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História Behind The Secrets - Fourth Season - Dont you trust us?


Escrita por: featollg

Capítulo 27 - Dont you trust us?


- Quem era aquela mulher, Justin? - Falo fervendo de estresse. - Por que a nossa cama está bagunçada, você estava sozinho com ela e sem camisa?

- Foi porque ela apareceu aqui do nada.

- Quem era aquela mulher? - Falo olhando nos olhos dele. - Essa é a última vez que eu vou te perguntar. - Ele engole seco e ainda estava muito tenso. O que há de errado?

- Ela apareceu esses dias e disse que eu tinha ficado com ela durante aquela época... Da amnésia, sabe? Então ela é amiga de um cara que mora aqui no condomínio, me viu caminhando e parou para falar comigo. - Ele diz calmo, sincero.

- Ela te viu caminhando e vocês vieram pra cá? Foi isso?

- Não. - Ele diz nervoso. Suspiro fundo e então Justin não tira os olhos dos meus. Ele está realmente tenso. Por que simplesmente não me explica? 

- Vocês transaram?

- ÓBVIO que não - ele fala incrédulo. Isso eu já sabia. - Ela só me beijou... - Ele diz ao desviar o olhar. - Você quer conversar agora? Por que voltou antes?

- Eu voltei à toa. - ignoro o que ele me disse. Então o que eu vi na calçada realmente foi um beijo... Ou talvez tenha sido antes disso, e foram vários? Talvez dois, três? - Foi por isso que vocês estavam lá fora?

- Foi antes. - Mais de um beijo. 

- Então ela já estava aqui com você, na cama. - Digo calma, porém séria. Ele esfrega as mãos impaciente.

- Mellanie. - Ele me para e toca minha perna esquerda. Fico de pé e vou até o quarto, logo pego meu celular e volto até ele conforme ligo para Jade enquanto ele ainda me olha, sentado. Preocupado.

 

- Amiga, onde você está?

- Na Bobb com seus filhos e minha sobrinha.

- Estou indo aí! Voltei de viagem agora.

- JURA??? OKKK.
 

Desligo e Justin vem atrás de mim.

- Mellanie.

- Eu voltei quatro dias antes, passei 15 dias fora e você teve a coragem de trazer uma mulher para casa? Que escroto. - Falo brava e ele nega com a cabeça.

- Não. Eu não fiz isso. Não foi assim. Mellanie. Você não vai sair agora, vamos conversar. Você nem me avisou que voltaria hoje.

- Eu nem deveria ter voltado. Eu vou sair agora. Eu quero ver meus filhos, não você. - Ele se aproxima novamente e tenta me impedir.

- Você vai me tratar desse jeito sem nem mesmo saber o que houve?

- Você deu o maior chilique antes da minha viagem porque eu fiquei no mesmo andar que o Steve durante todo esse tempo, implicou com o Thomaz, disse que eles se aproveitariam de mim... Eu chego em casa de surpresa e me deparo com uma ruiva do tamanho da Vallery falando com você - enquanto você está sem camisa, o cabelo desfeito, com cara de quem transou agora, nossa cama bagunçada, as crianças fora, o que mais? - Cruzo os braços e ele nega com a cabeça diversas vezes. Quase choro, mas me seguro. Que ódio de presenciar uma situação como essa e vê-lo nervoso. Quem não deve não teme.

- Mellanie, você sabe que não foi nada disso. - ele segura meu braço. - Foram apenas coincidências. - OH, COINCIDÊNCIAS? - Ela me encontrou tem uns cinco dias, mas eu nem sei direito quem é ela. Eu sei que eles tentaram ficar com você. - arregalo os olhos. Sério que ele disse isso? Não tinha uma frase melhor para dar continuidade à discussão? O que eu tenho a ver com o que ele fez?

- Você é ridículo. - Entro no quarto e calço uma sapatilha qualquer. Prendo meu cabelo num coque e pego as chaves da minha Range Rover, logo minha bolsa pequena e ele desce atrás de mim conforme corro até a porta. - Sai de trás.

- Eu vou com você.

- Você não vai mesmo.

- Tudo de novo não... - Entro no carro às pressas e ele entra no banco do passageiro. - Você vai me ouvir agora. Por que você voltou antes?

- Eu acho que essa questão é a menos importante no momento. - Ele assente bufando e eu ligo o carro. - Se você quiser conversar a respeito, não será agora. Eu estou indo ver meus filhos e distrair a cabeça.

- Você nem me deixa explicar como tudo aconteceu.

- Antes nada tinha acontecido... Agora é "tudo"? Que bom, né? Você me faz ficar arrependida por só ter me aproveitado um pouco do Steve. - Ele arregala os olhos.

- Eu sei que você não ficou com ele.

- Não foi isso que eu disse, preste atenção. 

- Mas eu sei que não. Eu acredito em você. - Ele abre a porta do carro inquieto. - Eu só estou feliz que você voltou. De verdade. - Ele toca minha perna direita com cautela e desce do carro. Assim que fecha a porta, saio da garagem e logo vou até a tal sorveteria. Encontrei meus filhos e falei mais ou menos que já cheguei e briguei com Justin. Não iria expor o que houve, até porque não gosto disso. Voltei para casa umas 20h30 e eles não iriam jantar, já que comeram lanche. Dou um banho nos dois e sequer encontro Justin pela casa. Minha faculdade está prestes a voltar. Pelo menos cheguei a tempo. Eles vestem pijama e eu penteio o cabelo dos dois. Vallery vai para o quarto de jogos assistir desenho enquanto Brandon brinca de carrinho no quarto. Passo pelo corredor e nem sinal de Justin. Tomo um banho quente e visto uma camisola vermelha. Seco meu cabelo com o secador e deixo solto mesmo. Passo meu hidratante corporal e deixo o celular carregando. Começo a desfazer minha mala aos poucos e percebo que nem sei onde estão minhas coisas da faculdade.

- Mamãaaae. - Vallery grita.

- Oi querida.

- VEM CÁ. - grita de novo e vou até lá de imediato.

- Diga.

- Não tá funcionando o desenho. - Ela aperta todos botões e me dá o controle. - Eu quero ver tevê.

- Você quer canal de desenho ou filme?

- Canal de desenho. - Ela fala sorridente. - Cadê o papai?

- Eu não sei, amor. Acho que está lá embaixo.

- Ah. - Dou um beijo na testa dela e saio do cômodo. No corredor, vejo Justin atravessar a sala e desço as escadas. Ele me olha de lado e para na porta do escritório. Já nos conhecemos o suficiente para sabermos que a conversa acontecerá depois que eles dormirem. Tomo um copo d'água na cozinha e abro a geladeira. Havia alguns legumes numa tapeware e então passei uma água. Provavelmente foi parte do almoço que Anna fez. Coloquei tempero e comi apenas a salada. Depois então fiz um suco natural de laranja com acerola - temos mania de colecionar polpas para ter sempre como fazer esses sucos.

Acabou que eles dormiram por volta das 22h e pouco. Terminei de desfazer minha mala e desci para trancar a casa. Brinquei rápido com os cachorros para matar a saudade e Justin estava sentado no início da escada. Cruzo os braços de frente para ele, que estava com a perna inquieta. Ele mexe no próprio cabelo e estava só com uma cueca vermelha.

- Eu não transei com ela. 

- Parabéns. - estendo a mão e logo recolho.

- Você vai me ouvir ou não?

- Eu não quero ouvir a mesma história de sempre. Ela apareceu, deu em cima de você, disse que ficaram na época em que você teve amnésia, aí ela simplesmente te encontrou aqui, apareceu na nossa casa justamente no momento em que as crianças saíram, vocês se pegaram e você tomou consciência do que estava fazendo e então a mandou embora. - Ele abaixa a cabeça enquanto eu falo e percebo que era como se realmente tudo fosse verdade. - Estamos conversados? - Ele não responde.

- Por que tem que ser assim? Você tira conclusões sem saber a situação. 

- Se você tentar se redimir falando besteira é melhor nem começar. Só para você saber, eu parei com o meu anticoncepcional e não vou engravidar de você de novo. Nem pense. - digo brava. - Tchau. - Subo as escadas e entro no nosso quarto. Fecho a porta e deito na cama de imediato. Que droga. Só porque eu queria fazer uma surpresa, só porque eu estava feliz por voltar antes... Por que ele fez isso comigo? DE NOVO? Por quê? Passei mais de uma hora pensando a respeito enquanto olhava para o nada. Nem sinal dele no quarto, até que abriu a porta devagar, provavelmente pensou que eu estivesse dormindo. Ele entra de fininho e inalo todo o ar do quarto antes de abrir a boca. Após tanto martelar meus pensamentos, é agora. 

- Eu estava pensando e quero me separar de você. - Falo ao sentar na cama e ele me olha de imediato.

- Mellanie, que loucura é essa? - Justin quase cai duro no chão.

- Eu quero o divórcio. Você não sabe ser fiel. Já tive várias provas disso e eu simplesmente cansei. - Digo mostrando seriedade, porém triste por dentro. Ele senta na cama e percebo que estava chorando de nervoso.

- Você está falando isso da boca para fora. - Ele me faz querer chorar. Tento me segurar, mas não consigo. Logo limpo as lágrimas.

- Não. Eu realmente cansei disso tudo. Eu posso ficar no apartamento de vez com eles, adapto o quarto dos dois lá e continuo com a vida normal. Você pode vê-los a qualquer momento, nossa vida profissional continua a mesma.

- Você não tem ideia do que está dizendo. Eu amo você, Mellanie. Não há razão para você querer o divórcio.

- Não há razão? Não há? Sério? - ele toca minha coxa esquerda e aperta. - Você quer lembrar de todos os motivos?

- Eu não acredito que você quer se separar por conta da Tracy.

- Então essa é a ruiva baixinha? Não, não é por conta da Tracy, mas sim por conta de tudo o que já passamos de ruim. Não dá mais pra ter confiança se você não tem fidelidade.

- Você nem me deixou explicar.

- Eu não quero saber, de verdade. Só vai piorar como eu já me sinto.

- Olha, eu sei que já erramos muito um com o outro, mas são coisas já superadas. Você não sabe o que está dizendo. - Ele se aproxima um pouco mais. - Você voltou hoje, está cansada, precisa dormir. Eu amo você mais do que tudo. - Ele segura meu rosto com as duas mãos e eu suspiro fundo. Ele é tão lindo. Justin estava com os olhos cheios de lágrimas e o nervosismo estampado no rosto.

- Eu estou decidida, Justin. Também amo você, mas não é simplesmente amor que segura um casamento.

- Você é a minha vida, Mel. Você nasceu para ser minha. Nossos caminhos sempre estiveram cruzados desde quando você nasceu. Não tem cabimento você querer largar tudo agora.

- Não é tudo. É o nosso casamento. Temos como prova do nosso amor um casal de gêmeos e um relacionamento conturbado de 5 anos e pouco. Eu cansei de estar num casamento onde eu confio em você, mas sei que mesmo assim tudo pode acontecer, porque nós já passamos por muita coisa. - Ele nega com a cabeça e estava chorando muito.

- Pelo amor de Deus, você não está ciente do que diz. Justamente porque nós passamos por tantas coisas que estamos juntos hoje. O amor que eu sinto por você é impossível de dizer. 

- Eu viajei por 15 dias e você trouxe uma russa ruiva para a nossa casa. Que tipo de pessoa você é? OUTRA RUIVA. 

- EU NÃO TROUXE NINGUÉM, PORRA. - Ele explode.

- ENTÃO COMO TUDO ISSO ACONTECEU? - Ele franze a testa e parece tão irritado quanto eu. 

- Quantas vezes eu vou ter que te dizer? Foram só beijos. 

- Só beijos... - Assinto inconformada com o cinismo dele. - Olha, eu não sei você, mas eu estou decidida. Eu quero o divórcio, agora me deixa aqui um pouco. 

- Não, eu não vou sair e você vai me ouvir. O que você acha que vai ganhar pedindo o divórcio? Você nem sabe o que aconteceu.

- O que eu vi já não foi o bastante?

- EU NEM SEI O QUE VOCÊ VIU! Será que é tão difícil você ficar quieta e me ouvir? - Eu quero chorar em paz. - Quer saber... Você não sabe o que faz.  - Ele diz ao levantar e acaba comigo, logo sai do quarto e fecha a porta. Desabo em lágrimas de imediato. Choro sem parar e não sei como consegui dizer tudo isso a ele de uma vez só, após muitos minutos pensando a respeito, nele, nos meus filhos, principalmente nas crianças. A verdade é que tirei essa noite para pensar a respeito desde que cheguei em casa. Por que ele nunca foi totalmente fiel? Por que ele já se envolveu com mais de 40 mulheres durante nosso relacionamento? Mesmo na época da amnésia, quando brigamos, quando meio que terminávamos. Não é possível. Não há mais confiança. Eu fiquei numa boa com o Steve em Dublin. O máximo que rolou foram alguns elogios da parte dele - que eu levei numa boa, como no dia em que ele apareceu no apartamento. Thomaz queria sair comigo e até fomos a um bar. Nada demais. Não aguentava de tanto chorar.  Que ódio de tudo isso. Ouço Brandon chorando pela babá eletrônica e levanto na hora. Passo pelo corredor e estava tudo escuro. Tento parar de soluçar e ele estava resmungando na cama.

- Oi, meu amor. - Sussurro. - A mamãe está aqui. - Sento na ponta da cama e acaricio seu cabelo. Ele não responde. Continuo chorando e, quando vejo que ele estava novamente dormindo, saio do quarto e passo pelo corredor. Vejo Justin sentado na poltrona de cabeça baixa. Ouço ele chorar alto, passava as mãos no rosto a todo instante. Eu fazia o possível para não soluçar em voz alta. Não quero que ele me veja observando-o. Eu estou tão triste quanto ele. Pisei fraco no chão para que não me visse. Entro no quarto e aciono a câmera da sala. Lá estava ele, soluçando de tanto chorar e passava as mãos no rosto a todo momento. Como dói. Desço as escadas para tomar água e vejo que ele nem se mexe, continua chorando, e muito, de cabeça baixa, mesmo sentindo minha presença ali, no mesmo cômodo. Tomo alguns goles de água e não consigo parar de chorar conforme ouço que ele chora cada vez mais. Está pior do que aquela crise que ele teve no ano passado. Eu não imaginei que essa seria sua reação, mas sim que ele ficaria bravo e irritado comigo. 

Olho no relógio da parede e são 01h30. Há quantas horas estamos nesse chororô? Passo novamente pela sala e olho para ele por três segundos, que nem levanta a cabeça e ainda chora, dessa vez não tão alto. Parece nem sentir minha presença. Vou até meu quarto e coloco o volume da câmera no máximo, porque vejo que ele falava algo. É a primeira vez que uso o áudio desse aparelho. Ele falava sozinho, um pouco baixo, mal conseguia ouvi-lo, então falou um pouco mais alto. Aproximo meu ouvido do áudio e então finalmente consigo ouvi-lo murmurar.

- Eu me odeio. Que droga. - ele dizia entre soluços. - Eu odeio ser assim. Eu odeio amar demais. Eu odeio tudo isso. Eu quero morrer. - Ele falava sozinho, chorando. Ele me fez chorar de imediato, ainda mais, muito mais do que antes. - Por que a Mellanie faz essas coisas? Ela nem sabe... Que droga. - Não consegui me conter. Por que ele está reagindo desse jeito? Por que está chorando tanto? Justin passa as mãos no rosto e levanta. Perco-o de vista por alguns segundos, que logo volta e estava com um copo de água. Não conseguia enxergar direito. Eu suponho que não seja nada alcoólico porque ele nunca toma nesse copo - a não ser água e suco. Justin bebe alguns goles e joga uma das almofadas para longe. - Ela é uma chata. Por que tem que simplesmente brigar comigo antes de entender...  - ele tira o celular do bolso e liga para alguém. - Você acha que eu ainda sou um merda? - ele pergunta ainda chorando e acaba de vez comigo. Justin tosse algumas vezes e deita a cabeça no encosto. - Eu nunca consegui mudar de verdade? Porque eu odeio a minha vida. Eu quero morrer, eu quero sumir. Eu quero ficar sozinho pra sempre porque ninguém me aguenta assim. - será que é o Ryan? Shawnteal? Perco um pouco do que ele fala. - Eu amo aquela mulher mais do que a mim mesmo. Nunca amei tanto na vida. Ela é tudo pra mim, pai. - JEREMY! - Ela me faz sentir tão mal com tudo isso, porque eu deveria estar bravo com ela, não assim, igual um idiota. - Caramba! Não conseguia parar de chorar. Ele coça os olhos e a voz mal saía. - Eu... não sei. - ele soluça de novo e para de falar por um instante, logo deita no sofá e peco um pouco o foco. - Uma mulher veio em casa hoje pra falar que ficamos há um tempo e ela tinha gostado, até conversamos um pouco... Ela acabou me beijando, mas não foi nada demais, sabe? - não consigo ouvir o resto a respeito. - ... mal. Eu amo a Mellanie, pai. Ela é tudo pra mim. Eu amo - ele soluça enquanto parece ouvir algum sermão. - eu sei. Eu sei, mas eu não estou conseguindo simplesmente ficar bravo com ela. Eu deveria. - decido parar de ouvir e troco a câmera. Passo uma água no rosto no banheiro e já estava tudo inchado. Há tempos não chorava tanto. Hoje será uma noite difícil. Ele simplesmente não consegue sentir raiva pelo que eu fiz? Por que ele está assim.... tão triste quanto eu? Ligo a televisão e vou para a varanda. Sento do lado de fora com a cadeira e olho as estrelas no céu conforme ainda penso no que disse a ele. Realmente não foi da boca pra fora. Eu amo Justin, mas chegou num ponto em que não dá mais para levar. Só consigo me recompor por volta das 4h30 da manhã... Foi quando comecei a ficar com sono. Nem vi mais se ele ainda estava na sala. Seria pior. Consegui dormir por volta das 5h e pouco, ainda curiosa sobre se ele teria ido dormir no quarto com as crianças, ou talvez na sala de jogos. 

Foi como se num piscar de olhos que eu dormi, meu despertador tocou. Acordo 7h15. Morta. Abro os olhos e estou sozinha na cama. Então eu me lembro do que houve a algumas horas atrás. Levanto já começando a chorar e me olho no espelho por um mísero segundo. Meus olhos estão SUPER inchados. Estou mais do que uma japonesa nativa. Passo uma água no rosto e faço minhas higienes. Abro a porta e saio no corredor à procura dele. Vejo Justin sentado na mesma poltrona, a cabeça baixa. Desço as escadas e vou diretamente até ele. Igual na noite passada, sem camisa, apenas com uma cueca branca. 

- Você não dormiu? - Ele simplesmente nega com a cabeça e percebo que ainda está chorando, um pouco. MEU DEUS, HÁ QUANTAS HORAS? Ainda há lágrimas? Ele sequer responde, apenas nega com a cabeça. Meu coração aperta pensando em como ele pode ter conseguido chorar mais do que eu. - Venha tomar café da manhã porque precisamos sair daqui a pouco.

- Não estou com fome.

- Eu também não. - completo. Ele ainda estava com a cabeça baixa. - Mas você precisa ir trabalhar e eu também. - ele assente. - não podemos deixar nossa vida pessoal interferir na profissional. - Meus olhos marejam em vê-lo assim.

- Você não tem que ir hoje, voltou de viagem ontem e já foi combinado que voltaria a partir de segunda ou depois. - Eu tinha esquecido disso. - Eu já vou. - Ele finalmente levanta o rosto e ainda estava chorando. Os olhos tão vermelhos, o rosto tão inchado, a cara tão abatida. Choro ao vê-lo assim. Ele puxa a respiração pelo nariz e limpa a garganta.

- Você não dormiu mesmo?

- Estou com cara de quem conseguiu dormir? - Ele diz baixo, grosseiro, e sobe as escadas até nosso quarto. Vou para a copa e abro a geladeira. Não estou com um pingo de fome. Anna abre a porta principal e sorri ao me ver.

- Mel! - Eu corro até ela e nos abraçamos. - Você voltou mais cedo.

- Sim.

- Que cara de choro é essa?

- Eu pedi o divórcio. - Falo ao engolir seco e ela se afasta ao me segurar pelos ombros. Ela estava assustada. Eu sei, também estou.

- É o quê? Por quê? O que aconteceu nessa viagem?

- Nada. Foi boa. Eu prefiro que você ouça tudo de Justin... Ele passou a noite toda chorando na poltrona. Só subiu agora para o banho.

- Meu Deus, mas como assim? Vocês foram feitos um para o outro. Você não está derrotada? Foi uma decisão em conjunto?

- Eu falei para ele que não queria mais. - Suspiro fundo. - Ele acabou de dizer que eu não vou para a JKC hoje... Então vou aproveitar para me organizar, ver a papelada do divórcio, levar as crianças na escola.

- Mel... Não é isso que você quer.

- É sim. - Falo já chorando. - Só é complicado porque eu amo o Justin.

- Então!!!

- Mas não dá. Eu não aguento mais. Vou para o quarto.

- Você já tomou café?

- Não estou com fome... - Subo até os quartos e vou para o das crianças. Eles dormiam tranquilos. Vou para o meu e Justin estava em seu closet. Ele sai enquanto fecha a calça social pelo zíper e me olha, ainda estava parando de chorar. - Então eu não vou para a JKC hoje?

- Não. - Ele fala seco e estava parando de chorar aos poucos. - Não fale comigo. - Ele repreende.

- Vou aproveitar para organizar as papeladas... Minha faculdade volta hoje. - Ele assente sério. Fico sentada na cama olhando para o nada e percebo que ele vai ao banheiro, lava o rosto e seca com a toalha. - Por que você vai agora?

- Se eu ficar mais meia hora nessa casa vou me matar. - ele fala num tom sério. - Eu já te disse para não falar comigo. - Assusto, porque ouvi esse papo ontem. Justin se aproxima e para em minha frente, ao lado da cama. Esse olhar inchado... Nunca o vi desse jeito, nem mesmo quando terminamos logo quando viemos para Moscou ou na época em que namorávamos e tivemos nossa briga terrível no Havaí, no meio da trilha.

- Eu... - ele me interrompe.

- Antes de sair eu quero te falar uma coisa. - Ele volta para o closet e termina de se vestir. Faz um topete despojado no cabelo, passa perfume e tira a aliança. Deixa na escrivaninha do seu lado da cama e fecho os olhos tentando me segurar até ele sair. Não é só porque eu pedi o divórcio que estou bem com isso. O que ele vai me dizer?

- Justin! Seu café está pronto. - Anna fala ao bater na porta.

- Obrigado, Anna. Eu já vou. - ele fala com a voz baixa, falhada. Termina de se arrumar e guarda o celular no bolso. Justin vem até mim e senta na cama, em minha frente. O que ele vai me dizer?

- Você vai prestar atenção? - Assinto e respiramos fundo juntos.

- Sim.

- Independente do que estiver passando pela sua cabeça, eu quero que você saiba que eu te amo- começo a chorar. Isso era tudo o que eu não queira ouvir agora. - Você pode pedir o divórcio, não querer mais me ver e me esquecer totalmente, até porque você tem esse direito, mas EU - aponta para si mesmo. - não estou feliz com isso. Eu não sei se sinto mais raiva de você ou ódio pela situação, mas eu vou continuar com o mesmo sentimento. Tudo o que eu fiz por você até hoje, tudo, foi sincero, foi de coração. - ele estava chorando, mas não tirava o olhar do meu. Claramente eu também chorava. Escondo o rosto com as mãos e limpo as lágrimas sem conseguir me conter. Eu não quero mais. Nego com a cabeça ao desviar o olhar do dele, que me espera encará-lo de volta. - Nunca na minha vida eu pensei que amaria tanto uma pessoa quanto eu te amo. É fora do normal. Talvez porque eu não tive muito o amor da minha mãe quando cresci, eu sei lá. Nunca entendi muito bem. Eu amo nossos filhos demais, mas você é a prova de que tudo pode mudar. Você me transformou e agora parece que foi tudo uma ilusão, porque caímos no pior resultado que eu já imaginei. Eu não quero que você sinta dó, porque assim como eu, você também está péssima, eu sei, mas é uma decisão sua. Mesmo assim, eu estou bravo demais com vocês, mesmo não parecendo, mesmo que você não acredite, eu estou. MUITO. - assinto enquanto ainda choramos juntos. - Se você quer, ok, mas pense que um divórcio não é quando apenas nos separamos e voltamos semanas depois. Eu só vou aguentar tudo isso se for embora dessa casa ainda hoje. Então você pode acertar a papelada e o caralho a quatro, mas eu ainda vou continuar te amando mais do que tudo, porque você é a minha vida. - ele levanta e puxa a respiração conforme chora. Logo vai ao banheiro. Escondo o rosto com o travesseiro e eu me sentia um lixo. Justin pega um óculos de sol e sai do quarto. Ligo a câmera da sala e da cozinha. Vejo que ele corre até Anna e dá um abraço longo nela. Ela então acaricia suas costas e Justin fica por até um minuto grudado nela.

- Eu amo aquela mulher, Anna. Me ajuda. - sento no chão e não ouço mais nada. Eu não imaginei que ele teria essa reação. Eu estou me sentindo super mal, assim como ele, mas desse jeito...

Justin P.O.V

- Eu não sei mais o que fazer. Ela é a minha vida. - falo chorão. Eu odeio ser assim. Eu queria ser durão e não ligar para nada. Eu queria simplesmente ter dormido com essa noticia dela. - Eu nunca pensei que chegaríamos a esse ponto. Ela me ama muito. Eu sei que sim. - falo enquanto tomo alguns goles de café. Nao estou com a mínima vontade de comer. Meu celular toca, não atendo.

- Vocês precisam conversar melhor... Ela chegou ontem à noite. Você está nervoso demais.

- Eu chorei a noite toda, Anna. A noite toda mesmo. Dessa vez não é exagero. Eu estou com tanta raiva, porque eu vejo o quanto isso tudo é sério. Porra, a Mellanie me deixa muito irritado. - vejo que Mellanie desce e vem em direção à cozinha. - Eu simplesmente não sei mais o que fazer. - engulo seco e tomo a últimos goles do café.

- Eu fiz café para você, Mel.

- Não quero, Anna. Estou sem fome, obrigada.

- Você vai ter que tomar pelo menos o café. Não dá pra ficar de estômago vazio. - Ela faz careta e pega a xícara que Anna a entrega. Senta de frente para mim e eu a olho triste por saber que não irei mais tocá-la. Ela é tão linda.

- Eu não me meto no relacionamento de vocês, mas eu sei por cima o que está acontecendo e aconselho que vocês conversem direito. Divórcio é algo MUITO sério e exige decisão total de ambas as partes. - assentimos juntos.

- Podemos conversar mais tarde. - Ela diz ao me olhar e então eu assinto. Olho suas mãos, ela já estava sem a aliança. Observo sua regata preta e logo seu decote. Gosto da ideia de estar com os óculos. 

                                       Mellanie P.O.V
 

Meu dia foi péssimo, se não o pior de todos. Consegui pelo menos me divertir com as crianças pela manhã e tive a tarde para trabalhar do escritório mesmo. Organizei as coisas da faculdade e não conseguia parar de pensar no Justin. Pesquisei sobre a papelada do divórcio e demora para sair. Imprimi os primeiros termos para que pudéssemos ler e deixei meu material pronto. Passei para buscá-los no colégio e os deixei em casa. Justin então chegou um pouco depois e disse que ficaria com eles. Eu já estava pronta para a faculdade. Coloquei jantar para os dois e Justin me chamou para conversar no escritório.

- O divórcio tem algo a ver com o Steve? Com a sua viagem para Dublin? - Ele bate a porta.

- Não. - Respondo rápida. - Olha, eu amo você e isso não é novidade. Mas você não entende meu ponto de vista? Não dá mais para aguentar isso. Eu sempre serei grata por tudo o que você já fez de bom por mim, mas foram tantas coisas que nos desgastaram que eu atingi meu limite. Foi isso. Eu não me arrependo de ter tido você como marido, de termos nos dado tão bem e mal ao mesmo tempo, mas simplesmente chegou um momento em que eu estou vendo o quanto não é certo. - Ele assente lento. Eu me aproximo e toco seu cabelo. - Não é uma decisão fácil. Eu sei que não. Eu quero saber como você se sente sobre isso tudo... Eu estava pensando em faltar da faculdade para conversarmos, mas eu vou ficar com as crianças. Ainda não sei. - Eu estava tensa, confesso. Ele parecia dopado, mal reagia às minhas palavras.

- Eu só quero entender como você chegou a essa conclusão agora. Por que não na época em que tivemos a primeira briga feia desde que nos mudamos para cá?

- Porque eu nunca achei que conseguiria me separar de você.

- E agora você consegue? - nego com a cabeça chorando. Ele estava ok. - Você não sente falta de me beijar? Não sente falta de me abraçar? Quando um casal se separa, é porque um dos dois não ama mais. Eu te amo demais, você também me ama. Se o problema é a confiança, vamos resolver isso agora. Eu nunca fui de esconder as coisas erradas de você. Mellanie, você não tem ideia da gravidade disso. Se você tiver, me fala, porque eu acho que não. Quando você me provar que realmente não quer mais nada comigo, eu aceito esse divórcio. Enquanto isso, eu não te entendo. - ele segura meu rosto com ambas as mãos e respira ofegante. - Porque eu não sei como será. Eu sinto uma vontade louca de te beijar, até porque eu senti sua falta nessas duas semanas. Eu estava empolgado para sua volta na próxima sexta-feira. Você e os nossos filhos são a razão pela qual eu sempre quis me tornar uma pessoa melhor.
 

SPOILER - CAPÍTULO 30

Eu quero me afastar da presidência da JKC. Avisa todo mundo, por favor. No que eu falei: "Como assim?" ele simplesmente resmungou e desligou.


Notas Finais


Eu estou com esse capítulo pronto tem mais de quatro meses e leio quase todos os dias a continuação a partir daí... sério, vocês não fazem ideia do quanto eu queria postar logo esse capítulo. Aceito críticas.
Nossa, to BEEM FELIZ COM TUDO ISSO.
Beijos.


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