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História Behind the roses - XV - If you love me let me go


Escrita por: wellcarryon

Notas do Autor


Hey! Promessa é dívida e cá estou eu com esse capítulo que tá cheio de tretas. Boa leitura!

Capítulo 15 - XV - If you love me let me go


Frank viu Ray se aproximar, seu rosto aos poucos se tornando visível contra a luz da cozinha. Tentou forçar uma resposta, mas nada saiu de sua boca. Estava paralisado pelo choque, com a boca levemente aberta, pronto para dizer o que quer que lhe viesse à mente. Seu silêncio fez com que Ray repetisse a pergunta com maior intensidade.

– Eu perguntei onde você estava, Frank.

– E-eu estava... – Nada vinha à sua mente que pudesse ser uma boa resposta. – Eu estava pegando uma coisa que esqueci...

– Ah, é mesmo? – perguntou Ray, erguendo as sobrancelhas. – E o que seria?

Frank limitou-se a engolir em seco. Ray aproximou o rosto do seu.

– Eu sei o que você está fazendo – E para a surpresa de Frank, empurrou-o, fazendo com que precisasse dar dois passos atrás para manter o equilíbrio.

Isso surtiu efeito. Frank pareceu despertar de seu transe, e sua expressão apavorada foi substituída por uma de irritação.

– Não me empurre – rosnou, empurrando Ray para trás.

Ele reagiu imediatamente.

– Empurro sim! – gritou, enfiando as mãos com tanta força no peito de Frank que ele se desequilibrou e bateu de costas na porta. O impacto fez com que ela se abrisse e se chocasse contra a parede, enquanto Frank caía de costas no chão do hall, e o estrondo reverberava pela casa silenciosa.

– Ei, o que diabos vocês estão fazendo? – perguntou Bob, surgindo pela porta de seu quarto.

– Qual é o seu problema, cara? – ofegou Frank, erguendo-se nos cotovelos. A batida deixara-o sem ar.

– O meu problema? – retorquiu Ray. – Ah, não tente se fazer de bonzinho, Frank. Eu sei o que você está fazendo, mas como fui idiota de ter deixado chegar a esse ponto... Você está tentando se aproveitar do Gerard! Está tentando fazer com que ele sinta pena de você, e assim você arranca o dinheiro dele...

Para Frank, aquela foi a gota d’água. Com um rugido furioso ele se colocou em pé de um salto e avançou para cima de Ray com toda sua força, derrubando-o por cima de Bob que estava atrás dele. A pancada fez com que Ray batesse a cabeça em seu nariz, que começou a sangrar. Segurando-o com uma das mãos para tentar conter o sangramento, ele tirou as pernas de baixo dos dois colegas engalfinhados e arrastou-se para um canto, fora do campo de batalha.

– Você não sabe do que está falando! – gritou Frank, que estava em cima de Ray socando-o de qualquer jeito.

– Sei sim, seu aproveitador! – Ray berrou de volta, girando o corpo e invertendo as posições. Levantou Frank pela camisa e chocou-o contra a parede.

– Que barulheira é essa? – perguntou Gerard das escadas, descendo os degraus dois a dois.

– Você está armando isso há muito tempo. Chegou com seu ar despropositado, de infeliz, para aos poucos conquistar a confiança dele, seu porco imundo – continuou Ray, desferindo um soco no rosto de Frank, que tentou agarrá-lo pelo pescoço.

– Eu perdi minha mãe seu filho da puta, como você queria que eu me sentisse? Feliz?! – gritou, empurrando-o para longe.

– É um truque! – berrou Ray, voltando para cima de Frank e segurando-o pela camisa, enquanto Frank empurrava sua cabeça para trás numa tentativa de desviar sua atenção e assim conseguir se libertar. – Você está fingindo que se importa com ele pra conseguir privilégios!

Gerard alcançou o corredor e ficou chocado ao ver os dois empregados engalfinhados, com manchas de sangue pelo rosto e roupas, enquanto Bob observava de um canto, com as mãos sujas de sangue apertando o nariz.

– Parem com isso agora mesmo! – gritou, puxando Ray de cima de Frank e separando-os.

– Eu não estou fingindo que me importo! – esbravejou Frank. – Eu não estou fingindo! Eu gosto dele! – gritou, e sentiu lágrimas começarem a escorrer por seu rosto.  Odiava suas malditas lágrimas por aparecerem nos momentos mais inoportunos.

Ray o observava em choque, tanto por Gerard ter aparecido naquele momento quanto pela confissão repentina de Frank, que parecia sincera.

– Eu não estou fingindo – disse Frank, em tom mais baixo, aproximando-se com o dedo em riste apontado para o rosto de Ray, enquanto esse o observava sem dizer nada, começando a tomar consciência de que fizera uma grande burrada. – Mas você está certo – continuou Frank. – Isso está parecendo aproveitamento.

Com movimentos rápidos, Frank alcançou a porta de seu quarto e entrou, fechando-a com um estrondo atrás de si e girando a chave. O barulho pareceu fazer todos saírem de seu transe, e Gerard avançou em direção à porta, tentando abri-la.

– Frank? Frank, abre essa porta – pediu, girando a maçaneta.

Frank não respondeu. Cego pelas lágrimas ele rapidamente tirou as roupas de trabalho e jogou-as em um canto, vestindo uma muda de suas roupas. Em seguida, puxou suas mochilas de baixo da cama e começou a enchê-las com suas coisas, de qualquer jeito. Em poucos minutos tudo que lhe pertencia estava guardado, e ele finalmente abriu a porta, ignorando a expressão perplexa de Gerard e passando por ele apressadamente em direção à saída da cozinha.

– Espera, Frank! Onde você vai?! – Gerard saiu correndo atrás dele.

Frank correu pelo quintal em direção ao portão e pressionou o interfone repetidas vezes. Gerard alcançou-o ofegante e girou-o pelos braços, fazendo com que ele o encarasse.

– Frank, o que você está fazendo?! – perguntou, fitando o rosto manchado pelas lágrimas e pelo sangue de um corte no lábio.

– Ele tem razão – disse, com a voz embargada. – Parece que eu estou me aproveitando de você. Isso não está certo, eu sabia desde o início. Não posso ficar aqui. Por favor, me deixa sair.

– Não, Frank! Você não pode ir, por favor! – pediu, começando a se desesperar.

– Gerard, se eu ficar tudo que aconteceu até agora vai terminar – sentenciou Frank. – Se você gosta de mim, se eu realmente significo alguma coisa pra você, abra esse portão e me deixe sair.

Gerard soltou-o e deu um passo atrás, correndo uma das mãos pelo rosto. Frank observou-o, através dos olhos molhados enquanto ele parecia ponderar e finalmente caminhou em direção ao portão. Destrancou-o e Frank saiu para a calçada sem olhar para trás.

Gerard voltou para dentro com pisadas fortes, e encontrou os dois empregados na cozinha – Bob com uma bucha de papel em cada narina e Ray perplexo atrás dele.

– O que você fez?! – rosnou Gerard, encarando Ray com raiva.

Ray começou a gaguejar. Se ele pudesse se sentir mais arrependido, certamente estaria morto.

– Você não tinha o direito de se meter! – esbravejou Gerard, avançando.

Ray pensou que ele fosse lhe bater, mas ele passou ao seu lado em direção ao corredor e chutou as portas de seus quartos.

– Juntem suas coisas e dêem o fora daqui.

Bob resolveu manifestar-se.

– Mas senhor...

Gerard fechou os olhos e respirou fundo, tentando se acalmar. Bob parecia não ter nada a ver com a briga, então ele não precisava ser tratado com grosseria.

– Eu quero ficar sozinho – disse Gerard, com os dentes cerrados. – Peguem suas coisas e vão dormir em outro lugar. Vocês são uma equipe. Da próxima vez, pensem duas vezes antes de transformarem a casa em um ringue.

Voltou para a cozinha e puxou uma cadeira, onde se sentou. Só sairia dali quando os dois passassem pela porta da cozinha e ele os visse saindo pelo portão.

Resignado, Bob adiantou-se, entrando em seu quarto. Como quem acabou de fazer a pior imbecilidade de sua vida, Ray imitou-o, e em minutos os dois estavam fora da casa.

Depois de escoltá-los até a rua, Gerard voltou para dentro da casa, sentindo-se subitamente cansado. Trancou a porta da cozinha ao passar, e caminhou lentamente pelo corredor, passando pelas portas dos quartos vazios de Bob e Ray antes de chegar ao de Frank.

Entrou no quarto, observando a cama bagunçada pelas mochilas que colocara em cima dela, o guarda roupa aberto contendo só as roupas de trabalho. A camisa manchada de vinho estava jogada no chão em frente à cômoda também aberta, junto ao restante do uniforme que ele usara no dia.

Era isso. Havia acabado assim, tão facilmente. Apenas uma hora antes ele pensara que tinha o mundo nas mãos, planejava dar toda a felicidade que pudesse a Frank. E agora não havia mais felicidade para dar. Nem Frank.

Saiu do quarto fechando a porta atrás de si, e avançou pelo corredor até chegar no hall escuro e silencioso. Como no Halloween, mas Frank não surgiria de repente pela porta da frente, com uma folha seca presa no cabelo e esfregando os olhos. Ele estava sozinho.

Subiu a escadaria, sentindo a raiva e tristeza o consumirem. Alcançou um vaso em um dos aparadores do corredor e arremessou-o pelo patamar da escada, vendo-o se chocar na parede do hall.

Não fez diferença alguma. Quebrar coisas não lhe ajudou a expulsar aquela raiva de seu peito, que o fazia doer e arder como se estivesse em chamas. Sem conseguir pensar em outra coisa, caminhou até seu quarto batendo a porta atrás de si e embolou-se na cama, sentindo finalmente sua tristeza se transformar em algo palpável, e escorrer por seu rosto sob a forma de lágrimas.

...

Frank desmoronou assim que ultrapassou o limite da calçada que pertencia à casa de Gerard. A noite estava fria e a rua silenciosa. Deixando um soluço escapar pela sua garganta ele revirou uma das mochilas em busca de seu celular.

Mal conseguia enxergar os números enquanto os digitava. Enxugou o rosto com a manga do casaco e pediu um táxi para a rua ao lado, pois não queria ficar esperando ali, onde podia ver o que estava deixando para trás.

Carregou suas coisas pela calçada até chegar ao ponto que informara e tentou limpar o sangue de seu rosto com uma roupa. Pelo menos as lágrimas serviram para facilitar esse processo. O táxi chegou e ele enfiou suas coisas para dentro, informando o endereço de destino ao motorista.

As casas passavam como uma mancha pela janela do táxi, que andava rapidamente por conta da ausência de trânsito àquela hora. Logo ele estava em frente ao prédio de Julian. Depois de pagar a corrida e carregar suas coisas até a porta, tocou o interfone.

Esperou um pouco, mas ninguém atendeu. Pressionou novamente o botão do apartamento da amiga, e novamente nada aconteceu. Lembrou-se do jantar que ela mencionara. Talvez estivesse se divertindo ainda. E talvez não fosse dormir em casa naquela noite. Sentindo-se exausto, Frank acomodou-se em frente à porta, e cobrindo-se com mais um casaco, fechou os olhos, pedindo a qualquer força superior que ninguém tentasse roubar suas coisas enquanto ele estava ali.

...

O barulho da porta fechando com uma batida acordou Frank, que acabara pegando no sono em algum momento durante a noite. Estava congelando de frio e o sol em seus olhos o cegou por um instante, mas seus ouvidos estavam funcionando o suficiente para que ele ouvisse alguém resmungando algo sobre haver mais um mendigo ali.

Ao ouvir a palavra mendigo ele abriu os olhos e olhou ao redor, procurando a pessoa a quem o homem que saíra se referira, e constatando com um peso no estômago que o mendigo era ele.

Levantou-se do chão, sentindo os músculos doloridos e enrijecidos pela briga e a noite mal dormida, e juntou suas mochilas. Se Julian tivesse chegado durante a noite o teria acordado, pois dormira com o rosto destapado. Ela provavelmente tinha ido direto da casa de Ella para o trabalho, e voltaria só no fim da tarde.

Ele não poderia passar o dia todo esperando na rua. Assim que outra pessoa abriu a porta do prédio para sair, ele aproveitou a deixa e entrou, subindo até o andar de Julian. Procurou por uma chave embaixo do carpete, no vaso de flores e sobre o batente da porta, mas aparentemente a amiga não era daquele tipo de pessoa que deixa uma chave extra do lado de fora do apartamento.

Sendo assim, acomodou-se nos degraus que levavam ao andar de cima e preparou-se para mais um período de espera, torcendo para que nesta noite a amiga voltasse para casa.

...

Os rapazes voltaram para casa naquela tarde, e Gerard limitou-se a deixá-los entrar. Voltou para seu estúdio, onde estivera desde que acordara. Não tinha vontade de fazer nada, mas por instinto colocara uma tela em branco no cavalete à sua frente, e exceto quando desceu para abrir o portão, passara o restante do tempo com o olhar vazio em sua direção.

Sua cabeça voara para longe. Ele não podia deixar a situação daquele jeito, mas também não sabia como agir; seus pensamentos estavam nublados pela abrupta mudança.

Não era possível dizer quanto tempo havia se passado, mas de repente ele levantou-se, pegou a tela limpa e ergueu-a no ar, segurando-a pelos dois lados. Levantou o joelho e baixou a tela com toda sua força, partindo a madeira em dois. Jogou-a no chão e pisou em cima, descontando sua raiva naquele objeto.

Mais uma vez, não fez muita diferença. Seu peito ainda doía como se estivesse dilacerado e ele se deitou no sofá do estúdio, desejando que aquilo parasse. Seus olhos arderam, mas nenhuma lágrima caiu dessa vez, e ele encarou o teto até pegar no sono.

...

Julian tivera um excelente jantar na noite anterior. Ella a surpreendera levando-a em um restaurante caro, para o qual ela nem estava tão bem vestida assim para frequentar, mas as duas comeram bem e depois foram para o apartamento dela, onde tiveram uma noite interessante.

Foi com um grande sorriso no rosto que ela atendeu a todos os clientes da lavanderia durante o dia, e ele ainda estava lá quando ela fechou a porta do seu prédio atrás de si e começou a subir os degraus até seu andar, no fim da tarde. Quando chegou ao seu andar, viu alguém encolhido na escada próxima à sua porta. Seu sorriso se desfez, especialmente quando percebeu que a pessoa que estava ali, tremendo de frio, era seu melhor amigo, Frank.

– Meu Deus, o que aconteceu?! – perguntou ela, aproximando-se e tocando-lhe o ombro.

Frank abriu os olhos ao ouvir a voz conhecida, e encontrou Julian lhe observando com uma expressão preocupada.

– Julian! – ele exclamou. Quis dizer mais alguma coisa, mas sua garganta se comprimiu e as lágrimas que ficaram escondidas o dia todo voltaram aos seus olhos.

– Meu Deus... Venha – disse ela, abrindo a porta do apartamento e ajudando-o a se levantar. Conduziu-o até o sofá e voltou para buscar suas coisas. – Docinho, o que aconteceu? – perguntou quando voltou, sentindo-se triste em ver o amigo daquele jeito. Seu rosto estava vermelho e havia um corte em seu lábio inferior, em volta do qual surgira uma mancha arroxeada.

Frank a abraçou e começou a dizer coisas que ela não entendeu, abafadas pelas lágrimas e pelo abraço. Entre tudo, ela conseguiu ouvir algo que poderia ser “briga” e “demiti”.

– Briga? Demissão? – ela afastou Frank para encará-lo e pegou suas mãos. Estavam frias como gelo, o que fez com que ela erguesse a mão e lhe tocasse o rosto. – Você está congelando!

Julian vasculhou as mochilas do amigo em busca de roupas limpas e uma toalha, e quando encontrou tudo de que precisava, levou-o até o banheiro.

– Você está bem para tomar um banho? – perguntou, ao que ele assentiu. – Certo, então tome uma ducha quentinha enquanto eu esquento uma sopa gostosa pra você, e então nós vamos sentar e conversar, ok?

Frank assentiu novamente, e ajudando-o a tirar as roupas mais grossas, ela deixou as outras para que ele tirasse sozinho enquanto ia até a cozinha. Pegou uma sopa congelada na geladeira e colocou-a para esquentar. Foi até o quarto buscar um cobertor grosso, e quando Frank voltou, colocou-o sobre seus ombros.

Frank comeu a sopa com pouca vontade e depois foi para o sofá com Julian. Alimentado e confortável, ele finalmente explicou a ela tudo o que acontecera, de forma clara e coerente, mas não sem mais algumas lágrimas. Elas pareciam simplesmente incapazes de permanecer dentro de seus olhos.

Ao final de sua narrativa, Julian o tranquilizou com um abraço apertado e palavras de conforto.

– Não se preocupe. Deixe as coisas esfriarem e logo tudo vai ficar bem, vocês só precisam de um tempinho pra respirar e depois resolverem as coisas com calma – disse, acariciando o rosto do amigo. – Se você não quer mais trabalhar lá eu posso tentar conseguir um emprego pra você na lavanderia. Tenho certeza de que haverá alguma coisa.

– Você faria isso? – perguntou Frank, deixando novas lágrimas caírem de seus olhos.

– Óbvio! Amigos são pra essas coisas! Agora, pare de chorar, seu bebezão – disse ela, arrancando um sorriso de Frank.

– Obrigado. Não sei o que faria sem você.

Os dois permaneceram na sala por mais uma hora, assistindo televisão, e depois foram dormir. Julian tinha uma cama de casal, e disse que Frank dormiria no espaço vazio ao seu lado, não importava o quanto ele tentasse protestar. Sendo assim, acrescentou um travesseiro extra e mais um cobertor, e por mais que Frank quisesse se recusar a dormir ali e invadir o espaço pessoal da amiga, acabou caindo no sono assim que se deitou.


Notas Finais


Espero que tenham gostado. A bomba explodiu e agora vamos ver quais serão as consequências.
Já comecei a escrever o próximo, mas dessa vez não vou fazer promessas porque preciso dar atenção a outras coisas, só digo que espero voltar em breve. Possivelmente naquele esquema de atualização quinzenal (que só funciona no início xD mas sério, vai funcionar, boto fé)!
Digam o que estão achando, obrigada pelos comentários que tenho recebido, e nos vemos logo!


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