfina... meus cabelos descendo pelo ralo do banheiro... meu rosto pálido e o meu corpo fraco. Isso é tratamento? Isso é vida? Eu não penso assim. Mas eu não quero que todos pensem como eu, pelo contrário, espero que muitas pessoas consigam vencer o câncer. Eu só acho que isso não é pra mim.

Agora que sei que minha mãe lutou até o fim, me sinto um pouco covarde por não seguir seus passos. E até mal por ela se quer ter me conhecido. Ouvi dizer que ela era adorável.

– Você está completamente maluca! – eu já tinha ouvido aquela frase antes, mas era mais legal vindo do Justin – Eu não posso te tirar daqui Aub, o médico só vai te dar alta na semana que vem, e...

– E se eu morrer amanhã? E se eu dormir hoje e não acordar mais? Em? Aposto que você vai se sentir muito mal por não ter me tirado daqui. – o drama era minha maior arma, ainda mais com ele, que é tão mole, tem o coração tão puro e bom.

– Isso não vai me convencer, não seja dramática!

– Mas é a verdade, você sabe disso. Eu tenho câncer de pulmão. Eu posso morrer a qualquer momento. Lembra?

– Não faça isso...

– Morrer. Parar de respirar. Ir pro céu. Ir pro inferno. Morrer. Morrer. Não viver. Esse é o meu destino, não tem mais pra onde correr...

– Aub!

Dei risada, colocando a mão na barriga pra intensificar o ato.

– Você fica muito engraçado assim!

– Pestinha! – ele riu, oh céus, ele é o melhor sorrindo.

– Vai me levar daqui, não vai?

Ele me olhou por algum tempo, então segurou minhas duas mãos entre as suas e se inclinou pra beijar minha testa.

– Vou fazer isso agora mesmo.

Mais um motivo pra amá-lo tanto, ele é o melhor garoto do mundo. Céus, minha irmã é sortuda! Puxei-o para um abraço antes que ele pegasse seu celular e deixasse a sala.

E ai eu fiquei olhando pro quarto, pro chão, pro teto, pra mesa... tudo aqui é tão horrível. Como alguém poderia preferir ficar dentro de um hospital a ir pro mundo viver o pouco de vida que resta? É algo insano e quase idiota de se fazer!

– Com licença! – murmurou um garoto baixo, com um chapéu preto e roupas brancas, de enfermeiro – Posso entrar? – ele estava com uma cadeira de rodas.

– Claro. – foi o que eu disse enquanto o observava adentrar o quarto, seguido por outro garoto, esse eu conhecia, ele era... – Za?

– Loirinha! – ele sorriu largamente e veio em minha direção, beijando minha bochecha com força e a apertando também – Nós viemos te sequestrar!

– Não é sequestro quando a vítima está de completo acordo! – disse o fazendo dar uma risada escandalosa.

Eu havia conhecido Za há algum tempo, Justin sempre falava dele, eles eram muito amigos e ele ficava engraçado bêbado.

– Falando em vítima, olha só quem veio pra nos ajudar! – ele virou a cabeça até o seu amigo – Esse é o Twist, aquele que...

– Sei, você e o Justin falam muito dele! Oi Twist!

– Oi bonequinha! – ele sorriu, alegre – Que bom que você é igual a Blake, sempre quis pegar ela, e agora...

– O que você disse? – Justin entrou no quarto, inesperadamente.

– Qual é, não vai me dizer que você quer ficar com as duas?

– Twist, a Aubrey é uma moça de respeito!

Twist riu, e eu também estava rindo daquela cena.

Mas meu caro amigo, eu a foderia com todo o respeito do mundo!

Justin o empurrou pra longe e assumiu seu lugar atrás da cadeira de rodas, que ele trouxe para perto de mim. Za, Twist e eu estávamos rindo muito, aquilo era tão engraçado. VIVER É ÓTIMO!

– Vem Aub, nós precisamos ser rápidos.

Me sentei com cuidado, fazendo um esforço pra não sentir dor, e eu realmente não sentia, era como se eu estivesse novinha em folha. Em seguida Justin me pegou no colo e me colocou na cadeira de rodas, ele era tão forte.

Za segurou o cilindro de oxigênio de toneladas e o Twist pegou minhas coisas que estavam em cima da mesa, Justin então começou a empurrar a cadeira de rodas para fora, ninguém pareceu notar nada de diferente – quer dizer, ninguém percebeu que aqueles três estavam sequestrando uma paciente.

Entramos no elevador e ninguém disse nenhuma palavra, nós precisávamos ser rápidos porque se o meu irmão aparecesse ali tudo iria por água abaixo. Um dos médicos nos encarou estranhamente quando saímos do elevador mas apenas prosseguimos até lá fora. Infelizmente fomos invadidos por um enxame de flashes irritantes que me deixavam mais cega do que toda a morfina dos tratamentos de câncer.

– Vamos Hugo, abra a porta! – Justin pediu ao seu segurança bonitão e gigante.

Era uma vã, era grande e espaçosa. Justin me pegou no colo de novo e me colocou na poltrona, Za pousou o cilindro ao meu lado e eles deixaram a cadeira de rodas no meio da rua enquanto o motorista tentava sair dali, o que foi bastante difícil. Me perguntei quanto tempo havia dormido e tudo que havia acontecido enquanto eu estava distante.

– Gerry sabe que eu estava no hospital? – questionei, curiosa.

– Ele vai me matar.

Isso respondia a minha pergunta.

– Relaxa.

– Eu não deveria ter feito isso.

– Eu disse pra relaxar. – murmurei.

– Qual o problema? – Za exclamou – Nós poderíamos até formar uma gangue de salvar pessoas que querem morrer, sabe?

– Ela não quer morrer imbecil! – Justin deu um tapa no pescoço dele.

– É, eu não quero morrer – concordei, rindo.

– Pra onde nós vamos levá-la? – Twist quis saber, de braços cruzados.

– Eu vou deixar vocês na mansão e vou procurar um apartamento em algum lugar, não posso levá-la pra lá, todo mundo sabe onde eu moro.

– Então isso é mesmo sequestro?

– Não Za, não é! – disse ele, irritado – Acontece que ninguém pode saber de nada, se não ela vai ter que voltar pro hospital.

– Ah... – murmurou ele, sendo o último a entender. Como sempre.

Depois de deixar os meninos em casa nós seguimos até uma casa. Sim, não era um apartamento. Era uma mansão. Eu não sabia porque ele estava fazendo aquilo, mas eu não iria questionar. Eu tinha pouco tempo de vida e queria aproveitar cada segundo. Sem neuras.

– Obrigada! – falei assim que me sentei naquele sofá confortável na sala de estar.

– Por que? Eu não fiz nada demais.

– Por que? Cara olha só essa mansão, olha só pra mim, olha só pra nós... minha vida é ótima!

– Você não é engraçada Aub, não tente ser.

– É sério, por que você acha que é errado se estamos felizes? Eu vou morrer de qualquer forma, isso é bom... estar aqui é bom.

– Eu só estou fazendo isso porque eu faço tudo pra te ver feliz, mas... mas eu sei que é errado, só não finja que não é.

– Meu pai, bom, pelo menos eu achava que ele era mesmo meu pai, ele me dizia que nada que nos faz feliz é errado.

– Ele não...

– Não manche a memória dele! Ele estava completamente certo!

Eu gosto de você. – ele disse, dando de ombros.

E eu de você. – sorri, ajeitando o fio na minha mão.

– Você está respirando bem?

– Mais ou menos.

– Ah.

– Tipo, é normal sabe? Mas ás vezes doí um pouco.

– Imagino...

– Imagina?

– Não, eu só...

– Você está longe... distante. O que aconteceu?

– Eu não... não foi nada.

– Ah qual é, me diz ai.

– Não quero te preocupar.

– Argh! – bati os pés com força no chão chamando sua atenção – Odeio quando me tratam diferente, você sabe disso. Câncer Justin, é só câncer.

– Me desculpe. – ele abaixou a cabeça.

– Então me diz, o que aconteceu?

– Eu terminei com a Blake. Tudo. Acabou.

– Oh... – eu estava completamente chocada.

– Eu acho que foi melhor assim.

– É claro que não idiota, por que você fez isso?

– Ela dormiu com o corno.

– Oi?

– Pelo visto o corno sou eu, e não ele.

– Eu não entendo.

– É complicado.

– Descomplica, então.

– Não dá Aub. – ele riu – Já está tudo enrolado demais.

– E agora?

– Agora só me resta viver.

– Viver é bom. – disse, sorrindo pra ele, tentando alcançar sua mão.

Viver é bom. – ele repetiu, apertando a minha com força ao se aproximar.


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...