1. Spirit Fanfics >
  2. Behind The Lights >
  3. All this hate can only be love

História Behind The Lights - All this hate can only be love


Escrita por: queendricka

Capítulo 19 - All this hate can only be love


Fanfic / Fanfiction Behind The Lights - All this hate can only be love

- Eu não acredito que o deixou engessar a minha perna! – disse enfurecida depois que o médico saiu do quarto – Vou ter que ficar quinze dias com essa merda ainda por cima.

- Cala a boca! – Justin me repreendeu – Se você tivesse falado pra ele que não queria isso talvez ele tivesse te escutado.

- Você que tinha que ter dito! – retruquei aumentando ainda mais o tom.

- Porra nenhuma.

- Qual o seu problema?

- Nenhum – ele deu de ombros – Mas eu te entendo, não seria nada legal reclamar com ele já que você tinha coisa melhor pra fazer.

- O que você está insinuando?

- Eu não sou bobo Blake, nenhum pouco.

- Não estou estendendo... – franzi a testa fazendo um esforço para virar o pescoço e conseguir vê-lo, minha perna estava estirada pra cima e presa a uma corda que era estranhamente macia.

- Eu vi o jeito que você olhou pra ele.

- Pra quem? – balancei a cabeça – O Doutor? Você está falando do Doutor?

- Não – ele riu sínico –  Estou falando da minha avó.

Foi a minha vez de dar uma boa risada.

- Você está com ciúmes de mim, ah meu Deus!

- O que? – ele arregalou os olhos se remexendo na cadeira – Você bebeu? Eu acho que tem alguma droga nesse gesso ai.

- Hum hum – murmurei sarcástica.

- Eu to falando sério – ele se mantinha sério – Não sei da onde você tirou isso.

- Pois é.

Nós ficamos algum tempo em silêncio.

- Vai mesmo ficar ai a noite inteira? – questionei já me sentindo um pouco sonolenta.

- Sim. – sua voz saiu quase como um sussurro.

- Por quê?

Ele não respondeu.

Virei-me com cuidado e ele estava com os olhos semi fechados, devia estar morrendo de sono, estávamos ali há horas, mesmo depois de tudo que aconteceu, ele ainda estava ali, e não ia embora, não ia para a cama king size que o esperava na melhor suíte do Hotel. Eu só não entendia por que.

- Por quê? – repeti o obrigando a abrir os olhos.

- Você é muito chata sabia?

- É o que dizem – abri um sorriso travesso.

- Quem diz?

- As pessoas.

- Hum.

Ele voltou a fechar os olhos, mas eu não estava com sono, eu queria que ele ficasse ali conversando comigo não importa o quanto ele estivesse com sono, eu simplesmente não queria dormir, queria ouvi-lo me insultar, tentar descobrir um motivo se quer que explique o fato de ele estar ali comigo, uma retardada que não fazia diferença nenhuma pra ninguém. Eu sou tão comum, isso não faz sentido.

- Eu não sei como vai ser amanhã – disse, ajeitando minha cabeça no travesseiro – Eu só entrevistei dois famosos até hoje, a Selena e o Will Smith, você não conta – dei risada – você não conta mesmo.

Ele não disse nada, mas eu sabia que estava ouvindo.

- E quando amanhecer o dia e tiver a coletiva de imprensa vai ser diferente, são as pessoas que vão me entrevistar, isso não é estranho? Pra você não por que já está acostumado, mas e eu? Imagina se eles fizerem perguntas estranhas, o tio Ryan antes de sair disse que vai ser ao vivo, e para o mundo inteiro, por que não pode ser apenas você? Até por que você que é o Justin e eu não eu, eu sou só a Blake.  – corri os olhos pelo quarto em um suspiro – Vai ser muito estranho.

- Será que é tão difícil calar a boca e me deixar dormir?

- Eu não estou com sono – confessei me virando pra olhar pra ele.

- Não interessa – o ouvi bater os pés no chão – Por que eu estou.

- Então não vai ficar conversando comigo?

- Não.

- Tudo bem – sussurrei virando a cabeça para o outro lado. Era uma posição desconfortável, mas eu precisava ao menos naquele momento.

Eu achei que ele pudesse se arrepender, se sentir a pessoa mais culpada do mundo e dizer alguma coisa, qualquer coisa. E eu esperei dois ou três minutos. Mas ele não disse nada, era somente o silêncio angustiante que resplandecia ali. Levando o fato de que eu sou a pessoa mais inquieta do mundo ao fato de amar irrita-lo eu novamente me virei em sua direção.

- Por que eles me deixaram aqui se já engessaram meu pé? Eu poderia muito bem ter voltado pro hotel e dormido lá.

Ele deu um sorrisinho antes de abrir os olhos e me encarar.

- Eu sabia.

- O que?

- Que não conseguiria ficar nem cinco minutos sem calar a boca.

Dei risada.

- Você me conhece bem.

- É o que parece.

- Meu pé tá doendo.

- Você quer que tira-lo daí?

- Mas e se alguém entrar? Acho que o propósito de eu ficar aqui é deixar o pé estirado a noite inteira né bonitinho.

- Foda-se! – quando vi ele já estava bem ao meu lado, segurando minha perna com cuidado.

- Está mesmo fazendo isso? – sorri me ajeitando de uma forma que facilitasse o seu trabalho.

- Já fiz! – ele colocou meu pé em cima do seu travesseiro, o que ele deveria usar para encostar sua cabeça na cadeira.

- Que ótimo, eu me sinto bem melhor – disse sincera – Mas como você pretende dormir agora em senhor Bieber?

- Assim!

Justin me afastou com cuidado e se deitou bem ao meu lado, sem nem pedir por que ele é folgado. E pegou quase o travesseiro inteiro pra ele.

- Muito inteligente da sua parte! – constatei, esperando que a frase soasse sínica e carismática.

- Eu sei. – ele também puxou a coberta, estava de costas pra mim então não podia ver seu rosto.

- Obrigada – sussurrei baixinho.

Ele não disse nada mas eu podia jurar que ele estava sorrindo. Um de suas mãos procuraram o meu braço por debaixo da coberta e quando o encontrou fez questão de passa-lo por sua cintura, junto ao seu peito.

- Boa noite blackberry!

- Boa noite, biebs.

...

Várias pessoas conversavam ao mesmo tempo, eu conhecia aquelas vozes mas ainda assim me negava a entender o que eles diziam. Eu só queria dormir pra sempre.

- E se a gente tacar um balde de água fria, será que ela acorda? – é claro que só o idiota do Bieber sugeria algo assim.

- E se a gente cortar o seu amiguinho, será que você começa a cuidar da sua vida? – abri os olhos deixando com que a primeira frase do dia soasse tão convincente quanto o sorriso cínico dele.

- Vejo que vocês ficaram muito amigos essa semana – disse o tio Ryan com seu jeito brincalhão e irônico de sempre.

- Não imagina o quanto. – usei o mesmo tom que ele e quando tentei mexer a minha perna notei que ela tinha voltado para cima da corda.

- Tá legal blackberry, eu só estava tentando ajudar mas se você prefere ficar ai dormindo a ir embora o problema é seu!

- Exatamente, o problema é meu.

Ele fungou.

- Já chega vocês dois! – Ryan nos repreendeu e então me olhou – Você acha que já pode ir?

- Deveria ter ido a muito tempo – fiz uma careta – Pode por favor tirar minha perna daí? Isso incomoda pra caralho.

- Eu fiquei me perguntando como você conseguiu dormir assim. – disse ele fazendo a mesma coisa que Justin na noite passada.

- Essa é uma boa pergunta tio! – Bieber e eu compartilhamos um sorrisinho cínico – Obrigada, me sinto bem melhor.

- Eu sei! – disse ele, agora sorrindo – Joey está morrendo de saudades.

- Eu também – ele me ajudou e me sentar – Eu estava pensando ontem a noite... minha mãe ligou alguma vez?

Ele pareceu refletir sobre a pergunta.

- Sim, é claro.

Eu ri, com tristeza.

- Ela não ligou.

- Mas pediu pra Kiara ver se estava tudo bem, ela veio até aqui e ficou uns dois dias, ela estava muito preocupada.

- Se minha mãe se importasse ela não mandaria minha irmã vir até aqui, ela mesmo teria vindo tio – balancei a cabeça sentindo lágrimas quentes pedirem para surgir – Que diabos está acontecendo? Onde foi parar a minha mãe? Porra o que eu fiz de errado?

- Você não fez nada de errado meu princesa. – senti sua mão tocar de leve o meu ombro – Não se culpe.

- Você não devia me pedir isso – permaneci de cabeça baixa – Eu fiquei perdida em uma ilha deserta, fui dada como morta, o mundo inteiro estava assistindo isso e ela simplesmente não estava nem ai.

- Ela deve ter os motivos dela. – disse Justin, entrando na conversa.

- Cala a boca idiota! – grunhi – Você não sabe o que está dizendo.

- E você está sempre certa né! – resmungou – Da mesma forma que você diz que o mundo não gira em torno de mim eu tenho que dizer que o da sua mãe não gira só em torno de você, ela deve ter um trabalho, uma vida, com certeza ela não mudaria assim do nada, além do mais eu até entendo, você é chata Blake.

- Se eu sou tão chata por que você ficou a noite inteira aqui? Por que foi legal comigo? – nem percebi mas estava quase gritando – Você não sabe o que é saber que sua mãe não dá a mínima pra você Bieber!

- O que eu sei é que você deveria pensar antes de sair dizendo essas coisas, pelo menos saber o que realmente está acontecendo.

- Nossa, obrigada! – sorri cínica – Você é a pessoa mais sensata do mundo.

- Muito mais do que algumas pessoas que eu conheço.

- Quando vai ser o casamento? – perguntou Ryan nos fazendo calar a boca por um breve segundo e olhá-lo com confusão.

- Que casamento? – perguntamos ao mesmo tempo.

- O de vocês. – ele estava rindo – Esse ódio todo só pode ser amor.

- Não fala uma coisa dessas! – esbravejei fazendo o nome do pai.

- Você está louco! – Justin ficou tão indignado quanto eu.

- Como está a minha paciente preferida? – o médico interrompeu toda aquela tensão entrando no quarto com seu jeito galanteador, eu nunca vou me cansar de dizer que esse homem é uma tentação.

- Melhor agora. – não consegui impedir a mim mesma de pronunciar essas palavras – Já posso ir pro hotel?

- Sim, você pode.

- Que bom. – abri o meu melhor sorriso.

- Só preciso rever alguns medicamentos que vai ter que tomar se sentir dor, é bom por que isso vai ser completamente normal nos primeiros dias.

- Tudo bem – coloquei os pés no chão – Eu acho que consigo andar sem as muletas.

- Não consegue não – indagou Justin – Uma vez quebrei a perna quando estava abrindo um show pra Taylor, eu juro que achei que podia andar sem muletas, mas daí eu tropecei uma vez e já não tinha tanta certeza assim.

- Eu não pedi a sua opinião.

- Você é quem sabe – disse ele, dando de ombros.

Durante o caminho pro hospital Justin não falou comigo nem por um segundo, ele estava com raiva, é uma criancinha mesmo. Mas eu nem estava ligando, por que eu me importaria? Ele que está sendo infantil. Ninguém mandou se intrometer onde não é chamado, ele não me conhece, não sabe como as coisas mudaram entre minha mãe e eu, então não tem o direito de abrir a boca pra falar merda.

Simples assim.

- O que vai acontecer depois da coletiva? – perguntei ao tio Ryan assim que chegamos a recepção do hotel.

Foi fácil entrar por que apesar de não ter diminuído o número de pessoas acampadas ali, nós entramos pelos fundos, eles nem se quer sabiam que nós tínhamos saído ontem a noite, pelo menos eu acho.

- Você pode voltar pra casa amanhã.

- Graças a Deus! – abri um sorriso do tamanho do céu.

- Justin você está indo tomar café da manhã? – perguntei ao vê-lo caminhar para longe dali.

- Sim – ele respondeu sem fazer questão de olhar pra mim – Mas eu não quero que você vá comigo.

- Nossa, valeu! – disse ofendida, mas ele nem deu bola.

Quando voltei a olhar para Ryan ele estava rindo.

- Qual é a graça?

- Vocês dois.

Balancei a cabeça irritada.

- Não tenho “nós” dois.

- Hum, tô vendo.

- Dá pra parar com a ironia?

- Eu não disse nada. – ele espalmou as mãos para cima.

- Sei – revirei os olhos e entrei cambaleando no elevador – Eu vou ver o Joey.

Ao chegar ao quarto onde ele estava me surpreendi ao notar que ele não estava jogando no celular, pelo contrário, estava sentado na cama encolhidinho, abraçando os próprios joelhos e escondendo seu rosto no meio deles.

- Oi! – disse despertando sua atenção.

- Oi Bels! – ele levantou a cabeça para me olhar.

- Tudo bem? – me sentei ao seu lado.

- Ah, tudo sim.

- Não parece, o que aconteceu?

- Nada.

- Tem certeza?

Ele fitou o chão.

- Eu estou com saudades da mamãe.

Por um segundo não soube o que dizer.

- Você quer ver ela? – perguntei, tentando um sorriso – Nós podemos ir pra lá amanhã antes de voltarmos pra casa.

- Jura? – seus olhos de repente aderiram um brilho que não existia antes.

- Sim, agora vem cá – o puxei para um abraço – Não gosto de te ver triste.

Eu não queria ir na casa da minha mãe de jeito nenhum. Pelo que o meu tio falou ela e o papai voltaram, e como eles não me procuraram eles devem estar bem felizes sem nós dois. Isso me parte o coração, é uma dor, um sentimento de rejeição tão ruim, não desejo para nenhum ser humano na face da terra.

...

Tinha conseguido fazer o Joey dormir e apesar de estar morrendo de sono não pude dormir nem por um segundinho, eu só conseguia pensar no quanto eu sentia falta da minha mãe. Ela sempre esteve tão presente na minha vida, eu tinha vontade de chorar só de pensar no quanto está doendo isso que ela está fazendo com nós dois.

Eu não deveria ir atrás dela, não deveria demonstrar que me importo, mas o Joey, ele é um só uma criança, mesmo que ele não entenda o que está acontecendo ele precisa da mãe dele, precisa do colo dela, precisa da presença dela. E isso é algo que eu não posso privar dele, não posso mesmo.

Me desvencilhei dele com cuidado e peguei uma roupa na mala que eu não tinha nem tocado desde que saímos de Nova Iorque devido aos ocorridos.

Após tomar um relaxante e demorado banho coloquei um vestido que parecia um casaco, era de oncinha e de mangas compridas, conseguia perfeitamente me proteger do frio. Calcei um sapato com algumas tirinhas, era da cor do vestido só pra combinar, mas eu pude usar um pé já que o outro engessado, o bom é que ficava da altura do gesso. 

Por fim uma pulseira era o único acessório. Ao abrir a minha bolsa que tinha ficado no quarto o tempo inteiro notei um sorriso imenso no meu rosto.

Meu celular ainda estava ali.

Eu não tinha levado ele comigo quando fomos passear de lancha.

Tinha centenas de chamadas da Jamie, do Conor, da Chelsea da Billboard, até do meu pai. 

Em vez de ligar para cada um deles simplesmente mandei uma mensagem.

“Não sei se viram na tevê, mas eu estou bem. Vamos dar uma entrevista daqui a pouco, se quiserem assistir. Prometo que ligo depois, amo vocês.”

Olhei no espelho por algum tempo. Será que eu estava vestida adequadamente para essa coletiva? Quer dizer, o mundo inteiro vai estar assistindo. Por que é que é ele tinha que ser tão famoso? Puta que pariu e ainda ia ser ao vivo. E se eu me embaralhasse na hora de responder? Se as perguntas fossem estúpidas? Droga, eu não fazia ideia de como ia ser aquilo.

Respirei fundo tentando afastar aqueles pensamentos e dei um beijo na bochecha do Joey. Cobri ele com o edredom e dei um pequeno sorriso antes de sair do quarto.

Justin tinha acabado de fechar a porta da sua suíte.

- Espera! – chamei ele antes que o elevador se fechasse.

Ele ficou inexpressivo ao notar a minha presença, mas esperou por mim para depois apertar o botão que nos levaria ao térreo.

- Justin! – disse baixinho enquanto ele permanecia inquieto e de cabeça baixa com o cotovelo escorado no parede fria de ferro.

- O que?

- Desculpa.

Ele riu como se já esperasse por isso.

- Tudo bem.

Um silêncio se abateu.

- Meu pai me ligou.

- E ai, falou com ele?

- Não. – franzi a testa – Eu achei meu celular no meio das minhas coisas e tinha algumas chamadas perdidas, a dele era uma delas.

- Ah, por que não retorna?

- Ele só ligou uma vez, só no dia depois do ocorrido.

- E daí? – ele deu de ombros – Pelo menos ele ligou.

- Mas...

Ele bufou.

- Liga pra ele depois Blake, faz isso.

- Você está bravo?

- Não. – o elevador se abriu e ele me olhou pela primeira vez – Por que?

- Nada. – disse, saindo – É que você me chamou de Blake.

Não vi o seu rosto naquele momento, mas podia jurar que ela estava rindo.

- Ah, vocês estão ai! – Scooter realmente me surpreendeu ao chegar tão de repente, ele estava eufórico – Eles estão esperando.

- Eu sei. – Justin começou a andar em direção a uns caras de preto que estavam pouco mais a frente e Scooter pesou suas mãos sobre minhas costas me guiando na mesma direção.

- Não responda nada que vocês não queiram. – eles nos aconselhou enquanto uma mulher que apareceu não sei da onde começou a enfiar alguns fios por debaixo da blusa do Justin, com certeza era um microfone, ou sei lá.

- Ela está de vestido! – Bieber – que estava de costas – se virou para mim de repente, a mulher ainda mexendo em sua roupa.

- Droga! – Scooter ergueu as sobrancelhas, irritado – Eu esqueci de avisar pra ela vestir calça.

- Só um mutante pra vestir uma calça com um gesso desse tamanho na perna.

- Tem um banheiro ali! – a mulher apontou para uma porta no fim do corredor, do lugar em que estávamos não era possível ver a multidão que certamente estava lá fora, mas podíamos ouvir o barulho, era muito alto.

- Deixa que o Justin termina isso! – ele quase gritou – Veste a garota, coloca o negócio nela, só temos sete minutos e meio.

- Calma Scooter! – grunhi um pouco marota, eu já estava nervosa e ele ainda fica assim, quer me matar mesmo.

- Cadê a minha mãe? – Justin perguntou ajustando os fios.

- Ela está... – não pude ouvir mais nada já que a mulher praticamente me arrastou para dentro do banheiro.

- Tira a roupa! – disse séria me encarando.

Aquilo era completamente constrangedor mas eu simplesmente fiz o que ela mandou, tirei o vestido e ela passou o os fios primeiramente pelas minhas costas, dando uma volta e parando no meu ouvido onde ela colocou um fone tão pequeno que era quase invisível.

- Pronto! – disse ela, girando alguma coisa no outro fone – Se você não conseguir ouvir é só me dizer.

- Não seria mais fácil usar aqueles microfones normais? – indaguei enquanto ela apertava algo nas minhas costas para que ficasse tudo ajustado.

- Vocês vão usar – ela disse, finalizando tudo – Mas é que vai ser transmitido para todos os canais de televisão do mundo, eles não vão poder ouvir vocês só com aquele microfone.

Suas palavras me fizeram tremer, aquilo era aterrorizante.

Coloquei o vestido novamente e quando ela abriu a porta do banheiro para sairmos me surpreendi novamente.

Haviam pessoas andando de um lado pro outro, era uma tensão do capeta. Não dá explicar como era agonizante ver todas aquelas pessoas se movendo, como se o mundo estivesse acabando. E o Justin lá no meio ouvindo atentamente as instruções de dois homens que eu não reconheci de imediato.

- Você consegue ouvir? – Scooter perguntou quando eu me aproximei.

- Sim. – respondi, com um meio sorriso.

O fone era tão pequeno que realmente não atrapalhava em nada a minha audição. Justin deu um pequeno sorriso quando me viu, um sorriso tranquilizador, ele sabia o quanto eu estava nervosa. Por que cara, pra ele era a coisa mais normal do mundo, era só mais uma entrevista. Já comigo as coisas eram bem diferentes.

Eu nunca tinha sido entrevistada, nunca tive motivos pra isso, a não ser daquela vez que fiz aquela matéria sobre ele, mas mesmo assim eu fiz questão de recusar. Eu não queria nenhum tipo de fama por um mérito que não era meu.

- Nervosa?

- Pouquinho. – respondi, bem modesta pra falar a verdade.

- Eu sei. – Justin riu, dando uma mordida na maçã em suas mãos – Quer uma banana?

- Não! – dei risada – Mas se tivessem um vinho seria legal sabe.

- Ah, você quer vinho?

- Sim, estou vendo que essa sua blusa branca ficaria muito mais bonita pintada de roxo.

- Vingança blackberry? – ele gargalhou de boca cheia – Que coisa feia.

Justin estava com um capuz preto, calçados amarelos, camisa branca, corrente de ouro, calças largas e um casaco cinza bem quentinho que combinava muito bem com o meu vestido. Parecia até que tínhamos combinado.

- Não se assuste com eles – disse ele, jogando o resto da maçã no lixo.

- Por que eu me assustaria?

- Você vai ver. – podia jurar que aquele sorriso era diabólico.

- Hey – Scooter chamou – Vocês dois.

Demos alguns passos para o canto onde ele estava.

- Sim? – Justin o fitou confuso.

- Mesmo que tenha rolado algo entre vocês dois, não diga nenhuma palavra sobre isso, certo? Nenhuma.

- O que? – agora sim eu estava nervosa – Mas não rolou cara, você está ficando maluco?

Justin deu risada.

- Era isso? Você queria dizer isso?

- Acham mesmo que eu nunca fui adolescente? – vi claramente uma risada maliciosa surgir nos lábios de Scooter antes de ele passar pelas duas portas de vidro que tinham acabado de ser abertas.

- Nós ficamos alguns dias perdidos e as pessoas resolveram se drogar?

- Não aja como se ele estivesse falando alguma mentira. – disse ele, com um sorriso malicioso no canto da boca.

- Um beijo Justin, um beijo de nada, que nem devia ter acontecido.

- Não interessa! – ele me olhou sério – Você nunca vai conseguir apagar o que aconteceu aquele dia.

- Eu sei. – balancei a cabeça – Mas não precisamos falar sobre isso.

- Podem ir! – um carinha com plaqueta na mão apareceu do nada no meio daquele bando de gente, a maioria homens – Vocês estão no ar em trinta segundos.

Justin pousou sua mão no meu braço e eu passei minha mãos pelas suas costas enquanto dávamos passos apressados para fora da recepção do hotel. Ele estava sério, não havia nenhum sorriso no seu rosto. Eu também estava, por mais que tentasse pensar em alguma forma de tornar aquilo mais fácil não conseguia encontrar.

Eu ia ter que dizer alguma coisa, e todo o mundo estaria me ouvindo, todo o mundo estaria atentamente prestando atenção em cada palavra dita por mim.

Se ontem tinham milhares de fotógrafos, hoje tinha o dobro. Mas pelo menos haviam algumas grades que separavam grande parte deles. É quase como se tivessem selecionados apenas dois ou três de cada emissora para não ficar todo mundo querendo fazer perguntas. No fim, tinha uns cem fotógrafos perto  do balcão onde haviam duas cadeiras que provavelmente era pra nós dois.

Atrás das grades mais milhares deles, juntamente com uma grande massa de fãs histéricos que por incrível que pareça também gritavam o meu nome.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...