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História Behind The Lights - Não quero que você vá embora


Escrita por: queendricka

Capítulo 25 - Não quero que você vá embora


Fanfic / Fanfiction Behind The Lights - Não quero que você vá embora

Eu não conseguia demonstrar qualquer reação depois que ele finalmente terminou de me contar o que tinha acontecido. Eu acho que o meu mundo definitivamente parou ao saber daquilo. Nunca pensei que me doeria tanto ouvir aquelas palavras.

Não era justo o que tinham feito comigo.

Eu estava nos braços do Justin e ele tentava me consolar mesmo sabendo que isso era impossível. Não havia nenhuma lágrima se quer. Apenas um pânico, um olhar desacreditado da vida.

– Eu sei que é difícil – ele me dizia – Mas nós precisamos pegar o próximo voo Blake, temos que ir logo.

– Tá doendo muito. – murmurei baixinho tentando engolir o choro.

– Não princesa, não fica assim. – ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e passou seus braços em volta do meu corpo – Olha só, eu to aqui com você, nós vamos superar isso juntos, você é forte e sabe disso.

– Não...

– Sim. – ele me soltou ao se levantar do sofá – O segurança já colocou a sua mala dentro do carro, eu vou pegar o Joey tudo bem?

Apenas assenti incapaz de dizer alguma coisa.

Quando ele voltou segurando meu irmãozinho em seus braços senti que aquilo era ainda pior. O que ia acontecer com ele? Joey era apenas uma criança. Ele não precisava passar por isso.

Não era justo.

Os paparazzi foram a loucura.

O número tinha se multiplicado desde quando eu cheguei mais cedo.

Os flashes novamente ameaçavam cegar a minha visão.

Sem contar nos gritos estridentes.

Entrei e fui direto para o fundo da limusine.

Justin teve mais dificuldade para fazer a mesma coisa.

Durante todo o caminho não trocamos quase nenhuma palavra.

Eu nunca conseguiria agradecê-lo por ter tomado coragem de vir até aqui me dizer o que todos me esconderam por mais de seis meses.

Não sei que mágica eles fizeram mas conseguimos despistar a imprensa no aeroporto. Até por que o voo já estava quase saindo e foi tudo muito rápido.

Minha mãe morava na pequena cidade de Naples que ficava apenas vinte minutos de Miami, porém era lá que ela estava internada.

Puxa vida como isso foi acontecer?

Nós chegamos as três horas da manhã e haviam apenas alguns paparazzi a nossa espera no aeroporto da cidade das grandes praias.

Fomos direto para uma Range Rover preta que nos esperava.

Joey não tinha acordado nem por um segundo.

– Nós vamos ficar no Townhouse. – disse Justin de repente.

– Tá.

Eu não tinha ânimo nem pra protestar o fato dele ter escolhido o Hotel mais caro de Miami.

– Tem certeza que não podemos ir logo pro hospital?

– Não Blake, temos que esperar amanhecer o dia.

– Mas...

– Só uma pessoa pode ficar lá, aliás o Ryan já deve estar lá.

– Então...

– Não insiste caramba! – ele parecia levemente alterado.

Não disse mais nada.

A suíte era perfeita porém eu não estava nem ai pra isso.

Eu tinha perdido a vontade de viver.

Justin tomou um banho e eu estava tão ruim que quase não notei quando ele saiu com a tolha amarrada na cintura enxugando seus cabelos loiros molhados que respingavam algumas gotas pelo chão.

Me deitei na cama ao lado de Joey e alguns minutos depois senti Justin abraçar minha cintura.

– Você não tá chorando né?

– Não. – respondi sentindo que não ia conseguir mais conter aquela dor.

– Sabia que você é a garota mais forte que eu já conheci? – sussurrou ele no meu ouvido com seu corpo colado as minhas costas – Você é incrível Blake, tudo vai ficar bem.

– Eu não quero perder ela.

– Eu sei. – ele apertou minha mão – E é por isso que nós vamos pedir a Deus pra ela ficar boa logo.

– Eu não vou conseguir. – disse baixinho me deixando levar pelas lágrimas dolorosas – Eu to com medo.

– Tem um cara lá em cima cuidando de você. – ele beijou meu pescoço – E eu sou o cara daqui de baixo que também vai cuidar de você.

Não dormi nenhum segundo mas não me mexi para não acordar ele e nem o Joey. Só ficava pensando no quanto eu poderia ter ajudado. Se não tivesse ido pra faculdade as coisas poderiam ter sido diferentes.

Ao amanhecer o dia me desvencilhei cuidadosamente dos dois garotos e fui tomar um banho. Vesti uma roupa simples e apesar do frio tive que usar uma saia por causa do maldito gesso.

Justin logo acordou com sua carinha de sono de sempre.

– Bom dia blackberry! – ele abriu um sorrisinho e deu um beijo na minha bochecha, eu queria retribuir mas eu não conseguia.

– Eu to indo pro hospital. – disse um pouco alto para que ele ouvisse do banheiro – Você cuida do Joey pra mim?

– Eu vou com você.

– Não. Eu quero fazer isso sozinha. Só fica com ele e explica as coisas, eu não sei fazer isso, eu não vou conseguir.

– Vai dar tudo certo, eu já disse!

– Então cuida dele por que eu já to indo!

– Eu disse que vou com você. – disse ele firme.

– Não quero um monte de paparazzi lá, será que você não entende?

Ele não falou mais nada.

Peguei minha bolsa em cima da mesa e deixei a maçã que eu tinha dado apenas uma leve mordida, ultimamente não sentia vontade de comer nada e o pouco que comia eu queria botar pra fora.

Por sorte a clínica não ficava muito longe dali. Pelo que eu tinha pesquisado na internet era uma das melhores. Só então me dei conta dos motivos de minha mãe mandar tão pouco dinheiro, imagina só quanta grana ela devia gastar com todo o processo de quimioterapia?

Eu tentava me manter firme, mas a verdade é que eu estava morta por dentro.

Mas Justin não me disse exatamente como ela estava. Talvez não fosse tão ruim não é mesmo? Talvez ela estivesse quase curada, é isso.

Tem que ser isso.

– Com licença, pode me dizer qual é o quarto da Sra. Brianna Berry?

A moça olhou por cima do meu ombro.

– Eles estão atrás de você?

Funguei ao notar o amontoado de paparazzi na entrada da clínica.

Os seguranças impediam que eles entrassem mas aquilo era constrangedor.

– Eu não sei o que fazer para eles irem embora, me desculpe.

Imagina só se o Justin tivesse vindo.

– Tudo bem. – ela sorriu – Você é o que da Sra. Brianna?

– Filha.

O sorriso dela se entristeceu.

– Ryan está lá com ela. Você pode pegar o elevador, é o quarto 222 da ala C no quinto andar.

– Obrigada.

Assim que o elevador se abriu senti um frio percorrer meu corpo.

Quando Ryan me viu correu pra me abraçar antes mesmo que eu pudesse dizer qualquer coisa. Tiara estava logo atrás dele com sua aparência adorável de sempre, a diferença é que seu rosto não demonstrava nada além de tristeza.

– Por que vocês fizeram isso comigo? – questionei brava – Vocês não podiam ter feito isso, vocês não tinham o direito de agir assim!

– O Ryan não sabia de nada! – explicou ela – Não é minha culpa se a mamãe quis assim, entenda, ela só quer o melhor pra vocês dois.

– Mas você sabia! – eu estava quase gritando – Não interessa o que ela queria, o que importa é o que eu quero! Sabe o que aconteceu? Minha mãe está doente e eu perdi seis meses sem ao menos poder falar com ela!

– Bels eu...

– Me solta! – grunhi arrancando meu braço dela – Eu não quero ouvir a sua voz tão cedo! – comecei a caminhar até a porta 222 – Eu só quero ver a minha mãe, só isso.

Ryan se apressou e entrou na minha frente, ele estava com uma expressão terrível e cansada, devia ter passado a noite toda no hospital.

Tanto ele quanto eu olhamos para a mulher irreconhecível deitada na cama.

O quarto estava bastante escuro e havia apenas uma luz acesa na mesa ao lado de onde ela estava. Seus olhos estavam fechados e sua respiração estava pesada como se ela tivesse uma tonelada em cima de seu peito.

Ela não tinha nenhum fio se quer de cabelo.

Eu não conseguia acreditar no que via. Lágrimas quentes surgiram no canto dos meus olhos, não havia nada que eu pudesse fazer para impedir que elas caíssem. Meu corpo inteiro tremia diante daquela cena.

Ryan com os olhos umedecidos se sentou na cadeira perto da cama e segurou forte a mão dela, também deixando as lágrimas inundarem sua alma. Seus lábios tocarem levemente os dedos dela deixando-os molhados.

– Ry? – escutei, sua voz estava tão fraca que era quase impossível ouvir.

– Eu estou aqui querida. – respondeu ele ainda apertando a mão dela – Bels está aqui também.

– Está? – sussurrou ela sem abrir os olhos.

Ryan me olhou esperando que eu dissesse algo.

– Tô aqui mãe.

Ela não disse nada, apenas estendeu a mão para que eu a segurasse.

Então eu olhei pra ela, pra sua mão estendida.

Senti a garganta fechar e as lágrimas embaçarem a minha visão.

Ela abriu os olhos de leve notando a minha presença.

E então fechou novamente,

Mas ela me viu.

– Não quero que você vá embora. – disse enquanto as lágrimas saltavam dos meus olhos, primeiro aos poucos, depois fluindo como um rio.

– Eu sei meu amor – murmurou ela – Eu sei.

– Não quero que você vá embora. – repeti inclinando-se sobre a cama e pondo o braço sobre ela para abraça-la com toda a força do mundo.

Após algum tempo uma enfermeira adentrou o quarto e logo depois com um copo de água e um comprimido pediu que eu me afastasse.

– Ela tem de beber isso.

Eu não queria ter de sair dali mas não tinha outra opção.

Ryan me segurou com um abraço apertado sabendo que eu não tinha forças para continuar de pé, não depois daquilo.

– Você precisa ser forte. – sussurrou ele beijando o topo da minha testa – Eu sei que não vai ser nada fácil... mas nós vamos superar isso.

Após dar o remédio a enfermeira saiu do quarto.

– Ela vai ficar bem não vai?

– Venha cá filha – sua voz rouca ainda parecia uma fiapo – Me perdoa por ter escondido isso de você, me perdoa por ter deixado o Joey na suas mãos assim do nada, eu sinto muito por tudo.

– Não precisa sentir – finalmente peguei sua mão – Você vai ficar boa logo e isso vai ser somente parte de um passado ruim.

– Querida as coisas não são assim. – ela lutava para encontrar as palavras certas mas eu nunca ia aceitar que ela as dissesse – Eu estou...

– Não! – a cortei – Não diga isso.

– Mas...

– Mãe você é uma guerreira, olha só, eu sei que você vai ficar boa.

– Vai cuidar do Joey não vai? – ela foi dizendo – E vai terminar a faculdade e ser uma boa garota como sempre foi.

– Por favor não diz isso. – pedi sentindo que estava perdendo o chão – Pode por favor me prometer que vai lutar até o fim? Se você desistir de viver mãe, eu também não vou querer mais viver.

– Eu te amo princesa, eu te amo.

– Eu também te amo mãe, te amo muito.

– Então me prometa que vai se cuidar e realizar todos os seus sonhos. – senti ela apertar de leve a minha mão – Me prometa Blake!

– Eu prometo – disse sendo inundada pelas lágrimas de novo – Mas a senhora vai continuar o tratamento não vai? – tentei em vão sorrir – Vai continuar tentando não é? A medicina evoluiu muito, existem diversos tratamentos pro câncer hoje em dia e você vai ficar boa mãe, eu acredito nisso.

– Eles conseguiram um novo remédio, estou tomando ele há duas semanas, é o último tratamento filha, nós já tentamos de tudo.

– Mas ele vai funcionar não vai? Vai fazer efeito mamãe!

– Sim. – ela sorriu com os olhos fechados – Eu espero que sim.

– E se não funcionar – eu disse, como se estivesse perguntando – Vai aparecer outros tratamentos e você vai tentar todos eles, não é?

Ela não respondeu, o que já era uma resposta.

– Você tem que voltar logo pra Nova Iorque, já perdeu muitos dias de aula naquela ilha. – ela sorriu levemente – Como está o seu amigo? Soube que ele foi logo buscar você, gostei dele.

– Ele é legal – disse – A única pessoa que consegue me entender.

Ela riu e acabou gerando uma tosse.

– Espero que ele cuide de você.

– Ele vai cuidar – garanti – Até você ficar boa.

De repente ela soltou minha mão e fechou os olhos.

– Mãe? Mãe fala comigo! Tio o que aconteceu?

– Se acalma Blake, ela só está dormindo, por causa do remédio!

Suas palavras me aliviaram de alguma maneira.

Com os olhos cheios d’água me inclinei para dar um beijo em sua testa.

– Você prometeu Sra. Brianna, e você vai ficar boa. Eu te amo.

Fiquei alguns minutos observando ela dormir, apenas com o movimento de seu peito subindo e descendo me mostrando que ela estava viva.

– Quando ela acorda?

– Daqui há mais ou menos sete horas.

Como eu não disse nada ele quebrou o silêncio.

– Precisa ir buscar o Joey pra ver ela.

– Quando ela ficar boa eu trago ele, isso vai ser logo.

– Blake você...

Me levantei antes que ele terminasse a frase.

– Se você não acredita que ela vai se curar eu acredito! – coloquei minha bolsa novamente no ombro – E isso ninguém vai tirar de dentro de mim.

Ao sair me deparei com o meu pai.

Jordan Lewis estava com as mãos no bolso conversando com a Tiara.

Quando me viu ambos se calaram.

– O que você está fazendo aqui? – gritei irritada.

– Eu vim ver você e sua mãe.

– Agora o senhor resolveu se preocupar?

– Blake você não entende, acha que é fácil...

– CALA BOCA! – deixei a raiva me dominar – VOCÊ E A MAMÃE SE SEPARARAM POR QUE O SENHOR É UM ALCOÓLATRA VAGABUNDO QUE SE ESQUECEU QUE TEM UMA FAMÍLIA! EU ODEIO O SENHOR ENTENDEU? E PRA MIM A CULPA SEMPRE VAI SER SUA, SUA! NÃO PRECISA FINGIR QUE SE IMPORTA, NÃO PRECISA VIR AQUI E DIZER QUE ESTÁ PREOCUPADO, EU NUNCA DISSE ISSO, MAS AGORA EU TENHO QUE DIZER. EU NUNCA VOU SENTIR ORGULHO DE SER SUA FILHA. – me aproximei – SABE POR QUE? – abaixei a voz, sentindo as lágrimas tamparem minha visão – Por que eu nunca soube o que é ter um pai.

Dei as costas e corri para o elevador.

Ele tentou falar comigo mas eu impedi que ele entrasse junto comigo.

Eu só precisava de Justin, precisava de seu colo, de sua idiotice, de seu mimo.

Ele era a única pessoa no mundo que poderia me fazer bem.

Me fazer ficar bem.



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