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História Behind The Secrets - Fourth Season - Feeling awful


Escrita por: featollg

Capítulo 31 - Feeling awful


- Na boa, eu não estou psicologicamente bem para falar com você. É melhor ir embora. - Ele diz com os olhos escondidos pelo pulso direito, ainda deitado.

- Eu não vou embora. Justin, você fugiu por um mês e voltou do nada completamente drogado, perdido, com essa cara de morte, o cabelo já era, emagreceu. O que está acontecendo com você? Tomando antidepressivos. - Ele bufa. 

- Por que você não me deixa? - Ele fala sério, grosseiro. - Eu já disse que agora não é uma boa hora. - Suspiro fundo e ele sequer tira o braço do rosto. Não consigo vê-lo.

- Eu quero entender o que deu na sua cabeça para simplesmente ir embora. - Ele bufa novamente. 

- Não é óbvio? - Nego com a cabeça rapidamente. - Eu surtei. Não é possível que eu tenha amado tanto uma pessoa a ponto de não conseguir viver sem. - Sinto uma palpitação tremenda. Ele fugiu porque me ama. - Eu precisei de ajuda. Não dá.

- E você buscou ajuda usando essas merdas? 

- Você sabia que isso iria acontecer.

- Isso vai acabar com a sua vida, Justin. Você é um cara tão esperto, tão amado por todos.

- Por favor, vai embora. Eu não quero falar com você agora. - Ele levanta e eu sento no sofá de frente para ele. Justin coloca um cigarro entre os dentes e logo acende em minha frente, logo vai para o quarto. Espero alguns minutos e já sinto o cheiro de maconha. Como os vizinhos não reclamam? Respiro fundo e mando uma mensagem para Anna:

"Achei o Justin!" - Mellanie.

Enquanto ele permanece no quarto, aquele cheiro forte, observo todo o flat e vejo que só tem água e um suco de laranja no frigobar. SÓ. O que ele está comendo por aí? Fico parada na bancada ainda pensando no quanto ele deve estar péssimo e sequer ouço sua voz. Ele volta cinco minutos depois e vejo que vai ao banheiro, logo passa uma água no rosto. Espero que ele passe a toalha e então vem até onde eu estou. Parece tão cansado.

- Você não quer conversar comigo, mesmo?

- Não. - Ele fala já calmo. - Eu não quero.

- Justin... Pelo amor de Deus, não faça isso com a sua vida. Você tem 24 anos! - Ele senta no sofá e estava com os olhos vermelhos, piscava lento, calmo, parecia cansado. O rosto tão magro que seu maxilar era quase um contorno visível do rosto pelos ossos... Não estou acostumada com isso. - Você quer continuar vivendo assim? - Passo as mãos em seu rosto e ele nega com a cabeça devagar, logo me afasta. 

- Não me toque enquanto você fala comigo. - Ele retruca impaciente. - Que mania. 

- O que está acontecendo com você? - Vejo que ele permanece ainda um tanto irritado, talvez não saiba como reagir, talvez não queira me dizer como se sente. - Por favor, me diz.

- Eu me sinto mal. Eu não quero fazer mais nada da vida... Eu só quero ficar aqui, fumar, beber de vez em quando. - Ele falava baixinho, como se não conseguisse elevar o tom de voz. 

- Você largou o seu celular em casa por um mês e sumiu! Isso não é normal.

- Não. - Ele concorda. - Eu queria que você me deixasse sozinho. Eu estou me sentindo mal. - Ele pede.

- Mas o que você tem? - Ele nega rapidamente com a cabeça e levanta. Justin vai novamente ao banheiro e deixa a porta aberta. Vou até ele, que estava chorando e passou as mãos no rosto. Choro junto ao vê-lo nesse estado sem saber o que fazer. - Por que você está chorando? - Eu toco seu ombro e ele tira minha mão dali.

- Por favor, vai embora, Mellanie. Eu não estou legal. 

- Me diz o que está acontecendo!! - Toco seu ombro e ele nega com a cabeça rapidamente. - Justin, isso tudo é porque nos separamos? - Eu o olho de lado, que suspira fundo e os olhos estavam ainda vermelhos, já chorando baixo.

- Eu quero ficar sozinho. - Ele me olha pela primeira vez nos olhos, logo desvia.

- Eu não vou te deixar sozinho nesse estado... conversa direito comigo, por favor.

- Eu preciso que você me deixe sozinho. 

- Para você fumar de novo? Não faz isso, por favor. - Acaricio seu rosto com as mãos leves e ele continua chorando, então tenta me empurrar, mas simplesmente para. - Eu vim aqui numa boa para conversar com você. - Ele está tão triste. Tão irreconhecível.

- Você pede o divórcio, diz que quer se separar, eu saio de perto e você vem atrás de mim? - Ele fala todo chateado e acabo não conseguindo segurar algumas lágrimas. - Me solta, caramba. - Ele pede baixinho.

- Não é porque iremos nos separar que eu não me importo com você. São coisas opostas. Eu me preocupo com você E MUITO. - ele suspira fundo. - Vem cá, vamos conversar direito. - Eu seguro suas mãos e acaricio as costas das mesmas com os polegares.

- Eu não quero falar nada. Eu só quero deitar. - Ele passa por mim e entra no quarto. Ligo a luz e Justin deita na cama de casal. Havia uma enorme televisão na parede, um guarda-roupa de correr com duas portas e uma janela que dava para a rua. Na cômoda, vejo o isqueiro dele e alguns remédios. Justin deita na cama puxa o cobertor. - Eu não quero falar nada agora, é serio. Eu não estou legal.

- Ok. Ok. Tudo bem se eu ficar aqui até você dormir? - ele assente e vira de costas para mim. Eu tiro minha bota e sento do outro lado da cama. Ele suspira fundo e passa as mãos no rosto. Fico com vontade de chorar vendo o estado dele. Justin vira de frente para mim e respira fundo. Estico minhas pernas. - Encosta aqui. - Bato na minha perna e ele nega com a cabeça. Acaricio o pouco de cabelo que restou nele e era confortável. Justin rapidamente deita em cima das minhas coxas e fecha os olhos rapidamente. Eu o acaricio com a mão direita e, com a esquerda, toco sua mão. - Eu sempre vou me importar com seu bem estar e sua saúde. - Ele assente e respira cada vez mais fundo.

- Eu não quero que você fique comigo agora. 

- Por quê?

- Eu vou me sentir pior ainda.

- Você está se sentindo pior agora?

- Não. - Ele responde baixo.

- Então... Eu já vou embora. - Acaricio seu cabelo e sua nuca. Era gostoso passar a mão no cabelo ralinho dele. Fico quase dez minutos no maior silêncio e ele parecia estar mais tranquilo. - Você está mais calmo?

- Sim. - Ele responde. - Mas não era para você estar aqui... - Ele sussurra. Continuo acariciando-o e ele parece querer dormir. Paro com a mão em seu cabelo e o quarto ainda cheirava ruim. Sem querer, choro bem baixinho ao perceber que ele teve um surto e está completamente deslocado. Volto a acariciá-lo e ele parece estar dormindo. E agora? Como eu saio daqui? Continuo um tempo fazendo-o cafuné e acaricio suas costas. Ele puxa a respiração bem fundo. Tiro meu celular do bolso com dificuldade e são 1h08. Já faz mais de duas horas que eu estou aqui... Preciso ir embora. Como eu saio agora? Pego o travesseiro dele e, conforme tento levantar, coloco embaixo e ele resmunga ao se ajeitar. Dou um forte beijo em sua bochecha e ele suspira mais calmo.

- Eu estou indo embora. Pelo amor de Deus, fique bem. - Sussurro e mexo em seu cabelo mais uma vez. Demoro a soltá-lo e então cubro seu corpo com o edredom. Deixo o quarto e encosto a porta. Minha bexiga está estourando. Após usar o banheiro, vou embora de lá e passo pelo hall com cara de sono. Amanhã cedo vou tomar café e ir direto para o flat, antes mesmo da JKC. Ainda bem que Anna está em casa. Justin nem perguntou das crianças, talvez porque os viu mais cedo.

Chego em casa e estava um silêncio só. Anna já deve estar dormindo. Vou para o meu quarto, faço minhas higienes e programo meu despertador para às 7h10. Vou até o quarto das crianças e Anna dormia de frente para eles, na cama maior. Dou um beijo no rosto de cada um e encosto a porta. Deito na cama e não paro de pensar no Justin. O que está acontecendo com ele? Fico tão preocupada que penso em mil coisas. Pelo menos ele apareceu.

...

Pisco e foi como se eu nem tivesse pego no sono. Levanto e tomo um banho quente. Seco meu cabelo, já visto meu uniforme e saio do quarto disposta a encontrá-lo novamente. Tomo uma vitamina e Anna tinha acabado de levantar.

- Mel! Pensei que tivesse passado a noite fora.

- Cheguei tarde... Justin está péssimo, Anna. Você não tem ideia.

- Mas o que houve?

- Ele está super desnorteado, parece meio depressivo. Ele não queria falar comigo de jeito nenhum ontem, aí eu só fiquei lá.

- Caramba... Mas e agora?

- Eu vou sair mais caso pra passar lá e falar com ele. Qualquer coisa te dou um toque.

- Ok.

- Eles dormiram bem ontem? - Falo ao pegar minha bolsa do trabalho na bancada e guardo meu celular dentro.

- Sim... Só queriam saber sobre você e Justin.

- Está tão complicado. Eu vou dar um beijo neles antes de sair. - Subo as escadas e vou até o quarto deles. Sento no chão, dou vários beijos nos dois e sussurro: "A mamãe ama vocês". Fui para o meu quarto e fiz minhas higienes. Passei corretivo debaixo dos olhos e uma base seca só para não ficar sem nada. Penteei as sobrancelhas e então passei um rímel incolor para dar volume. Um batom vermelho bem claro mate e blush discreto. Pego minhas coisas e logo saio de casa. Fui até o flat e passei no Starbucks mais próximo de casa. Peguei um frapuccino para Justin e fui até o flat que ele estava. Estacionei na rua de trás e estava o maior trânsito. Andei até o hall com óculos de sol e eles me liberaram de imediato - tudo isso porque sou esposa. Subi para o último andar e abri a porta sem bater. Isso significa que ele nem acordou. Deixo o frapuccino na cama e logo minha bolsa. Tenho meia hora aqui até ir para o trabalho. Ando pelo cômodo e vou até o quarto dele. Justin estava todo coberto ainda dormindo, um silêncio. Entro no quarto e sento na ponta da cama. Começo a acariciar seu cabelo e ele desperta aos poucos.

- Você dormiu aqui?

- Não. Eu só te trouxe um frapuccino. - ele coça os olhos e suspira fundo. - Eu sei que você não quer conversa e entendo seus motivos, mas você me deixa preocupada. - ele esconde o rosto no travesseiro. - Eu já estou indo... Por favor, fique bem. Qualquer coisa você pode me ligar. Eu estou indo trabalhar e queria muito que pudéssemos conversar mais tarde. - Ele assente.

- Venha aqui à noite. - Ele boceja e senta na cama. - Aí conversamos.

- Por favor, não use nada antes da conversa. Por favor! - Ele afirma com a cabeça e vai ao banheiro. Arrumo sua cama e ele volta segundos depois. Justin pega um dos comprimidos e toma alguns goles d'água na garrafa que estava no criado-mudo. Ele penteia o cabelo e pega um cigarro de maconha.

- Ok.

- Você vai fumar agora? Mas que remédio era esse?

- É o antidepressivo. Eu tomo dois por dia. - Ele diz e acende o cigarro. Eu logo me afasto e respiro fundo tentando entender por que ele faz isso.

- Você está de estômago vazio... Tome o frapuccino.

- Eu não entendo qual é a sua. Você não quer mais nada comigo e agora que eu estou meio pra baixo você vem atrás?

- Meio pra baixo? Você está péssimo. 

- Eu não sou o único péssimo aqui. - Ele fala ao soltar a fumaça e eu me afasto ainda mais.

- Eu não me conformo de você estar fazendo isso. - Falo decepcionada e Justin dá os ombros indiferente, ainda fumando enquanto analisa o cigarro de maconha. Que cheiro insuportável logo pela manhã.

- Mais tarde conversamos.

- Você vai passar o dia todo aqui?

- Deitado. - Ele aponta para a cama. - Dormindo.

- Você nunca foi assim. - Pego minha bolsa e vou até a porta, ele acena distante e fecho a mesma. Gostaria MUITO de saber o que está acontecendo com ele. Ligo para Anna e digo que está tudo "bem" e estou a caminho do trabalho. Chego na JKC e Bryan me chama na sala dele para conversar, acredito eu.

- O que está acontecendo com o seu marido?

- Ele está meio para baixo esses dias... Vamos conversar hoje à noite. Eu estou bem preocupada.

- Eu também. Ele quer voltar à presidência na terça-feira, mas eu acho muito em cima. Na verdade, não sei direito como ele está.

- Do jeito que ele está agora é impossível conseguir voltar para o trabalho na terça. Eu vou resolver isso hoje e depois te dou um retorno.

- Ok. Estamos precisando MUITO dele aqui.

- Eu sei... Eu vou resolver isso hoje. - Levanto e ele concorda.

- Ok. Obrigado. - Saio de lá e vou para o meu escritório. Não comentei com ninguém sobre ele ter aparecido. Jade perguntou a respeito e falei que ele está num flat, mas ainda tudo é tão complicado. Passo a tarde atolada de trabalho e consigo almoçar bem. Agora estou um pouco mais tranquila com relação ao Justin, porém ainda muito preocupada. Sai do trabalho às 17h15 - atrasei porque resolvi algumas pendências - e fui direto para o colégio deles. Eu os levei em casa e Anna estava lá com os lanches prontos. Contei a ela que iria no Justin.

- E a sua faculdade?

- Eu meio que tranquei duas semanas depois que o Justin sumiu. Não tinha como continuar.

- Mel... Você deve voltar! Está perdendo muitas matérias.

- Eu sei... Eu só preciso resolver essa situação toda. Justin me deixa muito preocupada.

- Pelo menos hoje você não está com o olhar tão caído.

- É... Eu vou daqui a pouco no flat falar com ele para resolver tudo isso.

- Eu queria vê-lo.

- Ele provavelmente virá aqui para ver as crianças... Não sei se hoje ou amanhã.

- Ótimo! - Ajudo Anna a tirar a mesa após o lanche e dou um banho em Vallery enquanto ela brinca com Brandon no quintal. Visto um pijama nela e penteio seu cabelo.

- Eu vou ver o papai, ok? Ele está trabalhando muito, mas esta morrendo de saudades de vocês.

- Eu quero ir também.

- Agora não dá, meu amor. - Acaricio seu cabelo. - Eu só vou rapidinho.

- Ahh... Eu amo o papai.

- Ele também ama você e seu irmão. Promete obedecer Anna para o jantar e dormir bonitinha?

- Sim!

- Cuide do seu irmão. - Ela assente e dou-lhe um forte abraço. Vou até a janela e grito pelo Brandon, mas não o vejo. Talvez ele esteja perto da piscina. - Venha tomar banho. - ele sobe as escadas correndo e vem até mim.

- Que correria é essa?

- Anna quer me pegar. - Ele fala cansado e eu o pego no colo. Vou até o banheiro e tiro seu uniforme. Ele entra no chuveiro com água morna e aproveito para pegar seu pijama. Vallery estava desenhando sentada na mesinha. Lições informais do colégio, eu diria. Aproveito para tomar um banho também e visto uma calça legging preta, regata da mesma cor e um moletom vermelho. Deixo meu cabelo solto e passo apenas um gloss incolor. Saio de casa por volta das 18h50 e vou direto para o flat. Levei apenas minha bolsa. Cheguei no hall e eles me liberaram de imediato. Qual é, já vim aqui hoje cedo e saí de madrugada. Saio no último andar e bato na porta. Estava trancada. Justin abre uns 20 segundos depois e estava quase dormindo em pé.

- Oi. - Falo ao entrar e fecho a porta. Ele apoia com a mão na cadeira e parece atordoado. - Você está bem?

- Estou com tontura... - Diz baixo.

- Sente-se, é melhor. - Toco seus pulsos e o coloco sentado na cadeira. - Você fumou agora?

- Não. Já faz tempo.

- Bebeu algum remédio?

- Não. Eu tomo um de manhã e outro mais à noite. - Ele fala calmo. - Cadê os dois?

- Estão em casa... Eles sentem sua falta. - Justin mal abria os olhos e estava um pouco pálido. Eu fico de joelhos no chão - em sua frente. - Você está pálido. O que está sentindo? - Coloco as mãos em sua testa e a temperatura estava normal.

- Fraqueza, tontura... Sei lá.

- Você comeu hoje? - Ele nega com a cabeça e tenta levantar. - É melhor deitar um pouco. - Eu o ajudo a levantar, que logo fica de pé e vai na frente. Ele desequilibra e cai para o lado. Eu tento segurá-lo, que desmaia de imediato. Aí meu Deus!!! Eu não consigo carregá-lo. Estávamos entre o quarto e a sala. Tento arrastar seu corpo conforme o chamo e ele não responde. - Justin, pelo amor de Deus, acorda! - Mexo em seu rosto, seu cabelo e tento sentir sua pulsação no pescoço. Estava um pouco lenta. Minha mãe sempre me ensinou sobre primeiros socorros. - Justin, acorde!!! - Corro até o frigobar e pego uma garrafa d'água. Levo até ele, que não acorda e coloco a mesma bem gelada em sua nuca. Justin suspira fundo e percebo que voltou. - Graças a Deus! Você quase me matou de susto. Justin, você precisa se alimentar direito. Ninguém vive de maconha e água. - Ele abre os olhos e estávamos muito próximos. Ele tão abatido, com cara de dor, porém já em seu tom de pele normal. 

- Deve ser efeito colateral do remédio. A doutora disse que eu poderia sentir fraqueza.

- Você foi ao médico? - Ele senta no chão e passa as mãos na cabeça.

- Eu posso estar mal, mas isso não significa que eu iria começar a tomar antidepressivos por conta própria. - Ele toma metade da garrafa e coça os olhos. - Eu fiquei desacordado por quanto tempo?

- Menos de um minuto. Você me deixou super preocupada. - Ele estica as pernas e tenta levantar. - Calma! Não levante ainda. Vamos conversar assim. - Ele assente e deita a cabeça na ponta da cama.

- Eu já me sinto melhor...

- O que você comeu hoje? Tipo o dia todo.

- Eu tomei o frapuccino, aí almocei uma omelete e... Só.

- SÓ? Você está tomando um remédio super forte e não pode ficar sem se alimentar, ainda mais fumando desse jeito.

- Eu não fumei agora. - Ele diz ao me olhar. - O que você quer conversar? - Justin falava calmo, baixo, parecia sem força.

- Como assim? Olhe o seu estado. Eu quero entender o que aconteceu, por que você fugiu de casa, por que está desse jeito? - Ele encosta a cabeça na parede e parece descansar por míseros segundos.

- Depois daquela conversa que nós tivemos, eu percebi que quanto mais eu ficasse naquela casa mais difícil seria para mim... Então eu tive um surto no meio da noite, entrei no nosso quarto, deixei meu celular e peguei algumas roupas... Fui embora. Eu queria sumir para poder pensar. Assim que eu sai de lá, passei comprar um isqueiro e alguns maços de cigarro... Eu já sei que você ficou desesperada, porque quando eu te liguei na primeira vez eu também falei com o meu pai e ele estava desesperado.

- É óbvio que eu fiquei! Você me deixou MUITO preocupada.

- Aí eu peguei meu jato com o Benné e desembarquei na Holanda. Lá é tudo legalizado. Fiquei 15 dias fumando feito louco sem fazer nada e quase não comia. Nem vi a cidade direito.

- Por que tudo isso?

- Porque quando eu estou drogado ou bêbado não dói amar você. - Meus olhos marejam. - E isso não é normal... Eu estava ficando muito deprimindo porque não sabia o que fazer, como aceitar a realidade sem ficar fumando o tempo todo. Então eu procurei uma psicoterapeuta para fazer uns exames e ela constatou que eu estou com um nível inicial de depressão, porque eu disse a ela que não sei viver sem você e os meus filhos. Eu fiz alguns exames. Foi aí que ela me receitou esse remédio e pediu que eu me alimentasse melhor e continuasse afastado por pelos menos mais uns dias... Foi o que eu fiz, mas eu precisava demais ver os dois. Eu nem senti falta do meu celular. Eu estava literalmente abandonado do outro lado sem saber o que fazer.

- Eu não estou acreditando... Meu Deus do céu, Justin! Você não me ligou, eu teria te ajudado.

- Você não entende? A sua presença só piora o meu estado porque eu sei que, mesmo você estando preocupada, sou eu que estou sofrendo.

- E você acha que eu não sofro?

- Eu quis dizer com relação a essa depressão inesperada. Foi isso que aconteceu. Eu tirei muito tempo para pensar, muito mesmo. - Acaricio seu rosto e ele fecha os olhos por alguns segundos. - Eu não vou conseguir parar com tudo isso tão cedo. - Suspiro decepcionada e tentando segurar o choro. Ele falava calmo, desanimado e como quem queria chorar. - Eu voltei para assinarmos logo essa merda de divórcio, aí eu me mudo.

- Para onde?

- A sede de Dublin ou São Francisco. Eu não vou aguentar te ver todos os dias no trabalho, mas também não consigo ficar longe dos nossos filhos. Que droga. - Ele começa a chorar e eu o abraço bem forte. Justin demora, mas corresponde e me aperta muito, muito. Ele me faz chorar. Justin não me solta por nada e continua me abraçando. Ele era tão aconchegante. - Você só piora meu estado. - Ele fala quase sem voz e eu me afasto.

- Eu quero te ajudar... Você me deixa preocupada demais. Eu fiquei sem comer direito esse tempo todo também.

- Eu percebi... Quanto você emagreceu?

- Uns 4kg.

- Caraca. - ele diz. - Então... É isso.

- Até quando você vai tomar esses remédios?

- Ela pediu dois meses contínuos e eu retorno uma consulta. - Ele desvia o olhar e suspira.

- Lá em Amsterdã?

- Isso. - Ele assente.

- Você não pode continuar assim, Justin. Eu vou pedir um serviço de quarto.

- Não... Eu não estou com fome. Eu vou fumar um. - Ele olha ao redor a procura do isqueiro, já que estava só de cueca.

- Espere um pouco... Eu vou pedir algo para você comer e aí você fuma depois.

- Por que você quer cuidar de mim agora?

- Você me deixa sentindo culpada. Eu sempre vou me preocupar com você e querer te ajudar.

- Claro que você me deixou com raiva pela decisão, mas já foi constatado na consulta que eu tenho problema em desapegar de você. Talvez porque eu já passei por vários traumas desde pequeno e agora que eu estava estabilizado tudo caiu. Sei lá.

- Não fala assim, Jay. Eu nunca quis causar tudo isso. Sempre que nos brigávamos e chegamos a nos separar não foi desse jeito.

- Acumulou tudo. Nós somos casados. Divórcio não tem volta. Você já pensou nisso? - assinto sem resposta e ligo para um restaurante japonês que ele adora. Peço dois temakis e 8 sushis. Um suco natural de laranja e deram o prazo para entrega em 30 minutos.

- Meia hora para chegar a comida. Eu vou esperar aqui e assim que chegar vou embora.

- Você só piora, Mellanie.

- Você não quer que eu fique aqui?

- Eu só quero fumar e te esquecer. - ele levanta e bate a mão na cama. - droga. Por que tem que ser tão difícil?

- Você não pode continuar pensando assim... Você acha que eu não fiquei super deprimida por você ter sumido? Poxa, eu conheço você e vice cerca. Você é um homem incrível, mas aconteceram coisas que nos fizeram não dar certo. - Eu falo chorando e ele desvia o olhar de imediato.

- Então vamos logo assinar essa separação e assim eu vou embora. - Ele fala ainda desviando o olhar de mim. - Você vai achar que eu estou assim para mudar a sua cabeça, mas foi justamente por isso que eu fui embora. Nunca quis te influenciar, mas você sabe que eu sempre te amei demais. Você sempre foi e sempre será a mulher da minha vida. - Ele chora de novo e acaba comigo mais uma vez. Acaricio seu cabelo. - Era por isso que eu não queria que você me visse... Que saco, Mellanie. Eu preciso ir embora dessa cidade. Eu preciso fumar. - ele tenta levantar, mas eu seguro seu peitoral.

- Você não precisa disso agora.

- Eu preciso sim. Eu não quero ficar pensando em você. - Ele fala ao fechar os olhos. - Você não deveria ter vindo aqui. Mellanie, eu prefiro que você não venha.

- Você disse que iria voltar para a JKC na terça-feira. Como você acha isso possível?

- Eu vou lá para fazer uma reunião e anunciar que tirei trabalhar na outra sede.

- Você acha que fugir do problema é mais fácil?

- Você iria aguentar trabalhar encontrando comigo o dia todo, então saímos de lá para buscar as crianças, cada um vai para sua casa?

- Eu... é... Não é fácil... - falo sincera. - Mas se você pensar assim a gente não consegue mesmo.

- Deve ser porque não há motivos para nos separarmos. Casais que se divorciam não sofrem desse jeito. - Levanto e começo a andar de um lado para o outro. - Eu só quero ver a Vallery e o Brandon e ir embora dessa cidade. - Ele levanta com dificuldade e sobe a cueca. Não consigo disfarçar e olho. Ele pega o isqueiro e acha um cigarro de maconha ao lado.

- Justin, não. Por favor. Não fume agora. Eu sei que você consegue. O jantar está chegando e você precisa se alimentar. - Eu me aproximo e seguro seu rosto com as mãos.

- Você está fazendo essas coisas de propósito. Eu não quero ficar pensando em você. - Tiro o cigarro das mãos dele e jogo na cama. - Mellanie, para, tá legal?. - Ele fala e bufa.

- Espere o jantar.

- Você não manda em mim. Você me abandonou e sabia que isso iria acontecer desde o início. - ele fala bravo e continuamos frente à frente. Seguro seu pescoço com as duas mãos e ele fecha os olhos conforme nos olhamos.

-- Por favor, não faz isso com você mesmo. - Falo baixinho e ele estava ficando ofegante. - Por favor.

- Eu não sei se você percebeu, mas eu quero muito parar de pensar em você. Assim não fica fácil pra mim. - Ele fala baixinho e eu o puxo para outro abraço. - Sai.

- Você precisa de um abraço, isso sim. - Eu o aperto e descansamos a cabeça no ombro um do outro. Assim ficamos por alguns segundos e eu acaricio suas costas. Ele respira fundo e não queria me soltar. Subo a mão até sua nuca e acaricio seu cabelo ralo tentando engolir o choro. Eu me sentia mal por vê-lo assim. Ele me solta aos poucos e ficamos frente a frente mais uma vez. Quase toco minha testa na sua, mas me seguro. Ele iria pensar que seria provocação da minha parte. Tiro meu celular do bolso assim que nos afastamos e ligo para casa.

- Fale com a Anna. - entrego a ele, que senta na cama e começa a falar com ela um pouco menos desanimado do que antes.

- Sim. Eu estou... Eu também, Anna. Vou passar ai esses dias. Aham. Ela é. Estou esperando o jantar. - vou até a sala e sento no sofá enquanto ele conversa no quarto. - amém. - ouço ele dizer e vem até mim. - Obrigado. Ela estava preocupada.

- Todo mundo está preocupado com você.

- Eu sei. - Ele respira fundo. - Eu vou melhorar... É que esses últimos dias foram bem difíceis.

- Você quer me dizer algo? Sei lá, para ficar aliviado.

- E já te disse tanto... - Ele fala ao andar de um lado para outro. - Eu estou muito irritado por você ter pedido o divórcio e agora estar aqui, comigo, mas eu te amo. - Ele dá os ombros. - Eu estou passando por uma época difícil porque eu não queria me separar de você e nossa vida estava ótima, mas aí você viajou e voltou assim...

- Eu não "voltei assim" e você sabe disso. Não aconteceu nada entre mim e o Steve.

- Eu sei, Mellanie. Eu também sei todos os erros que eu já cometi, os que você cometeu, mas parece que isso tudo só caiu na minha cabeça agora. - Ele não parava quieto. - Eu só tive problemas comigo mesmo para lidar com isso e voltei a usar maconha e cigarro.

- Pelo amor que você tem pelos seus filhos, não fique fumando! Você sabe que é péssimo.

- Usar maconha me faz pensar em você sem dor e me faz imaginar muita coisa boa.

- Você não pode pensar por esse lado. Eu também penso em você e nem por isso eu fumo.

- Mas foi você que decidiu o divórcio.

- Você acha que eu estou bem com isso? Você me faz ficar arrependida.

- Não era essa a minha intenção... Na verdade, eu só não queria que você sentisse influenciada pela minha situação. - ele fala chateado e continua andando de um lado para outro. - Eu vou fumar um cigarro bem rápido... Quando chegar o jantar você me fala. - Eu levanto e o seguro pelo braço.

- Deita aqui um pouco. - Eu sento no canto do sofá e ele nega com a cabeça. - Você não vai fumar.

- Mas eu preciso. - tiro meu moletom e dobro no encosto do sofá.

- Por que você precisa? O que você está sentindo?

- Eu quero te beijar, quero ficar com você e ficar te olhando assim só me faz ter ainda mais vontade. - Juatin olha minha regata e então fita meu corpo.

- E se você fumar vai passar? - cruzo os braços e ele nega com a cabeça.

- Não, mas eu fico um pouco mais calmo. - Ele para em minha frente e logo senta no sofá.

 

SPOILER

- Quero. - Ele parecia furioso com a minha resposta.

- Por quê? Caralho, Mellanie. O que você tem na cabeça? Você acha que eu sou idiota? 
 


Notas Finais


Gente, já sei que vocês ficarão bravas no decorrer dos capítulos (algumas nem tanto), mas é tudo necessário. Calm down. Amo todas. Obrigada por me acompanharem nessa temporada, que eu tanto amo.
Aguardando as opiniões no geral e críticas, ok. Vocês podem xingar a Mellanie livremente, igual nos comentários dos capítulos anteriores rs, socorro.
ps: gente, eu adoro a Mellanie.
Beijos.


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