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História Behind the roses - VII - Why don't you go there with me?


Escrita por: wellcarryon

Notas do Autor


Oi, falo com vocês nas notas finais. Boa leitura!

Capítulo 7 - VII - Why don't you go there with me?


Na manhã seguinte, Frank acordou com um solavanco. Abriu os olhos, vendo pontinhos brilhantes piscando em sua visão pelo susto e o despertar repentinos. Podia ouvir pequenos ruídos vindos dos quartos vizinhos, mas por incrível que parecesse, seus colegas não estavam fazendo nenhum barulho que pudesse acordá-lo. Não, a casa estava bastante silenciosa, agitando-se vagarosamente para começar mais um dia.

Movimentou-se na cama, sentindo o coração agitado no peito. Havia dormido com o corpo torto, abraçado em si mesmo, e conseguia sentir os músculos protestando.

Dormido. Essa não era uma boa palavra para definir a noite que tivera. Foi como se seu cérebro houvesse passado o tempo todo ligado à tomada, enquanto seu corpo fazia o possível para descansar diante dessas condições. Imagens de explosões e fogo rodopiaram por trás de suas pálpebras o tempo todo, assim como o pensamento de que havia feito algo errado.

Ouviu os passos dos colegas no corredor, e considerou isso como o aviso para sair da cama e se preparar para o dia. Mais uma vez sentiu os músculos tensionados protestando pelos movimentos, mas ignorando-os tanto quanto possível, pegou suas roupas de trabalho e rumou para o banheiro.

Todos estavam quietos no café da manhã. Pelo visto, a ressaca acertara em cheio aos seus colegas, e Frank decidiu por fingir que estava nas mesmas condições. Até então, ninguém sabia que Frank não passara a noite toda em seu quarto. Ninguém sabia que ele havia descoberto coisas que não deveria, nem o quanto ele se sentia culpado por isso.

Passou uma das mãos pela testa, sentindo na palma a textura dos pontos que levara no supercílio por conta da agressão, e levou-a até os cabelos, onde emaranhou seus dedos, adicionando uma nota mental aos seus problemas: precisava tirar aqueles pontos, pois o tempo já estava passando.

Não estava com fome, seu estômago estava pesado como se ele tivesse comido um pedaço de concreto. Ele não havia, é claro. Estava mais para um grande e compacto pedaço de culpa, engolido a seco.

Suas tarefas da manhã incluíam a limpeza do corredor de acesso aos quartos e à cozinha, bem como preparar a lista de compras para a tarde. Frank arrastou-se para elas com indisposição, sentindo como se a culpa que estivera compactada em seu estômago no café da manhã houvesse se materializado sobre seus ombros, curvando-os para baixo.

Mas, além da culpa, havia outro sentimento. Temor.

Ele não queria nem começar a pensar em como Gerard se sentira ao lhe contar todas aquelas coisas, ou em como estaria se sentindo agora. Todas aquelas lembranças dolorosas vindo à tona em sua mente... Mas o pior de tudo, a parte mais cruel e também a razão da sua inquietude, era perceber que Gerard pensava que tinha feito algo errado. Naquele momento de desespero ele tomara uma decisão, que culminou em uma consequência. E isso era tudo que Gerard conseguia ver.

Ele não via que talvez – e quanto a isso Frank só podia supor, pois não conhecia o irmão dele – Michael pudesse se sentir grato por estar vivo, coisa que não teria acontecido se não fosse arrastado para fora do carro, mesmo que para isso tivesse de ficar aprisionado pelo resto da vida em uma cadeira de rodas.

É fácil e difícil tirar conclusões por conta própria e colocá-las como perspectiva de outra pessoa, mas Frank preferia pensar que, se Michael tivesse morrido anos atrás, hoje não estaria se casando. Por mais que sua prisão eterna pudesse ser possivelmente um pesadelo, pelo menos ele estava seguindo com sua vida. Ao contrário do irmão.

Frank continuou remoendo esses pensamentos pelo resto da manhã, enquanto varria e lavava o chão, enquanto tentava ser rápido o suficiente para anotar tudo que Bob disse que deveria ser comprado e enquanto almoçava, até ser obrigado a deixá-los de lado para se concentrar em sua ida ao mercado. Passava das 13h quando o motorista chegou para levá-lo, e na companhia um do outro seguiram um caminho silencioso até o local.

Pouco mais tarde o carro parou em frente ao supermercado, e Frank agradeceu pelo percurso antes de descer do veículo. O céu estava limpo naquela tarde, o sol lançando seus raios quentes sobre a cidade e aquecendo as pessoas que caminhavam pelas ruas, cada vez mais frias conforme o avançar dos dias.

Desejou poder esgueirar-se até a praça mais próxima e sentar por alguns minutos em um dos bancos, para tomar um pouco de sol e ouvir os pássaros cantando nas árvores, mas infelizmente não tinha tempo para isso. Atravessou a rua e adentrou o supermercado.

Caminhar pelo estabelecimento – tão repleto de variedades de marcas e produtos – tentando encontrar exatamente as coisas que Bob lhe pedira ainda era uma tarefa muito difícil para Frank. Quando ele vivia com sua mãe, geralmente faziam suas compras em um lugar menor e escolhiam os produtos pelo menor preço. Como na casa do Sr. Way o dinheiro não era um problema, Frank descobriu o que significava caminhar repetidas vezes em um mesmo corredor, tentando encontrar exatamente o tipo certo de farinha para que Bob fizesse o tipo certo de bolo ou qualquer outra coisa que levasse farinha.

Foi em uma dessas longas caminhadas – onde tudo o que via na prateleira parecia não ter nada a ver com o que procurava – que Frank ouviu seu nome sendo chamado. Virou-se, reconhecendo a voz mesmo antes de localizar sua origem.

– Que coincidência encontrar você aqui, eu estava mesmo querendo falar com você – disse Julian, aproximando-se pelo corredor e saindo de trás do carrinho de compras para cumprimentá-lo com um abraço.

– Estava? – perguntou Frank, abraçando-a e em seguida se afastando para observá-la.

– Sim! – confirmou, abrindo sua bolsa a tiracolo e vasculhando seu interior atrás de alguma coisa. – Eu fiquei sabendo de uma festa, bem... Não exatamente uma festa... De qualquer forma, achei que você gostaria...

Ela finalmente encontrou o que procurava, puxando de dentro um papel um pouco amassado.

– É um evento de Halloween, nesse papel tem todas as informações. Você pode ficar com ele – disse, entregando o papel a Frank e tirando uma mecha de cabelo do rosto. – Acho que você tem cara de quem gosta de Halloween.

Frank sorriu pelo comentário, enquanto corria o olhar pelo folheto. Realmente.  Além de ser seu aniversário, o Halloween sempre foi sua festividade favorita.

Foi com um pequeno choque que percebeu que a data estava a apenas alguns dias de distância. Com tantas coisas ocupando sua mente, nem percebeu o tempo passar.

– Você vai, não é? – perguntou Julian, observando-o esperançosa e fazendo com que ele desviasse a atenção do papel para ela.

– Não sei... – respondeu Frank, pensando em tudo o que sair de casa implicava.

– Sabe, você vai sim – decretou Julian. – Nem sei por que perguntei. Leve alguém com você. Nos vemos lá, certo?

Frank hesitou por um instante, antes de assentir. Seria seu aniversário, afinal. Talvez conseguisse um adiantamento de salário.

– Ótimo – disse Julian, sorrindo. Em seguida aproximou-se novamente para se despedir com um abraço. – Preciso ir, hoje é dia de encontro com o grupo de apoio. Escolha uma fantasia legal – declarou, empurrando o carrinho pelo corredor.

– Ok, até mais – disse Frank, e observou-a se afastar.

Correu os olhos mais uma vez pelo folheto, antes de guardá-lo no bolso do casaco. Se não se concentrasse na lista de compras, nunca a terminaria a tempo. Cerca de três horas mais tarde – porque Frank se confundira muitas vezes com a variedade de produtos e com a enorme quantidade de itens da lista – Frank finalmente voltava para casa.

 

Depois do jantar, Frank foi para seu quarto e trocou de roupas. Ainda estava cedo para dormir, e mesmo que não estivesse ainda havia muito barulho na casa para que isso fosse possível. Lançando um olhar demorado pelo quarto em busca de algo para fazer, encontrou o livro que pegara emprestado do Sr. Way no dia anterior, desde então intocado sobre a escrivaninha.

Novamente o sentimento de culpa o confrontou, e Frank decidiu dar continuidade à leitura para se distrair. Acomodou-se em sua cama, pegou o livro e retomou-o de onde havia parado, levando poucos minutos para estar totalmente imerso na história.

 

Concluiu o livro cerca de duas horas mais tarde. A história era uma ficção sobre mensagens em garrafas, e Frank permaneceu alguns minutos sentado em sua cama, sentindo o impacto causado pelo término do livro e refletindo sobre ele.

Quando sentiu que havia absorvido o que acabara de ler, devolveu o livro à escrivaninha e pôs-se de pé. Ainda não estava com sono, embora já fosse quase meia noite e seus colegas estivessem praticamente em total silêncio nos quartos vizinhos. Pensou em alguma outra coisa para fazer e lembrou-se do folheto sobre a festa. Encontrou-o no bolso do casaco e leu novamente as informações, dessa vez com mais atenção.

A festa seria ao ar livre em um parque local, e contava com diversas atrações, como brinquedos, barraquinhas de atividades com prêmios, concurso de fantasias, e até mesmo um cinema ao ar livre, entre outros. A entrada seria no valor de dois dólares, e garantia livre acesso à algumas das atrações, enquanto outras precisariam ser pagas separadamente, embora o valor também fosse baixo.

De repente, uma ideia se instalou na mente de Frank, fazendo-o franzir o cenho. Era absurda, mas... Talvez fosse uma boa forma de se desculpar pelo que havia feito – embora, talvez, também fosse um bom jeito de arranjar mais problemas. Lançando um olhar ao livro na escrivaninha e voltando-o ao folheto, tomou sua decisão.

 

No andar de cima, Gerard estava ocupado em seu estúdio, pintando. Uma alta luminária de chão estava posicionada ao seu lado, iluminando a tela onde a mistura de cores e de traços de tinta davam vida ao rosto de uma mulher.

Seus cabelos eram loiros, com uma franja curta a lhe conferir uma aparência graciosa, somada aos grandes olhos azuis e lábios cheinhos. Seu olhar estava perdido em algum ponto ao lado esquerdo de quem tirara a foto-base da pintura. Pareceria uma criança, não fossem os traços já um pouco amadurecidos de alguém que deveria ter entre 25 e 30 anos.

Envolver-se com a arte era, para Gerard, transportar-se para outro lugar. Além, é claro, de servir como uma fonte de renda, já que não mais saía de casa para tal. Algumas pessoas que viram seu trabalho antes do acidente, e do qual já eram grandes apreciadoras, começaram a fazer encomendas com os mais diversos temas – pinturas abstratas, paisagens, flores... Mas a preferência inegavelmente era pelos rostos, retratados de forma realista.

Como geralmente as pessoas que lhe faziam essas encomendas pertenciam às classes mais altas, Gerard conseguia lucrar alguma coisa com isso. Mas não fazia apenas pelo dinheiro, é claro. A arte precisa ser amada, antes de executada. E Gerard a amava muito, talvez por ser a única coisa que lhe restara.

Naquela noite, ele pintava concentrando sua mente na tela e em suas cores, evitando pensar no que tomara sua mente o dia inteiro. Pela primeira vez, uma de suas barreiras intransponíveis havia sido quebrada, e ele se sentia frágil por conta disso. Como se um vendaval fosse capaz de soprar o resto de suas estruturas e mandá-las por alto.

Alguém sabia sobre sua vida, alguém com o qual não tinha laço algum, e que agora tinha uma carta valiosa na manga para ser usada contra ele.

Interrompendo seus pensamentos, Gerard ouviu batidas na porta do seu escritório, no cômodo ao lado. Franziu o cenho, olhando para o relógio em seu pulso, que lhe confirmou o que já imaginava: estava tarde, próximo da meia-noite, e nenhum de seus empregados costumava ir até ele a essa hora. Teria acontecido alguma coisa?

Confuso, abriu a porta de conexão entre o estúdio e o escritório bem no momento em que a porta do escritório se abria, fazendo surgir a cabeça de Frank Iero, que olhou ao redor com curiosidade e receio, até encontrar a figura que procurava – fechando a porta que nunca vira aberta.

Para Frank, mesmo naquela escuridão, quebrada apenas pela janela aberta, Gerard parecia estar bem, parado, encarando-o com curiosidade.

– Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou.

– O quê? Ah, não. Não senhor – começou Frank, tomando coragem para ser rápido e terminar logo com aquilo. – Na verdade é uma bobagem... Eu terminei o livro que o senhor me emprestou e vim até aqui lhe devolver, e aproveitar para... Ver como você está.

Gerard analisou-o por um segundo, atrás de algum traço de escárnio, antes de responder.

– Estou bem, e você?

– Hum... Bem, também – respondeu Frank. – Hum, você já leu esse livro?

– Não... – respondeu Gerard, franzindo o cenho.

– Bem, então talvez você devesse, senhor. A história é muito boa.

Gerard assentiu, e o silêncio recaiu sobre eles por um instante, no qual ambos se encararam na escuridão, já que o abajur ainda não havia sido reposto.

– Bem, é isso – disse Frank, estendendo o livro para Gerard. – Obrigada pelo livro, boa noite senhor.

E com isso, Frank se retirou do escritório, fechando a porta atrás de si e respirando profundamente. Estava feito, e entregue nas mãos do destino. Desceu as escadas depressa e tão silenciosamente quanto possível, avançando para a porta do corredor. Estava terminando de fechá-la quando Ray surgiu na porta do banheiro, pronto pra tomar banho, a julgar pelas roupas desarrumadas.

– O que você estava fazendo? – perguntou ele, olhando para Frank com uma expressão que mesclava curiosidade e desconfiança.

– Nada – respondeu Frank, depressa demais, como percebeu assim que terminou. – Só pegando uma coisa que esqueci.

Ray continuou analisando-o com desconfiança, antes de dar de ombros e entrar no banheiro. Frank esperou alguns segundos antes de suspirar com alívio e encaminhar-se para seu quarto, trancando a porta e preparando-se para dormir.

 

Gerard voltou para o estúdio com o livro nas mãos, observando-o com curiosidade. Assim como muitos dos títulos nas prateleiras, sequer lembrava-se de tê-los comprado, ou a quem pertenceram de fato. Sentou novamente no banco em que estivera, em frente a tela, e leu a contra-capa do livro. Folheou brevemente suas páginas, ao que encontrou um papel dobrado. Retirando-o de lá, abriu-o e descobriu tratar-se de um folheto sobre uma festividade de Halloween, que aconteceria no último dia do mês.

No canto inferior da página havia um convite, escrito à caneta em uma caligrafia apressada. Gerard sorriu consigo mesmo, sem acreditar no que acabara de acontecer. 


Notas Finais


Então, sobre o fato de que eu disse que voltaria mais rápido e demorei mais de um mês: acabei de enfrentar o pior bloqueio criativo de todos os que já tive, e vocês não fazem ideia de quantas vezes eu comecei esse capítulo sem conseguir chegar a lugar algum. Sério. Ainda não ficou muito bom, e acho que vocês vão encontrar alguns erros embora eu tenha revisado, mas foi o melhor que consegui fazer dadas as circunstâncias.
Quando comecei essa fanfic o plano era ter sempre pelo menos um capítulo já pronto a frente de cada um que fosse postado, mas já deu pra notar que não deu certo né. Sou humana, faz parte. E graças ao bloqueio, perdi o tempo livre que tinha. Não vou prometer muito, porque também já deu pra notar que meus planos e essa fanfic não formam um bom casal, mas vou tentar atualizar uma semana sim, outra não. Vamos ver se isso dá certo. De qualquer forma, mais uma vez, como tem sido comum nas notas finais de BTR, desculpem pela demora.

Mas enfim, voltando ao capítulo: o que será que o Gerard vai decidir, hein?
Vejo vocês nos comentários e no próximo capítulo, até mais! ^~^


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