História Behind The Lights - Never let you go

– Tem certeza que vai fazer isso? – Twist perguntou enquanto eu jogava algumas mudas de roupa em uma pequena mala – Quer dizer, você já está ferrado na mídia, pra que complicar  mais as coisas?

– Sinceramente, desde quando você se importa com a mídia? – coloquei apenas dois pares de supra, um perfume e algumas cuecas.

– Não sei se você se lembra, mas da última vez que você fez merda a culpa caiu toda pra cima de mim – ele cruzou os braços e encostou-se na parede – E olha que eu tentei te impedir o máximo que pude.

– Cara se liga, eu não to nem ai pro que eles dizem, será que você não percebeu isso ainda?

Ele riu.

– Esse é o meu brother.

Fechei a mala e pus um boné que usei pra trás, estava com uma calça preta e uma camisa da mesma cor. Dei alguns passos até o closet onde haviam centenas de calçados, roupas e acessórios e peguei um óculos preto.

Quando voltei para o quarto Twist ainda de braços cruzados me encarava pensativo, como se seus pensamentos estivesse bem longe dali.

– Justin – ele me chamou antes que eu passasse pela porta arrastando a mala de rodinhas.

– Hum?

– Por que vai fazer isso?

Suspirei fitando o chão por um breve segundo.

– Sei lá cara, eu só sinto que preciso resolver as coisas.

– Eu sei, mas é que... eu acho que você poderia esperar um pouco, você tá se amarrando nessa mina e está cheio de problemas, por que você não espera a poeira abaixar? Todo mundo sabe que é a coisa mais sensata a se fazer.

Desde que as pessoas começaram a dizer que Twist é uma má influência pra mim ele tem ficado mais cuidadoso em relação ao que diz e propõe, a verdade é que ele está virando uma bichinha.

– Eu nunca fui sensato – balancei a cabeça – E não é agora que eu vou ser.

Continuei andando em direção as escadas e quando cheguei lá em baixo me deparei com um Lil Za todo arrumado e de malas prontas.

Espera, pra onde ele está indo?

– Você vai se mudar? – questionei curioso.

– Não babaca – ele riu, por que é o Za, só por isso – Eu vou pra Nova Iorque com você, aposto que vai ser um máximo.

– O cara já tá louco e você ainda fica botando pilha? – Twist de repente estava bem ao meu lado – Você não presta mesmo!

– Ei dude, só uma pergunta – Za molhou os lábios – Quando é que você ficou todo franguinha assim?

– Vai se foder! – retrucou Twist rindo e tirando um cigarro de maconha do bolso.

– Como assim você vai comigo? E a Atifa? Achei que ela tivesse dormido aqui com você.

– Nós brigamos – ele explicou – E ai ela foi embora.

Twist e eu nós encaramos antes de começar a gargalhar.

– Qual é a graça?

– Você e ela, vocês parecem cão e gato, vivem se estranhando, mas se amam.

– As mulheres são seres loucos e complicados, elas têm sérios surtos de bipolaridade e ás vezes eu não posso lidar com isso.

– Ah é? – dei risada – De vez em sempre você quis dizer né? Só semana passada você deve ter terminado umas três vezes com ela.

– Falou o que vivia uma novela mexicana – retrucou ele – Acha que eu não me lembro de você correndo atrás da Selena que nem um viadinho?

– Isso não é verdade!

– Não só é como está acontecendo de novo – apesar de estar falando sério ele sempre usava seu tom cômico – Mas agora com a mina que tem nome de celular.

– Só eu posso chamar ela assim – resmunguei – E eu não estou correndo atrás dela que nem um viadinho, eu só quero esclarecer as coisas, por que diferente de você eu sou um homem que se importa com as garotas entende? Gosto de saber como elas estão se sentindo.

Twist riu alto enquanto exalava fumaça pelo nariz.

– Eu não preciso disso dude, não preciso correr atrás delas, sabe por quê? – ele subiu sua camisa passando a mão por seu abdômen – Elas querem o meu corpo nu, eles sempre voltam pra ele.

Comecei a rir, a rir muito.

– Puta que pariu, você só fala merda cara!

– Eu sei, você sabe, todo mundo sabe que ninguém resiste a esses abs.

– Não sou obrigado – dei risada – O voo vai sair daqui a uma hora, é melhor nós irmos então palhaço!

– Se pá rolar uma festa não se esqueçam de avisar o papai aqui! – pediu Twist me enjoando com aquele cheiro de maconha que já dominava o ambiente.

– Você não pode sair de LA. A polícia tá na sua cola cara.

– Tinha esquecido dessa porra! – ele grunhiu – Tudo culpa daquela bitch!

– Não tem nenhum vídeo que prove que você a agrediu, além do mais ela não queria ir embora, vai dar tudo certo, esses caras são uns babacas.

– Só dar uns milhões pra eles que fica tudo certo – Za disse rindo, por que tudo que ele diz é rindo.

No momento em que coloquei a mão na maçaneta e abri a porta me deparei com o Ryan Good prestes a fazer a mesma coisa.

Meus olhos se arregalaram ao vê-lo, especialmente ao constatar que Scooter estava logo atrás dele com um olhar acusador.

– O que vocês querem? – bufei, na verdade eu sabia exatamente o que eles queriam.

– Aonde você pensa que vai? – odeio quando o Scooter usa esse tom autoritário comigo, ele é muito importante na minha vida, mas ele não é o meu pai.

– Eu vou ver a Blake – disse sem rodeios fazendo menção de passar por eles, mesmo sabendo que seria impedido, e foi exatamente o que aconteceu.

– A minha sobrinha? – Ryan estava sério – De jeito nenhum.

– Quero ver quem é que vai me impedir.

– Eu sou empresário Justin, você não pode fazer isso, as coisas estão feias pro seu lado, sem contar naquele tweet completamente desnecessário.

– Eu sinto falta dela. – murmurei pra ele, sentindo uma pontada estranha dentro de mim, como se eu estivesse me dando conta do quanto aquilo era verdade, do quanto eu sentia falta de ver aquele sorriso, ouvir aquela risada e me irritar com todo aquele sarcasmo – Pelo amor de Deus, será que vocês não entendem?

– Nem se quer sabia que isso estava acontecendo – explicou Ryan – E vai por mim, se eu soubesse, as coisas não teriam chegado a esse ponto.

– Qual o problema? O que tem de errado em eu querer ficar com ela? Você me conhece há anos, você sabe que eu sou uma boa pessoa.

– É claro que eu sei, mas acontece que ela só tem dezesseis anos e você já é um homem, você tem uma vida complicada e eu não quero isso pra ela, eu tenho o direito de dizer o que é melhor pra ela, por que a mãe dela a deixou na minha responsabilidade, ela confiou em mim.

– Ela também confiou em mim! – retruquei – Você não foi o único que ela pediu pra cuidar da Bels, e olha só, você pode até dizer que a minha vida é complicada e o diabo a quatro, mas você não tem o direito de escolher por quem ela deve se apaixonar por que essas coisas acontecem naturalmente, não tem como evitar e nem escolher.

– Eu não quero discutir com você Justin, por favor, vamos facilitar as coisas!

– Não vou facilitar porra nenhuma! – balbuciei – Eu estou indo pra Nova Iorque e não to nem ai pro que vocês acham disso.

– A imprensa está atrás de você, eles vão ficar loucos se você for! – Scooter parecia aterrorizado com essa possibilidade.

– Que fiquem! – eu disse, puxando a mala novamente – Eu não preciso te dar satisfações afinal eu estou de férias e muito a fim de aproveita-las.

– Não precisa falar assim comigo – ele abaixou os olhos, se sentindo ofendido.

– Sabe qual é o problema? – limpei a garganta o encarando – Desde o primeiro dia em que nos conhecemos você me disse que eu nunca deveria perder a humildade, você me disse que isso era essencial e que eu nunca poderia perder a minha essência, quem eu sou, eu sempre teria que me lembrar disso, de ser eu, de sentir, de viver, mesmo no meio de todo esse mundo, no meio de tantas pessoas querendo cuidar da minha vida, pessoas querendo o meu dinheiro, pessoas tentando me manipular, pessoas que acham que eu sou uma máquina, e pessoas que não se importam comigo – respirei fundo – Ainda se lembra Scott? Daquele moleque pequeno que usava uma franja que lhe cobria o olho? Se lembra de quando o viu pela primeira vez e quase o sufocou com um abraço apertado? Se lembra de rir da mãe dele por que ela era muito desconfiada?

Ele assentiu com a cabeça.

– Pois é Scott, aquele menino cresceu, e como você havia pedido, mesmo no meio de tanto dinheiro, pressão e fama, ele continuou o mesmo, é claro que ele costuma fazer besteiras, mas ele ainda é ele, lá no fundo, ele só faz isso por que é um garoto e é normal fazer tanta merda nessa idade, a diferença é que é de frente pro mundo todo. Braun, eu sempre deixei você opinar sobre tudo que eu quero fazer, mas não vai ser assim em relação aos meus relacionamentos.

– Mas...

 – Por que se eu fizesse isso, eu não estaria sendo eu. Eu amo a Blake, sim, eu amo ela de verdade, desculpa, mas isso não vai mudar da noite pro dia. Se não der certo com ela, ótimo, não deu e pronto. Mas eu não quero que daqui a alguns anos eu olhe pra trás e me dê conta que perdi a mulher da minha vida sem ao menos lutar por ela.

– Eu não disse pra não ficar com ela – ele suspirou, tentando dentro dele encontrar palavras que me fizessem mudar de ideia – Eu só estou pedindo pra se acalmar, pra pensar no que está fazendo.

– Não tem nada de errado em ir vê-la, essa coisa de eu estar saindo com uma garota é até legal pra mídia, você não gosta de ver o meu nome na primeira página todos os dias? Então Scott, isso não é um escândalo, não vai fazer mal pra minha imagem, eu só estou indo ver a minha garota, aposto que eles podem fazer uma ótima matéria sobre isso.

– O negócio é... tem um vídeo de vocês praticamente transando dentro de um elevador, se pelo menos isso não tivesse acontecido, sei lá, é tudo tão recente, eu só estou com medo de que isso se torne incontrolável.

– E só pra constar eu odiei ver isso – a voz irritada de Ryan acabou fazendo com que todos dessem risada – Eu não vi graça nenhuma em ver minha sobrinha com um marmanjo desses no elevador.

– Sua sobrinha é um máximo Ry! – disse malicioso.

– Como é que é?

– Nada não – sorri sem graça.

– O voo sai em quarenta e cinco minutos – Za me lembrou.

Ryan me falou um monte de coisas e eu acabei alterando o tom de voz algumas vezes, eu estava fora de mim, não conseguia aceitar o que eles estavam dizendo. Scooter também fez de tudo para que eu não fosse, mas eu simplesmente peguei minha mala e entrei no carro com o Za.

No aeroporto foi de boa por que ninguém sabia que eu ia pra Nova Iorque. Quer dizer, eles certamente não esperavam por isso. Durante todo o voo Za ficou fazendo graça e me contando como Atifa era perfeita, ele quase chorou quando disse que não conseguia parar de ama-la. Isso me rendeu umas boas risadas.

Aterrissamos em Nova Iorque algumas horas depois, logo no final da tarde.

Como esperado haviam dezenas de paparazzi nos – me –  esperando. Eles faziam todo o tipo de pergunta, a maioria obviamente sobre a Blake e eu, chegaram até perguntar sobre a Selena.  

– Ela está ótima cara, ela está ótima. – foi o que eu respondi antes de entrar na Range Rover que nos esperava na saída do aeroporto.

Eu queria ir logo ver a Blake, mas sabia que não podia fazer isso.

Eu sou louco, mas nem tanto.

– Você viu o tamanho do bigode daquele cara? – Za estava rolando de tanto rir – Você viu? Você viu Bieber? Que irado!

– Nossa fera, eu aqui todo nervoso e você falando de bigode?

– Por que você cortou o Rick? – ele perguntou fazendo carinha de tristeza – Eu adorava o Rick Bieber!

– Vem cá, você fumou maconha junto com o Twist, é?

Ele riu.

– Não vai ver sua mina não?

– Vou ligar pra ela – disse pegando o celular – Onde você acha que podemos nos encontrar? Eu não posso ir à casa dela.

– Pede pra ela ir pro Hotel, lá tem um ótimo restaurante.

– Sério que você tá pensando em comida?

Revirei os olhos e disquei o número da Bels.

– Justin? – estremeci ao ouvir sua voz.

– Oi – falei um pouco ansioso.

– Ligou pra se despedir?

– Am?

– Antes da sua morte – disse ela me fazendo rir – Qual é a parte de não se pronunciar sobre isso que você não entendeu?

– Pobre de mim, creio que agora vão ser dois funerais.

– Do que está falando?

– Eu estou há apenas três quadras da sua casa, o que acha de vir me ver? Eu queria conversar sobre... tudo.

– O que? Que história é essa Justin?

– Four Seasons. Vem logo.

– É brincadeira, né? Você está fazendo graça, você...

 – Estou te esperando, nós podemos jantar e ter uma conversa civilizada.

– Acho que você perdeu o juízo de vez.

– E alguma vez eu tive isso?

Ela riu, como era bom ouvir aquela risada gostosa.

– Justin seu idiota, eu to falando sério, por que você fez isso?

– Não costuma entrar no twitter? – questionei – Eu disse que sinto sua falta se você não está sabendo.

– Babaca! – ela riu de novo.

– Vai vir né?

– Não.

– O que? Eu vim até aqui e você simplesmente não vai vir me ver?

– Não.

– Mas...

Ela riu alto.

– Brincadeira otário, eu só vou tomar banho, me arrumar, terminar um trabalho e deixar o Joey na casa do Conor.

– Caso do corno o caralho! – resmunguei – Você não vai falar com aquele imbecil, pode trazer o Joseph!

Até eu estranhei, nunca chamo o Joey sem ser pelo seu apelido.

– Está com ciúme até do Joey? – ela estava rindo alto – Você deveria confiar mais no seu próprio taco querido.

– Odeio quando você me chama de querido – indaguei revirando os olhos quando Za começou a rir da minha cara – Me faz parecer um viado sabia?

– Você sabe que não é – ela disse séria, gostei disso.

– É verdade – soei malicioso.

– Vou desligar e nos vemos daqui a uma hora, pode ser?

– Você eu esperaria até vinte e quatro horas baby!

– Uow – ela riu – Continua o mesmo xavequeiro de sempre!

Não sei se a ligação caiu ou se ela desligou na minha cara, só sei que nada poderia tirar aquele sorriso dos meus lábios. Parecia que as coisas finalmente tomariam um rumo certo.

E nem mesmo a onda de paparazzi na porta do Hotel poderia me tirar a felicidade eminente dentro e fora de mim.

Ignorei cada um deles adentrando o Four Seasons e indo direto pra suíte presidencial.

Tomei um banho e quando saí Za estava assistindo tevê deitado na minha cama.

– Sabia que tem outro quarto aqui do lado só pra você? – disse irônico – E que por acaso tem uma televisão e uma cama que você pode usar?

– Sabe o que é? – disse ele após fazer uma careta estranha – Essa cama aqui é bem melhor, gostei mais dela – ele bateu suas mãos no coxão para enfatizar suas palavras.

– Ah é mesmo?

Ele assentiu, rindo.

– Ótimo babaca, então vamos fazer um combinado.

– O que querido?

Revirei os olhos.

– A Blake vai trazer o Joey que é irmão dela, ele tem cinco aninhos, e quando ele chegar você vai gentilmente se oferecer pra mostrar a sala de jogos pra ele, isso não é interessante?

– Muito – ele gargalhou – Afinal você vai ter uma agradável ‘conversa’ com a irmã dele, não é?

– É isso ai – concordei com malícia.

– Mas espera, o que eu ganho em troca?

– Você dorme aqui com o Joey e eu a Blake dormimos na sua suíte.

– YEY! – gritou ele.

Dei risada de sua reação e fui trocar de roupa.

Fiquei todo arrumado, parecia até que eu estava indo pra um tipo de premiação. Sem querer me gabar, mas seria impossível a Blake resistir a mim daquele jeito.

Aliás, quem resiste a mim?

– Acho que ela chegou – gritou Za.

Fiquei tenso, por que eu tinha que fazer tudo certo para que tudo acabasse bem.

Ajeitei meu cabelo pela última vez, era incrível como eu havia conseguido me vestir como uma pessoa normal.

Após tomar outro banho, dessa vez de perfume, voltei para o quarto e acabei perdendo o fôlego ao me deparar com uma Blake exageradamente sexy, com um vestido preto de capuz, que batia na metade de suas coxas.

Ela estava com um salto branco, seu cabelo estava solto e naturalmente cacheado.

Até o Za tinha perdido a fala.

– Filho da mãe! – o xinguei dando um tapa na cabeça dele, fazendo Blake rir.

– Ola Bieber!

– Não seja tão formal blackberry – me aproximei dela, passando minha mão por sua cintura e a puxando para um beijo sem nem aviso prévio.

De início era somente lábio no lábio, então eu aprofundei, sentindo meu estômago revirar assim que nossas línguas se encontraram. Eu me esqueci totalmente de que havia uma criança bem ali, quer dizer, duas.

Colei nossos corpos, fazendo-nos estremecer devido ao sensível toque de nossas peles separadas apenas por alguns míseros pedaços de pano. Quando apertei sua bunda ela partiu o beijo dando uma risada e um tapa no meu pescoço.

 Mas eu não a tinha soltado, estava rindo também, rindo e deixando bem claro que jamais a deixaria de novo.