História Behind The Lights - She dont like the lights

Que porra eu estava fazendo?

Meus neurônios estavam prestes a explodir quando eu abri as duas mãos em seu peitoral o empurrando pra trás.

Ele abriu os olhos assustado tirando suas mãos rapidamente do meu corpo.

Antes que as coisas ficassem mais estranhas o elevador se abriu e eu fui a primeira a sair deixando o ali parado como se estivesse em transe.

Eu sempre consegui controlar muito bem os meus sentimentos, sempre consegui sair de todos os tipos de enrascadas facilmente.

Mas aquele idiota conseguiu me deixar confusa.

Eu precisava cortar o clima de alguma forma.

Peguei um filme de terror no estoque que tinha na estante e foi quando Justin entrou no quarto, fingi estar mais entretida com a capa do que com qualquer outra coisa.

Ou pessoa.

Percebendo que eu já conseguia respirar melhor me sentei na cama.

- Justin será que você poderia sair do banheiro ou vai ficar ai a noite toda? – ri o chamando para que eu pudesse começar o filme.

- O que? T-tudo bem, já, já tô indo. – ouvi o barulho de algumas coisas caindo no chão e isso me fez rir de novo.

Ele ainda demorou mais uns dez minutos para aparecer.

Justin ficou encostado na parede me olhando.

- Você tá com medo de mim? Não precisa, pode sentar aqui – dei duas batidas no espaço vazio ao meu lado – Eu não vou te morder tá.

Foi o que ele fez.

Eu normalmente odeio filmes de terror por que eles me dão muito medo mas não me importei com isso, não dessa vez.

- Blake...

- Sabe ás vezes eu até entendo a órfã, ela sofreu muito por isso se tornou essa pessoa  tão diabólica, talvez ela não devesse morrer no final...

- Você já assistiu esse filme?

- Três vezes.

Ele balançou a cabeça e pousou sua mão na minha coxa.

- Olha Blake, nós...

- Não começa Bieber, você sabe que isso foi errado e que...

- Errado por que? – ele se aproximou mais, ele estava aflito – Eu gostei, eu gostei muito.

- Você está ficando maluco, nós somos amigos lembra? Aliás, a gente se odeia não é? Já se esqueceu disso? – balancei minha mão na frente dele enquanto tentava me afastar já que ele colocou um braço de cada lado do meu corpo, aqueles lábios rosados em uma proximidade perigosa – Justin, Justin não...

- Shh... – aquele garoto estava hipnotizado, não tem outra explicação, era como se ele não ligasse pra nada além do que ele queria, e naquele momento ele só queria uma coisa.

Ele roçou seu nariz levemente no meu, ele estava tentando me desconcentrar e droga, ele estava conseguindo muito bem. Seus olhos foram fechados e ele abriu um sorriso, sem qualquer forma de defesa senti seus lábios encostaram nos meus, seu hálito era refrescante e a forma com que ele conduzia fez meu corpo entrar em combustão.

Deus do céu, quando foi a última vez que eu me arrepiei assim?

Aquilo era errado.

Eu não queria. Eu não podia.

Ele é Justin Bieber. Pelo amor de Deus Blake, acorda!

Não, eu não acordei.

Em vez disso eu passei minhas mãos em volta de seu pescoço o puxando pra mim, nossas bocas se movimentavam em um ritmo desconhecido, dei risada quando ele sugou minha língua e deu uma mordidinha.

Justin é esperto.

Tão esperto que eu nem vi quando ele ficou completamente por cima de mim.

Isso não era legal.

Não era inteligente.

Era burrice.

Eu sabia, ele sabia, o mundo inteiro sabia.

- Você é linda. – sussurrou ele no meu ouvido  e então roçou seu nariz no meu pescoço enquanto suas mãos faziam um ótimo trabalho nas minhas pernas, ele estava me envolvendo, fazendo o seu jogo.

Eu era fraca demais para fugir.

Mas é o que dizem, todos tem seu anjo da guarda.

- Cheguei galera, o sanduíche parece estar uma d... opa! – joguei o Justin pro outro lado assim que ouvi a voz do Alfredo, eu acho que o Bieber foi parar de baixo da cama de tanta brutalidade.

Meu coração estava mais acelerado do que nunca.

Eu me sentia horrível, eu estava péssima.

Morrendo de vergonha.

E com raiva de mim.

- Me desculpe, eu... – ele não sabia o que dizer, mas ele estava rindo – Eu juro que eu não sabia por que eu se eu soubesse eu não...

- Estraga prazeres! – Justin riu fazendo uma careta enquanto se levantava do chão.

- Eu acabei de ganhar dez dólares, não importa se eu sou estraga prazeres!

- O que? – perguntou Justin confuso – Que história é essa?

- Apostei com o Ryan que vocês estavam se pegando. Yay! – ele colocou as coisas em cima da pequena mesa e fechou o punho jogando os braços pra trás em sinal de vitória.

- Tá louco? – me levantei – Eu te pago cinquenta pra você não dizer nada a ele.

- Mas por que? Ele vai adorar.

- Por que não aconteceu nada aqui, lembra? – sorri cínica – Ótimo.

Abri a sacola e peguei o meu sanduíche.

- Pega um pra você Fredo!

- Não, o Justin pediu dois...

- Ah, ele nem está com tanta fome assim, pode pegar um, aproveita e fica aqui pra assistir o filme com a gente, você vai amar, tenho certeza.

- Eu acho melhor...

- Está decidido! – coloquei um sanduíche na mão dele e o empurrei pra cama.

Ele ficou no meio e eu logo me sentei ao seu lado.

Justin ficou bravo e isso me fez rir.

- Por que será que eu estou sentindo como se estivesse segurando vela?

- Vela? Impressão sua.

- Humhum. – disse ele, irônico.

Eu sabia que ninguém tinha prestado atenção no resto do filme.

Alfredo por que estava se sentindo incomodado com aquela situação.

Justin por que estava irritado.

E eu por que não conseguia entender por que tudo aquilo tinha acontecido.

Na hora de ir pro meu quarto me limitei a dar tchau com um aceno antes de sair mancando para a suíte ao lado.

Joey estava dormindo como um anjinho e após tomar um banho dei um beijo em sua bochecha e me deitei ao seu lado.

Quase não dormi, estranhamente fiquei pensando no Justin a noite inteira.

Nunca pensei que algo assim pudesse acontecer.

Qual é, Justin é... Justin.

Desde quando eu gosto dele? Desde quando eu penso nele... assim?

E a melhor de todas. Que diabos ele viu em mim?

Quando amanheceu o dia a criança não estava mais na cama.

Troquei de roupa e tratei de arrumar as malas, o nosso voo sairia logo depois do almoço.

- Hey Bels, anda logo! – tio Ryan apareceu na porta.

- Calma, ainda são onze horas, nós temos tempo.

- O voo sai em uma hora.

- Mas eu achei que...

- Foi o Justin quem comprou as passagens, reclama com ele.

- O que? – meus olhos saltaram.

- Sim, achei que ele tivesse te falado, ele vai com a gente...

- Pra Florida?

- Não Blake, pra Nova Iorque. Você quer mesmo ir pra Florida? Eu pensei que...

- Eu quero ver a minha mãe, o Joey está com saudades.

- Mas e se ela não estiver em casa?

- Ela sempre está em casa.

- Mas...

- Mas nada tio, eu vou pra Florida e acabou.

Ele me fitou por alguns segundos mas por fim desistiu.

Irritada peguei o celular e liguei pra minha irmã depois de fechar a mala.

- Alô? – ela atendeu no terceiro toque.

- Oi, Kiara? É a Blake.

- Hum, oi irmãzinha!

Uau, quanta falsidade.

- Mamãe está ai? Ela nunca atende o celular.

- Ah, ela saiu.

- Ela vai demorar? Estava pensando em ir pra ai com o Joey, não sei se você sabe ou se você se importa, mas eu fiquei perdida durante alguns dias e...

- Eu sei o que aconteceu, o mundo inteiro sabe. Mas sabe o que é, a mamãe está viajando, não sei nem quando ela volta, ela não me disse nada.

- Você disse que ela tinha saído.

- Eu quis dizer viajado.

- Ah, entendi. Não se importa se eu for ai do mesmo jeito, né? Pelo menos o Joey vai poder ver você e o papai...

- Eu adoraria, mas estou meio ocupada, você sabe como é, o casamento com o Henry está se aproximando, é tanta coisa...

- Hum, tudo bem então. – estava segurando as lágrimas.

- É que não quero que você venha se não vou poder te dar atenção, mas me diz ai, como estão as coisas? E o Justin Bieber? Meu Deus, ele é uma coisa.

- Uma coisa mesmo. – falei sarcástica – Quer saber? Eu não quero mais saber de vocês, é sério, vocês me esqueceram tão fácil, por que não tiram logo o meu sobrenome? Pelo menos assim ninguém ia me zoar tanto.

- Blake é que...

- É que nada. Foda-se tudo, eu não quero mais saber. – desliguei na cara dela.

A partir de hoje Joey e Ryan são a minha única família.

Sai puxando as malas pro corredor.

- Eu te ajudo! – ao levantar os olhos me deparei com um Justin cheiroso, de cabelo molhado e uma roupa que devia custar uns mil dólares.

Ele abriu um sorriso.

- Obrigada! – falei indiferente.

- Aconteceu alguma coisa? – questionou ele apertando pro térreo.

- Minha família é um saco, um bando de sem corações!

- Puxa, você falou com sua mãe?

- Não! Chegar ao ponto de inventar uma viagem já é demais!

- Bom, talvez ela esteja mesmo viajando.

- PARA JUSTIN, PARA! – gritei histérica – DÁ PRA ACEITAR LOGO O FATO DE QUE ELES ME ODEIAM? OBRIGADA!

Ele riu.

- Você fica linda bravinha.

- Fico mais linda dando um tapa na sua cara. – revirei os olhos.

- Ah é? – ele se aproximou.

- Eu não quero que você me beije. – disse pausadamente.

- O que?

- É isso mesmo que você ouviu, isso tem que parar por aqui.

- Mas...

- Mas nada cara. Você acha o que? Que vai me pegar toda vez que a gente se ver e que vamos ter uma amizade colorida? Não. Não. E não! Entendeu? Isso não vai acontecer, desiste!

- Eu só pensei que a gente poderia se conhecer melhor.

- Nós dois não combinamos, nós dois nos odiamos, se quiser ser meu amigo ótimo, se não Adeus.

- Você fica com raiva dos outros e desconta em mim.

- Acontece que eu sei como é isso Bieber, você fica ai me dizendo essas coisas ai depois acontece aquelas coisas e então é você quem diz tchau.

- Você acha isso de mim? Você passou duas semanas comigo, eu te contei tudo sobre a minha vida e você ainda acha isso de mim? – ele riu – Quer saber? Sou eu quem não quero mais.

- Que ótimo, estamos quites então.

- Totalmente.

Um silêncio angustiante se abateu.

- Acha mesmo que eu ia querer levar a sua vida? Todos esses fotógrafos me seguindo o tempo inteiro, todas essas pessoas se metendo na minha vida, atentos a cada passo que eu der, acha que eu ia querer me expor dessa maneira? Não poder sair juntos, não poder fazer nada sem que tenha alguém nos filmando, essa vida eu nunca vou querer, essa vida é deprimente. E qualquer pessoa que quiser ficar com você vai ter que carregar todo esse fardo. – me virei pra ele – Sinto muito, ele é pesado demais pra mim.

Antes que a porta se abrisse Justin puxou meu braço e me empurrou pra parede.

- O que você...

- Essa vida Blake é o que tenho de melhor, se eu estou onde estou é por que eu batalhei, por que eu trabalhei muito, eu dedico todo o meu tempo a música, eu dou o meu melhor pra fazer as pessoas felizes, por que isso é o que eu gosto, é o que eu mais amo fazer. E sabe todos esses paparazzi? Eu acho um saco, acho uma merda, uma porra louca! Mas sabe, isso só quer dizer que eu continuo no topo, que o meu trabalho está dando resultado, isso é bom de alguma forma. – ele me soltou – Eu realmente achei que você fosse diferente. Eu não te pedi pra namorar comigo, eu só gostei de você, eu só queria te conhecer melhor. E é verdade, a pessoa que ficar comigo vai ter que aguentar todo esse fardo.

Ele aproximou seus lábios do meu ouvido.

- Mas eu posso te garantir que tem milhões de garotas lá fora que dariam qualquer coisa para carrega-lo nas costas.