História Behind The Secrets - Fourth Season - Brunette

A cada momento que passa eu vejo o quanto amo aquela mulher e o quanto ela finalmente essa arrependida. Que assim seja, talvez agora ela entenda como é difícil sobreviver a um divórcio decidido por bobeira. Ela foi embora chorando e aquilo me deixou chateado. Talvez tenha pensado a noite toda na minha resposta por telefone. Eu apenas respondi o que ela perguntou. Talvez um bom tempo de volta a Moscou a faça pensar na idiotice que cometeu logo no início do ano. 

                                   09 de abril de 2019 - Mellanie P.O.V

Desembarquei em casa com um enjoo tremendo, dor de cabeça e uma dor no corpo horrível. Eu detesto esses voos eternos. Vallery voltou exausta e Brandon em estado febril, aparentemente com dor de garganta. Chorei tanto que minha cabeça latejou e sequer tenho mais lágrimas. Mas o enjoo, realmente... Nada a declarar. Eu só quero esquecer tudo o que aconteceu e conseguir dormir.

Logo na primeira noite, eu coloco os dois na cama comigo e durmo na ponta, segurando Brandon que estava ao lado da Vallery, ainda tão chateada com o fato de Justin negar meu pedido para que voltasse comigo. Ele falou não, na minha cara! Como ele conseguiu fazer isso depois dos quatro dias que tivemos juntos? Eu me declarei tanto, eu... me desculpei... eu.... realmente tinha certeza de que ele voltaria comigo.

                                                    Justin P.O.V

- Sim. Estamos. E você? O que me conta?

- Mellanie foi embora hoje cedo. Transei com ela duas vezes, cara.

- Vocês não tem jeito mesmo!

- Eu evitei pra caramba... Mas ela, você sabe. Eu amo a Mellanie.

- Mas é isso que ela quer. Você fica igual trouxa atrás dela.

- Eu não fico. - bufo.

- Fica sim. Ela gosta e você sabe que é verdade. 

- Eu queria sair, esfriar a cabeça, sabe?

- Vamos sair hoje então!

- Mas é domingo.

- Para de ser velho, Bieber!!! - Ele ri do outro lado da linha. - Você não pode beber mesmo.

- É. Isso é verdade. Ok. Eu vou falar com o Josh.

- Você quer sair ou quer pegar alguém?

- Sabe que... Tanto faz. Eu só quero tirar a Mellanie da cabeça... pelo menos um pouco.

- Eu pensei que você tinha melhorado... No evento.

- Porra, eu estou ótimo. O problema é que ela foi embora chorando porque queria que eu voltasse junto e eu disse não... várias vezes não.

- Ela chorou e você disse não? - sim, também estou surpreso.

- Muito.

- Ver a mulher que você ama chorando é demais... Ainda bem que eu não estou estou na sua pele.

- vai se foder!!! - ele gargalha do outro lado da linha.

- É sério, cara. As poucas vezes que Ashley chorou quando brigávamos me dava um peso na consciência. Mulher chorando é foda. - sim, eu sei! Isso não está me ajudando. 

- Sim, é. Então nós vemos na 1Oak?

- Sim.
 

Desligo. É uma das únicas casas noturnas que abre de domingo, também por ser um restaurante. Na verdade, todas as filiais da 1Oak só abrem aos sábados... Mas aqui, não.

O único problema é que não posso beber, ainda. Há tantos meses não tomo um gole de álcool. Isso realmente é raro. De resto... Foda-se. Desligo meu celular e então passo o resto da tarde pensando em como foram meus quatro dias com as crianças e... a Mellanie. Meu pai já me disse por telefone que eu não deveria ter dito não. Porra, eu não iria voltar com ela agora. Eu não quero ser feito de idiota, de novo. Dimitri acha que eu estou certo, mas que exagerei. Ela chorou tanto. 

Encontro Josh com outro cara e três morenas perto das 23h. Todas bonitas. Uma delas estava acompanhando do cara que não conheço. Avisto logo Ryan e Ashley. Ela é realmente bonita. Eles fazem um casal... interessante. Vou até um dos sofás e vejo que o primeiro combo já estava na mesa de centro. 

- E aí! - Eu as cumprimento com toda simpatia e, bem, elas não têm tanto corpo. Isso pouco me importa. Nem sei o que estou pensando. Só quero conseguir esfriar a cabeça e tirar duas imagens da minha cabeça: Vallery e Brandon me pedindo pra voltar pra casa e, bem, Mellanie nua no meu colo... pedindo para voltar comigo. Porra. 

Posso dizer que o começo foi realmente entediante. O fato de sair com vários amigos e não poder tomar uma gota de álcool para esquecer minha ex-esposa é frustrante. Ryan estava levemente bêbado e eu me sinto um velho no meio de todos eles, ciente de que serei o único a lembrar da noite toda e além de tudo estou dirigindo. A única coisa realmente boa é que hoje toca apenas Black Music e tem muitas mulheres bonitas, as músicas são boas. Agora, por exemplo, toca Fetty Wap.

- Você não vai beber? - Ela senta ao meu lado e nego com a cabeça. Já faz duas horas que estamos aqui e ela bebeu bastante. As outras, um pouco mais. Eu? 500ml de energético.

- Eu trabalho amanhã, estou dirigindo. - e me recuperando de uma depressão. - Você?

- Eu trabalho, mas estou de carona.

- Com elas? - Aponto para as duas, que dançavam com outros caras. - Esquece. - Ela ri.

- Sim, com elas. - Observo Ryan e Ashley aos beijos ao meu lado, no sofá, e por um momento me sinto desconfortável por estar aqui, sentado, sóbrio, com vontade de estar em casa. Na minha casa. 

- Olha... Onde você mora? - Pergunto para puxar assunto e ela finalmente deixa o copo na mesa, a saia sobe um pouco.

- Perto do aeroporto.

- Huh, eu posso te deixar em casa. - Ela rapidamente sorri e aproxima seu rosto do meu. 

Acabou que quando me dei conta ela estava muito bêbada. Caramba. Por que ofereci carona para uma estranha? Só porque é amiga do Josh? Ryan e Ashley foram embora depois das 2h, coisa de casal, e então fui por volta das 2h30 com a morena. Ela vestia uma saia tão curta que... caramba. Ela é bonita. Tenho que acordar cedo amanhã e estou exausto. Posso dizer que não ficamos nem mesmo uma vez na balada. Ela é legal, mas bêbada enquanto eu estou sóbrio... Isso é um problema. Ainda mais porque sequer consegui tirar os quatro dias que Mellanie passou aqui da cabeça. Isso não poderia ter acontecido. Ela não merece que eu volte, nem mesmo arrependida. Acabo me perdendo nos pensamentos quando ouço sua voz indicando o caminho e vejo que estamos do outro lado da cidade. 

- Vira à esquerda, depois siga por três casas. Essa - Estaciono em frente à casa de muro alto em plena madrugada. - Vamos entrar?

- Você está um pouco bêbada. Descanse. - Eu me sinto um velho conforme falo e acaricio sua coxa enquanto peço que ela vá dormir. Por que eu estou sóbrio, caramba? Que horrível.

- Mas a nossa noite não pode acabar assim, Justin. - Ela se aproxima e então me agarra como se o quisesse ter feito desde que nos conhecemos. Acabou sentada em meu colo, no lugar do motorista, fazendo-me inclinar o banco. Foi bom, confesso, exceto pelo gosto da bebida quando se está sóbrio, assim fico com vontade, ainda mais. Agora sim, eu me sinto... estranhamente, bem? Não sei se essa seria a palavra.

 Mellanie P.O.V

Acordo com uma ânsia tremenda e vomito toda a água que tomei de madrugada. Anna já estava em casa. Eu me sinto péssima. Ela me dá um forte abraço e espera que eu conte o que está acontecendo com a minha vida desde que voltei. No caso, ontem.

- Mas você está nervosa.

- Eu estou muito. - Digo baixo. - Eu sou uma idiotia. Eu amo o Justin e fui ridícula com ele. Como eu não enxergo essas coisas? - Ela dá os ombros e me abraça como conforto. - Eu me sinto péssima. Eu cheguei ruim de noite.

- É o seu sistema nervoso... - Ela parece querer me confortar, de novo.

- Eu sou tão tonta. Por que agi dessa maneira? Eu mudei meu voo para me declarar pra ele, mas agora ele simplesmente já superou. - Falo já chorando. - Ele não vai voltar comigo. Eu sei que não. - Sinto enjoo novamente e minha cabeça dói. - Ele falou que não na minha cara.

- Mas como isso aconteceu?

- Ele nos deixou no aeroporto e então eu estava tão triste pela situação... Pedi que ele voltasse comigo e eu não conseguia parar de chorar, mas ele simplesmente me afastou e disse que não umas cinco vezes. Ele falava tão sério. Eu odeio me sentir assim, Anna. O que eu faço? - Já estava prestes a chorar, de novo. 

- Nossa... é, isso é um pouco complicado. O que você está sentindo?

- Enjoo, dor, raiva...

- É melhor deitar um pouco. Todo esse fuso-horário te deixa com o organismo bagunçado. - Assinto em concordância e suspiro fundo. - Depois você vai para a JKC.

- Eu preciso fazer uns relatórios e ver as fotos do evento, publicar algumas, tenho tanto a fazer. - Bufo pensando em tudo o que preciso fazer nessa semana e já estou exausta. - Pelo menos eles dormiram bastante. 

- Eu já fui lá no quarto e não há mais febre. Logo estarão de pé. 

- Eles devem acordar bem tarde... Estão tão cansados quanto eu.

- Durma mais um pouco então. Eu te faço ovos mexidos quando levantar.

- Eu precisava ir a JKC daqui a pouco. Eu não quero comer nada. Só a ideia já me deixa com náuseas. - Ela murmura alto em duvida.

- Hummmm.... - cantarola.

- Anna!

- Vá descansar. - Logo vou até meu quarto e eles dormiam próximos. Decido deitar na cama de Vallery enquanto penso na burrada que cometi desde o início do ano. Cochilei por apenas meia hora e então usei meu notebook para trabalhar de casa durante toda a manhã.  Publiquei as fotos, vi minha foto com Justin do evento e, bem, ficou incrível. Deixei como plano de fundo do celular e enviei as demais ao pessoal das outras sedes. Aproveitei para ver os gastos adicionais. 

Levei as crianças no colégio e continuei trabalhando de casa enquanto ajudava Anna a desfazer as malas, tirar as roupas da secadora, fiquei um pouco com Billy, Babi e Bob.

 

- Eu ainda estou enjoada, Anna. Que droga.

- Mas por que essa preocupação toda? Tome um remédio e descanse... É só o cansaço.

- Eu estou com medo de estar grávida. Eu sei que parece loucura. - Eu sei, mas estou preocupada, mesmo. - Eu estou assim já faz um tempo... Eu sei que é só um enorme nervosismo, mas caramba. - Só o pensamento já me deixa em prantos.

- Mas Mellanie... Tem chances?

- Eu não... Não sei. - Começo a fazer as contas. - Ou eu estou de 6 semanas ou de 6 dias. Eu não sei. - Ela ri.

- Esquece os 6 dias. Agora, 6 semanas? - Afirmo com a cabeça.

- Tomara que não. - Falo quase para mim mesma e quebro a cabeça pensando. - Eu voei várias vezes desde então. Só fiquei assim desde que voltei da Califórnia. Deve ser psicológico. - Meu estômago embrulha de novo.

- Você acha que pode ser psicológico?

- Eu estou nervosa, triste, irritada... Sabe? Eu me sinto muito idiota, Anna. Poxa. Eu amo Justin. Eu não deveria tê-lo feito passar por tudo isso. E se ele está lá se divertindo enquanto eu estou aqui, assim? Tudo bem que ele também está chateado, mas ele não me quis de volta. Ele nunca mais vai me querer.

Ainda na minha primeira semana com os mesmos sintomas, mando uma mensagem para minha mãe e conversamos brevemente. Anna continua dizendo que eu deveria fazer um teste, pelo menos assim tiro essa ideia da cabeça. Eu sei que o sistema nervoso atacou. Decido ligar para Justin pela primeira vez desde então, mas ele não atende. Começo a fuçar suas redes sociais e ele tinha acabado de postar uma foto ao lado de um cara que eu nunca vi na vida e duas garotas. Sim. Garotas. Devem ter, no máximo, uns 20 anos. Duas morenas quase do tamanho dele. Pareciam dois casais. Meu estômago arde só de pensar na ideia. Meu Deus. Ele nunca foi de postar fotos quando saía para se divertir... Não com outras mulheres, mas sim com os amigos, o que nunca me incomodou. Ele simplesmente esperou 48 horas desde que eu fui embora e já está ficando com outra mulher? Não pode ser. Vejo que ele marca as duas e então começo a fuçar o Instagram. Eu não quero dar uma de ex-esposa paranoica, mas caramba... Ele realmente saiu com elas? Agora? Só o pensamento de imagina-lo beijando outra mulher numa boate acaba comigo. Adicionei uma delas no Snapchat pelo usuário e espero encontrar vídeos... Ou não. Talvez seria melhor se não tivesse nada. Eis que carrega e começo a ver: fotos dela pronta. Dane-se. Eu nem sei quem é. Logo uma foto acompanhada do outro cara que aparece na foto anterior, provavelmente seu namorado, e então vídeos na balada. Justin aparece conversando com a outra morena enquanto dança, acena para a câmera e parece se divertir... Muito. Por que? Por que ele simplesmente... Como? Agora eu estou em choque. Não imaginei que ele sairia para se divertir com novas mulheres. Numa boate. A última foto que ela postou foi marcando o horário, às 4h55 da manhã. Justin e a morena no banco de trás, abraçados, olhando para a câmera. QUEM É ELA? Não pode ser... Isso tudo está simplesmente fora do normal. Meu enjoo volta e corro para o banheiro. Minha sorte foi que as crianças passaram a tarde na casa de dois amigos - que moram próximos do colégio. Passo o resto da tarde olhando para a mesma foto, pensando no que ele fez, no que eu causei, no quanto a culpa é minha, no quanto eu odeio ser assim. Quando já estava anoitecendo, passo buscá-los nas respectivas casas e fomos com mais os outros dois amigos num parque perto do aeroporto. Tentei distrair a cabeça, mas era impossível. Aquela foto, os vídeos, as mulheres, boate, madrugada, fotos no carro. Isso não pode estar acontecendo. O que houve com o "Não vou causar ciúmes em você com outra pessoa porque simplesmente somos maduros o suficiente"? "Também não quero mais me envolver com ninguém". Eu me declarei a ele na semana passada, nós ficamos várias vezes, eu pedi para que ele voltasse comigo e... isso? Talvez ele não sentiu tanto quando eu fui embora. Talvez nem tenha ficado chateado. Talvez esteja feliz, lá.

                                                                             Justin P.O.V

- É a Mellanie. - Falo surpreso por pensar que ela não me ligaria mais. Ryan apenas desvia o olhar e abaixo o volume da televisão.

 

- Bieber. 

- Você me usou nesses quatro dias enquanto estava com outra? - Suspiro fundo pensando em como fazê-la desligar sem que eu acabe falando bobeira.

- Mellanie, você nem me avisou que viria aqui.

- Poxa... Eu... Eu não acredito que você fez isso comigo. Você não me falou nada. - Ela fala toda triste e olho para Ryan. Ele ri. Droga. O silencio prevalece. - Puta merda.

- Eu estou ocupado agora. Tchau.

- Foi uma atitude péssima sua. Eu não... - Ela vai chorar? Oh não. Não chore, porra. Que droga. Isso é terrível. Ela desliga. Ufa.

 

- O que foi isso? - Ele pergunta enquanto liga o x-box. 

- Eu acho que ela estava prestes a chorar... eu sei lá.

- Isso é um problema. - Assinto. - Seu.

- Obrigado, seu filho da mãe. - Ele ri de novo.

- Desculpa, cara. É porque realmente... vocês são tão complicados. Você já está com outra e fica preso a ela.

- Não é assim, Butler. Eu realmente fico perdido.

- Então pare de ser idiota. Caramba!!! Você é muito bobo da Mellanie, MUITO. Uma coisa é quando vocês estão juntos, aí não interessa a mais ninguém, mas a partir do momento em que você a deixou ir embora e disse não na cara dela: supera. Eu sei que é foda, eu sei que a Mellanie é uma pessoa super gente boa, mas você também é um cara maneiro. Tem tanta mulher pra você conhecer. - Assinto conforme ele fala e liga o GTA. 

- Eu sei disso, mas eu ainda fico um pouco confuso.

- Confuso com o quê? Você não está curtindo a morena?  

- Sim.  - Falo irritado.

- Porra, você tem que superar essa mulher, Justin. Isso é sério. Olha isso! Você acabou de desligar e fica com essa cara de merda. - Reviro os olhos e ele me dá outro controle. 

                                     
                                             Mellanie P.O.V

Assim que chegamos em casa, dei um banho nos dois, tomei o meu e jantamos uma sopa de legumes que Anna fez. Consegui comer normal, apesar dos meus sintomas... Ficamos na sala os três juntos e eu espero que eles durmam, então consigo novamente ligar para Justin. Nos falamos hoje cedo, enquanto lá já era noite. Foi um pouco rápido demais, eu diria. Fiquei chateada com as respostas dele. 

Ligo em seu celular novamente e ele não atende. Ligo para a sede de São Francisco e a secretária me atende no segundo toque. 

- Posso falar com Justin? É a Mellanie.

- Oh... Mellanie. Ele está em reunião com alguns advogados e negociando.

- Você sabe dizer o que?

- Propriedades.

- Huh. Obrigada. Será que demora?

- Eles já estão lá tem uma hora.

- Eu ligo daqui a pouco, então. Obrigada.
 

Vejo novamente suas redes sociais e, bem, aquela foto... Muitos comentários. Todos os amigos que ele conheceu ao longo da vida apareceram para comemorar que ele estava solteiro. É isso mesmo? Eu sou tão ruim assim? Depois de praticamente seis anos ele decide assumir nas redes sociais que está solteiro?

Leio o comentário de Ryan: "Até que enfim, cara!!!"

Nolan: "#solteirosim #atequeenfim"

Alguns que eu conheço de vista comentaram que as garotas eram bonitas e as mesmas comentaram emojis de corações. Eis que Justin comentou de volta: "Mellanie já era". 

 

- MÃE. - Acordo num pulo e, por um momento, percebo onde estou. Foi um sonho.... Rápido. Olho para a escada e Brandon estava descendo todo sonolento. - Eu não consigo dormir. - Suspiro aliviada e abro os braços para que ele venha até mim. Deita em meu colo e o encho de beijos no pescoço. Foi um pesadelo.

- Tudo bem, meu anjo. A mamãe está com você. Durma aqui comigo. - Ele assente e acaricio seu cabelo conforme deita em meu colo.

- Tá.

- Eu amo você. - Sussurro e ele resmunga. Ligo a televisão num canal de desenho e assistimos juntos pelos próximos 15 minutos, rindo. Pego meu celular e, para ter certeza, leio os poucos comentários na foto dele e... Bem. Nada de Nolan, nem Ryan, nem ninguém. Apenas as duas.

- Vamos deitar na sua caminha? - Pergunto conforme ele boceja, que nega com a cabeça.

- Eu sinto falta do papai. Ele nunca mais voltou.

- Nós já conversamos sobre isso, Bran. O papai está trabalhando longe... Muito longe.

- Mas por que ele não volta?

- Agora não dá. Daqui uns dias ele virá nos ver. - Digo conforme acaricio seu cabelo loiro.

- Mas não posso ficar longe do papai. Ele me disse que temos que ficar juntos.

- Ele volta logo, coração. - Brandon bufa e me abraça forte. Eu o amo tanto. Acabo cochilado deitada com ele e acordo com meu celular vibrando. Notificações... Levo-o até sua cama e então ligo na JKC mais uma vez.

- É a Mellanie.

- Oh. Vou transferir o ramal para ver se ele já saiu da reunião.

- Obrigada.

- Aguardo bem pouco, então ouço vocês.

- Josh.

- Huh... É o ramal de Justin?

- Sim, mas ele está ocupado. - ouço Justin falar ao fundo, vozes masculinas, uma feminina, só risadas. - Quem é?

- Mellanie. - Ouço o homem sussurrar meu nome. - Huh. Senhor Bieber realmente não pode te atender agora.

Desligo. Como ele pode dizer que simplesmente Justin não pode me atender? Ele estava rindo do outro lado da linha. Caramba. O que está acontecendo com esse comportamento ele? Isso tudo seria de propósito?

Após uma longa semana com os mesmos sintomas, acordo no domingo ainda sentindo enjoos e uma dor de cabeça terrível. Durante a manhã fiz uma caminhada com Vallery, Brandon e os três bulldogs franceses. Nossos fins de semana estão calmos até demais, não temos qualquer familiar por perto, eles estão constantemente indo a casa de amigos e por aí vamos seguindo. Tive que fazer um questionário da faculdade antes do almoço e fomos a um restaurante italiano. Eles comeram espaguete e eu preferi lasanha.

Tomamos um sorvete e fomos comprar algumas roupas. Preciso distrair a cabeça. Acompanhei as redes sociais de Justin a semana toda e ele não liberou mais nada. Exclui aquela garota do meu Snapchat porque simplesmente não faço ideia de quem seja, mas uma coisa está certa: não é essa garota que está com Justin.

Chegamos em casa no começo da tarde e lembrei que os dois precisam fazer um trabalho do colégio. Começo a responder as primeiras perguntas e vejo que era sobre como é a nossa rotina em casa. Faz parte de um projeto para que os professores conheçam mais seus alunos, já que eles mudarão de turma em poucos meses. 

Respondo o que consigo e vejo que eles precisavam fazer um desenho.

- Agora é a vez de vocês! - Eles sentam ao meu lado. - Brandon precisa fazer sua irmã.

- Eu? Mas eu não sei.

- Sabe sim!! - Afirmo com a cabeça.

- E você, filha, precisa desenhar seu irmão. - Sento no chão e eles riem. - Eu duvido que vocês consigam.

- Eu consigo sim! É fácil. - Vallery fala ao pegar o lápis. Ela é canhota, assim como Justin. Já Brandon, é destro. 

- Eu vou esperar aqui. Eu quero ver quem vai conseguir.

- Ah, eu consigo. - Brandon começa a rabiscar e eu me divirto com os desenhos abstratos. Volto a ler a apostila e será necessário que o pai deles responda algumas perguntas parecidas com a minha. Huh. Eu ainda me perco muito nesse fuso-horário, ainda mais agora com o horário de verão da Califórnia.

- Eu já volto. - Levanto e saio do quarto. Ligo para Justin antes de enviar as perguntas a ele, só para conferir se consigo as respostas até amanhã cedo.

 

- Alô? 

- Quem é?

- Jus... - JUS? Que ridículo, ninguém o chama assim. Ninguém mesmo. Eu sinto meu sangue ferver de ódio. Uma voz feminina e eles cochicham algo. - Oi. - Suspiro fundo e era doloroso pensar que eles podem estar juntos ou até mesmo que eu tenha atrapalhado algo. Eu me sinto péssima. Que raiva de tudo isso. - Aconteceu algo?

- Não, eles estão bem. - Suspiro fundo mais uma vez e eu queria gritar de raiva, de ciúmes, de estresse. Como? - Eles precisam que você responda algumas perguntas para um trabalho de amanhã.

- Eu não sabia que eles já tinham trabalho!

- É um dos primeiros.

- Oh, que legal. Você vai me enviar por e-mail? Como funciona? - Ele falava já simpático. - Espere. - abafa o som e cochicha algo. Com certeza está falando com... ela. - Oi. 

- Eu te envio agora. Se você puder responder o quanto antes... sei que aí já está tarde.

- Tranquilo. Não está, na verdade. Eu faço agora.

- Obrigada.

- Eles estão em casa?

- Sim, fazendo uns desenhos.

- Bom. Tudo bem. 

- Obrigada.

- Tchau.

Ele desliga. É isso. Como ele pode estar conseguindo se envolver assim com outra mulher? Eu me declarei pra ele na semana passada, fiz tanto para que pudéssemos voltar e ele sequer se importou... Disse um não na minha cara quando eu estava vindo embora. Tento deixar o assunto um pouco de lado, mas só a ideia de imaginá-lo em casa com outra mulher me faz sentir péssima. É uma sensação de tristeza que eu não imaginava sentir... Como ela pode atender o telefone sabendo que sou eu? Obviamente já deve ter ouvido ao menos um pouco sobre mim. 

Um pouco depois, eles quiseram falar com Justin e, com muito custo, minutos depois de receber seu e-mail com as respostas e volto a pensar no que anda acontecendo com ele, do outro lado do oceano. Será que ele realmente ainda sente algo por mim? Será que isso é passageiro? E se ele simplesmente já estivesse se envolvendo com essa mulher nos 45 dias em que nos vimos? E se Justin a chamou para o evento e eu não a vi lá? E se ela for aquela mulher que parou para falar com ele antes que pudéssemos então nos cumprimentar após tanto tempo? E se ele me usou nesses quatro dias? Por que ele transou duas vezes comigo em quatro dias e saiu com outras logo quando eu fui embora? Ele com certeza só queria que eu pedisse perdão. Eu me sinto tão vazia. Tão triste... Tão... Péssima. Como eu não consegui tê-lo de volta? Eu só queria que ele voltasse comigo. Vallery e Brandon cobram tanto. Eu me cobro tanto. Que ódio de tanta burrice. Eu só quero que ele enxergue. Eu o amo tanto. Como ele pode estar com outra? Desde quando? Até quando?

Vallery liga a câmera com ele e, assim que abre, Justin rapidamente pega o celular e a morena aparece ao lado dele. Não pode ser. Eu a vejo de relance, cabelos bem curtos, pele pouco morena. Ele sorri para a câmera olhando para os dois, mas não me vê. Parece sem graça por um momento, então cochicha algo com ela enquanto os dois o chamam e isso é realmente demais pra mim.

- Sim!! Como vocês estão? - Ele abre a porta e parece estar em casa. Acena. - Esperem, rapidinho. - Ele coloca no mudo e então vejo que conversava com a garota. Eles se aproximam. Oh meu Deus.

- Vally, Bran. A conexão está ruim. - desligo rapidamente.

- Ei!!! Mamãe.

- Estava ruim, filha. - Falo tentando poupa-los.

- Mas eu quero falar com o papai! Poxa. - Brandon reclama e Justin logo liga de volta. - EBA!!! - Atendo sem que ele me veja e me afasto, deixando-os no sofá cama, fico atrás. Justin estava sentado no sofá.

- Oi, meus amores! Desculpe, eu tive que fazer algo. - Bufo. Que sensação ruim. Eu só sentia vontade de chorar. - Vocês estão bem?

- Sim, papai!!! Quem tava aí? - Justin parece surpreso. Eles são tão observadores quanto a mãe.

- Como assim, filha? Ninguém.

- Eu vi! - Ela reafirma. - Ela tava aí.

Quem? - Ele olha ao redor fazendo graça.

- Eu não sei. - Vallery dá os ombros.

- Eu não vi ninguém. - Brandon defende o pai.

- É. Como está o colégio? O trabalho deu certo?

- Qual?

- Das perguntas.

- Mamãe que sabe. - Vallery olha ao redor para me procurar e eu sento no chão, assim eles não me veem. - Ela não tá aqui.

- Não? - Ele tenta olhar mais perto.

- MAMÃE. - Brandon grita. Não respondo. - Não.

- Como a mamãe tá? - Triste, eu diria. Agoniada. Com raiva. Vontade de chorar. Ciúmes. Ansiedade.

- Ela tá legal. Só quieta, mas tá legal.

- Como assim, quieta? - eu estou quieta? De onde eles tiraram isso?

- Ela tá quieta. - Vallery dá os ombros. - Eu estou com saudades, papai.

- Ow, princesa. Eu também estou. Prometo buscar vocês para ficarem aqui comigo. - Não. Isso não. Eu não vou ficar sem eles. Começo a chorar pensando na ideia enquanto Justin ainda deve estar com aquela garota pela casa. Eu me sinto péssima. A ideia me causa um embrulho no estômago. Eles provavelmente já transaram... Muito. Não consigo para de chorar e quero ficar o mais silenciosa possível. Sem que eles vejam, eu me arrasto e saio da sala de jogos de joelhos. No corredor, vou até meu quarto e os dois gritam pela mãe.

- JÁ VOU. - grito de volta. Não conseguia parar de chorar. Isso é tão triste. Eu não tenho como fazer nada. Nada.

- MAMÃE. VEM LOGO. - Seco o rosto com a toalha e sequer me olho no espelho. Entro na sala de jogos passado as mãos nos olhos.

- Oi!!!

- Fala com o papai. - Brandon levanta e tenta me puxar pela mão. Eu não consigo. Só a ideia me corrói. Nego com a cabeça. - Vai! - Ele senta no meu coloco aceno para Justin, que estava sério.

- O que foi? - Foi a única coisa que consegui dizer sem que o choro gritasse pela minha garganta. A angústia é enorme. Caramba. Eu nunca me senti assim. Só o fato de ver que ela estava ali com ele acabou comigo. Mesmo. Acaricio Brandon no cabelo tentando afastar o pensamento.

- Tudo bem? - Assinto escondendo os lábios. Beijo o cabelo loiro dele enquanto Vallery olhava para a câmera. Não vou chorar. Não vou chorar. Não vou chorar.

- Anna, como está?

- Ela tá bem! - Vallery respondeu, ufa. Não consigo dizer uma palavra sem chorar.

- Mamãe... Você tá chorando? - Brandon sussurra ao me olhar e sorrio para ele. Ainda bem que disse baixo. Ele me abraça e eu me sinto acolhida. Eu amo esse pitoco.

- Não é nada, Bran. A mamãe só está cansada.

- É... Isso. Eu... Tenho um compromisso agora. - com ela? Pensei. Começo a chorar de imediato. Não dá. Eu levanto de imediato e saio do foco da câmera.

- O que aconteceu?

- A mamãe ta chorando muito. - Faço careta para Vallery. - É... Ela tá.

- Mas por que? - Ele pergunta indiferente.

- Por que você está chorando, mamãe?

- Não estou. - Digo num fio de voz. - Está na hora de desligar com o papai. Temos que revisar o trabalho.

- AHHHH... - Brandon lamenta. Os dois se despedem. Eu pego o iPad. Justin me olha distante. Eu não consigo parar de chorar. É como se a imagem dele com outra mulher naquele apartamento corroesse minha mente, porque eu sei que é verdade. Ela está lá. Ela está há dias. Ele gosta dela, não de mim.

- Tchau. - Falo ao piscar lenta.

- Por que você está chorando?

- Problemas. - Digo baixinho e desligo. Eu realmente nunca me senti assim. Tão... Triste por vê-lo com outra. Como dói.
 

SPOILER

- Você não vai me ignorar. Justin, por favor.

- Eu sinto um ódio tremendo e não consigo falar com você agora. - Ele fala sem sequer me olhar nos olhos. - Eu detesto você. - Ele fala.