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História Behind The Lights - Por que as pessoas boas tem de morrer?


Escrita por: queendricka

Capítulo 28 - Por que as pessoas boas tem de morrer?


Fanfic / Fanfiction Behind The Lights - Por que as pessoas boas tem de morrer?

O nosso carro estava cercado por cerca de outros cinco automóveis enquanto Kenny dirigia pelas agitadas ruas de Miami. Blake não queria que o Joey tivesse que ver sua mãe no hospital daquele jeito por que ele não faz ideia de que ela está doente e a Blake não sabe se ele vai conseguir lidar com isso da mesma forma que ela.

A clínica estava há apenas algumas quadras quando Blake despertou minha atenção.

– Tá vendo aquele parque ali? – disse ela enquanto eu segurava sua mão.

– As árvores são enormes! – murmurei maravilhado também com a grama verde onde pequenas crianças corriam livremente.

– Eu costumava vir aqui com a minha mãe, desde os dez anos todas as tardes de domingo nós duas nos sentávamos de baixo daquelas árvores pra ficar conversando sobre coisas que estavam acontecendo, até mesmo sobre os meus primeiros namoradinhos sabe? – ela riu – Quando o meu namorado morreu no ano passado eu perdi o chão, me lembro de sentar ai em baixo e chorar por horas até minha mãe aparecer e sem dizer uma palavra se sentar ao meu lado.

– Uau! Parece um lugar tão comum.

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa o carro finalmente parou em frente ao enorme prédio onde sua mãe estava internada há três meses. Aquela não seria uma visita como outra qualquer. Eu não estava de folga. Eu me vi obrigado a cancelar dois shows para poder estar aqui.

A nossa equipe estava almoçando ontem quando Ryan recebeu uma ligação de Jordan que disse que a Brianna estava cada vez pior e que os médicos disseram que não sabiam se ela teria mais do que alguns poucos dias de vida. Eu não sabia como, mas eu precisava trazer a Blake pra Florida, precisava muito fazer isso.

– Aposto que ela está bem melhor! – disse ela com um sorriso estonteante que fez meu estomago revirar.

– O que estamos fazendo aqui? – perguntou Joey quando descemos do carro.

– Nós viemos ver a sua mamãe! – falei baixinho o pegando no colo.

Os paparazzi novamente nos cercaram e precisamos da ajuda de alguns seguranças. Eu acho que essa é definitivamente a pior parte de ser uma pessoa pública, você simplesmente não tem nenhum tipo de privacidade. Cada passo que você der tem que ser compartilhado com o mundo inteiro.

– Por que a mamãe está aqui? – questionou o garotinho ansioso.

– É que ela está um pouco doente bebê – Blake tentou encontrar palavras que pudessem explicar toda aquela situação – Mas não se preocupe, ela vai ficar boa logo, rapidinho.

Ele ficou confuso, mas não disse nada.

Apenas Kenny entrou com a gente no elevador.

Eu estava com muito medo de que fosse tarde demais. Só eu sei como ela estava ontem a noite quando vim até o hospital. Havia lágrimas nos meus olhos quando ela pegou a minha mão e me agradeceu por ter cuidado da Blake.

Uma terrível expressão de dúvida tomou conta do meu rosto quando chegamos até o corredor do quarto onde Brianna estava. Mas logo a voz de Ryan me fez relaxar um pouco.

– Está tudo bem – disse ele – Vocês chegaram a tempo.

Soltei um suspiro de alívio.

– Como assim? – Blake se assustou quando todos os olhares foram direcionados em sua direção – O que aconteceu com ela?

– Me desculpe! – pedi quase sem voz, colocando Joey no chão.

Ela correu para perto de sua mãe. Eu fui logo atrás dela, me sentindo completamente perdido, nunca gostei de hospitais e já sofri muito com a morte de algumas pessoas, como a pequena Avalanna.

Meu coração é muito fraco para ser sujeito a esse tipo de sofrimento.

– Mãe! – Blake gritou abraçando sua mãe com força, ela estava muito pior desde a última vez em que se viram.

– O que aconteceu com a cabelo da mamãe Bels? – Joey olhava para a figura irreconhecível de Brianna na cama e se sentia perdido e confuso.

– Não foi nada – disse ela contendo o choro – Você quer falar com ela?

– Essa não é a minha mamãe! – Joey começou a chorar deixando seu celular cair no chão – Eu quero a minha mãe!

Ele saiu correndo aos prantos, aquela cena foi chocante. Eu mal consegui me mexer para impedi-lo de fazer isso.

– Joey! – Blake gritou, transtornada.

– Não se preocupe, eu vou atrás dele. – Ryan rapidamente saiu do quarto.

– Mãe! – Blake repetiu  sem desviar os olhos daquela direção.

– Oi filha! – quando disse essas palavras, seus olhos se encheram de lágrimas, podia sentir como se sua voz tivesse quebrando.

Eu sentia ódio, era só o que eu sentia naquele momento.

Por que aquilo não era nenhum pouco justo.

Por que as pessoas boas tem de morrer?

– Vem cá! – pediu ela dando tapinhas ao seu lado.

Blake foi incapaz de se sentar ali, mas ocupou a cadeira próxima a cama.

– Como você está meu anjinho? – sua voz era tênue, a respiração tão entrecortada quanto na noite anterior.

Mas parecia haver mais tubos invadindo seu corpo, lhe provendo remédios, ar e só Deus sabe o que mais. Ela não usava nenhum lenço deixando sua cabeça reluzente e branca na luz fluorescente.

– O que está acontecendo? – Blake finalmente se pronunciou – Por que o Justin me trouxe até aqui?

– Eu queria ver você – respondeu, seus olhos fechados – E do jeito que a morfina tem me feito sentir dor eu pensei que talvez você pudesse chegar tarde demais.

Blake cruzou os braços, apertando-os com força contra o corpo.

– Você fica assim ás vezes não é? Você sente dor, isso é normal. Não é? Você podia ter esperado até semana que vem, eu estou em semana de provas da faculdade. Mas por que tinha que ser hoje? Você tá melhor não é? – ela fazia uma pergunta, mas assim como eu já sabia a resposta.

– Eu queria ver você agora Blake – afirmou ela e de novo sua voz ficou embargada, seus olhos cheios d’água.

– Essa é a tal da conversa não é? – disse Blake com muito mais rispidez do que planejava – Essa é...

Ela não terminou a frase.

– Olha pra mim filha! – pediu Brianna, já que Blake fitava o chão.

Lentamente ela levantou o rosto.

Exibia um sorriso sem vida e assim como eu podia notar que sua mãe se afundava nos travesseiros como se não tivesse forças nem mesmo para erguer a cabeça. Os médicos até mesmo tinham levantado a cama por que de outra forma ela não conseguiria ver ninguém.

Brianna respirou fundo antes de falar, o que lhe deu um terrível e profundo acesso de tosse. Demorou algum tempo até conseguir articular alguma palavra.

– Falei com o médico hoje de manhã. – disse com a voz morta – O novo remédio que eu tinha dito, não está funcionando.

Blake franziu a testa.

– Como assim não está funcionando? – sua mãe engoliu em seco – Mas como pode não funcionar? – repetiu ela – E agora mãe? Qual é o próximo tratamento?

Ela não respondeu, o que já era uma resposta.

Blake fez questão de dizer em voz alta.

– Não tem mais tratamentos.

– Sinto muito filha – disse Brianna, as lágrimas brotando em seus olhos apesar de ela continuar sorrindo – Nunca senti tanta pena por uma coisa na vida.

Blake olhou para o chão novamente, era como se ela não pudesse respirar.

– Você disse que faria efeito – murmurou ela com a voz falhando.

– Eu sei.

– Você disse, você acreditou nisso.

– Eu sei.

– Você mentiu! – gritou Blake – Você mentiu o tempo todo!

Brianna tentou pegar sua mão mas ela tirou.

– Você mentiu! – Blake repetiu.

– E se um dia – disse a mulher chorando de verdade agora – você olhar pra trás e se sentir mal por ter ficado furiosa, não se sinta culpada tá? Sabe de uma coisa Blake? Você é a minha garotinha, ainda me lembro de todas as vezes que cozinhamos juntas, todas as vezes que trocamos segredos e compartilhamos momentos que eu nunca vou me esquecer. – ela tossiu pra limpar a garganta e com muita dificuldade virou a cabeça – Não quero que você culpe o seu pai por nada, eu não sei se você sabe, mas ele cuidou de mim durante todos esses sete meses, ele não colocou nenhuma gota de bebida na boca desde que eu descobri que estava doente. Você acredita em milagres filha? – cansada, ela se viu fechando os olhos – Eu acredito, eu acredito.

– Você não pode morrer mãe, você não pode...

– Eu te amo querida.

– Não! – Blake gritou novamente – Você não pode...

Ela foi se afastando aos poucos, as lágrimas tomando conta de sua face angelical. Ao chegar a porta seus olhos encontraram os de sua mãe pela última vez antes que ela saísse correndo, perdida em um mundo triste e sem esperança.

– Justin! – ouvi a voz de Brianna pouco antes de ir atrás dela.

– Sim? – eu tentava controlar as minhas emoções, eu precisava ser forte por todos aqueles que precisavam de mim.

– Obrigada mais uma vez. – ela sorriu, um sorriso lindo e vazio.

Uma lágrima escorreu sobre minha face enquanto eu retribuía aquele sorriso.

– De nada Sra. Brianna, de nada.

Tive que correr muito pelas escadas para conseguir alcançar a Blake. Ela saiu correndo no meio de todos aqueles fotógrafos sem se preocupar com o caos que estava provocando. Nem sei como ela conseguia ver alguma coisa em meio a tantas lágrimas que escorriam livremente de seus olhos castanhos.

– Blackberry! – gritei puxando sua cintura enquanto dezenas de seguranças nos cercavam para nos proteger.

– NÃO! – gritou ela – NÃO É JUSTO!

– Eu sei princesa – a abracei com força – Eu sei.

– Leva ela pro Hotel – quando me virei vi Jordan com uma expressão triste, logo atrás dele Ryan levava Joey de volta para onde sua mãe estava.

Assenti colocando Blake no assento de passageiro e rapidamente dando a volta para me sentar no de motorista. Foda-se todos esses fotógrafos, ela precisa de mim e é só isso que me importa agora.

– Blake... – comecei a falar.

– Não! – ela me cortou – Não diga nada!

Continuamos em silêncio por um tempo, passando por cruzamentos sem olhar com muita atenção para os lados. Isso me fez conferir se o cinto de segurança estava bem encaixado em nós dois.

– Justin? – chamou ela, segurando na porta enquanto nós dois voávamos depois de passar por uma lombada eletrônica.

Continuei acelerando.

– Me desculpa! – ela pediu baixinho.

Eu ri, uma risada pesada e triste.

– Não importa – eu disse – Não importa!

– Não?

– Claro que não! – murmurei, fraco demais para me impedir de deixar que as malditas lágrimas que eu tanto segurava escapassem – Quer saber Blake? Nós dois não nos damos muito bem não é mesmo? Nós nos odiamos, nós somos idiotas e nós brigamos o tempo todo, é como se fosse impossível ficar bem, ficar de boa. Mas sabe de uma coisa? Eu não suporto te ver assim e olha está doendo em mim tanto quanto está doendo em você. Sabia que eu daria qualquer coisa pra tirar essa dor de dentro de você? Sabia que se eu pudesse eu pegaria toda a sua dor pra mim? Porra não sei que diabos é isso, mas eu sei que doí muito e está tomando conta de mim. Não sei o que vai acontecer amanhã ou daqui a cinco minutos, tudo o que eu sei é que eu vou estar aqui com você, eu sempre vou estar aqui com você.

– Eu sei – ela riu sem vida – Eu sempre soube disso.

– E mesmo que a gente queira se matar ás vezes nós vamos ter que aprender a conviver juntos não é? – fiz uma curva tão rápida que ela teve que se segurar na porta e no banco para não sair do lugar.

– Sei. – Blake engoliu em seco – Sei.

Soltei um soluço.

– Sabe não é? – limpei as lágrimas – Claro que sabe.

Ao chegarmos ao Hotel fingi que os fotógrafos nem existiam e fomos direto pro quarto.  Eu tentava encontrar forças dentro de mim mas não conseguia, não existia nada que pudesse me fazer ficar bem, pra que ela pudesse ficar bem também.

Isso é tão confuso.

Minha vida é perfeita do jeito que é.

Por que está doendo tanto em mim?

Por que isso está acontecendo?

E essa garota? Por que parece que ela está mudando toda a minha vida?

Tomando conta dos meus pensamentos.

Ela tomou um banho e logo depois eu fiz a mesma coisa.

Não trocamos muitas palavras estava tudo tão tenso.

– Eu quero voltar pro hospital – disse ela após se recusar a comer.

– Sua mãe está tomando a última dose do remédio, ela não vai poder conversar durante pelo menos sete horas.

– Não interessa, eu quero estar lá, eu preciso.

– Não Blake, você não...

– É a minha mãe Justin!

Suspirei vencido pelo cansaço e senti o celular vibrar no bolso esquerdo quando ela foi buscar sua bolsa.

A foto de Ryan denunciou a sua ligação.

– Hey! – disse ao atender.

– Ela se foi Justin – sua voz quase não existia, ele definitivamente estava falando com as lágrimas – Brianna se foi.

Deixei o celular cair no chão.

Eu não estava esperando por aquelas palavras.

Não agora.

Não quando eu mais as temia.

Eu não sou o tipo de cara que saberia lidar com isso.

Ela se foi.

Ela morreu.

Ela já era.

Acabou.

– Foi a mamãe não é? – Blake me encarava com os olhos coberto pelas lágrimas.

– Eu sinto muito. – sussurrei baixinho, o choque ainda tomava conta de toda a minha alma.

– Minha mãe – disse ela atordoada – minha mãezinha morreu, minha mãezinha ela morreu, ela morreu...

– Blackberry! – me aproximei a tomando em meus braços – Você precisa ser forte, você precisa ser muito forte, esse não é o fim, você é jovem e bonita e você tem um futuro lindo pela frente, então, por favor não pense que é o fim. Eu estou aqui, é só um sonho ruim, só um sonho ruim.

Blake chorou por horas e eu não esperava outra coisa. Ela me perguntou se as pessoas a odiariam se ela não fosse ao enterro de sua própria mãe, por um momento me senti perdido. Eu não sabia o que dizer.

Ela adormeceu ali nos meus braços, e mais uma vez eu me senti abençoado por tê-la conhecido. Não costumo acreditar no destino e nessas coisas fúteis, mas eu não sei, é como se tudo estivesse escrito nas estrelas.

Se tudo tivesse um porquê.

Uma razão.

Um motivo.

Por que Brianna Berry morreu?

Eu não sei.

Ninguém sabe.

Mas Deus quis assim.

O que se pode fazer?

Depois da morte nada.

Só podemos fazer antes.

Sabe como?

Amando as pessoas como se não houvesse amanhã.

Não deixe de demonstrar as pessoas que você ama o quanto elas são especiais e importantes pra você. Afinal quem garante que você ou elas vão estar respirando daqui a cinco minutos? Imagina só a culpa imensa que você iria sentir se perdesse uma pessoa com quem você estava sem conversar? Na maioria das vezes por motivos tão tolos, tão bestas.

O mundo precisa de mais amor.

E naquela manhã o sol não brilhava como nos outros dias.

A porta do quarto foi aberta e Joey e Ryan entraram no quarto. Olhos cansados, olheiras ao redor dos mesmos e uma tristeza indescritível em suas faces.

– Ela está dormindo – eu disse sentindo a garganta seca.

– Bieber – Joey se aproximou ficando de pé bem na minha frente – Se lembra daquela vez em que você fez uma mágica e eu acordei aqui em Miami?

– Claro bro, o que é que tem?

Ele estava chorando. Joey estava chorando.

– Será que tem como você fazer aquela mágica de novo e trazer a mamãe de volta?



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