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História Behind the roses - XVI - A new beginning


Escrita por: wellcarryon

Notas do Autor


Oi gente! Voltei uns dias atrasada, mas antes do que eu esperava. Achei que só atualizaria no fim de semana ou semana que vem, mas enfim, cá estou eu com mais um capítulo. A partir daqui, uma nova fase está começando. Espero que gostem e boa leitura!

Capítulo 16 - XVI - A new beginning


A luz pálida do sol entrando pela janela do quarto de Julian despertou Frank pela manhã. A cama da amiga estava especialmente confortável, com cobertores quentes e um colchão macio, melhor do que o de seu quarto na casa de Gerard. Esse pensamento fez com que Frank franzisse o cenho com os olhos fechados e afundasse a cabeça no travesseiro.

Agora que ele estava descansado e conseguia pensar com clareza, as dimensões do que acontecera se tornavam mais claras. Ray o acusara de ser um explorador, comprovando os pensamentos que ele vinha tendo desde que aquele envolvimento começara – de que aquilo era errado e deveria parar.

E ele havia tomado uma decisão impensada, que culminaria em consequências – escolhera a incerteza da relação com Gerard em vez de um teto e um emprego. Depois de sair de forma tão apressada da casa dele, tinha medo de não ter lhe restado nada. Estava de volta à estaca zero.

Virou-se na cama a fim de confirmar que Julian não estava no quarto. Espreguiçou-se longamente, sentindo a resistência dos músculos doloridos pelo esforço da briga e pelas horas de sono em posição desconfortável. Levantou-se e arrumou a cama.

Depois de trocar de roupas e ir ao banheiro, encontrou Julian na sala, assistindo a um programa de culinária na televisão.

– Bom dia – cumprimentou ele com a voz rouca, pigarreando em seguida.

Julian levantou a cabeça e sorriu ao vê-lo se aproximar.­­­­­­­­

– Oi! Como você está? – perguntou.

– Bem – respondeu ele, acomodando-se no sofá ao lado dela. – Não foi trabalhar?

– Estou de folga pela manhã, só vou de tarde.

Frank assentiu, pensativo, enquanto Julian voltou a atenção para a televisão.

Ela gostava de assistir programas culinários, embora suas habilidades na área fossem voltadas mais para as instruções nas embalagens do que para a criação. Sabia fazer uma ou outra coisa muito bem, mas de maneira geral, o resultado era mais para saciar a necessidade de se alimentar do que para matar a vontade de comer algo específico.

O bloco do programa terminou, dando lugar a mais uma rodada de comerciais, e foi só então que ela percebeu o pesado silêncio ao seu lado. Virou a cabeça e viu Frank com o olhar perdido voltado para a televisão. Desligou o aparelho e ele nem pareceu perceber. Suspirou e inclinou-se para o lado, apoiando a cabeça no ombro do amigo, o que finalmente fez com que ele despertasse.

– Pensando no príncipe encantado? – perguntou ela.

– Estou pensando em tanta coisa que nem sei exatamente em que – respondeu ele, tristemente. Apoiou a cabeça sobre a da amiga. – Acho que fiz uma grande burrada.

– Por quê?

– Porque eu sabia que isso não ia dar certo desde o início, sabia que era errado... Mas mesmo assim deixei acontecer, e agora acho que arruinei o melhor emprego que eu poderia conseguir, não tenho casa, e tenho medo de que ele nunca mais vá querer olhar na minha cara depois de eu ter saído de lá assim.

– Tá brincando? Ele é louco por você!

– Ah, claro – desdenhou Frank. – Não exagera.

Julian levantou a cabeça do ombro dele de supetão e virou-se para encará-lo.

– Frank, você está se ouvindo? Está percebendo a bobagem que está dizendo? Vocês não conseguem mais ficar longe um do outro! Você passa o tempo todo falando sobre ele e eu tenho certeza de que se ele não passa o tempo todo falando sobre você é só porque não tem com quem falar. E isso possivelmente foi algo maldoso pra eu dizer, mas o ponto é: não tem jeito de ele nunca mais querer olhar na sua cara. Provavelmente é o que ele mais quer fazer nesse momento.

Frank franziu o rosto com uma expressão aflita.

– Eu não sei o que fazer – desabafou.

– Mas eu sei. Vamos por partes – disse ela, levantando do sofá. – Você ainda tem algum currículo?

– Talvez dentro da minha mochila. – Ele sinalizou em qual delas deveria estar e Julian a alcançou para ele.

Depois de alguns minutos revirando o conteúdo mal arrumado da mochila ele tirou de lá algumas folhas amassadas, que pareciam um leque de papel, e mostrou para Julian.

– Nossa – murmurou ela, tentando fazer as folhas tomarem a forma adequada. – Ok, melhor deixar isso para lá.

Largou as folhas no sofá e saiu em direção ao seu quarto. Voltou segundos depois com um notebook em mãos.

– Vamos montar seu novo currículo – anunciou, sentando-se no sofá com as pernas dobradas.

Frank deixou a mochila no chão e logo Julian estava perguntando sobre suas informações, digitando tudo com habilidade e dando vida ao documento, aumentando uma ou duas coisas para tornar Frank mais interessante.  Em pouco tempo o arquivo estava pronto para ser impresso.

– Agora você vai mandar uma mensagem pro Gerard e vai dizer que quer conversar com ele. E depois nós vamos almoçar e sair, você vai comigo na lavanderia e tentamos arranjar um emprego pra você.

Ele sorriu e sentiu os olhos marejarem. Virou a cabeça para disfarçar, piscou algumas vezes e olhou para cima tentando se recompor.

– Eu não tenho como agradecer você pelo que está fazendo por mim – disse com sinceridade e tentando deixar a voz normal. – Na verdade, eu preciso é me desculpar por simplesmente aparecer aqui e incomodar você.

– Pare de bobagens—

– Shiu, pare de me interromper. E eu não posso pagar com dinheiro por enquanto, mas vou pagar de outra forma. Enquanto eu estiver aqui, vou ajudar no que precisar. Se quiser que eu cozinhe, eu faço isso. Não sei muita coisa, mas não morreremos de fome. Também posso limpar seu apartamento, fazer compras, o que for preciso.

– Se você não parar com isso eu vou deletar o seu arquivo do computador. Eu não quero nada disso, e também não estou pedindo pra você me pagar. Estou ajudando porque eu quero, e você pode ficar o tempo que precisar sem se preocupar com nada disso. Agora pare de enrolação e envie essa mensagem enquanto eu vou trocar de roupa pra nós sairmos pro almoço.

E com isso, levantou-se do sofá e deixou Frank para trás. Ele pegou seu celular sentindo um frio na barriga, e digitou a mensagem de forma direta e simples.

Vamos nos encontrar para conversar?”

Clicou em enviar imediatamente, sem pensar muito, e ficou encarando a tela com a mensagem por um instante, antes de bloqueá-la e suspirar. Julian tinha razão, ele estava vendo tudo com as lentes do desespero porque estava totalmente imerso na situação. Ele precisava ver um pouco as coisas como se estivesse do lado de fora, pois só assim pensaria em soluções em vez de no problema.

Julian voltou do quarto e imprimiu o arquivo enquanto Frank vestia um casaco. Prontos, os dois saíram para almoçar.

...

No meio da tarde, Gerard estava sentado atrás da mesa de seu escritório, pressionando a raiz do nariz com os olhos firmemente fechados, enquanto Ray desfiava uma série de pedidos de desculpas à sua frente, pelos quais ele não estava nem um pouco interessado.

– Eu realmente perdi a cabeça e—

Gerard ergueu a palma da mão com o rosto franzido.

– Eu realmente não quero ouvir o que quer que você tenha a dizer – disse.

– Eu sei, mas eu fui impulsivo e—

– Que bom que você sabe. Agora, a menos que você queira mesmo que eu perca a cabeça e mande você embora de novo sem chances de negociar, é melhor você descer e voltar ao trabalho, e não me direcionar a palavra a menos que faça parte do seu trabalho.

– Mas—

Gerard abriu os olhos e espalmou as duas mãos na mesa, inclinando o corpo para frente e falando com uma voz baixa e séria.

– Eu não quero ouvir sua ladainha. Se eu tiver que repetir, você vai estar na porta da rua antes de conseguir terminar de pronunciar a primeira letra do seu argumento. Eu tenho muito em que pensar agora e não tenho tempo pra isso. Agora, suma da minha frente.

Ray baixou a cabeça e levantou.

– Sinto muito – disse, contornando a cadeira e retirando-se.

Gerard esticou-se para trás em sua cadeira e suspirou profundamente, fechando novamente os olhos.

Mesmo após passar dois dias pensando ele não havia chegado a uma conclusão, apenas mudara de estágio no enfrentamento do problema. Já o encarara com pessimismo, raiva, tristeza, tudo ao mesmo tempo e depois, individualmente. Estava agora passando por um estágio de negociação, embora mesclado à raiva.

Ele precisava tomar uma providência ainda aquele dia. Falar com Frank, achar um jeito de fazê-lo voltar. Onde estaria ele? Com Julian? Provavelmente... Mas Gerard não bateria na porta da mulher a procura de Frank.

Pelo menos, não por enquanto.

Perdido em pensamentos, Gerard não ouviu o sinal de mensagem em seu celular, abafado pela posição em que fora esquecido, preso entre o estofado do sofá no estúdio. Apenas depois de cinco minutos ele abriu os olhos, suspirou e levantou de sua cadeira. Precisava respirar ar puro. Aquelas paredes pareciam estar encolhendo a cada minuto que passava entre elas, preparando-se para esmagá-lo.

Deixou o escritório e desceu a escadaria, adiantando-se para a porta da frente. A sensação de estar prestes a ser esmagado aumentara, e sua respiração tornou-se rápida e curta. Ao sair, o ar frio do lado de fora o acertou em cheio, servindo como um alicerce para segurá-lo na realidade. Ele sentou nos degraus em frente à porta e afrouxou a gravata que parecia uma forca, se perguntando seriamente porque usava algo tão desconfortável em sua própria casa. Parecia como uma punição a si mesmo por tudo o que se culpara durante anos. Sua casa era uma jaula, e ele se confinara a ela por vontade própria, apenas por pensar que merecia isso. Agora ele conseguia ver com clareza que construíra sua vida com base em uma fraude, se atendo a detalhes inúteis e perdendo o que realmente era relevante. E Frank, a coisa mais relevante no momento, ele deixara partir.

Levantou dos degraus após vários minutos, quando sentiu que a sensação de sufocamento desaparecera, e começou a andar pelo gramado, tentando esfriar a cabeça. Ele precisava se concentrar em uma coisa só, mas sua mente não parava de bombardeá-lo com milhares de pensamentos sobre Frank, o que deveria fazer e o que não deveria, misturando todas as coisas em uma enorme confusão.

Contornou a casa tentando manter o foco em seus passos lentos e controlando sua respiração. Ao chegar perto da horta, avistou Bob saindo de lá com uma tesoura de poda em mãos. Aparentemente, a vida de todos havia voltado ao normal, exceto a sua – pensou.

Mas o que era o “normal”? Meses antes, “normal” era ele passar o dia pintando e atuando no teatro que criara em sua casa, apenas para fingir que estava tudo certo. Era o que ele estava tentando fazer agora, mas isso não parecia mais fazer sentido.

– Ei, está tudo bem com você? – perguntou Bob, quando Gerard se aproximou de onde ele estava. O dorso de seu nariz estava arroxeado e um pouco inchado, mas fora isso, ele parecia perfeitamente bem.

Gerard encolheu os ombros.

– Não muito.

– Sei – disse Bob, oferecendo-lhe um sorriso compassivo.

Gerard respondeu com um meio sorriso, sem saber como reagir. Bob continuou observando-o, parecendo esperar por mais alguma reação.

– E você? Como está o machucado? – Gerard perguntou, pensando que talvez fosse isso que ele quisesse ouvir.

– Tudo bem. Ainda dói um pouco, mas não é nada demais, daqui uns dias isso vai passar – respondeu, levando por reflexo uma das mãos ao nariz.

Gerard assentiu, enfiando as mãos nos bolsos das calças e olhando para o céu. O dia estava cinzento, mas as nuvens brilhavam no ponto em que encobriam o sol.

– Você está sentindo falta dele, não é? – Bob perguntou de repente, surpreendendo Gerard.

– Muita – ele se viu respondendo sem sequer pensar.

– Eu também. – Gerard ergueu uma sobrancelha e lançou-lhe um olhar desconfiado. – Frank é engraçado, dava vida ao ambiente. É aquele jeito dele, tentando fazer tudo certo e agradar a todos. Ray não tem isso. – Gerard cerrou os punhos nos bolsos ao ouvir o nome ser pronunciado. – Ele tem muita firmeza em tudo que faz. As coisas andam meio sombrias por aqui agora, pesadas...

Os dois começaram a andar devagar pelo gramado.

– Você já tentou falar com ele? – perguntou Bob.

– Não. Não sei o que dizer.

– Hum, quem sabe um “oi, podemos conversar?”?

– Não sei, acho que talvez ele não queira falar comigo agora.

– Mesmo? Eu acho que ele deve estar esperando por isso.

Gerard pensou no assunto por um instante, e a pergunta que veio a seguir pulou de sua boca antes que pudesse segurá-la.

– Você não acha estranho? Digo, isso tudo...

– Não tenho nada a ver com o que quer que haja entre vocês, e não me importo também – disse Bob com convicção. – No momento eu sou só uma pessoa tentando ajudar outra pessoa.

Eles chegaram na porta que leva à cozinha.

– Olha, acho que eu posso dizer que você quer falar com ele mais do que qualquer outra coisa no mundo, certo? Então pega o celular e simplesmente liga, não perca tempo pensando muito – disse Bob, parando na frente de Gerard e pousando uma mão em seu ombro. – E se precisar conversar com alguém, pode falar comigo também.

– Obrigado – respondeu Gerard, sem saber como reagir ao repentino apoio. – Vou ligar para ele.

– Não há de que – disse Bob, dando um tapinha em seu ombro e adentrando a casa.

Gerard o seguiu, e enquanto o funcionário voltava para suas tarefas, ele seguiu pelo corredor até o hall e até o andar de cima, em busca de seu celular. Procurou-o por alguns minutos nos lugares em que passara os últimos dias, antes de encontrá-lo preso no estofado do sofá do estúdio. Sentiu uma corrente elétrica percorrer suas terminações nervosas ao ver o nome de Frank na tela. Leu a mensagem e apressou-se em ligar para ele.

...

Frank estava caminhando pelas ruas já há algum tempo. A tentativa de Julian de conseguir um emprego para ele na lavanderia fora infrutífera – segundo o gerente, já havia pessoas o suficiente trabalhando lá –, então ele decidiu sair e procurar por conta própria, enquanto esperava a amiga para voltarem juntos. Estava prestes a entrar em uma loja de conveniências quando sentiu o celular tocando em seu bolso.

Pensou que pudesse ser Julian, embora ainda faltasse pouco mais de uma hora para o fim do seu turno. Quando pegou o aparelho e viu o nome de Gerard surgir na tela, seu coração acelerou. Apressou-se em atender.

– Gerard? – Sua voz denunciava sua agitação.

– Frank! – disse a voz, que Frank mal podia ouvir direito por conta dos ruídos da rua. – Você me mandou uma mensagem...

– Sim... – respondeu Frank, aturdido. – Sim, eu mandei.

O silêncio se instalou na conversa, carregado com as coisas que os dois queriam dizer, mas não sabiam como.

– Você quer conversar por telefone? – perguntou Gerard, afinal. Não, por favor, não queira conversar por telefone! – era o que ele repetia em sua mente, como um mantra. Viu-se apertando os dedos em expectativa.

– Não, não. Quem sabe— A fala de Frank foi interrompida pelo ruído de um caminhão. – Desculpe, eu estou na rua. Quem sabe se nos encontrarmos amanhã à tarde? Tem um café aqui no centro que talvez seja um bom lugar...

– Tudo bem – respondeu Gerard, sem hesitar. – É só dizer onde.

– Vou mandar o endereço por mensagem.

– Vou esperar.

– Certo – disse Frank, sem saber o que fazer a seguir. Ele não queria desligar, queria continuar ouvindo a voz de Gerard, dizer que estava com saudades e que estava aliviado por falar com ele, como se a carga em seus ombros tivesse sido aliviada pela metade. Mas nada disso saiu. – Bem... Vou desligar – disse por fim, fechando os olhos com força, tentando se obrigar a realmente fazer isso.

– Ok – o tom de voz de Gerard parecia ligeiramente decepcionado.

– Até amanhã – disse Frank, afastando o celular do ouvido e levando o dedo ao botão de desligar. Antes de fazê-lo, ouviu Gerard responder com outro “até amanhã”.

Guardou o celular no bolso e sentiu um encontrão que o fez dar um passo à frente. Um homem seguiu em frente na calçada, xingando-o por estar parado no meio do caminho.

E foi com tal rapidez que Frank foi trazido de volta à realidade. Desviou de outras pessoas e adentrou a loja pretendida, sentindo a expectativa renovar suas forças. No dia seguinte eles se encontrariam, e finalmente poderiam conversar.

...

No dia seguinte, Frank esperava por Gerard em sua cafeteria favorita. Faltavam dez minutos para as três da tarde, horário marcado para o encontro, e a rua defronte ao estabelecimento estava movimentada, repleta dos transeuntes que resolveram aproveitar o tempo livre para adiantar as compras de natal.

Frank escolhera uma mesa ao fundo, longe da janela envidraçada, a fim de obterem mais privacidade. Dali, ele olhava para a rua, tentando ignorar a agitação em seu estômago. O copo de água que pedira estava servido à sua frente, mas seu nervosismo era tanto que sentia-se enjoado.

Ele passara boa parte do dia anterior ensaiando o que dizer, e pela primeira vez em todas as noites que dormira na casa de Julian, ele acordara antes dela. Quando ela apareceu na cozinha, por volta das 6h da manhã, Frank estava terminando de limpar a bancada, e ainda não tinha ideia de como conduzir a conversa com Gerard, ou do que esperar para a mesma.

Ele viu o carro escuro já conhecido por ele parar em fila dupla em frente à cafeteria, e logo Gerard saltou de dentro do mesmo, usando óculos escuros e vestindo um sobretudo aberto por cima de um blazer e uma camiseta. A agitação dentro de Frank se intensificou, e ele torceu os dedos das mãos enquanto o observava o homem atravessar a calçada com passos rápidos e adentrar o estabelecimento.

Sentiu as juntas de um dos dedos doerem, e com uma careta levantou a mão para chamar a atenção de Gerard. Quando ele o viu, adiantou-se em sua direção com passos rápidos, e Frank levantou-se do banco em que estava para cumprimentá-lo, sentindo as pernas moles.

Gerard reduziu a distância entre eles até tomar Frank em seus braços, abraçando-o fortemente. Quase esmagado, Frank envolveu-o com os braços, e os dois permaneceram assim por um instante, sentindo o cheiro um do outro e o calor de seus corpos, como dois amantes que se reencontram depois de anos, embora só fizesse um dia que não se viam.

Uniram seus lábios em um beijo breve antes de separarem-se, sentando de frente um para o outro. Gerard foi o primeiro a falar.

– Como você está? – perguntou, tirando os óculos com uma mão e estendendo a outra sobre a mesa. Frank a segurou.

– Melhor agora. E você?

– Melhor agora.

Frank sorriu, sentindo a ansiedade aos poucos se dissipar. Era Gerard ali, na sua frente, afinal.

– Senti saudades – confessou baixinho.

– Eu também – respondeu Gerard, afagando sua mão com o polegar. – Eu nem consigo acreditar em como esses dias foram horríveis, tive tanto medo, e de repente parece que tudo sumiu e eu só consigo enxergar você...

– Eu sinto isso também! – disse Frank, surpreso. – É exatamente o que eu estou pensando...

– Não faça mais isso comigo, Frank – pediu Gerard, sua voz assumindo um tom mais sério. – Por favor, não faça. Eu mal posso esperar pra você voltar pra casa comigo e—

– Espera – interrompeu Frank. – Gerard, eu não vou voltar para lá...

– O quê? – o rosto de Gerard foi tomado pelo choque, e o afago na mão de Frank cessou. – Como assim? Porque não?

– Gerard... – Frank correu a mão livre pelos cabelos, buscando pelas palavras certas. – Eu não posso voltar pra lá... Eu sabia desde o início que isso não ia dar certo, e embora tenha vontade de socar o Ray por dizer aquelas coisas de mim, ele tem razão.

– O quê? – Gerard exaltou-se. – Você ficou maluco?

– Não! – Uma garçonete aproximou-se, e Frank balançou a cabeça negativamente para ela. Ela mal conseguiu disfarçar o desagrado em seu rosto por ser dispensada. – Eu não posso simplesmente me relacionar com meu chefe, isso parece aproveitamento, sempre pareceu!

– Isso é um absurdo!

– Você sabe que não é.

Gerard soltou a mão de Frank e inclinou-se pesadamente para trás. Examinou Frank com o olhar por um instante, uma expressão pensativa em seu rosto.

– Você não precisa trabalhar lá. Venha morar comigo.

– O quê? – foi a vez de Frank se exaltar. Alguém a duas mesas de distância lançou-lhes um olhar curioso.

– Morar comigo, ora. Colocar suas roupas em um guarda-roupa de verdade, ter uma cama própria. Na minha casa.

– Mas, Gerard... Eu não posso fazer isso...

– Por que não?

– O que eles vão pensar de mim? – perguntou Frank, referindo-se aos colegas.

– Isso é relevante?

– Claro que sim! Eles descobrem que nós temos um... Bem, um relacionamento... E então eu simplesmente passo a morar com você? Eu não tenho emprego, e você não vai me sustentar.

– Eu posso fazer isso.

– Mas eu não quero que você me sustente! Eu tenho minhas próprias dívidas, meus gastos... Isso parece pior do que se eu trabalhasse para você.

– Então o que você quer fazer, Frank? – Gerard inclinou-se para frente. – Eu não quero mais ficar longe de você, então o que você pretende fazer?

– Eu não sei – disse Frank, atordoado. – Sei lá, talvez se eu tiver um emprego...

– Se você conseguir outro emprego você vai morar comigo?

– Não sei, acho que sim...

– E quando isso vai acontecer? – Gerard parecia ansioso.

– Eu não sei, como posso saber? – perguntou Frank, exasperado.

Gerard fez uma expressão de desagrado, e Frank acabou deixando uma risada escapar. Gerard sorriu um pouco contrariado, e a tensão anuviou.

– Você quer sair daqui? – perguntou Frank, tomando consciência de que sua conversa estava começando a chamar a atenção de mais curiosos.

– Com certeza – respondeu Gerard.

– Vou pegar dois cafés para a viagem então, e pagar por essa água. Se quiser pode esperar lá fora.

Gerard abriu a carteira e entregou uma nota para Frank.

– Eu não quero seu dinheiro – Frank retorquiu.

– Você tem um pagamento pendente este mês. Se isso faz você se sentir melhor, considere seu próprio salário – Gerard deu um sorriso maroto.

Revirando os olhos, Frank aceitou o dinheiro e Gerard saiu da cafeteria. Frank o encontrou na frente dela minutos depois.

– Para onde vamos? – perguntou Gerard, aceitando o copo que Frank lhe estendera.

– Podemos dar uma volta na praça se você quiser.

– Tudo bem.

Caminharam lado a lado em silêncio durante algumas quadras, bebericando seus copos de café, até chegarem na praça. Lá, encontraram um banco, onde sentaram.

– Então – começou Gerard, estendendo a mão para Frank. – Você só vai morar comigo se conseguir um emprego.

– Basicamente – respondeu Frank, entrelaçando seus dedos aos de Gerard.

– Tem certeza?

– Absoluta.

– Você é um homem muito teimoso, Frank Iero – replicou Gerard.

– Você também não passa longe. – Frank sorriu, inclinando-se no banco.

Um momento de silêncio passou enquanto ele observava as pessoas que passavam caminhando perto deles. De repente, se deu conta de algo.

– Você saiu de casa – comentou, um tom de surpresa presente em sua voz.

– Saí – respondeu Gerard, simplesmente.

– E você está bem com isso? – perguntou Frank, observando-o.

– Quando eu estou com você, fico bem com qualquer coisa – disse Gerard, soltando a mão de Frank e passando um braço sobre seus ombros. Frank aconchegou-se mais perto e pousou a mão em seu joelho. – Exceto com o fato de que você não quer morar comigo.

Frank deixou uma gargalhada escapar, e Gerard o acompanhou.

Os dois ficaram na praça até o sol se pôr, intercalando períodos de diálogo e silêncio, desfrutando da companhia um do outro e trocando pequenos carinhos enquanto observavam as pessoas passarem. Depois disso, Gerard chamou o motorista e levou Frank para o apartamento de Julian, onde precisou fazer uma força sobre-humana para recusar o convite para subir, porque sabia que se o fizesse, talvez não conseguisse se obrigar a ir embora depois.

Despediram-se com um beijo demorado e Gerard voltou para sua casa, torcendo para que Frank conseguisse um novo emprego o mais rápido possível.


Notas Finais


Então, que tal? Espero que tenham gostado. Obrigada pelos comentários que vocês tem deixado, amo saber o que vocês acham da história <3 Continuem deixando suas impressões aí pra mim! Beijos e até o próximo!


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