História Behind The Secrets - Fourth Season - Leaving

- Tanto é que eu estou com muita vontade de transar com você ou simplesmente de namorar. - Concordo conforme ele fala, que aperta minhas coxas com os dedos pesados. Estremeço. - Você decide. - Dou um selinho nele e mordo seu lábio devagar. Justin abre um sorriso durante o beijo e toco seu pescoço com delicadeza nas unhas. Ele ajeita seu corpo em cima do meu e continuamos nos beijando com gosto. Justin me ajuda a tirar minha jaqueta e então sobe minha regata até o pescoço. Continuamos nos beijando até que eu vou um pouco mais para trás. Justin beija entre meus seios e o celular dele começa a tocar. Ele não para e entrelaça nossos dedos. Depois de alguns segundos insistentes, para de tocar. Grudo minhas pernas em volta de sua lombar e ele me aperta inteira. Justin beija minha bochecha diversas vezes e, sem querer, penso em tudo. Foi como um flash de 3 segundos. Minha respiração já estava curta e eu estava na expectativa. Arranho seu pescoço e prosseguimos com beijos quentes. Ele morde minha boca toda e eu sentia seu gosto lá no fundo. Que agradável. Bagunço todo o seu cabelo e ele abre meu sutiã. Justin aperta meus seios com gosto e murmuro de dor. Ele foi bem bruto. Murmuro novamente. - Foi mal. - Ele sussurra e beija meu queixo. Acaricio suas costas e passo as unhas de leve. Justin me dá um forte beijo nos lábios e então o telefone de casa toca. Ele bufa e continuamos nos beijando.

- Pode ser os Stewart. - Ele levanta e vai até a copa.  Aproveito para sentar no sofá e tirar cinco segundos de reflexão. Coço a cabeça e ele desliga.

- Vallery disse que está vindo embora porque brigou com o Brandon. - Justin fala ao aparecer já na sala. - Eu vou pegá-los. - ele diz ao vir até mim e olha meu corpo. - Parece que quando não é pra ser... Caramba. - Ele veste a camisa e dá um beijo na minha testa.

- Ela estava chorando?

- Um pouco.

- Onde vamos jantar?

- Podemos pedir pizza... - Assinto e ele sai. Aproveito para ir até o quarto e tomo um banho quente bem rápido. Saio do cômodo e Justin discutia com Brandon.

- Não pode, Brandon! Eu já disse que isso não é legal.

- Ei, o que está havendo? Cadê a Vallery?

- Está emburrada no quarto. - Brandon retruca e enrolo uma toalha no busto. Vou correndo até lá e ela estava chorando.

- Meu amor!!! O que houve?

- O B não deixava eu brincar com ninguém, porque ele disse que eu só estragava.

- Ele fez isso?

- Uhum. - Ela chorava tão frágil. Dou um beijo em seu rosto e a pego no colo. Minha toalha quase cai. Sequer penteei o cabelo. Fui até meu quarto e os dois ainda conversavam.

- Brandon, que história é essa? - Cruzo os braços e ele resmunga. Coloco Vallery no chão, que faz careta para ele.

- A Vally é mentirosa. - Ele aponta para a irmã, que retruca resmungando.

- Eu acho melhor vocês se desculparem um com o outro. Irmãos não podem brigar assim, que coisa feia! - Eles rapidamente trocam um olhar sério. 

- Pode dormir, meu amor. Eu vou ficar aqui com você. - Sussurro sentada no chão e Justin sai do quarto. Assim que eles dormem, saio de lá e vou para o nosso quarto.... Bem, meu quarto. Justin estava sentado na ponta da cama só de toalha mexendo no celular.

- Eles dormiram? - Após muita discussão e um pedido de desculpas, sim!

- Sim. - Vou ao banheiro e faço minhas higienes. Passo um hidratante facial para dormir, tiro meus brincos e pego o hidratante para os pés, cotovelos e joelhos. Esfrego uma mão na outra e vejo que estou sem a aliança. Queria que ele comentasse comigo sobre a carta. Justin levanta assim que eu sento e vai até seu closet. Veste uma cueca preta e liga para alguém.

- Pai, pode falar agora? - Ele abre a porta. - Eu queria conversar. - Não ouço mais e ele some... Seria sobre nós? Provavelmente, sim. Ele demora cerca de meia hora para voltar ao quarto. Eu estava mexendo no celular, pensando aleatoriamente se deveria falar com alguém a respeito do divórcio. Ele entrou no quarto e colocou o celular para carregar.

- Eu queria... - Falo olhando para ele. - Que conversássemos a respeito. - eu queria MUITO saber sobre o que ele falou com o pai. - Você pode me ouvir? - Ele senta na cama e eu assinto ao cruzar as pernas.

- Claro.

- Eu falo, você ouve. Quando eu terminar, você fala, ok? - Assinto. Ele suspira fundo, abaixa o volume da televisão e estava um pouco nervoso, talvez tenso.

- Ok. - Assinto.

- Durante a época em que eu tive amnésia parcial, eu realmente não me lembrava de você. Não mesmo. Nem por um segundo - logo no começo, eu digo. Foi quando eu sai com várias, independente dessa doença temporária, eu me lembro normalmente de tudo o que fazia, exceto quando eu estava bêbado. Teve uma noite em que eu sai e fiquei com... três garotas. Eu não conhecia nenhuma delas e eu estava sozinho. A primeira que eu peguei foi bem rápido. Eu cheguei, disse que ela estava bonita e a chamei para dançar. - suspiro decepcionada. Eu não sei se queria ouvir. É tão doloroso imaginá-lo pegando várias mulheres numa balada enquanto eu estava em casa esperando-o voltar. - Então eu peguei e não a vi mais. Tomei algumas doses não sei do que e cheguei na segunda, era a Tracy, a ruiva baixinha. Ela era bonita e veio puxar papo comigo, com certeza eu peguei. Conversamos um pouco, eu disse que estava me sentindo perdido e ficamos por um bom tempo. Depois eu a perdi de vista e fiquei com uma morena... Não sei nem o nome. Um pouco antes de ir embora, conversei bastante com essa ruiva e pegamos o número um do outro. Tanto é que eu a levei embora... Na verdade, eu a deixei perto de lá, porque ela disse que ficaria na casa de uma amiga, então eu voltei embora e foi uma das noites que você não me esperou mais. Eu não ligava, porque eu não lembrava de você. Eu sei que você não gosta de ouvir isso, mas eu nunca te contei como foi. Desde então, ela me chamou no dia seguinte e conversamos por dois ou três dias, mas aí eu parei... Um pouco depois foi quando eu me lembrei de você e fui para o Canadá. Comentei com o meu pai sobre essa garota e ele disse que eu deveria apagar o número. Foi o que eu fiz. Ela nunca mais me ligou, não conversamos e eu nem lembrava, até porque eu fiquei com muitas naquela época e já transei com várias - o que não aconteceu com ela. - Doía demais ouvir aquilo. Que droga. Ele está tentando me fazer ficar feliz por ter pedido o divórcio? É isso? - Você sempre soube disso. Não é algo que me orgulhar dizer, mas foi exatamente o que aconteceu. Ela era gente boa. Depois de tudo isso que nós passamos e depois do nosso casamento, você sabe que eu nunca mais fiz nada disso, até porque eu te amo. Eu sei que às vezes parece que eu faço de propósito, mas não é. Quando você foi para Dublin, aqui ficou numa correria só... Eles pediam por você todas as noites, eu tive que correr pra lá e pra cá, mas a Anna me ajudou muito. Teve uma manhã em que eu decidi ir caminhar enquanto eles dormiam. Anna já estava aqui. Então eu encontrei com ela no parque, estava com uma amiga. - Eu já estava perdendo a paciência. Bufo irritada. - Você vai ouvir ou não? Porque eu sei que é chato, mas eu quero que você me escute. Você mesma reclama que eu não conto as coisas direito. - Assinto e ele se afasta um pouco. - Eu não lembrava dela, até que veio me cumprimentar, disse que eu sumi e eu comentei que só estava fazendo uma caminhada. Ela estava na casa de sei lá quem, que mora do outro lado do condomínio. Não falei sobre morar aqui, omiti o assunto. Eu também não falei sobre você, o que foi um erro. Voltei para casa numa boa e foi isso. Nem lembrei mais. Até que na quinta-feira eu iria sair para jantar com eles, mas acabei conversando com o Phill e ele veio bater papo comigo. Ele chegou aqui com a Jade, que foi brincar com os dois e os convidou para tomar sorvete. É claro que eu deixei. Estava um pouco cansado. Então eles todos saíram e eu fui deitar um pouco, sozinho pela primeira vez desde que você viajou.  A campainha tocou e eu desci na maior preguiça pra atender: era Tracy. Ela é bem bonita, você sabe que eu não minto. - Desvio o olhar. - Ela disse que sabia que eu morava aqui, porque pediu para que sua amiga ajudasse. Ela entrou, disse que gostou da minha casa, perguntou por que eu sumi, aí eu disse que aquela época foi completamente fora da minha rotina. Eu disse a ela que tenho dois filhos, mas estava sozinho em casa e então ela simplesmente me beijou e se aproveitou da situação. Eu acabei correspondendo e logo parei. Foram, não sei... eu acho que foi rápido. Eu não sei que horas você chegou, eu não sei o que você viu. Eu falei para ela que não tinha cabimento fazer uma coisa dessas, limpei minha boca na hora e então ela tentou me beijar de novo. Eu meio que impedi. Na verdade, eu estava meio assim por sentir sua falta e não beijar ninguém... Não foi uma recaída, eu só, sei lá. Foi tudo muito rápido. Ela disse que gostava de mim e seria legal se voltássemos a conversar. Eu falei que sou casado e ela não deu muita bola. Foi quando fomos para fora e dei tchau a ela, pedi que não aparecesse mais porque eu amo a minha esposa e isso era ridículo. Ela então tentou me agarrar e novo, mas eu empedi, foi meio que quase um selinho. Eu a empurrei e ela disse bem assim: "Se você amasse tanto sua esposa quanto diz não teria me beijado de volta" e foi embora de moto. Foi isso. Simplesmente isso. Eu voltei para casa grilado com a situação e foi quando te vi. Foi tipo uma loucura você ter chego na mesma hora. Eu não sei como você entrou, que horas você chegou, como foi a sua viagem. Você não tem IDEIA do quanto eu fiquei mal naquela noite. Eu nunca na minha vida tinha me abalado tanto. Eu juro pelos nossos filhos que eu amo vocês três mais do que tudo. Eu sempre deixei claro, assim como você. - Ele fala já chateado, parecia querer chorar. - Aí você simplesmente brigou comigo e disse que queria o divórcio. Mellanie, estamos casados há um ano e um mês... Você sempre disse que nunca iríamos nos separar, que enfrentamos tantas coisas juntos. Você lembra quando eu duvidava do quanto você me amava? Nada supera como você cuidou de mim quando eu sofri aquele acidente. Eu te xingava e você não saía do meu lado. - Começo a chorar e lembro dessa época terrível. Eu não o deixava nem respirar sozinho e ele me tratava mal demais. - Isso é amor. Você sempre me amou. Eu sei disso. Mas então você pediu o divórcio e eu fiquei sem entender. Nós passamos por TANTOS problemas, tanta merda e você voltou de viagem decidida a me deixar? O que aconteceu lá? Eu entrei em choque porque não esperava ouvir isso de você. Eu saí do quarto e, sério, eu te juro, se você quiser puxe as filmagens do corredor ou... Sei lá. Eu chorei tanto, mas tanto, você não faz ideia. Eu queria morrer porque eu não entendia o que tinha acontecido de uma hora para outra. Eu fiquei com muito ódio de toda essa situação, muita raiva. Era óbvio que você não tinha o direito de pedir o divórcio por algo que você deve quase ter visto e nem sabe como aconteceu. Não tem cabimento. Você simplesmente quer se separar pra valer? Foi aí que eu realmente entrei em choque e decidi ligar para o meu pai. Ele disse que eu deveria manter a calma e pensar que foi algo que você disse da boca pra fora, mas porra? Como? Eu estava empolgado para ter você de volta, queria te beijar, ficar com você e isso acontece? O que te deu na cabeça? Você tem como motivo assuntos de dois anos atrás para querer o divórcio? Porque se você me der motivos plausíveis, eu aceito, de verdade. Você sabe que se tem algo que eu sou muito com você é sincero. Eu passei a madrugada inteira chorando e pensando no que aconteceu durante a sua viagem, ou como você achou que eu poderia ter transado com ela. Mellanie, você é a mulher que eu amo, você é a minha vida, você me deu dois filhos. Você me fez um homem melhor. - Choro discretamente e ele estava quase. Justin faz uma pausa e pisca lento. Ele estava nervoso. - Eu liguei pra o meu pai agora pouco, porque eu queria uma ajuda com o que fazer. Se você quer se separar, que sairá perdendo será você, porque eu dei o melhor de mim. - Ele engole o choro e para de falar por um instante, novamente. Suspira fundo e abaixa a cabeça. - Ele me disse que se você não quer, eu realmente deveria entender o porquê. Não vou te obrigar a ficar comigo, até porque às vezes você pode nem estar mais me amando tanto assim... Eu não sei o que se passa pela sua cabeça. Eu só sei que eu me sinto péssimo, porque eu amo você. - Ele levanta e vai ao banheiro, assim me deixa pensando feito louca. Choro um pouco sozinha e ele aparece segundos depois, novamente passando as mãos no rosto. - Era isso. - Ele vai até a varanda. - Se você não quiser conversar de volta agora, tudo bem. Eu só queria te dizer isso tudo porque você realmente está louca. Você sabe que eu não te obrigo a nada. Eu vou te deixar pensando um pouco. - Ele sai do quarto e me deixa completamente pensativa. Por que tudo isso? Fico por um bom tempo pensando em tudo, nele, nos meus filhos, em nós dois... Saio do quarto pensando em ir falar com ele, mas não o encontro no corredor. Passo pelo quarto das crianças e estava um silêncio. Vou até a sala de jogos e ele assistia um seriado. Bato na porta e fecho a mesma ao entrar. Ele me olha e pausa de imediato.

- Eu não falei nada antes porque ainda estava pensando. - Ele assente e então eu sento na ponta do enorme sofá, que estava esticado.

- Você não precisa...

- Posso?

- Sim. - Ele assente e vira de frente para mim, esperando minha resposta. Lá vou eu. Respiro fundo antes de começar. Só espero conseguir dizer tudo.

- Justin, primeiro de tudo, eu sempre te amei muito. Meus filhos e você são a minha vida. Você sempre soube disso, mas você também sabe que eles são nossa prioridade. - Justin concorda com a cabeça conforme observa minha camisola, minhas pernas, sobe o olhar até meu rosto e meus seios. - Eu sempre amei todas as surpresas que você me fez, sempre achei lindo o jeito como você se declara, sempre gostei demais de ter um homem tão sensível comigo. Você sempre foi incrível, mas não é só isso. Você sabe que já passamos por muita coisa, muita coisa ruim. O que começou realmente a me desgastar foi na época da Grace. Você fez algo que eu nunca na minha vida achei que você seria capaz, não depois de anos de relacionamento, até porque você tinha se tornado um homem melhor. Foi aí que você me fez duvidar completamente de tudo o que nós já vivemos, foi aí que eu decidi ir embora desse país. - Ele bufa. - Sei que você não gosta de tocar nesse assunto por ser de tempos atrás. Eu também odeio pensar a respeito, mas foi algo que eu tive que superar quando nós voltamos. Se eu esqueci? Nunca. Se eu te perdoei? Sim. Se isso ainda me incomoda? Muito. - Eu me sentia mais leve conforme falava a ele o que se passava em minha cabeça. - Tudo bem que nos entendemos naquela época, mas já acumulou. Aí você sofreu aquele acidente terrível e perdeu a memória... Foi aí que eu quase morri. Eu não sabia como fazer para te conquistar todos os dias, eu não sabia demonstrar o quanto eu te amava como você fazia comigo. Então você transou com muitas mulheres, muitas, ficou com várias e eu fui suportando aquilo. Aquele foi o meu limite. Eu não queria mais, mas eu te amava muito. Então quando você voltou de viagem e aconteceu tudo aquilo... Eu fiquei presa a você porque tinha engravidando, mas eu já estava péssima. Eu me sentia terrível. Eu não nasci pra suportar isso, sabe? Foi aí que eu descobri que você tinha lembrado e... Você sabe o resto.

- Mel... - eu o interrompo.

- Eu falo. Você ouve. - Ele assente. - A época da Stacey foi pior ainda. Você engravidou uma mulher com quem se envolveu porque quis. Você transou sem camisinha no Ano Novo porque quis. Você estava com ela porque queria. Eu sei que estávamos separados naquela época devido a todo aquele acontecimento, mas caramba. - Ele abaixa a cabeça. Era verdade. - Como você acha que tudo isso ficou na minha na cabeça? Eu não quero continuar casada com um homem que transou com mais de 20 mulheres desde que se envolveu comigo. Tudo bem que, na época em que nos separamos pra valer, eu estava saindo com o Steve e você se divertia com sei lá quantas mulheres. Eu entendo, não contrario, mas uma coisa é se envolver por dias com a mesma pessoa, outra é transar com uma por noite durante vários dias e depois querer uma reconciliação. Nós dois erramos nessa parte. Isso não faz sentido na minha na cabeça. Foi difícil pra mim conseguir transar com o Steve numa boa porque eu amo você, porque eu queria te esquecer um pouco. Tudo bem que, desde que nos conhecemos, eu me envolvi por uns dias com ele, também quase com o Daniel e teve aquele cara da festa que fomos juntos... Eu me arrependo MUITO do cara da festa, de coração. Eu estava desesperada porque eu não sabia como chamar sua atenção e você morava na mesma casa que eu. - Falo já desesperada e paro por um instante. - Eu odeio lembrar de tudo isso. - Ele se aproxima um pouco e toca meu pé direito com a mão quente. - Eu sei que tudo isso acumulou muito. Desde que nos casamos eu tenho tentado esquecer, mas sempre que entramos em qualquer assunto relacionado eu tenho vontade de sumir. Eu não consigo aceitar, sabe? Você pode me fazer mil declarações, mas se você me traiu, não tem outra alternativa. Quando a Grace apareceu de novo eu surtei, e foi com razão. Não por você, mas por ela. Aí eu volto de uma viagem de 15 dias e dou de cara com você grudado com uma ruiva, sem camisa, cabelo desfeito, a cama bagunçada, ela era bonita, a casa vazia. Poxa. Eu enlouqueço e não é à toa. Você sabe que eu não dou chilique à toa. Talvez sim, mas não sempre... ou talvez eu sempre tenha um motivo e possa exagerar. Eu amo você e sempre amei, mas eu não quero mais. A partir do momento em que nos casamos, nós prometemos fidelidade. Isso quer dizer que você só me beija e só transa comigo, isso não é um casamento aberto. Eu sinto como se vivêssemos numa mentira sem fim. A qualquer momento pode surgir uma desconfiança. Eu não quero mais isso. Eu sinto a sua falta, você me atrai, eu gosto da sua companhia, do seu jeito, do seu humor, mas simplesmente eu cansei. Eu posso ter ficado igual louca atrás de você, mas chega uma hora que cansa. Eu cansei de pensar que você nunca mais vai pegar outra mulher, eu passei a voltar a desconfiar um pouco. Eu não quero me sentir assim, porque se nós estamos juntos tem que haver confiança e amor. Quando você viajou por dois meses para Dublin eu não imaginei que você iria me trair, até porque eu sabia com quem eu era casada. - Ele estava discreto, mas percebi que tentou limpar as lágrimas conforme escapavam dos olhos.  - É um saco ter que decidir isso, assim, agora, mas não dá mais para ficarmos juntos. Não dá. Nós vivemos MUITAS coisas boas, aprendemos MUITO juntos, você me fez muito feliz, as crianças são nossa maior prova de amor.... Mas não dá. É isso. Não está sendo fácil pra mim, assim como não será pra você, mas é uma decisão que eu já tomei e não vou voltar atrás. - Engulo seco e ele acaricia minha canela. - Eu sempre achei que fomos feitos um para o outro, mas... Certas coisas acontecem para evitar problemas futuros e nós não evitamos. - Ele choraminga e simplesmente levanta, sai do cômodo e deixa a porta aberta. Onde ele foi? Levanto e vou até o corredor. Não o encontro. Ele sobe as escadas e estava com uma garrafa d'água na mão. Justin toma metade da mesma e respira fundo.

- Você lembra do que eu te disse há um tempo você se um dia você me deixasse? - Eu lembro muito bem. Droga. Pensei nisso só agora. Meus olhos lacrimejam. - Você lembra?

- Sim. Isso não vem ao caso agora. - Ele dá os ombros. Eu me sinto pior ainda.

- Foi só uma pergunta. - Ele termina a garrafa. - Você tem mais algo a dizer?

- Não... - Falo baixo e ele assente. Justin se aproxima e abre os braços. Eu o abraço e ele me aperta com toda força. Foi um abraço jamais sentido antes. Ele beija minha testa bem forte. Nunca imaginei que seria tão difícil, mesmo após tantas conversas, discussões...

- Eu já vou me deitar... - Ele dá um beijo em minha bochecha. - Caso, sei lá, aconteça algo, você é o amor da minha vida. Sempre foi e sempre será. - ele dá mais um beijo em minha testa e suspiro fundo. Não respondo. Vou para o meu quarto e tento dormir o quanto antes. Que droga. Eu odeio me sentir assim. Todas as palavras que ele me disse remoeram minha cabeça até que eu consegui pegar no sono, finalmente.

                                         18 de janeiro de 2018
 

Acordo por volta das 8h10 no domingo e abro as janelas. Faço minhas higienes e então saio no corredor. Um silêncio. Todo mundo ainda está dormindo. Desço até a cozinha e faço uma vitamina de morango com banana. Ligo a televisão e abro toda a casa. Alimento os cachorros e fico um tempo conversando com eles, penso no Justin, eu estava bem triste por tudo isso, pela nossa conversa de ontem, como será daqui pra frente. Não queria comentar com ninguém, só queria pensar que uma solução me viria à cabeça. A única pessoa que poderia saber seria minha mãe, mas não quero aborrecê-la com um assunto como esse, não agora. Ela me disse que anda bastante irritada com facilidade e isso não é bom para a gravidez. Ela e Paul ainda nem decidiram o nome da minha irmã. Tomei a vitamina e sai no quintal. Estava um pouco frio... Todos os carros na garagem, nada dos vizinhos na rua. Volto para dentro e subo as escadas. Entro no quarto das crianças, que dormiam. Vou até o quarto de hóspedes e estava vazio. A cama arrumada. Então entro na sala de jogos e também estava vazia. Cadê ele? Olho todos os cômodos de casa e não encontro Justin. Talvez tenha ido caminhar... Ele adora ir logo cedo, principalmente aos domingos.

Já passou das 10h e ele não voltou. Nem sinal. As crianças já o procuraram pela casa e nada. Fico preocupada. Dou uma ligada no celular dele e ouço tocar no nosso quarto. Ele NUNCA sai sem o celular, ainda mais por bastante tempo. Será que ele passou a noite em casa? 

- Tá tocando aqui, mamãe. - Brandon diz no corredor e entro no quarto. Justin deixou o celular na escrivaninha com sua aliança em cima. Vejo que estava com notificações de até 7 horas atrás... Isso seria 3h da manhã. Pra onde ele foi? Ligo de imediato para o Ryan.

- Você está com o Justin?

- Estou na Califórnia. O que houve?

- Ele saiu cedo e deixou o celular aqui.

- Eu não o vejo já tem uns dias.

- Tudo bem, obrigada.

Desligo e fico apreensiva. Justin nunca sai sem o celular, a menos que seja por meia hora. Já faz duas horas que ele não está aqui que eu sei. Talvez ele tenha saído pela madrugada. Espero uns 40 minutos enquanto brinco com os cachorros e os dois, mas não tiro a preocupação da cabeça. Cadê o Justin? Ligo para o Dimitri. Ele não faz ideia. Ligo para o Jeremy.

- Como assim, ele sumiu?

- Eu não sei... Eu pensei que você estivesse com ele, sei lá.

- Tipo ele vir para o Canadá? Não. Ontem mesmo ele me disse que vocês iriam conversar...

- Nós conversamos, é justamente por isso que eu estou preocupada. Obrigada.

- Qualquer coisa eu te aviso.
 

Desligo. Onde esse menino foi parar? Ligo para Shawnteal, que também não sabe de nada. Não queria alarmar, mas ele literalmente sumiu. Ligo para o Nolan, que não me atende. Mando uma mensagem perguntando sobre Justin, que me responde meia hora depois dizendo que não faz ideia. Sem querer, começo a chorar. Já é quase meio dia e ele simplesmente SUMIU. Meu Deus! Ligo para Anna, que também não sabia de nada. Pego o telefone de casa e disco para o piloto.

- Você fez algum voo com Justin?

- Recentemente? Não! O que houve?

- Nada... Obrigada.
 

Desligo e ando de um lado para outro tentando não parecer nervosa para os meus filhos. 

- Cadê o papai? - Vallery diz. - Eu estou com fome.

- Vou pedir almoço, amor. Vocês querem o que?

- JAPA!!! - eles falam juntos e me fazem rir, só eles mesmo. Estou tão nervosa. Pedi o almoço e esperamos juntos enquanto brincávamos no quarto. Eu não tinha mais para quem ligar... Eu tenho certeza que ele não saiu do país. Isso eu sei. Ele não seria louco, ainda mais sem o celular. Vou até nosso quarto e abro o guarda-roupa. Todas as roupas ainda estavam lá... Exceto as cuecas, ele levou quase tudo, tirou algumas bermudas, camisas... Estava bem bagunçado. Abro o meu lado e vejo as malas, todas lá... exceto a mochila dele. Ele foi embora. É isso. Ele simplesmente foi embora. Ele SUMIU? Começo a chorar quando minha ficha cai e sinto vontade de morrer. POR QUE ELE FUGIU? ONDE ELE FOI? COMO ALGUÉM FAZ ISSO? E se ele nunca mais aparecer? Calma... Amanhã ele precisa trabalhar. Ele só deve ter sumido por um dia para esfriar a cabeça. Passo o dia todo pensando nisso, nervosa, tensa e tento me distrair com eles. 

Nem consegui dormir pensando em onde ele pode estar. O que aconteceu? Segunda-feira de manhã foi um caos. Justin está desaparecido e paga me ajudar apagou as filmagens na noite em que sumiu, provavelmente para que eu não soubesse a que horas ele saiu. Vou para a empresa toda nervosa e Justin não aparece a manhã toda. Bryan convoca uma reunião por volta das 11h20. Justin ainda não chegou. Será que tem algo a ver com ele?

- Pessoal, bom dia. - Todos respondem. - Convoquei essa reunião de última hora por conta de uma noticia que eu recebi. - Meu coração gela, arde, dói pensando que poderia ser sobre Justin. - Como vocês podem ver, Justin Bieber não está presente. Ele foi afetado da presidência da JKC nesta amanhã. - Afastado? O quê? Por quê? Bryan me olha assustado e não consigo conter meu espanto. O QUE ESTÁ ACONTECENDO? - Foi por motivos pessoais. Recebi uma ligação através de um número desconhecido agora pouco, ele falou por 10 segundos comigo e disse que queria se afastar da presidência por tempo indeterminado.

- Só isso? - Dimitri diz surpreso.

- Sim. Eu acredito que tenha sido por motivos pessoais de urgência.

- A Mellanie sabe! - Tanielle diz e nego com a cabeça séria. Eu queria saber. Eu queria chorar agora. Ele sumiu pra sempre. É isso. Eu queria sumir desse prédio.

- De qualquer maneira, bem-vinda de volta, Mellanie. Estamos felizes por tê-la conosco. Steve continuará em Dublin por mais alguns dias. - Assinto em concordância. - Recebi um relatório de Thomas que foi uma ótima experiência.

- Foi. - Minha voz quase não sai. 

- Por fim, queria dizer a vocês que estamos verificando como prosseguir sem um de nossos sócios. Assim que eu conseguir verificar com as outras sedes, convoco outra reunião para o resultado. Como sabemos, ele é o sócio principal. Obrigado. - Todos saem da sala e eu começo a chorar feito louca, sozinha.

- Mellanie... O que houve?

- Ele sumiu. - Digo chorona. - O Justin simplesmente sumiu. Ele largou o celular em casa, pegou algumas roupas e foi embora de madrugada.

- Como assim, Mellanie? Quando foi isso? - Ele parecia surpreso. Quem não ficaria?

- Ontem... Eu pedi o divórcio quando voltei de Dublin e ele fugiu.

- Não pode ser, ele nunca faria isso. - dou os ombros. - Você já ligou para a família dele?

- Já liguei pra todo mundo... Ele SUMIU. Nem o piloto do jato sabe dele. Como ele te ligou? Ele estava bem?

- Ele estava estranho. Foi assim: Bryan, é o Justin. Eu quero me afastar da presidência da JKC. Avisa todo mundo, por favor. No que eu falei: "Como assim?" ele simplesmente resmungou e desligou. Foi isso. Achei super estranho, mas não sabia de nada disso. - Ele senta ao meu lado e parece querer me confortar. - Calma... Às vezes ele só quer esfriar a cabeça. Bieber é cabeça dura. - Volto a chorar. - Nós somos uma empresa que busca foragidos, esqueceu? Vamos encontrar o Justin...

- Mas eu queria pelo menos saber se ele realmente fugiu.

SPOILER - Capítulo 34

- Eu não sei se é uma boa ideia.

- Nós nunca mais vamos voltar, eu...