Eu não sabia o que pensar sobre o que tinha acabado de acontecer. Na verdade ainda estava querendo entender a vontade repentina do Za de empurrar o Joey para fora do quarto.
– Não precisa – eu disse, abraçando meu irmão pelo pescoço – Como você pode ver, ele está ótimo brincando com seu celular.
– Mas sabe o que é? – Za o puxou de volta – Ele vai amar tomar um Milk Shake, aliás, o daqui é o melhor que eu já experimentei.
– Milk Shake? – abracei Joey, mais uma vez – É realmente uma pena, ele está resfriado, não pode tomar nada gelado.
– A sala de jogos – sugeriu Justin dando um tapa em Za – Ele vai adorar, tem vários brinquedos eletrônicos, vocês podem se divertir a beça!
– Parece divertido – disse, sorrindo – Vamos então.
– Não! – Justin gritou depressa – É só eles dois.
– Por quê?
– Bom... – ele coçou a cabeça – É que, veja bem...
– E depois ainda falam de mim e da Atifa – Za revirou os olhos e pegou Joseph no colo – Queridinha será que você ainda não percebeu que ele quer transar?
Meus olhos saltaram.
– O que?
– Não se faça de sonsa tá bonequinha? – ele fez uma careta mega estranha, aliás ele é estranho por completo.
– Mas...
– Pelo amor né – ele saiu resmungando, carregando Joey no colo e me deixando ali perplexa enquanto Justin dava altas risadas.
– Seu amigo é retardado?
– O fato de ele ser meu amigo já explica muita coisa – disse ele, se jogando preguiçosamente na cama – Mas pelo menos deu certo.
– O que deu certo?
Ele juntou suas duas mãos atrás da cabeça e me encarou sem dizer nada.
– O que deu certo Justin? – repeti a pergunta, estava séria.
Mais uma vez ele não abriu a boca.
Suspirei profundamente e encostei-me à escrivaninha atrás de mim, de braços cruzados o observei se levantar da cama e caminhar em minha direção, seus olhos fixos nos meus, como se eles quisessem me hipnotizar.
Sem desviar os olhos dos meus, ele descruzou meus braços.
– Você. – suas mãos pousaram nas laterais da minha cintura, sua respiração estava ofegante, seu hálito fresco inebriando tudo – Eu – ele aproximou seus lábios dos meus, roçando-os levemente e me fazendo fechas os olhos – Sozinhos.
– Nã... – ele me interrompeu, passando seu dedo indicador no meu lábio inferior, usando sua mão livre para tocar minha pele, me fazendo arrepiar – Hoje você não me escapa Blake Berry Lewis!
– Ah é? – abri os olhos, tentando não demonstrar o quanto eu já estava completamente entregue.
– Sim – ele sorriu – Mas vamos fazer tudo certo dessa vez.
– O que você quer dizer com isso?
– Vem comigo – ele pegou minha mão, me puxando para fora do quarto.
– Pra onde? Justin nós não podemos sair daqui, você está louco?
– Não vamos sair daqui – ele fechou a porta depois que saímos – Ainda não.
– Então...
– Eu preparei uma coisa...
– Uma coisa?
– Para de ser chata! – resmungou ele, segurando forte a minha mão.
Ignorei seu comentário e o acompanhei até o quarto ao lado.
– Qual a diferença? – perguntei, confusa.
– Toda – disse ele, passando o cartão magnético para que a porta se abrisse.
Meus olhos não acreditavam no que viam.
O quarto estava iluminado apenas por velas em todo o ambiente, rosas vermelhas estavam espalhadas pela cama e pelo chão, mais a frente havia uma mesa de vidro redonda, uma vela maior no centro dela.
Uma garrafa de Whisky coberta por gelo e duas taças. O jantar estava coberto, mas pelo cheiro já dava pra imaginar o quanto estava delicioso.
– O que achou? – sussurrou ele em meu ouvido, acariciando suavemente os meus braços, me fazendo automaticamente perder os sentidos.
– Incrível – foi tudo o que eu consegui dizer.
– A sobremesa está na geladeira – disse ele, se afastando e mostrando a pequena geladeira perto do closet – E essas flores são pra você.
Ainda atônita peguei o buquê, esse de orquídeas amarelas.
– São lindas – murmurei ainda em transe – E esses aromatizantes? Meu Deus, está tudo tão... perfeito.
– Achei chato você ainda não ter conhecido meu lado romântico – explicou ele, abrindo o uísque e servindo as duas taças – E como não poderíamos sair daqui pra algo mais elaborado decidi fazer um jantar romântico.
– Não poderia ser melhor! – comentei maravilhada.
– Eu sei – ele puxou a cadeira para que eu me sentasse – Pra ser bom basta ter eu e você.
Dei risada.
– Você ensaiou as falas também?
– Ser romântico é automático baby.
– É mesmo senhor convencido? – o sarcasmo era ácido em minha língua.
– Verídico – ele riu, abrindo a tampa da panela e revelando um spaghetti que parecia estar delicioso.
– É claro que tinha que ser macarrão – disse óbvia, o ajudando a nos servir – Isso é tão previsível!
– Não diga que eu sou previsível – reclamou ele – Você está estragando tudo!
– Foi mal – ergui as mãos, rindo cara dele.
– Vamos fazer um brinde? – ele sugeriu pegando sua taça – É isso, vamos brindar com esse Jack Daniels maravilhoso!
– Tem certeza que não tem câmeras por aqui? – perguntei irônica levantando a minha taça – Vai que o Tmz está escondido no banheiro, você sabe que pode ser preso por estar fornecendo bebida alcoólica a uma menor de idade não é?
Ele riu alto.
– Muito engraçadinha. – e então nós brindamos, parando de sorrir a medida que nossos olhares se aprofundaram – A felicidade!
– A felicidade – repeti, olho no olho.
Foi o jantar mais divertido de toda a minha existência. Nós conversamos sobre tudo, ele me contou sobre os últimos shows da turnê e que apesar de ter cerca de quarenta dias de férias já estava sentindo saudade dos palcos. Era incrível ouvi-lo contar sobre o seu trabalho, era tão claro o quanto ele era apaixonado pelo que fazia. Ele também me contou sobre seus irmãos, me disse que sentia muito falta deles e que pretendia visita-los nesse tempo livre.
Quando isso acabasse, ele me disse que começaria a turnê pela America Latina e que estava muito animado pra isso, me contou algo sobre o seu próximo álbum e o quanto estava deixando seus fãs ansiosos para o lançamento de seu próximo single Hertbreaker. Justin me pediu opinião em relação há algumas coisas e foi muito legal poder ajuda-lo.
Mal consegui me conter ao ouvir algumas músicas que já estavam gravadas.
Era de arrepiar.
– Eu não tenho palavras pra explicar o quanto isso é perfeito – eu repetia a ele dezenas de vezes sem me sentir satisfeita – Realmente não sei o que dizer!
– Obrigado – ele agradeceu sorrindo pela milésima vez.
Nós também falamos sobre mim, sobre a faculdade, sobre o Joey, sobre o meu pai, sobre a Jamie e sobre tudo que havia acontecido nesses últimos dias. Ele contou algumas piadas e eu fingi que era engraçado, nós simplesmente ficamos falando sobre coisas idiotas, coisas toscas, mas que nos faziam um bem danado.
A sobremesa foi torta de morango.
Aquilo estava uma maravilha.
– Sério que ele estava falando sobre o bigode do cara? – eu estava rindo muito, aliás, é impossível não rir de algo relacionado ao Za.
– Sim – Justin mais ria do que falava – Era como se fosse coisa de outro mundo, mas o bigode era realmente grande, quase batia no queixo do homem.
Fiz uma careta.
– Que horror, imagina só como a mulher dele o beija!
– Ele não deve ter mulher, ninguém ia querer um cara assim.
– Coitado! Nem todo mundo tem os mesmos gostos sabia?
– Você diz isso por que você não viu ele.
– Ele não. Mas você sim.
– Que?
– Vi umas fotos suas de semana passada, o bigode – dei risada – Aquilo estava hilário!
– O Rick é muito sexy se você quer saber. – retrucou ele, fingindo indignação.
– Rick? – gargalhei – Você pôs um nome no seu bigode?
– Desculpa se eu sou uma pessoa importante.
Nós terminamos de comer e esvaziamos a garrafa de uísque.
– Justin!
Ele se remexeu de leve na cadeira.
– Hum?
– Obrigada!
– De nada.
– E, Justin?
– Hum?
– Eu te amo.
A boca dele se abriu e assim ficou, até que isso se transformasse em um sorriso lindo.
O sorriso que eu amava.
– Tem outra coisa!
– O que?
– Só vai descobrir se vier comigo!
Ele se levantou e me puxou pelo braço.
Mas teve que soltar, quando abriu a cortina revelando uma porta de vidro que dava para uma varanda, de onde se era possível ver toda a cidade.
– Vem – ele segurou minha mão, me ajudando a subir o pequeno degrau.
– O céu está repleto de estrelas – disse maravilhada, acho que nunca tinha visto o céu tão estrelado como naquela noite – Na cidade que nunca dorme.
– Eu sei – murmurou ele me abraçando por trás – Chequei sobre isso ontem à noite.
– Ontem? – levantei o rosto para olhar em seus olhos.
– Sim – ele me apertou em seu corpo – Logo depois que falei com você, eu tinha certeza que faria tudo, menos o que você pediu.
– Pra variar – dei risada.
– A namorada do Za estava lá em casa, ela me deu umas dicas, eu falei como você era e ela disse que isso ia ser legal, que você ia gostar.
– Eu amei.
– Eu sei.
– Está tudo tão lindo, tão incrível.
– Eu sei, eu sei – ele apoiou seu queixo na curva do meu pescoço, era possível ouvir o som de sua respiração enquanto ambos admirávamos o céu, a lua, as estrelas – Especialmente você, que não gosta das luzes.
– É que atrás das luzes nós podemos ser quem somos – expliquei, entrelaçando nossas mãos e me sentindo protegida por tê-lo ali, tão perto de mim.
– Gosto do que você é.
– Caso contrário não estaria aqui.
Ele riu.
– Não, eu não estaria.
Ficamos em silêncio.
O melhor silêncio.
– A lua está linda – comentei – Já sei, você checou antes né?
– Sim – ele riu.
– Scooter sabe que você está aqui?
– Sabe.
– E ele ficou de boa?
– Mais ou menos.
– Sei.
– Ryan que ficou irritado.
– Meu tio? – perguntei, espantada – Ele sabe que você veio?
– O mundo inteiro sabe que eu vim – exclamou ele, como se fosse óbvio.
– Tá, mas você falou com ele?
– Falei, ele me disse um monte de besteiras e nós até discutimos.
– Justin! – me virei ficando de frente pra ele – Quando pretendia me contar?
– Nunca – ele me deu um selinho – Por que eu queria que hoje fosse perfeito.
– Amor ele é meu tio, você devia...
– Amor? – ele riu dando um beijo estalado na minha bochecha.
– Na verdade deveria ser babaca.
– Não vai querer me chamar de babaca nunca mais depois que ver o que eu tenho pra te mostrar...
– O que é?
– Espera ai – ele enfiou a mão no bolso – Está aqui em algum lugar...
– Não vai me dar um anel não é? Se fizer isso eu vou te bater.
Ele riu.
– Ainda não, por que o seu anel eu vou ter que encomendar bem antes, tem que ser do jeito que eu quiser sabe? Uma coisa única, assim.
– Sei.
– Achei!
– Uma carta? – questionei ao ver o papel enrolado em uma fita lilás – Você está me saindo mais romântico do que o esperado!
– Não é uma carta – ele colocou na minha mão – Abre!
Olhei pra ele e então ele assentiu, ansioso para que eu abrisse de uma vez.
Parecia até que tinha demorado uma eternidade.
E eu não acreditei no que tinha visto.
Não era possível.
Ele não seria tão louco a esse ponto.
Senti minha garganta se contrair.
Eu não conseguia falar.
– Você... isso... não é verdade...
– É claro que é – ele riu e tomou o papel da minha mão – Vamos tentar encontrar ela, é uma das mais brilhantes sabia?
Não, eu não sabia.
Porra!
Ele tinha comprado uma estrela, ele tinha colocado o meu nome nela.
E ele estava bem ali.
O certificado.
– Na verdade ela se chama Blackberry – ele explicou – Olha, é aquela ali, tá vendo?
Ele apontou para uma das milhares de estrelas espalhadas pelo céu, essa, se destacava entre as outras, e estava localizada exatamente como no mapa do certificado.
Por mais que tentasse, não sabia o que dizer.
– Gostou? – ele sorria animado.
Não respondi, e nem poderia.
– Diz alguma coisa!
– Me beija!
– O que? – ele gargalhou.
– Me beija! – repeti.
Ele deu uma risadinha e colocou o papel de volta ao bolso.
– Vem comigo!
– Não vai me beijar? – resmunguei indignada.
– Tmz está em todo lugar.
Foi a minha vez de rir.
Sem fechar a porta ele apenas puxou a cortina de volta deixando o quarto ser iluminado apenas pelas velas espalhadas por todo lugar.
Então ele me beijou com vontade, aquele tipo de beijo urgente e empolgado.
Pegou-me em seu colo procurando meus lábios novamente, logo senti minhas costas no colchão macio da cama king size redonda.
Ele abriu os olhos e me olhou com intensidade, tentando de alguma forma demonstrar o quanto ele me amava.
Abri um sorriso, puxando seus lábios de volta pra mim.
Ele se apressou em puxar o meu vestido, me fazendo arrepiar com o toque de seus dedos sobre minha pele sensível, cada segundo parecia pouco perto do tempo que eu queria passar ao seu lado.
– Eu te amo Blake – ele sussurrou ao partir o beijo, desviando então para o meu pescoço que era também o meu ponto fraco.
Eu me sentia nas nuvens, mas ao mesmo tempo não conseguia imaginar que tais nuvens seriam capazes de suportar o fogo que percorria todo o meu corpo naquele momento em que o mundo era apenas ele e eu.
Justin e Blake.
Blake e Justin.
Atrás das luzes.
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