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História Behind the roses - XVIII - All your flaws and scars are mine


Escrita por: wellcarryon

Notas do Autor


Oi gente! O capítulo de hoje acabou de sair do forno e traz algo que sei que algumas pessoas aí estavam querendo ler... Enfim, boa leitura!

Capítulo 18 - XVIII - All your flaws and scars are mine


Frank acordou na manhã seguinte sentindo algo leve sobre suas costas. Piscou preguiçosamente, deparando-se com a penumbra de seu novo quarto. As cortinas eram pesadas e faziam um bom trabalho barrando a entrada de luz, mas ele conseguia ver o cintilar pálido do dia nevado contornando o tecido.

Apoiando-se nos braços, virou a cabeça para o lado e encontrou Gerard dormindo serenamente, com os cabelos esparramados pelo travesseiro e metade do rosto enterrado no tecido da fronha – a metade com a cicatriz. Sua mão direita era a responsável pelo peso nas costas de Frank.

Ele parou por um minuto para observar o rosto tranquilo de seu ex-chefe, de seu atual namorado. Essa palavra soava engraçada para seus pensamentos, talvez um pouco infantil. Ele pôs-se a analisar as feições do rosto – o ângulo da sobrancelha, o nariz afilado, os lábios levemente entreabertos – e imaginar como seriam se ele nunca tivesse sofrido aquele acidente. Tudo seria diferente, e com certeza Frank não estaria ali.

Devagar para não acordá-lo, Frank escorregou da cama e foi em direção ao banheiro. Quando voltou de lá, pegou o celular, calçou os tênis, vestiu um casaco e saiu do quarto pé ante pé, fechando devagar a porta atrás de si.

A casa parecia ainda mais silenciosa naquelas primeiras horas da manhã. Enquanto caminhava pela penumbra do corredor, viu no celular que eram 7h15. Desceu a escadaria e foi em direção à cozinha. Gerard preparara um excelente jantar na noite anterior, mas o café da manhã seria com Frank. E, definitivamente, um café da manhã muito simples, mas delicioso.

Vasculhou a geladeira procurando geléia, manteiga ou qualquer outra coisa que pudesse passar em sanduíches. Levou o que encontrou para a bancada e colocou o café para passar na cafeteira enquanto preparava os sanduíches.

Era seu tradicional café da manhã de todos os dias, antes de morar naquela casa, quando ele ainda vivia com a mãe. Ele adorava preparar para ela, mesmo sendo um simples pedaço de pão com cobertura. Era mais pelo carinho empregado na pequena atividade do que pelo sabor. As pessoas costumam dizer que o amor está nas pequenas coisas, então, bem... O amor de Frank estava em sanduíches com geléia para o café da manhã.

Ele colocou os sanduíches em um prato e preparou a mesa. Com tudo pronto, sentou em uma das cadeiras e olhou para o resultado, para a mesa posta para dois com gosto de família. Aos poucos a realidade se abateu sobre ele, levando algumas lágrimas aos seus olhos ante a percepção de que aquele seria o primeiro natal após a morte de sua mãe.

 

Gerard acordou e levou um instante para se situar no cenário. Ele estava no quarto de Frank, mas, ao contrário do esperado, a cama ao seu lado estava vazia. Ergueu-se nos cotovelos e esticou o pescoço para olhar para a porta aberta do banheiro.

– Frank? – chamou, mas não obteve resposta.

Sentou-se na cama, se perguntando se Frank teria se sentido pressionado e ido embora. Será que ele havia exagerado? Um anel, um quarto, dizer que o amava, talvez isso tudo fosse informação demais para assimilar de uma vez só. Ele devia ter ido com mais calma em vez de enfiar os pés pelas mãos. Levantou e saiu do quarto, a fim de procurar por Frank e torcendo para que, se fosse o caso, ele ainda estivesse na casa.

A casa estava silenciosa, mas depois de chegar ao andar de baixo ele ouviu pequenos ruídos vindos da cozinha, e seguiu para lá com cautela. Encontrou Frank sentado junto à mesa com a cabeça apoiada em uma das mãos e fungando.

– Frank?

Ele se virou, surpreso por ouvir a voz de Gerard quando nem o ouvira chegando. Seu rosto estava um pouco vermelho por um choro que já havia terminado.

– O que aconteceu? Você está bem? – perguntou Gerard, se aproximando.

– Estou bem, eu só estava pensando e fiquei um pouco sentimental. – Ele correu as mãos pelo rosto a fim de eliminar os vestígios das lágrimas. Gerard sentou na cadeira à sua frente e aguardou. – É o primeiro natal sem minha mãe, então...

Frank levantou a cabeça e encontrou Gerard lhe sorrindo gentilmente, oferecendo-lhe apoio.

– Se você não quiser sair hoje, por mim não tem problema...

– Não! Nós vamos sim... É importante pra você, Gerard.

– Você é mais importante.

– Pare de dizer bobagens, você precisa ver sua família. E eu vou com você. Estou bem, foi só um escorregão – assegurou Frank.

– Você sabe que não tem que ficar se fazendo de forte o tempo todo, não é? – perguntou Gerard, o observando seriamente. – Você não precisa fingir que não sente nada, se você quiser chorar, gritar, socar alguma coisa, você pode fazer isso.

Frank o fitou por um instante.

– Sim, eu sei – disse por fim. – O mesmo vale para você.

Gerard sorriu gentilmente.

– Bom, agora vamos nos concentrar no café da manhã – disse Frank, gesticulando em direção aos sanduíches que Gerard agora notava pela primeira vez. – Não teremos caviar para o café hoje, só alguns sanduíches com geléia e manteiga – brincou.

– Foi você que fez? – perguntou ele, pegando um sanduíche do prato e dando uma mordida.

– Claro, quem mais poderia ter preparado uma refeição tão trabalhosa? – Frank levantou e trouxe a jarra da cafeteira para a mesa.

– Estão ótimos – disse Gerard, de boca cheia.

Frank sorriu e serviu café em sua caneca, antes de passar a jarra para Gerard. Em seguida, pegou um sanduíche para si. Servidos, os dois deram continuidade às suas refeições. Após terminarem, arrumaram a cozinha e voltaram para o andar de cima.

– Eu estava pensando... – disse Frank, atraindo a atenção de Gerard enquanto caminhavam pelo corredor.

– Em que?

– Que roupa eu deveria vestir? Só lembrei disso hoje.

– Você pode vestir o que quiser, mas se sua intenção é não parecer muito deslocado... – Frank assentiu, pois esse era exatamente o ponto. – Bem, você tem alguma camisa?

– Ter eu tenho, mas provavelmente não do tipo que você está pensando.

Gerard sorriu.

– Se você quiser, talvez eu tenha algo que você possa usar. Não é do mesmo tamanho, mas pode ter algo que funcione.

Ele assumiu a direção do caminho e entrou em uma porta próxima à da sala onde Frank costumava deixar suas roupas. Quando este o seguiu, olhou com surpresa para o que descobriu ser o quarto de Gerard.

Era um ambiente de paredes de tom cinza claro, mas colorido por algumas pinturas estrategicamente posicionadas, que favoreciam o uso de diversas cores de roupa de cama para decoração. Naquele momento, a cor escolhida era o bordô. O quarto era amplo, maior que o de Frank, e possuía uma lareira e uma grande televisão de tela plana fixada a um painel sobre ela, aos pés da cama. De cada lado da cama havia um criado mudo com abajur, e o restante do ambiente era preenchido por duas poltronas e alguns tapetes.

Gerard avançou e adentrou em uma das três outras portas disponíveis no quarto – além da porta de entrada – a qual Frank logo descobriu pertencer a um pequeno closet. Em cabides por toda a volta, estavam as roupas de Gerard. Ele analisou rapidamente os cabides e escolheu três com camisas penduradas, entregando-os a Frank.

– Experimente essas, veja se alguma fica boa.

Olhando ao redor meio em dúvida, Frank pendurou os cabides em um suporte próximo e começou a se despir, sob o olhar de Gerard. Depois de tirar a camiseta com que dormira, Frank começou a rir.

– Que foi? – perguntou Gerard.

– Para de me olhar assim, está me deixando com vergonha – disse ele.

Gerard desviou o olhar para o chão e começou a assobiar, fingindo estar especialmente interessado por uma caixa de sapatos. Frank balançou a cabeça, sorrindo, e começou a experimentar as camisas.

A primeira camisa, de tom azul escuro, ficou um pouco grande, mas a segunda ficou mais próxima do tamanho de Frank e ele acabou não experimentando a terceira. Com a camisa em mãos ele voltou para seu quarto para se arrumar.

Eles se encontraram novamente, agora prontos, no quarto de Gerard. Frank vestia a camisa social cinza, por baixo da qual usava uma camiseta para se proteger melhor do frio. Estava com seu melhor par de calças, um jeans de lavagem escura, e seu melhor tênis, recém limpo para parecer ainda melhor do que realmente era.

– Que tal? – perguntou Frank, dando uma voltinha e esperando que estivesse tudo bem, porque ele fizera o melhor que pôde.

– Ótimo – disse Gerard, não resistindo em se aproximar para beijá-lo. Ele, por sua vez, estava usando uma camisa preta risca de giz e jeans de lavagem escura também.

Os dois levaram suas malas para o andar de baixo e se aprontaram para a viagem, guardando as coisas de última hora que ainda faltavam. Foi somente ao entrarem no carro e cumprimentarem Joel, o motorista – Frank percebeu com certo constrangimento que até então não sabia o nome do homem com quem já andara muitas vezes – que a viagem se tornou algo mais palpável, e conforme se deslocavam para a saída da cidade, uma pequena ansiedade se apoderou dos dois.

Aquele seria um almoço importante. Gerard estava tenso, porque era verdade o que dissera para Frank na véspera, sobre ele ser sua única família. De certa forma ele sentia não pertencer mais à sua família biológica. Eles pareciam ter continuado muito bem sem ele, e se reorganizado de forma que seu lugar vago tivesse se transformado e se preenchido com outra coisa, para não mais abrangê-lo.

Frank, por sua vez, mantinha os mesmos pensamentos de sempre, quando se via diante da perspectiva de encontrar a família de Gerard – sua insegurança sobre ser aceito, as reações que sua presença poderia provocar no ambiente, e agora, a forma como isso afetaria a Gerard. Pois agora ele não seria mais um amigo, ele seria quase um membro da família. Ele esperava que sua presença não influenciasse negativamente as tentativas de reaproximação de Gerard com sua família, depois de um afastamento tão brusco.

De qualquer forma, Frank sabia que precisava estar com Gerard para apoiá-lo e mostrar que mesmo que as reações não fossem boas, ele não estaria sozinho. Frank estava ali, e sempre estaria. Diante deste pensamento, esticou a mão e entrelaçou-a a de Gerard.

O toque repentino despertou-o de seus pensamentos, e ele virou a cabeça, encontrando o rosto sorridente de Frank a lhe tranquilizar. Sorrindo em resposta, ele se inclinou e o beijou. A partir de então, decidiu deixar seus pensamentos de lado e se concentrou em Frank, a pessoa que ele amava e amaria independente do que acontecesse naquele dia, independente de qualquer coisa. Pois era Frank, nos momentos ruins, quem conseguia parar todo o barulho.

 

– Nós vamos primeiro para o hotel fazer o check-in e deixar nossas malas – explicou Gerard, quando eles finalmente chegaram à Manhattan. – Ainda está cedo, então se você quiser descansar um pouco no hotel temos tempo para isso. Só não podemos demorar muito, porque com a neve e a cidade cheia de turistas, o trânsito pode ficar péssimo e o hotel não é tão perto.

Frank olhava pela janela sem disfarçar seu encanto, e não se virou para continuar a conversa:

– Onde sua mãe mora? – perguntou.

– Em frente ao Central Park.

– Wow. Tem mais alguma coisa fantástica sobre sua família que eu deveria saber? – perguntou Frank, com um sorriso zombeteiro.

– Não, acho que não – respondeu Gerard, fazendo cócegas no outro como forma de vingança pelo comentário maldoso.

Quando chegaram ao hotel, Gerard fez o check-in, as malas foram levadas para o quarto e os dois subiram para conhecer o lugar onde passariam a noite.

O “quarto”, na verdade, era dividido em dois ambientes, o quarto em si e uma pequena sala de estar. Além disso, possuía dois banheiros, um na suíte e outro no pequeno corredor a caminho da sala.

A decoração era suave, em tons de cinza e vermelho distribuídos em detalhes pelos cômodos, especialmente nos sofás e na cama, e de forma a não deixar o ambiente pesado. Frank caminhou pelo quarto e depois de conhecer o ambiente, jogou-se na cama. O colchão era macio e confortável, e ele teve vontade de não levantar dali tão cedo.

Gerard acomodou as malas a um canto do quarto, ignorando o guarda-roupa já que não pretendiam ficar muito tempo, e checou rapidamente o local enquanto Frank o observava da cama. Seu olhar era mais crítico do que o de Frank, observando mais se o hotel cumpria com o que era ofertado do que se parecia um lugar “legal”.

Dando-se como satisfeito, ele voltou para o quarto, sorrindo ao ver Frank esparramado na cama.

– Vamos? – disse, gesticulando para a porta.

– Ah, mas já? Você está analisando esse quarto como se fosse comprá-lo e não vai nem deitar aqui rapidinho pra ver se a cama, que é o principal, parece boa o suficiente?

Gerard revirou os olhos e se aproximou, deitando ao lado de Frank. Remexeu-se, fazendo uma expressão pensativa.

– É, parece boa o suficiente – disse por fim.

Frank rolou para o lado e se apoiou nos cotovelos, seu rosto pairando sobre o de Gerard.

– Parece mesmo – concordou, abaixando-se para beijá-lo. Gerard levou uma das mãos à sua nuca e aprofundou o beijo.

– Ok – disse Gerard, após um instante. – Acho que agora nós realmente devemos ir...

Frank se levantou, puxando Gerard pela mão, e os dois deixaram o quarto, rumo ao elevador.

O trânsito estava um pouco lento devido ao tempo e às festividades de natal, mas eles conseguiram chegar dentro do horário. Enquanto subiam pelo elevador privativo até o apartamento de Eileen, os dois novamente se deixaram tomar pelo nervosismo. Antes de sair do elevador, Gerard tomou a mão de Frank e segurou-a firmemente na sua. Frank afagou-o com o polegar e, juntos, eles saíram do elevador para o luxuoso apartamento.

Estavam em um ambiente grande, que mesclava o hall e a sala de estar. A decoração era como o esperado para Frank: tão cara quanto possível, mas com um leve toque natalino. Do sofá a sala, onde estava com Michael, Samantha acenou ao vê-los.

– Gerard! – disse Eileen, que se aproximara para recepcioná-los. Seus cabelos levemente loiros estavam presos em um penteado sofisticado como o do casamento, e ela usava um vestido tubinho em tons de creme e dourado.  Tinha uma taça em mãos. – Pensei que você não viesse.

A mulher cumprimentou o filho com dois beijos rápidos, um em cada bochecha, e ao se afastar o observou avaliativamente com um sorriso estranho no rosto. Logo seu olhar pousou em Frank, que estava logo atrás, e escondera as mãos unidas dos dois atrás de Gerard, sentindo que talvez não fosse uma boa ideia mostrá-las. A expressão de Eileen se transformou em curiosidade.

– E você...? – perguntou ela, olhando de Frank para Gerard e de volta para Frank.

Ele abriu a boca para responder, mas Gerard foi mais rápido, puxando-o para seu lado.

– Este é o Frank. Nós estamos juntos.

Um silêncio quase palpável recaiu sobre o ambiente, tanto ali, no hall, quanto na sala, onde Michael e Samantha observavam com atenção, o primeiro com um sorriso se insinuando no canto da boca. A expressão que tomou conta do rosto de Eileen foi algo maior que surpresa. Ela encarou o filho como se o visse pela primeira vez.

– Você é gay?

Gerard ergueu a mão entrelaçada à de Frank, que observava os dois apreensivo.

– Você realmente precisa perguntar? – disse Gerard seriamente.

– Pensei que ele trabalhasse pra você – sussurrou ela para Gerard, como se Frank fosse surdo.

– É uma longa história – respondeu ele, encarando-a.

Eileen manteve uma expressão indecifrável no rosto, então aos poucos o mundo pareceu voltar à velocidade normal. As pessoas soltaram as respirações que estiveram prendendo, e ela estendeu a mão para Frank.

– Prazer, Eileen – disse.

– O prazer é meu – ele respondeu, soltando a mão de Gerard para apertar a dela.

Um homem de meia idade entrou na sala, o mesmo que a acompanhara no casamento.

– Ah, querido. Venha cá – disse Eileen ao avistá-lo, gesticulando para que ele se aproximasse. – Esse é o Richard. Nós também estamos juntos.

Passadas as apresentações e cumprimentos, os dois tiveram seus casacos removidos, receberam taças de champanhe e foram guiados para a sala de estar, onde se mantiveram reunidos até o suntuoso almoço ser servido.

 

Estranha – essa era a melhor palavra para descrever como a “reunião de família” se desenrolou.

A mãe de Gerard parecia se esforçar para parecer simpática, mas era evidente que a notícia de ter um filho gay a havia afetado de alguma forma. Como ela estava tratando os dois bem – tão bem quanto sua própria personalidade permitia, apesar de lançar alguns olhares estranhos para os dois ocasionalmente – talvez o problema não fosse algum tipo de preconceito, mas sim algo que estivesse se passando por sua cabeça, e que permaneceu um mistério durante todo o tempo.

Ela perguntou a Frank sobre sua vida – o que ele fazia, de onde viera –, o que gerou uma rodada de constrangimentos, mas também esclareceu um pouco suas dúvidas, já que de certa forma ela estava certa. Embora no casamento Frank não estivesse a trabalho, ele não deixara de ser empregado de Gerard na ocasião.

Gerard aliviou o clima perguntando sobre Richard, e afinal descobriu como ele surgira na vida de Eileen: eles se conheceram há dois anos, no trabalho, e desde então o relacionamento evoluiu de amizade para romance. Estavam morando juntos há meio ano.

A partir daí, as conversas se desenrolaram em coisas mais leves e cotidianas, especialmente sobre Michael e Samantha, e seus planos para a viagem de lua de mel, que ainda não havia acontecido.

Após o almoço, Gerard foi convidado a apresentar suas habilidades no piano que estava a um canto da sala de estar, o que negou com veemência, de forma que acabou sendo responsabilidade de Richard tomar a frente no instrumento.

A música lançada ao ambiente foi como uma distração para Frank, e embora suas preferências musicais pendessem para outras vertentes, ele não pode deixar de se sentir tele-transportado daquele ambiente caótico para um lugar mais tranquilo enquanto o homem corria os dedos pelas teclas e transformava-as em música.

Ele e Gerard escapuliram do encontro ainda cedo, e não puderam evitar respirar aliviados enquanto o elevador os conduzia para o térreo. Pelo menos, agora estavam livres por um bom tempo. A cota de encontros familiares do ano havia acabado.

 

Os dois caminharam pelo Central Park por algum tempo, mas depois decidiram voltar para o hotel. Embora aproveitar a cidade no natal fosse algo tentador, os dois pareciam concordar que o esforço social do almoço havia deixado ambos mentalmente exaustos e totalmente sem ânimo para caminhar no frio e na neve.

Gerard contatou o motorista, que foi buscá-los e levou-os para o hotel. Adentrar o prédio aquecido fez Frank suspirar de alívio, e Gerard riu enquanto eles subiam pelo elevador. Assim que Gerard abriu a porta do quarto, Frank passou por ele e se jogou na cama.

Gerard trancou a porta e entrou na suíte, caminhando em direção à sua mala. Frank se remexeu e passou a observá-lo.

– Vou tomar banho – anunciou Gerard, adentrando o banheiro da suíte com uma roupa íntima limpa e puxando a porta de vidro.

Frank limitou-se a voltar a se esticar na cama, encarando o teto ainda iluminado pela luz do fim do dia, que vinha do lado de fora. Depois de alguns minutos, esticou-se e pegou o controle da televisão no criado mudo, ligando o aparelho e zapeando pelos canais a cabo.

Quando Gerard saiu do banheiro algum tempo depois, Frank desviou os olhos da televisão para observá-lo, e logo um sorriso malicioso brotou em seus lábios diante da visão do homem vestido com um roupão felpudo do hotel e enxugando os cabelos molhados com uma toalha. Frank não estava acostumado a ver Gerard vestindo coisas tão normais.

Sentou-se na cama e ficou observando o homem, que não percebera o olhar do outro pousado em si. Ele continuou com a tarefa de secar os fios um pouco compridos, movimentando a toalha pela cabeça e por vezes tendo sua cabeça inteira coberta por ela. Quando se deu por satisfeito, voltou para pendurar a toalha no banheiro, e quando se virou, deparou-se com o olhar de Frank a lhe observar, com uma expressão travessa no rosto.

Aproximou-se da cama com curiosidade, e quando chegou perto o suficiente do alcance de Frank, este o puxou pela faixa do roupão, fazendo-o ofegar pela surpresa antes de ter seus lábios tomados pelo outro em um beijo que logo se intensificou.

Frank puxou-o para cima da cama, fazendo com que Gerard precisasse se equilibrar para não tombar sobre seu corpo. As mãos de Frank correram por entre seus cabelos úmidos e adentraram a gola do roupão, sentindo a pele sedosa e áspera em alguns pontos, onde era coberta por cicatrizes.

Quando o beijo se interrompeu por um instante, Frank empurrou Gerard e inverteu as posições. O homem se içou mais para perto dos travesseiros e observou Frank com um olhar intenso, no qual Frank podia ler a pergunta implícita. Mas ele estava certo do que estava fazendo. Eles estavam juntos já há algum tempo, ele amava Gerard, com todas as suas imperfeições, e o incômodo que começava a surgir em suas calças confirmava o que sua mente pensava. E dessa vez ninguém os interromperia.

Gerard, por sua vez, não conseguia se obrigar a dizer nada, apenas se deixou levar pelas ações de Frank. O menor acomodou-se sobre ele, apoiando-se nas mãos e nos joelhos enquanto se inclinava para beijá-lo. Já fazia muito tempo desde seu último contato sexual com outra pessoa. Cinco anos, precisamente. Ele tinha vergonha de seu corpo, e apenas esperava que Frank não se arrependesse do que começara.

Como se respondendo às suas apreensões, Frank desceu com os beijos pelo rosto de Gerard até alcançar seu pescoço, onde sugou a pele lançando um arrepio ao corpo do homem, que não pôde conter um grunhido. Frank enganchou um dedo na faixa de seu roupão e desfez o nó. Abriu o roupão com delicadeza, expondo o peito nu do outro.

A cicatriz de Gerard, que ele só vira até onde ficava à mostra nas roupas, se estendia também pelo seu peito e abdome. Frank continuou criando uma trilha de beijos pela pele exposta, conhecendo cada centímetro do corpo que lhe era novidade e deixando uma trilha de saliva, até chegar à peça íntima, a única coisa que Gerard vestia por baixo do roupão.

Ele ensaiou puxá-la para baixo, mas sorrindo com malícia e contrariando as expectativas, se endireitou e se posicionou com uma perna de cada lado do quadril de Gerard, friccionando o próprio quadril sobre sua ereção.

Isso bastou para que Gerard, com um ofego, resolvesse mudar um pouco a situação. Inverteu as posições novamente, unindo seus lábios aos de Frank, que enlaçou as pernas em seu quadril e adentrou seus cabelos com as mãos.

Quando o beijo se interrompeu brevemente, Gerard sussurrou contra os lábios de Frank:

– Gostei de ver você com minha camisa, mas não vejo a hora de poder tirá-la.

Frank sorriu antes de tomar os lábios de Gerard de volta, sugando e mordendo o inferior enquanto ele desabotoava sua camisa. Frank se ergueu, retirando a peça e a camiseta que usava por baixo e lançando-as pelo quarto. Em seguida, deixou-se cair contra o colchão enquanto Gerard percorria com as mãos o seu tórax, massageando a pele lisa até chegar às suas calças. Desabotoou-as e abriu o zíper, displicentemente roçando os dedos sobre o volume que encobriam antes de puxá-las para baixo junto à peça íntima de Frank.

Imediatamente tomou o membro com uma das mãos, iniciando com movimentos lentos e rítmicos que fizeram Frank arquear as costas e deixar um gemido escapar. Logo Gerard tratou de se livrar de suas últimas peças de roupa, e após uma breve preparação em meio a beijos e ofegos, Gerard penetrou-o e os dois corpos se fundiram, tornando-se um só.

Após o sexo, os dois permaneceram abraçados na cama até suas respirações e batimentos cardíacos se normalizarem. Gerard desenhava círculos sobre a pele nua das costas de Frank, enquanto este descansava a cabeça em seu peito e mantinha um braço envolvendo seu tórax.

Alguns minutos se passaram quando Frank se ergueu nos cotovelos e aproximou-se para beijar Gerard, agora de forma tranquila e sem pressa.

– Feliz natal, Gerard Way – sussurrou ele contra os lábios do outro, sorrindo com ar de diversão, ao que Gerard respondeu com uma risada.

– Feliz natal, Frank Iero.

Lutando contra a preguiça, Frank levantou e puxou Gerard pela mão em direção ao banheiro, onde os dois tomaram banho juntos e se livraram dos vestígios de suas atividades. Depois, pediram o jantar no quarto e aproveitaram o restante da noite para ficar abraçados, assistindo televisão e trocando pequenas carícias, até pegarem no sono.

 

Frank acordou pela manhã com o som de seu celular tocando. Saiu da cama cambaleando pelo sono, e procurou o celular com pressa, antes que o ruído acordasse Gerard. Encontrou o aparelho caído no chão, perto de onde suas roupas foram parar na noite anterior. O número na tela não lhe era familiar.

– Alô? – Atendeu em voz baixa, e parou por um instante enquanto ouvia a voz do outro lado. – Sim, sou eu. – Outra pausa, e assim que ouviu o que a pessoa tinha a dizer, sua boca se abriu em espanto. – O quê?!


Notas Finais


Então... O que acharam? Peço desculpas se o capítulo tiver deixado a desejar, mas eu não sou boa escrevendo pegação e também estou passando por uma crise de inspiração. Espero que pelo menos tenha agradado um pouco!

Sobre o almoço, talvez e provavelmente vocês estejam com um "só isso???" piscando na cabeça, mas não se preocupem que essa reação meio misteriosa da Eileen vai ser explorada novamente no futuro com mais atenção, considerando as ideias que tô pensando aqui. Não quis bombardear vocês com isso de uma vez só fdjkhljf.

Agora, sobre o final: quem será que ligou pro Frank?

Obrigada pelos comentários e favoritos, amo ler o que vocês escrevem. Agora me digam vocês o que acharam desse capítulo! Se encontrarem erros, perdão, e podem me avisar pra consertar, eu revisei 50 vezes, mas ainda sinto que algo está escapando... Beijos!


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